
Incentivar a ado��o de crian�as e adolescentes, especialmente aquelas que n�o s�o mais beb�s e esperam por fam�lias em abrigos. Esse foi o objetivo de uma caminhada ontem, que teve a participa��o de 400 pessoas na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, com foco voltado para a chamada ado��o tardia, de menores acima de 3 anos de idade. Enquanto a maioria das pessoas que quer adotar procura por rec�m-nascidos, a minoria do p�blico apto para a ado��o tem esse perfil. Por isso, a campanha, que tem apoio de diferentes institui��es, busca abrir a cabe�a dos futuros pais para crian�as com mais de 3 anos, adolescentes, aqueles com necessidades especiais e tamb�m grupos de irm�os que a Justi�a busca n�o separar.
Realizada pelo Grupo de Apoio � Ado��o de Belo Horizonte (GAA/BH) e pelo Grupo de Apoio � Ado��o de Santa Luzia (Gada), com suporte da C�mara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), da Funda��o CDL Pr�-Crian�a e do Tribunal de Justi�a de Minas Gerais (TJMG), a caminhada come�ou na Pra�a da Liberdade e percorreu as avenidas Crist�v�o Colombo e Get�lio Vargas, aproveitando o fechamento da Pra�a da Savassi dentro da programa��o do BH � da Gente e marcando o in�cio da Semana Nacional da Ado��o.
Segundo a desembargadora Val�ria Rodrigues Queir�z, que � superintendente da Coordenadoria da Inf�ncia e Juventude do TJMG, 636 crian�as e adolescentes est�o dispon�veis para ado��o em Minas Gerais, mas apenas cerca de 8% delas tem caracter�sticas do perfil mais procurado, que s�o beb�s de at� 18 meses, do sexo feminino e brancos. “Temos que quebrar esse preconceito de que o filho que a gente adota mais velho est� sujeito a dar problemas. N�o, ele vai te dar muito amor e muito carinho. Isso pode acontecer numa fam�lia biol�gica ou com uma crian�a adotada”, diz a desembargadora.
A magistrada lembra que todas as pessoas que tiverem interesse em adotar devem ler o artigo 42 do Estatuto da Crian�a e do Adolescente (ECA), que traz os requisitos necess�rios (veja quadro). “Qualquer pessoa pode adotar, seja solteiro, de uni�o est�vel, homoafetiva, n�o h� nenhum problema. Ela tem que preencher os requisitos do artigo 42 do ECA e procurar a Vara da Inf�ncia e Juventude da comarca dela para se cadastrar. Aqui em Belo Horizonte fica na Avenida Oleg�rio Maciel, 600”, informa.
'Temos que quebrar esse preconceito de que o filho que a gente adota mais velho est� sujeito a dar problemas. N�o, ele vai te dar muito amor e muito carinho'
desembargadora Val�ria Rodrigues Queiroz, superintendente da Coordenadoria da Inf�ncia e Juventude do TJMG
EXPERI�NCIA DE ADO��O O amor � o sentimento que mais aflorou na vida do casal Bruna Ribeiro Antonucci, de 30 anos, que � psic�loga, e Welder Vieira Silva, de 28, que trabalha como analista de inform�tica, desde que os dois passaram a conviver com as duas filhas adotivas. Elas s�o irm�s g�meas e hoje t�m 10 anos. O processo de ado��o ainda est� em andamento. Os dois sempre tiveram sonhos de ser pai e m�e, mas Bruna conta que desde adolescente n�o tinha inten��o de gerar uma crian�a, o que acabou levando o casal para a ado��o assim que se casaram. “Na verdade, quando a gente pensou em ado��o, o desejo de ser pai e m�e era grande e isso n�o tinha a ver com idade. Tinha a ver com essa necessidade de dar amor, de educar, de crescer junto e a� n�o precisava ser um beb�”, diz Bruna.
Welder acrescenta que a ado��o abre o cora��o das pessoas e desenvolve a responsabilidade relacionada ao desafio de criar um filho. “Ser pai � dif�cil, mas � muito bom. � um desafio todo dia e eu recomendo”, diz ele. Os dois aproveitam a oportunidade para deixar um recado para aqueles que pensam em adotar. “� um amor mais puro que existe e esse amor n�o tem a ver com a idade. Tem a ver com a constru��o que voc� faz. Ent�o, abra a cabe�a, abra o cora��o principalmente, e aceite uma crian�a. Ela tem tanto a dar para voc�s, tanto amor, que voc�s v�o ficar perplexos com isso”, diz Bruna.

APADRINHAR A desembargadora Val�ria Rodrigues tamb�m destaca que o objetivo da caminhada realizada ontem � incentivar a ado��o, mas tamb�m outras formas de fortalecimento da conviv�ncia familiar. Amanh�, o TJMG lan�a o site www.apadrinhar.org.br, que traz as orienta��es para um projeto de apadrinhamento de crian�as e adolescentes. S�o tr�s tipos. Um deles � o apadrinhamento afetivo, em que o interessado sai com o apadrinhado nos fins de semana ou per�odos de f�rias. Outro � o apadrinhamento financeiro, como custear o estudo de uma crian�a ou adolescente, ou fornecer objetos de necessidade para um abrigo, por exemplo. Tamb�m h� o apadrinhamento do prestador de servi�o, que vai usar o seu conhecimento para oferecer servi�os para aquela crian�a.
O presidente da CDL/BH, entidade que apoia a caminhada, Marcelo de Souza e Silva, destacou que � importante incentivar a ado��o, pois crian�as e adolescentes t�m o poder de transformar uma fam�lia. “Uma crian�a dentro do lar muda positivamente a vida da fam�lia, ent�o os dois lados se completam. A CDL, como parte da sociedade civil organizada est� apoiando essa iniciativa e quer mostrar que n�o h� dificuldade e � necess�rio adotar”, afirma.
EM BUSCA DE UM FILHO
Premissas para quem quiser adotar um filho, segundo o artigo 42 do Estatuto da Crian�a e do Adolescente
>> Ser maior de 18 anos, independentemente do estado civil
>> N�o podem adotar os ascendentes e os irm�os do adotando
>> Para ado��o conjunta, � indispens�vel que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham uni�o est�vel, comprovada a estabilidade da fam�lia
>> Adotante h� de ser, pelo menos, 16 anos mais velho do que o adotando
>> Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente. Por�m, devem acordar sobre a guarda e o regime de visitas. Deve ser comprovada a exist�ncia de v�nculos de afinidade e afetividade com aquele que n�o ficar com a guarda que justifiquem a excepcionalidade da concess�o
>> No caso acima, se ficar comprovado o benef�cio ao adotando, ser� assegurada a guarda compartilhada
>> Depois de observar esses quesitos, os interessados devem procurar a Vara da Inf�ncia e da Juventude da comarca onde residem. Em Belo Horizonte, fica na Avenida Oleg�rio Maciel, 600, no Centro.
>> De acordo com o TJMG, os interessados passam por curso preparat�rio depois de se cadastrar, pois o juiz respons�vel precisa emitir um laudo que habilita a ado��o