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Estado de Minas ALERTA

Mortes nas estradas s�o sofrimento sem fim para fam�lias de v�timas

�bitos causam dores permanentes em parentes, como nos dois desastres ocorridos na BR-251, no Norte de Minas, e na BR-135


05/08/2023 04:00 - atualizado 05/08/2023 08:19
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Acidente com carro e caminhão matou seis pessoas de uma família na km 476 da BR-251, um dos pontos mais críticos da rodovia federal, em março de 2022
Acidente com carro e caminh�o matou seis pessoas de uma fam�lia na km 476 da BR-251, um dos pontos mais cr�ticos da rodovia federal, em mar�o de 2022 (foto: LUIZ RIBEIRO/EM/D.A.PRESS)

Dor que n�o termina nunca. Este � o sentimento carregado por quem perdeu entes queridos nas trag�dias das estradas. A triste sensa��o � vivida pelos parentes das seis pessoas da mesma fam�lia que morreram na batida entre um carro pequeno e caminh�o carregado com placas de gesso no Km 476 na BR-251, um dos pontos de maior risco da rodovia, no munic�pio de Francisco S�, no Norte de Minas, em 26 de mar�o de 2022. Passados um ano e quatro meses da trag�dia, os familiares das v�timas foram localizados pela reportagem do Estado de Minas em Planalto, munic�pio de 26,4 mil habitantes, no Sudoeste da Bahia, a 476 quil�metros de Salvador. Os seis integrantes da fam�lia seguiam de Bertioga (SP) para rever parentes em Planalto e encontraram a morte do caminho, ao se aproximar da subida da Serra de Francisco S�, um dos trechos mais perigosos da BR-251.
 

As sequelas das perdas na “guerra” das estradas s�o carregadas por Gabriela Ferreira dos Santos, de 28, sobrinha de Fernando Ferreira dos Santos, de 48, que dirigia o carro envolvido na trag�dia. “(O acidente) foi uma coisa muito dolorida. Foi um choque para todos n�s. A gente vive um vazio, uma tristeza que nunca acaba”, afirma Gabriela, que � dona de um barzinho na cidade do interior baiano. Al�m de Fernando, morreram a mulher dele, Lourdes (de 48), o filho do casal, Rafael Ferreira dos Santos (de 25) e a mulher de Rafael, Fabiana Melo Marins (28). Tamb�m perderam a vida duas crian�as, Ruan e Adriele, filhos de Rafael e Fabiana.

Retorno tr�gico

Jean dos Santos Novaes
Jean dos Santos Novaes morreu ao volante ao bater em caminh�o na BR-135, em Curvelo (foto: ALBUM DE FAM�LIA)

Outra brasileira que carrega dor intermin�vel por mortes nas rodovias � a dona de casa Gisleide Aparecida Alves de Almeida, de Lagoa dos Cavalos, no munic�pio de Icara� de Minas, de 10,6 mil habitantes, no Norte de Minas. Ela � tia de V�lber Alves de Almeida, um dos quatro jovens que morreram na batida entre um carro de passeio e um caminh�o na BR-135, em Curvelo, na Regi�o Central de Minas, em 5 de janeiro passado, um dos mais graves acidentes registrados nas rodovias mineiras neste ano. Morreram tamb�m no acidente Jean Santos Novais (23), que dirigia o ve�culo; e Ranyelly Ribeiro da Silva (idade n�o revelada) e Adriano Batista Ribeiro da Silva (20). Os dois primeiros eram primos de V�lber e Adriano era namorado de Ranyelly.
 
Os jovens retornavam de S�o Paulo ap�s visitarem parentes e participarem da Festa de Santos Reis na comunidade de Lagoa dos Cavalos. Por causa do desastre, a festa foi cancelada. Gisleide afirma que ela, assim como restante da fam�lia, at� hoje, n�o se conforma com a perda de V�lber, que deixou a zona rural de Iraca� de Minas em busca de trabalho em S�o Paulo. “� dif�cil explicar. � algo que ningu�m espera. O choque � muito grande. Todas as vezes que gente ouve falar em um acidente d�i”, conta.

Estudo aponta imprud�ncia de motoristas

O professor e pesquisador Narciso Ferreira dos Santos Neto, doutor em Engenharia de Transportes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e docente da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), lembra que um dos seus estudos teve como objetivo determinar o perfil dos acidentes na BR-365, que liga o Norte de Minas ao Tri�ngulo, muito usada por motoristas que viajam do Centro-Oeste e de S�o Paulo para o Nordeste/Norte do pa�s. “Como resultado deste estudo, conseguimos correlacionar os diversos fatores com os tipos de acidentes mais comuns, determinando seu perfil na BR 365.

Válber Alves de Almeida
V�lber Alves de Almeida tamb�m morreu no desastre ocorrido na BR-135 (foto: ALBUM DE FAM�LIA)

Pode-se afirmar que os capotamentos na rodovia tiveram alta correla��o com o fato de o condutor n�o respeitar a dist�ncia de seguran�a entre os ve�culos. � noite, dificulta a visibilidade total da pista”, observou. “Sobre o impacto lateral, podemos observar uma forte correla��o com a falta de aten��o do motorista, explicada pela correla��o com a fase do dia, c�u claro e estrada seca. Quando uma via exige mais aten��o ao dirigir, seja pela presen�a de barreiras artificiais, como lombadas, ou por barreiras naturais, como chuva e neblina, o motorista acaba exigindo uma aten��o maior na dire��o”.

“A colis�o traseira deveu-se a um motivo de redu��o da dist�ncia de seguran�a, al�m de ser durante o dia, e pista estrada molhada. � relevante notar que tanto a colis�o quanto o capotamento aconteceram quando o tr�nsito estava com algum tipo de dificuldade, porque ou era noite ou chovia. Sup�e-se, portanto, a soma do fator que o condutor n�o mant�m a dist�ncia de seguran�a. A dificuldade encontrada pelo condutor, seja por causa da chuva ou da falta de visibilidade � noite contribuem para as estat�sticas de acidentes nas vias”, descreve.

Aumentam mortes com motocicletas

Nos �ltimos anos, aumentaram os acidentes fatais nas rodovias com os motociclistas, categoria, que, segundo estudos, corre risco de morte em at� oito vezes mais do que ocupantes de autom�veis e caminh�es. Mas, no p�s-pandemia, as mortes aumentaram, segundo o m�dico de tr�fego Jos� Montal, diretor da Associa��o Brasileira de Medicina do Tr�fego (Abramet). “Por se tratar de um veiculo interessante do ponto de vista da n�o contamina��o do v�rus, deslocar de moto tornou-se algo recomend�vel”, avalia. Por outro lado, ele alerta que a motocicleta � um meio de transporte no qual as pessoas ficam mais expostas a riscos de acidentes graves. “Trata-se de um ve�culo de duas rodas que n�o tem nenhuma carenagem que protege os seus ocupantes”.

Ele tamb�m lembra que a motocicleta � mais usada por pessoas mais jovens, na maioria, sem experi�ncia e que se arriscam mais no tr�nsito. “Basta dizer que existem compara��es que apontam que pessoa condutora de uma moto do sexo feminino na faixa de 40 ou 40 anos se acidenta 30 ou 40 menos do que um jovem do sexo masculino rec�m-habilitado”, ressalta. Santos Neto acrescenta que os acidentes com motociclistas tendem a ser mais fatais do que os desastres com autom�veis por v�rias raz�es, como a vulnerabilidade. “Motociclistas t�m menos prote��o do que os ocupantes de carros, n�o t�m estrutura de prote��o ao redor deles. Enquanto os carros possuem carrocerias refor�adas e airbags, os motociclistas est�o mais expostos ao impacto, o que aumenta a gravidade das les�es em caso de acidente”, avalia.

Outro aspecto est� relacionado � estabilidade e controle. “As motocicletas t�m uma base menor e s�o menos est�veis do que os carros, o que pode torn�-las mais propensas a perder o controle, especialmente em condi��es adversas de estrada ou clima”. Ele lembra que as motocicletas t�m maior capacidade de acelera��o e manobrabilidade do que os carros, “o que pode resultar em acidentes mais graves devido a altas velocidades envolvidas. Al�m isso, tem o uso inadequado do capacete.

Preocupado com a quest�o, o Minist�rio da Sa�de informou que desenvolveu o Plano de A��es Estrat�gicas para o Enfrentamento das Doen�as Cr�nicas e Agravos N�o Transmiss�veis no Brasil, 2021-2030 (Plano de Dant), “o qual reservou �nfase aos agravos relacionados aos motociclistas”. “A publica��o estabelece a meta, alinhada a organismos internacionais, de reduzir em 50% a taxa de mortalidade de motociclistas at� 2030”, informou o minist�rio, destacando que, para alcance da meta”, foram definidas a��es estrat�gicas a serem desenvolvidas em parceria com os estados e munic�pios.









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