
O sumi�o do item foi comunicado na quinta-feira passada (29/6) � Comiss�o Nacional de Energia Nuclear (Cnen), que conduz investiga��o interna do caso. De acordo com a Cnen, as fontes furtadas s�o classificadas como baixo risco, na casa dos 5 mCi (milicurie, medida de radioatividade), atividade quase 300 mil vezes menor que a do acidente de Goi�nia.
Quanto maior o valor em mCi, maior ser� a intensidade da radia��o emitida pela subst�ncia, o que implica em um n�vel mais elevado de radioatividade. O material, usado pela mineradora em medidores de densidade de polpa, estava selado e � blindado externamente em a�o inoxid�vel, o que, segundo especialistas, torna o material seguro de ser carregado, evitando o rompimento da pr�pria c�psula.
Para a professora e pesquisadora Elisabeth Yoshimura, do Instituto de F�sica da Universidade de S�o Paulo (Usp), ainda que a c�psula seja violada, o risco n�o chega � dimens�o do desastre de Goi�nia. "N�o tem como. A atividade dessa fonte � muito baixa se comparada, por exemplo, com uma fonte de radioterapia, material que causou o acidente na cidade goiana", avalia.
Mesmo contido dentro da c�psula, no entanto, o C�sio traz riscos para a pessoa que estiver em contato com o material, afinal, quem trabalha com esses elementos, utiliza equipamentos e roupas especiais. A exposi��o equivale a quase 500 vezes mais do que a radia��o natural, em uma dist�ncia de apenas um metro e meio. "Mesmo sem violar a c�psula, se deixou ela inteira e colocou no bolso, a pessoa j� est� se expondo � radia��o gama. Quanto mais pr�xima, maior a quantidade de radia��o", alerta a especialista.
O caso, na avalia��o da especialista, � um retrato da falta de conhecimento da popula��o sobre os riscos da manipula��o de materiais radioativos. "J� fizemos uma pesquisa em escolas, e a maioria n�o reconhece o s�mbolo de perigo radioativo. O mais comum � dizer que o desenho � um ventilador", relata. Ela acredita que o furto foi motivado pela estrutura de metal, onde o C�sio 137 � armazenado, e n�o pela subst�ncia. "Desconhe�o que tenha mercado para venda de C�sio", disse.
Acidente em Goi�nia
Considerado o maior acidente radioativo fora de uma usina nuclear, o caso de Goi�nia terminou com a morte de quatro pessoas e outras centenas atingidas indiretamente. O desastre ganhou repercuss�o internacional. O acidente come�ou com a viola��o de uma m�quina de radioterapia, encontrada em um terreno abandonado onde funcionava o Instituto Goiano de Radioterapia, na capital de Goi�s.
Sem saber do que se tratava, o dono de um ferro-velho desmontou o aparelho para reaproveitar o chumbo, material bastante comercializ�vel. Nesse momento, 19 gramas de cloreto C�sio-137 ficaram expostos ao ambiente.
A apar�ncia do composto, que emitia uma luz azulada, chamou aten��o dos moradores e foi exibida durante quatro dias. Algumas pessoas chegaram, inclusive, a amostras do material radioativo para a casa.
Com essa dispers�o, n�o demorou muito para as pessoas apresentarem os primeiros sintomas por ficaram expostas aos altos n�veis de radia��o.
As primeiras mortes aconteceram na fam�lia do dono do ferro velho. A mulher dele, Maria Gabriela, faleceu no dia 23 de outubro de 1987 e a sobrinha, Leide das Neves Ferreira, de 6 anos, morreu horas depois da tia. A garotinha foi a v�tima que apresentou maior quantidade de radia��o, pois ingeriu pequenas por��es de C�sio depois de brincar com o material radioativo.
* Estagi�rio sob supervis�o do subeditor Thiago Prata