
Governador Valadares registrou, entre domingo (11/4) e quarta-feira (14/4), 61 mortes confirmadas pela COVID-19, um n�mero incomum na hist�ria da cidade e que imp�e uma rotina atribulada �s funer�rias e ao servi�o funer�rio do munic�pio.
Soma-se a essa rotina mais um componente: o sofrimento de quem perdeu um membro da fam�lia e que sente n�o apenas a dor da perda, mas tamb�m a de n�o poder velar o seu familiar.
Soma-se a essa rotina mais um componente: o sofrimento de quem perdeu um membro da fam�lia e que sente n�o apenas a dor da perda, mas tamb�m a de n�o poder velar o seu familiar.
Essa rotina triste � parte do trabalho de Fernanda Rodrigues, psic�loga e propriet�ria da Funer�ria Gonzaga, a �nica da cidade autorizada a fazer a somatoconserva��o, ou tanatopraxia, que � a profilaxia do corpo e estabiliza��o tempor�ria de cad�veres humanos.
O domingo (11/4) foi um dia at�pico nos cemit�rios da cidade, com 26 sepultamentos. No Memorial Park, foram feitos 14. No Cemit�rio Santa Rita, seis covas foram abertas e no Cemit�rio Santo Ant�nio, seis t�mulos foram preparados para receber os corpos de v�timas da COVID-19.
Em um domingo qualquer, anterior aos tempos duros da pandemia do novo coronav�rus, Fernanda Rodrigues diz que poderia haver um ou dois sepultamentos. Ou nenhum. Essa distor��o nos n�meros mostra como Governador Valadares est� mergulhada em um momento tr�gico e sem precedentes.
Mesmo estando adaptada a essa rotina nos �ltimos dias, o grande n�mero de sepultamentos do domingo deixou Fernanda estarrecida com a situa��o causada pelo avan�o da COVID-19 na cidade, e que � ignorada por muitos. Para ela, as pessoas tinham de saber, de alguma forma, que o momento � grav�ssimo, e procurar se proteger.
Para alertar a popula��o, ela sugere uma comunica��o de impacto. “Uma das t�cnicas que poderia ser adotada para isso seria semelhante a que a prefeitura usa nos tempos de enchentes, com carros de som circulando nos bairros onde o �ndice de contaminados pelo novo coronav�rus e o n�mero de �bitos esteja elevado. E falar claramente sobre o momento”, disse.

Sofrimento aumenta na despedida
O sofrimento de quem tem algum parente em uma UTI COVID-19 � di�rio. Quando a morte chega para dar fim � esperan�a de recupera��o, come�am outras etapas de sofrimento das fam�lias: preparar a documenta��o para sepultamento, n�o poder velar o ente querido e limitar a despedida a um breve momento, completamente at�pico.
“A sensa��o de desconforto � enorme, surreal”, diz Regina Miranda, que teve de sepultar uma tia e uma prima, que morreram em um intervalo de 24 horas, h� tr�s semanas. A tia morreu no Hospital Municipal de Governador Valadares, na fila de espera por um leito de UTI para COVID-19. A prima morreu de infarto, agoniada com a condi��o de sua m�e na fila de espera.
“Foi dif�cil ver o carro da funer�ria chegando com dois caix�es fechados e identificados com os nomes da minha tia e da minha prima. N�o pudemos nos despedir da maneira que gostar�amos”, disse Regina, lembrando que faz parte da cultura de muitas fam�lias velar os mortos, fazer em celebra��o, reunir em ora��o.
Um drama parecido envolveu a fam�lia de Val�ria Alves, que sepultou suas duas sobrinhas, as irm�s Danubia Pereira Ven�ncio, de 36, e Vanessa Pereira Ven�ncio, de 40, que morreram v�timas da COVID-19, na primeira semana de dezembro de 2020, bem antes do per�odo dram�tico de mortes de mar�o e abril de 2021.
“A gente passou quase um dia preparando a documenta��o no hospital, no cart�rio, na funer�ria. N�o tivemos dificuldades no momento de sepultar os corpos porque em dezembro n�o havia esse grande n�mero de mortos, mas enfrentamos uma dor muito forte”, disse.
Problemas nos sepultamentos
Durante o sepultamento, todos sofrem, familiares da v�tima da COVID-19 e o pessoal dos cemit�rios e das funer�rias. “As equipes de motoristas do departamento funer�rio, os coveiros, agentes funer�rios est�o sobrecarregados. O servi�o de sepultamento requer esfor�o f�sico. Coveiros pegam peso n�o somente da urna f�nebre, mas gastam energia cavando as covas”, explica Fernanda.
Outro problema � a falta de urnas funer�rias. As f�bricas est�o pedindo at� 90 dias para entregar. Fernanda explica que os fornecedores n�o est�o dando conta de produzir caix�es por causa do grande n�mero de mortes. Outra alega��o das f�bricas de urnas � que tamb�m s�o obrigadas a afastar funcion�rios que foram acometidos pela COVID-19.
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