
A Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) publicou, nessa quarta-feira (28/9), resolu��o que determina medidas de fiscaliza��o que pro�be a distribui��o, comercializa��o e uso do propilenoglicol com ind�cios de contamina��o com monoetilenoglicol e dos produtos fabricados a partir dele.
A Resolu��o-Re Nº 3.198, de 28 de setembro de 2022, requer o recolhimento de todo o propilenoglicol que contenha n�meros de lotes com os c�digos 5053C22 e 4055C21 (acrescentado ou n�o por letras iniciais complementares), que s�o aqueles que foram contaminados.
Segundo a Anvisa, que conduz investiga��es juntamente com �rg�os estaduais e municipais do Sistema Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (SNVS) e com o Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (MAPA), tem havido certa dificuldade para rastrear os produtos contaminados pela atua��o das pr�prias empresas.
Ainda de acordo com o �rg�o, empresas da �rea de produtos qu�micos que compram o propilenoglicol e seus derivados t�m retirado o r�tulo original e colocado novas informa��es de rotulagem com os dados da sua empresa. Isso faz com que a rastreabilidade seja prejudicada.
Na maioria dos casos, as empresas t�m mantido no r�tulo as informa��es num�ricas dos lotes envolvidos (5035C22 e 4055C21), podendo acrescentar no in�cio dos c�digos letras relacionadas a uma das empresas envolvidas (exemplo: AD5035C22 e AD4055C21). Tamb�m t�m ocorrido acr�scimos de lotes internos criados pelas organiza��es.
A Anvisa ressaltou que a rotulagem de produtos � considerada como uma etapa de fabrica��o e as empresas que realizam o servi�o precisam estar credenciadas para tal. Al�m disso, a rastreabilidade dos produtos � garantida pela Resolu��o RDC n. 655/2022.
Empresas envolvidas
A Anvisa emitiu, ainda, uma lista com as empresas j� identificadas, envolvidas na distribui��o e venda do propilenoglicol com ind�cios de contamina��o:
1) A & D QUIMICA COMERCIO EIRELI, CNPJ 30.408.655/0001-64
- Empresa situada em Aruj�/SP
- Lotes presentes no r�tulo: AD 4055 C21 e AD 5035 C22
2) TECNO CLEAN INDUSTRIAL LTDA., CNPJ: 03.723.481/0002-32:
- Empresa situada em Barueri/SP
- Lotes presentes no r�tulo: AD 4055 C21 e AD 5035 C22
3) TIAS MIHAEL COMERCIO DE PRODUTOS QUIMICOS LTDA – CNPJ 60.756.970/0001-43
- Empresa situada em S�o Paulo/SP
- Lotes presentes no r�tulo:
a) Lote ATIAS: 98088/220, 98489/200, 98588/220, 99578/220, 99867/220, 99991/220, 100196/220, 100310/220 e 100353/220,
b) Lote presente no r�tulo AD 5035 C22
4) LIMPAMAX COMERCIO ATACADISTA DE PRODUTOS DE HIGIENE E LIMPEZA LTDA, CNPJ: 39.791.585/0001-40
- Empresa situada em Feira de Santana/BA
- Lote do fornecedor AD5035C22
5) EJTX Com. De Prod. Aliment�cios e Maq. e Equip. Inds. LTDA (nome fantasia PANTEC TECNOLOGIA PARA ALIMENTOS), CNPJ: 15.579.648/0001-31:
- Empresa situada em S�o Paulo/SP
- Lote: AD5035C22
6) BELLA DONNA PRODUTOS NATURAIS LTDA.
- Lotes do fabricante: AD 5035 C22 e AD 4055 C21
A Anvisa ressaltou, ainda, que a lista ser� atualizada conforme mais empresas foram identificadas.
Etilenoglicol
O etilenoglicol, encontrado pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) em produtos de uma f�brica de macarr�o em S�o Paulo, � uma subst�ncia altamente t�xica e seu consumo pode levar a �bito. O professor de toxicologia da Una, Pablo Alves Marinho, explica como ele atua no corpo humano e o que fazer em caso de suspeitas de contamina��o.
O produto n�o � usado para produzir alimentos. Ele foi encontrado em lotes de um solvente usado na ind�stria aliment�cia, o propilenoglicol, fornecido pela empresa Tecno Clean Industrial Ltda.
O uso do lote contaminado em alimentos para humanos foi identificado nesta quinta-feira (22/9) pela Anvisa. A ag�ncia proibiu a comercializa��o, distribui��o e uso de alimentos da empresa BBBR Ind�stria e Com�rcio de Macarr�o Ltda. (nome fantasia Keishi) fabricados entre 25/7 e 24/8 deste ano.
Outras fabricantes tamb�m podem ter usado o lote com a subst�ncia t�xica.
Intoxica��o
Segundo o professor Pablo Alves Marinho, a intoxica��o com o etilenoglicol � de alto risco e ocorre em tr�s fases.
Nas primeiras 12 horas, a subst�ncia impacta o sistema nervoso da pessoa intoxicada. O quadro cl�nico nesse primeiro momento � de cansa�o, desorienta��o e pode at� mesmo causar convuls�es.
Entre 12 e 24 horas ap�s a ingest�o, come�am os efeitos no cora��o e pulm�es. O paciente pode apresentar arritmias card�acas, altera��es na press�o arterial e problemas pulmonares.
� a partir das 24 horas ap�s consumir a subst�ncia t�xica que ela atinge o sistema renal. “Esses efeitos s�o provocados principalmente pelos metab�licos do etilenoglicol, subst�ncias que s�o formadas no corpo e v�o gerar danos nos rins. Em especial, o oxalato de c�lcio, que se acumula nos rins e bloqueia o processo de filtragem do sangue. Isso pode provocar fal�ncia renal.”
Segundo o toxicologista, esses efeitos podem culminar em uma intoxica��o muito severa e levar � morte. “Tudo depende da dose que a pessoa ingerir, da concentra��o do etilenoglicol no produto e da quantidade que a pessoa ingeriu do produto contaminado”, refor�ou o professor.
Se a dose for baixa, � poss�vel que a pessoa que ingeriu a subst�ncia n�o apresente sintomas.
No n�vel grave, o paciente pode at� ter que ser levado a fazer hemodi�lise, segundo o m�dico Bruno Sander. "A ingest�o da subst�ncia em pequenas doses pode causar um est�gio de euforia, sonol�ncia, fala arrastada e estado de prostra��o", explicou.
Em altas doses de etilenoglicol, o paciente pode ir ao coma e gerar depress�o no sistema nervoso central, crises convulsivas e paralisia de nervo facial. "S�o efeitos graves e potencialmente fatais, que podem gerar sequelas permanentes", continuou Bruno.
Os efeitos no sistema cardiovascular envolvem poss�vel taquicardia, que deixa o cora��o acelerado e aumento da press�o arterial. "Pode, ainda, deixar o paciente ofegante, e resultar em falha card�aca congestiva, que pode levar � depress�o mioc�rdica. Em alguns casos, isso provoca at� paradas card�acas", informou Bruno Sander.
Sequelas
As consequ�ncias de ingest�o dessa subst�ncia podem ser de longo e m�dio prazo. Entre as sequelas conhecidas est�o danos no sistema nervoso central, causando dificuldade de movimento e fala. As mais comuns s�o associadas aos danos renais, com complica��es graves nos rins e no f�gado, de lenta recupera��o.
“Temos o caso da cerveja Belorizontina. Pacientes at� hoje est�o em tratamento por causa da intoxica��o com essa subst�ncia. Isso depende tamb�m da pr�pria pessoa, da idade – sabemos que crian�as e idosos s�o mais sens�veis –, se j� existia alguma doen�a renal, entre outros”, lembrou o professor.
Segundo o gastroenterologista Bruno Sander, existem riscos de sequelas permanentes e at� mesmo de morte. "O paciente precisa procurar ajuda m�dica especializada o quanto antes", disse o m�dico.
Suspeita
A primeira coisa a se fazer em casos de suspeita de intoxica��o alimentar � se dirigir o mais r�pido poss�vel a um hospital. Existem hospitais de refer�ncia no atendimento desses casos, como o Jo�o XXIII, em Belo Horizonte.
O hospital conta com um atendimento especial por telefone para dar orienta��es em casos de intoxica��o, com especialistas. O atendimento � 24 horas pelos telefones 0800 722 6001, (31) 3224-4000 e (31) 3239-9308.
Em casos de d�vidas sobre produtos j� comprados, o consumidor pode fazer contato com o fabricante. Informando o lote, � poss�vel verificar no servi�o de atendimento ao consumidor se existe algum problema com o produto, ou n�o. Esse contato tamb�m pode ser feito diretamente com a Anvisa, informando a marca, data de fabrica��o e afins.