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Estado de Minas VALE DO RIO DOCE

Idosa � resgatada ap�s 60 anos em situa��o an�loga a escravid�o

Quatro trabalhadores, um deles com defici�ncia, foram retirados de fazenda em Rio Vermelho ap�s den�ncias


23/06/2021 09:08 - atualizado 23/06/2021 11:57

Cama de uma das vítimas resgatadas pelos fiscais
Cama de uma das v�timas resgatadas pelos fiscais (foto: MPT/Divulga��o)
Sem sal�rio, folga, f�rias, carteira assinada e vivendo em condi��es prec�rias. Essa era a situa��o de quatro pessoas que foram resgatadas ap�s uma a��o de fiscaliza��o em uma fazenda na zona rural de Rio Vermelho, no Vale do Rio Doce. Entre elas est� uma idosa de 83 anos , que vivia h� 60 em situa��o an�loga a escravid�o .

A a��o foi realizada em conjunto pelo Minist�rio P�blico do Trabalho (MPT), pela Auditoria Fiscal do Trabalho, do Minist�rio da Economia, e Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF). A for�a-tarefa foi montada ap�s uma den�ncia relatar a situa��o da idosa. Al�m dela, foram encontrados os outros tr�s trabalhadores.

Segundo o MPT, o procurador Fabr�cio Borela Pena, que atuou na fiscaliza��o , contou que, al�m das irregularidades listadas no in�cio da mat�ria, essas quatro pessoas n�o recebiam remunera��o ou 13º sal�rio, n�o havia dep�sito de Fundo de Garantia do Tempo de Servi�o (FGTS) e contribui��o previdenci�ria. Tamb�m n�o havia limita��o da jornada de trabalho, aus�ncia de exames m�dicos e metidas de gest�o de trabalho rural, n�o havia equipamentos de prote��o individual (EPIs). 

A fiscaliza��o tamb�m constatou moradia rural sem condi��es de seguran�a, conforto e higiene, sem arm�rios individuais e local adequado para armazenamento e preparo das refei��es.

Idosa chegou � fazenda aos 12 anos

De acordo com o Minist�rio P�blico do Trabalho, a idosa de 83 anos morava nessa fazenda desde os 12, ap�s se mudar para o local com a m�e. Segundo Fabr�cio Pena, a idosa realizou servi�os dom�sticos por toda a vida. “Ela jamais foi reconhecida como trabalhadora : nunca recebeu sal�rio, nunca tirou f�rias, n�o tinha limita��o de jornada, folga semanal ou intervalos. Trabalhou por, no m�nimo, 60 anos em favor da fam�lia do propriet�rio, preparando as refei��es , limpando e organizando a casa, lavando e passando roupas, cuidando das crian�as, entre in�meras outras tarefas”, explicou o procurador, segundo o MPT.

“Nos �ltimos anos, com o avan�ar da idade, ela j� n�o tinha condi��es f�sicas de trabalhar com a mesma intensidade, de modo que o propriet�rio passou a contratar pessoas para realizar o trabalho dom�stico, em alguns dias da semana. No entanto, ela nunca parou totalmente de trabalhar na casa”, disse. 

Com ferimento na perna, idosa foi retirada da fazenda após 60 anos de serviços domésticos sem remuneração
Com ferimento na perna, idosa foi retirada da fazenda ap�s 60 anos de servi�os dom�sticos sem remunera��o (foto: MPT/Divulga��o)
A idosa recebia dinheiro contado para pagar despesas espec�ficas e inevit�veis, como gastos com a sa�de. A maior parte das roupas dela eram doadas pela fam�lia do dono da fazenda. Sem renda, ela tinha pouqu�ssimos pertences e de pouco valor, a maioria para higiene pessoal. Ela nunca contribuiu para a Previd�ncia Social e n�o se aposentou.

A equipe da fiscaliza��o encontrou a idosa debilitada , com uma ferida na perna e dificuldades para se locomover.

Outro trabalhador resgatado tem 49 anos, e estava na fazenda h� mais de 30, nas mesmas condi��es. Com defici�ncia auditiva, ele trabalhava todos os dias, sem descanso semanal, sem sal�rio regular e f�rias. 

“O quarto em que vivia o trabalhador estava em condi��es prec�rias de conforto, higiene, limpeza, organiza��o, arejamento e ilumina��o. O trabalhador dormia em uma cama de madeira, com colch�o encardido e empoeirado, roupas de cama gastas e sujas. N�o havia arm�rio para guarda de pertences, com objetos espalhados por todo o quarto e roupas amontoadas em um varal improvisado. Embora houvesse janela, ela era mantida sempre fechada, de modo que o c�modo era impregnado por forte cheiro de mofo, com muita poeira e sujidade. O teto, o piso, as portas e o pouco mobili�rio existente estavam deteriorados e sujos. Dentro do quarto ainda eram deixadas diversas ferramentas de trabalho, como fac�es, enxadas, garrafas, etc”, informou Fabr�cio Pena, do MPT.

V�timas caminhavam por tr�s quil�metros

Os outros dois trabalhadores resgatados pela for�a-tarefa na opera��o s�o um casal que vivia com mais tr�s filhos em condi��es inadequadas e em uma �rea de dif�cil acesso. O marido tem 42 anos e trabalhava na fazenda h� 13, e a esposa, de 50 anos, passou a atuar no local h� tr�s meses. 

Vítimas tinham apenas botas de borracha como EPIs
V�timas tinham apenas botas de borracha como EPIs (foto: MPT/Divulga��o)
Para ir e voltar da fazenda, eles caminhavam por cerca de tr�s quil�metros em cada trecho, passando por uma pinguela que constru�ram, ou atravessar um riacho com �gua na altura dos joelhos. Quando o curso d’�gua sobe, eles ficam isolados. 

“A casa em que residem � de pau a pique, subdimensionada, com diversas frestas no telhado que permitem a entrada de animais pe�onhentos. H� fia��o exposta e improvisada , com riscos de choques el�tricos. N�o h� local adequado para guarda de alimentos. A �gua � retirada de uma pequena cisterna que n�o possu�a veda��o adequada, permitindo a queda de mat�ria org�nica e at� pequenos animais e insetos, tornando a �gua impr�pria para consumo, uma vez que n�o passa por qualquer processo de purifica��o ou filtragem”, detalhou o procurador do MPT em Minas. 

Ap�s constatar as condi��es an�logas � escravid�o dos trabalhadores, eles foram resgatados e encaminhados a uma rede de prote��o especial do munic�pio e ser�o inscritos em programas sociais e foram emitidas guias para o recebimento do seguro-desemprego. 

O Minist�rio P�blico do Trabalho informou que negocia com o dono da fazenda o pagamento das verbas salariais, rescis�rias e indenizat�rias do quatro trabalhadores, al�m de compensa��o pelos danos sociais. 


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