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Estado de Minas INFLUENTES

Os jovens mineiros que se destacam nas redes com causas sociais

Conversamos com 4 influenciadores digitais de BH que t�m se tornado refer�ncia em debates sobre racismo, feminismo, sa�de mental e empreendedorismo. Veja v�deo


18/03/2021 15:10 - atualizado 18/03/2021 20:37

Em BH, quatro rostos têm se destacado em meio à multidão de jovens que usam as redes sociais para combater injustiças sociais(foto: Instagram/Reprodução)
Em BH, quatro rostos t�m se destacado em meio � multid�o de jovens que usam as redes sociais para combater injusti�as sociais (foto: Instagram/Reprodu��o)
Em Belo Horizonte, quatro rostos t�m se destacado em meio � multid�o de jovens que usam as redes sociais para combater injusti�as sociais. Aos 23 anos, Ana Carolina Nagem recorre ao Instagram para conscientizar seus seguidores sobre pautas raciais. A dupla Carmine Ripoli, de 24, e Lucas Drumond, de 23, criou no YouTube o canal “BH � Quem?” para exaltar a cena cultural e empreendedora da capital mineira. E para a mineira Gabriela Botelho, de 20, eleita Miss Esp�rito Santo Mundo, a internet � palco para desmistificar a vida de uma miss, discutir feminismo e divulgar um projeto social em Brumadinho. 
O Estado de Minas conversou com esses jovens mineiros que, por meio de v�deos, fotos e stories conquistaram seguidores fi�is, engajados e est�o se tornando refer�ncia para a gera��o mais nova sobre temas relevantes nas redes sociais.

"� poss�vel uma mulher negra falar e as pessoas escutarem"

Ana Carolina Nagem, 23 anos, usa as redes sociais para falar sobre racismo(foto: Ana Flávia Alves/Divulgação)
Ana Carolina Nagem, 23 anos, usa as redes sociais para falar sobre racismo (foto: Ana Fl�via Alves/Divulga��o)
Criada em uma fam�lia de classe m�dia, Ana Carolina Nagem sempre estudou em col�gios particulares, frequentou �reas onde pessoas de pele branca eram a grande maioria e descobriu, desde muito nova, a realidade sobre a vida da popula��o negra no Brasil. Ela conta que a necessidade de levar sua discuss�o sobre injusti�as sociais ao Instagram surgiu durante o distanciamento social na pandemia. 

“Ficando em casa, comecei a sentir a vida mudando completamente. Antes disso, j� tinha interesse em discutir certas pautas, mas n�o tinha tanto tempo assim. Na quarentena, consegui estudar mais sobre o movimento negro e, com isso, senti a necessidade de falar sobre o assunto”, explica.

"Um menino me chamou no direct para me fazer uma pergunta sobre racismo, e isso me marcou muito. Ele, com seus 13 anos, no auge da adolesc�ncia, me perguntou como poderia ajudar uma amiga negra que estava sofrendo bullying no col�gio. O que eu fiquei perplexa foi que ele n�o me perguntou como resolver, ele me pediu um livro para ler. Isso me tocou. Um menino, adolescente, branco, querendo mudar o mundo."

Ana Carolina Nagem, 23 anos


“Pela minha classe social sempre estive rodeada de pessoas brancas. Frequento locais reservados para branquitude. Para entender meu entorno, eu precisava falar sobre esse assunto. Eu tinha uma urg�ncia. E as pessoas me escutam”, comenta Ana Carolina.

A morte de George Floyd

Em 14 de outubro de 2020, um movimento por cobran�a de igualdade racial e justi�a ganhou for�a em v�rias cidades do mundo, ap�s um policial branco matar por asfixia um homem negro que estava algemado e imobilizado, nos Estados Unidos. 

George Floyd, de 40 anos, foi morto enquanto suplicava pela sua vida gritando: “Eu n�o consigo respirar”. A morte causou uma onda de indigna��o mundial depois da divulga��o de um v�deo que mostrava o policial ajoelhado sobre o pesco�o de Floyd.

“Quando aconteceu a morte de Floyd, eu j� usava minhas redes sociais para falar sobre racismo. Mas sem d�vida alguma foi quando eu senti que as pessoas realmente come�aram a me escutar. A morte dele chamou aten��o. Foi justamente nesse momento, do ‘boom’ sobre a pauta racial, que eu senti que comecei a fazer diferen�a”, conta Ana Carolina.

“Sinto que no Brasil temos muita tend�ncia de olhar para os Estados Unidos, ent�o quando isso aconteceu, a sociedade ficou em choque. N�o olham para dentro do pa�s, mas olham para l�. As pessoas usaram isso para gritar: “N�o aguento mais’. Ele deu um estalo na cabe�a das pessoas. Por isso elas se juntaram, n�o s� por ele, mas por todas as vidas negras que s�o mortas todos os dias”.


Ao falar sobre a vida da mulher negra na sexta capital mais populosa do Brasil, a jovem, que pretende ser psic�loga e combater o racismo por meio da profiss�o, se emociona. “As pessoas olham para uma mulher negra na Savassi, um espa�o reservado para a branquitude, e s� com o olhar sabemos que a pessoa quer dizer que n�o devemos estar ali. E esse olhar, sempre esteve na minha vida, desde muito nova. E, ao entender isso, percebi que ser uma mulher preta em Belo Horizonte, na posi��o que eu ocupo, � resistir nesse espa�o e conseguir fazer isso para que outras mulheres tamb�m estejam ali comigo”, afirma.
 

"Sentimos a necessidade de exportar o que BH tem de melhor"

Carmine Ripoli, 24 anos, e Lucas Drummond, 23 anos(foto: Instagram/Reprodução)
Carmine Ripoli, 24 anos, e Lucas Drummond, 23 anos (foto: Instagram/Reprodu��o)
Amigos de longa data, Carmine e Lucas resolveram criar um canal no Youtube para falar sobre a capital mineira, com o objetivo de exaltar a cena cultural e o empreendedorismo feito por outros jovens moradores de Belo Horizonte. A partir do projeto, a dupla acabou conquistando um outro objetivo: a influ�ncia. 

 
Sentados em um bar cinematogr�fico, com uma cerveja gelada nas m�os e com um jeitinho de falar particularmente mineiro, o assunto dos v�deos acabou incentivando aqueles que querem conquistar a independ�ncia de uma forma mais criativa. 

“Sempre observamos que perto de n�s existia uma galera que estava correndo atr�s de pautas interessantes e relevantes. A cena cultural de Belo Horizonte � muito rica e vasta. Ent�o, tivemos uma vontade de mostrar BH para as pessoas de fora”, explica Carmine.

“A ideia do canal surgiu a partir da necessidade de falar sobre a gente. Sobre nossa mesa de boteco, nossas g�rias, o que a gente faz e o que a gente trabalha”, completa Lucas.


Projeto criado durante a pandemia

O “BH � Quem?” foi criado ap�s Carmine terminar a faculdade e em meio � pandemia. O jovem ficou desempregado e, com isso, acabou tendo a ideia de criar o canal no YouTube para influenciar outros jovens. Com a vontade de criar v�deos, ele chamou Lucas, videomaker profissional.

Entre os entrevistados est�o m�sicos e empreendedores que t�m uma qualidade em comum: est�o no in�cio da carreira e colhem frutos de sonhos que se concretizaram. “Foi tudo muito natural, estamos no conv�vio de jovens. Somos jovens. � parte da nossa cultura e viv�ncia. Acho que os pontos de identifica��o acontecem por isso”, afirma Carmine.

"Eu me sinto muito feliz em ver nossa galera reconhecer nosso trabalho. As pessoas realmente divulgam e se identificam. E tanto eu, quanto o Lucas, queremos levar Belo Horizonte para um n�vel nacional. Exportar nossa cultura, o que temos de melhor. A boa parte de poder influenciar est� exatamente nisso."

Carmine Ripoli, 24 anos


“Nossa responsabilidade est� no momento de enaltecer as cenas de Belo Horizonte. Nossa responsabilidade est� em mostrar o que BH tem para oferecer de todas as formas poss�veis”.

Com o t�tulo de um “Talk Show no Youtube que veio pra explorar as cenas de Belo Horizonte”, o “BH � Quem?” faz sucesso. Por isso Lucas e Carmine sonham em conquistar muito mais. “Queremos mostrar que a cena de BH � t�o grande quanto a de S�o Paulo e Rio de Janeiro. Somos t�o grandes quanto eles. Sinto a necessidade, e sei que o Carmine tamb�m sente, de mostrar que somos t�o capazes quanto. Nossa cena � rica e necess�ria”, afirma Lucas.

"Jamais podemos esquecer Brumadinho"

Gabriela Botelho, 20 anos, trabalha em uma ONG em Brumadinho(foto: Instagram/Reprodução)
Gabriela Botelho, 20 anos, trabalha em uma ONG em Brumadinho (foto: Instagram/Reprodu��o)
Modelo fotogr�fica desde que come�ou a dar seus primeiros passos, Gabriela Botelho nasceu em Belo Horizonte e, aos 20 anos, usa as redes sociais para mostrar os bastidores da vida de Miss Esp�rito Santo Mundo e quebrar tabus. 

No Instagram, a modelo fala sobre assuntos como feminismo e doen�as mentais. Ao lado da m�e, que � psic�loga do Sistema �nico de Sa�de (SUS) h� 20 anos, Gabi conversa com meninas muito novas que j� sentem a press�o est�tica da sociedade.

“Cresci com a ideia que precisamos pensar fora da caixinha e n�o olhar apenas para o nosso mundo, que felizmente � privilegiado. Ent�o, minha vontade sempre foi de ajudar e contribuir”, conta Gabriela. “Como sempre fui modelo, cresci nesse mundo. Sofri muito e desde muito nova percebi que falar era a melhor escolha. Ent�o, uso minha voz para isso”.

Se tornar miss veio da necessidade de Gabriela de se encontrar. Ela conta que o t�tulo a possibilitou deixar de ser apenas “um produto” para se tornar uma cabe�a pensante, que atua em prol da sociedade. 
Usando as redes sociais para isso, Gabi, que � coordenadora na ONG Na A��o, tamb�m utiliza sua voz e proje��o para alertar e conscientizar os jovens sobre o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, que ocorreu em 25 de janeiro de 2019.

O Na A��o � uma iniciativa independente que trabalha para ajudar pessoas que vivem em situa��es de risco e crises humanit�rias.

Em conjunto com as lideran�as locais de cada comunidade, o grupo promove solu��es eficazes para combater a falta de assist�ncia m�dica, a fome, a vulnerabilidade e ainda fornecer mais recursos para a educa��o.

"Uma menina que estava sofrendo muito me chamou no direct e contou que deixou de se matar ap�s ver um post meu sobre sa�de mental. Aquilo me tocou na alma. Eu j� passei por tanta coisa, e saber que de alguma forma, consegui mudar a vida de algu�m. Aquilo me deu for�a."

Gabriela Botelho, 20 anos


“Entrei no Na A��o quatro meses depois da trag�dia. Conheci a ONG atrav�s de amigos da minha escola na �poca. Em outubro, virei uma das coordenadoras. Agora, cuido da vara da �rea infantil”, explica. “Infelizmente, o Brasil � um pa�s de pessoas emergentes. Ent�o, assim que acontece uma trag�dia, os brasileiros prestam os primeiros socorros e se mobilizam. Nos primeiros meses de Brumadinho, eram toneladas de doa��es. Mas depois as pessoas se esquecem. E isso � um grande problema. Afinal, o baque que essas comunidades passam n�o � no momento e sim, na reconstru��o”, explica.

Gabriela conta que durante toda sua a��o em Brumadinho ela conquistou amigos e conseguiu ajudar muitas pessoas. “Enxergo dentro do olho deles a gratid�o por aquele momento. Eles precisam da gente e Brumadinho jamais pode ser esquecida”, afirma.

Leia tamb�m: Influencers com defici�ncia usam redes sociais para combater preconceitos


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