Volta �s aulas na rede estadual d� adeus ao ensino cont�nuo

N�o apenas o novo ensino m�dio marca a volta �s aulas na rede estadual de ensino. O ano letivo de 2022 d� adeus ao aprendizado cont�nuo nas escolas sob o guarda-chuva do estado. Seja na �ltima etapa da educa��o b�sica seja nas turmas do fundamental, a rotina pedag�gica n�o vai mais combinar conte�dos de dois anos seguidos.

A partir de agora, em sala, vale o que � programado para a classe atual. Regras originais de reten��o tamb�m est�o de retorno. Refor�o escolar � uma das apostas para reduzir defasagens inclusive de alfabetiza��o. 

O cont�nuo foi adotado tamb�m na rede municipal de Belo Horizonte para contornar problemas gerados pela pandemia. Com o fechamento das escolas logo depois do in�cio do ano letivo de 2020 e um modelo remoto in�dito adotado posteriormente, n�o foi poss�vel ministrar todo o programa at� dezembro.


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A solu��o foi entrar 2021 com uma “dobradinha” para garantir que conte�dos essenciais da s�rie anterior e daquela que come�ava fossem assegurados. 

“A op��o de n�o fazer o cont�nuo foi muito consciente. N�o pod�amos correr o risco de certificar aluno do 3º ano que n�o teve 1º nem 2º ano presencial”, afirma a secret�ria de Estado de Educa��o, J�lia Sant’Anna. Desde o fim de 2021, “tomar bomba” tamb�m voltou a figurar entre o rol de possibilidades de um ano escolar cujo desempenho n�o tenha sido minimamente satisfat�rio. “Mantivemos a reten��o, mas com um trabalho cuidadoso para garantir aprendizagens. E n�o descansamos enquanto n�o tivemos certeza de que, apesar de todas as estrat�gias pedag�gicas, o aluno n�o conseguiu: ou porque n�o voltou � escola ou por outro motivo”, explica. 

Os alunos da rede estadual retornam aos col�gios nesta segunda-feira. Neste m�s, est�o previstas a aplica��o de avalia��es diagn�sticas para saber o que foi ou n�o aprendido nos �ltimos dois anos. Em mar�o, ser� a vez de nivelamento de conte�do. E em abril, ser� dada a largada para ensinar o que � previsto a cada faixa et�ria.

“Nas visitas que fiz �s escolas no ano passado, os diretores falaram da import�ncia de um tempo para esse nivelamento, sem a press�o de novos conte�dos logo no in�cio do ano”, diz J�lia. A secret�ria destaca que todo o processo avaliativo estar� adaptado � realidade p�s-pandemia. “N�o seria produtivo para nenhum dos lados tapar o sol com a peneira se desconsider�ssemos a defasagem.” 

A radiografia da defasagem, ali�s, ser� conhecida nas pr�ximas semanas, para quando s�o esperados os resultados do Programa de Avalia��o da Rede P�blica de Educa��o B�sica (Proeb), aplicado no fim de 2021 a alunos do 5º e 9º anos do ensino fundamental e do 3º ano do ensino m�dio.

A SEE vai anunciar em breve tamb�m as taxas de aprova��o que, de acordo com a secret�ria, foi satisfat�rio devido ao trabalho de busca ativa feito pelas escolas – elas partiram atr�s de alunos que n�o retornaram em classe ou que n�o entregavam as atividades na �poca de aulas remotas. 

O refor�o escolar, implementado na rede estadual desde 2019, ser� retomado no fim de mar�o para estudantes que foram reprovados ou que est�o em alguma progress�o parcial. Em mar�o, as primeiras avalia��es diagn�sticas aplicadas trimestralmente pelo estado v�o mostrar os alunos em dificuldade que ser�o encaminhados ao refor�o a partir de julho.

Trabalho de recupera��o ser� feito tamb�m nas turmas do fundamental 2 (6º ao 9º ano). “Temos recebido demanda de ajuda no processo de alfabetiza��o. As escolas est�o com dificuldade de receber estudantes que n�o conseguiram concluir esse processo de leitura e escrita. � preciso buscar o que foi perdido e para conseguir trabalhar, de forma muito cuidadosa, o professor precisa de tempo”, ressalta J�lia. 

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A volta �s aulas na rede estadual tem outras novidades, a come�ar pelas ferramentas de trabalho dos professores. Em seus planos de aula, cada docente ter� um c�digo de habilidade especificamente da sua disciplina e da s�rie escolar que dever� ser trabalhado a cada bimestre. E, assim como os alunos, o professor tamb�m ter� acesso �s novas teleaulas transmitidas pelo programa Se liga na educa��o como recurso pedag�gico.

“Com o c�digo da habilidade do curso, ele pode buscar no site o v�deo correspondente para aquela estrat�gia de ensino. Os �ltimos dois anos foram desafiadores, mas estamos orgulhosos de termos conseguido montar essa grande matriz de c�digos e habilidades que ser�o capazes de apoiar o professor”, afirma a secret�ria de Educa��o (SEE), J�lia Sant’Anna. 

Estrat�gias como as do aplicativo Conex�o Escola tamb�m ser�o aproveitadas. Durante as aulas remotas, nas avalia��es trimestrais, por exemplo, quest�es que os estudantes erravam geravam automaticamente a videoaula a ser revista. “Estamos muito satisfeitos de dar esse passo na defini��o de conte�do sem desconsiderar a autonomia do professor. A fun��o de objetos digitais que antes serviam para atender o aluno e dar suporte ao professor agora inverte: servem ao professor para esse nivelamento e para ajud�-lo nas pr�ticas da sala de aula e aos alunos tamb�m quando precisarem.” 

Toda essa ci�ncia da aprendizagem, cujo objetivo � garantir os melhores processos digitais, tem como suporte � Escola de Forma��o e Desenvolvimento Profissional de Educadores da Secretaria de Estado de Educa��o de Minas Gerais (SEE-MG). A expectativa � de que as avalia��es sejam �teis para indicar � institui��o quais habilidades s�o mais deficientes no estado e, a partir disso, focar na forma��o do professor. 

A forma��o � tamb�m a chave para o sucesso do novo ensino m�dio. A SEE vai mapear escolas com baixa frequ�ncia nas forma��es oferecidas sobre o novo modelo da fase final da educa��o b�sica e incentivar os docentes a participar. A pasta diz estar atenta a um processo de forma��o adaptado � realidade de quem est� � frente da sala de aula, com foco em conte�do e em compet�ncias gerais (pr�ticas de sala de aula, gest�o e avalia��es). 

E vai cruzar dados a fim de verificar se escolas com maior dificuldade nos resultados s�o tamb�m aquelas cujos professores est�o conseguindo participar da forma��o. “Ela precisa fazer sentido: ser objetiva e caber no planejamento de aula”, destaca a secret�ria. (JO)