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Estado de Minas CASO RAFAELA DRUMMOND

Caso Rafaela: fam�lia vai contratar perito para analisar celular de escriv�

Aparelho esteve em posse da Pol�cia Civil onde foi periciado, mas fam�lia acredita que possa existir mais aspectos da morte de escriv�


31/10/2023 17:57 - atualizado 31/10/2023 17:57
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Rafaela Drummond, escrivã que tirou a própria vida em junho deste ano
Antes de morrer, Rafaela fez den�ncias de epis�dios de ass�dio e abuso sofridos por ela em delegacia (foto: Redes Socias / Reprodu��o)
A fam�lia da escriv� Rafaela Drumond, de 31 anos, que tirou a pr�pria vida no in�cio de junho deste ano, vai contratar uma empresa particular para periciar o celular da jovem. O aparelho estava em posse da Pol�cia Civil, que durante as investiga��es fizeram a an�lise dos dados no aparelho. No entanto, para Aldair, pai de Rafaela, pode ser que haja alguma informa��o que, para os investigadores, “n�o foi importante”, mas que tenha relev�ncia para os familiares. 
Em conversa com o Estado de Minas, Aldair explicou que, assim que o inqu�rito sobre a morte da filha foi conclu�do, entrou com um pedido na comarca de Caranda�, no Campo das Vertentes, para ter posse do celular.

“Eu acredito que possa ser que tenha algumas outras informa��es que para a Pol�cia Civil n�o foram importantes, ou seja, que para a corregedoria n�o foi importante para o caso, mas que para o pai � relevante. Por isso, eu vou fazer a per�cia, que �s vezes eles n�o acharam conveniente por isso na �poca, em rela��o ao que aconteceu, o ass�dio sexual”, diz ele. 

Antes de morrer, Rafaela enviou diversos �udios para amigos e familiares relatando a rotina de trabalho conturbada na qual vivia. Entre as den�ncias est�o as de ass�dio moral e sexual. Na �poca das investiga��es, o Estado de Minas teve acesso a �udios que retratam o que a ent�o escriv� estava vivendo. 

Em uma das mensagens enviadas para uma amiga, Rafaela detalha como foi uma discuss�o com o delegado da unidade policial. A briga teria come�ado por causa de um pedido de mudan�a na escala de folgas, uma das principais reclama��es da escriv� enquanto trabalhava. “Ele falou que eu tinha cismado com isso, falando que ele tava de implic�ncia. Ele disse que eu n�o gosto de receber ordens. Mas n�o � isso, ele estava implicando por causa do carnaval”, disse.

A infelicidade com o delegado continua em outra mensagem. A escriv� conta como foram os dias seguintes � briga. “O delegado � aquele tipo de pessoa que gosta de colocar o terror psicol�gico, gosta de atazanar. E eu n�o abaixo quando estou certa, por isso toda essa confus�o. Tenho vontade de nem voltar l�. Ele colocou tanto terrorismo em cima de mim que eu n�o aguentei. Quando estou certa, eu rebato. Agora, j� percebi. Vou chegar l� s� e fazer minha parte”, relatou.
 

'Entregaram minha filha doente'


O pai de Rafaela espera encontrar provas de que o suic�dio de Rafaela foi provocado pelos constantes ass�dios sofridos por ela na delegacia de Caranda�, onde estava lotada. “� importante provar que eu entreguei a minha filha 100%, psicol�gico, toda entusiasmada, querendo viver, querendo vencer, querendo fazer prova para delegada e depois para ju�za. E, de repente, eles me entregaram a minha filha morta, me entregaram a minha filha doente, daquele jeito. A minha filha ficou doente l� dentro”, afirma Aldair.

Em setembro, treze dias depois da finaliza��o do inqu�rito que apurou as causas da morte da escriv�, o Minist�rio P�blico de Minas Gerais enviou o caso ao Juizado Especial Criminal de Caranda�, cidade em que os fatos aconteceram. No documento, o �rg�o pede o agendamento de audi�ncia preliminar contra o delegado Itamar Claudio Neto, que trabalhava na mesma delegacia que Rafaela.

Desde ent�o a fam�lia da servidora est� revoltada com a maneira que o processo tem sido conduzido. Assim como os investigadores do caso, o MPMG entendeu que Neto cometeu o crime de condescend�ncia criminosa – quando o superior deixa, por indulg�ncia, de responsabilizar o subordinado que cometeu infra��o no exerc�cio do cargo ou n�o leva o fato ao conhecimento da autoridade. 
Como penalidade ao crime que o delegado foi acusado, o MPMG prop�s uma transa��o penal. Nesse caso � colocado ao r�u uma forma de acordo de pena alternativa imediata. Ap�s o tempo determinado pelo �rg�o, o caso � arquivado. “As ofensas proferidas pelo investigador de pol�cia sofreram o efeito da decad�ncia por n�o terem sido adotadas, dentro do prazo, as provid�ncias exigidas por lei”, informou o �rg�o. 

Afastamento 


No inqu�rito, a Pol�cia Civil tamb�m indiciou o investigador Celso Trindade de Andrade pelo crime de inj�ria. No entanto, o processo contra ele ser� descontinuado e arquivado, j� que o prazo para que se d� entrada judicial em crimes contra a honra, como a inj�ria, � de seis meses. A investiga��o apontou que os fatos ocorridos entre Celso e Rafaela aconteceram em 2022.

Celso e o delegado Itamar foram citados pela v�tima. Nos �udios vazados, que foram gravados pelo celular de Rafaela, ambos s�o citados como prov�veis autores dos ass�dios sofridos por ela. 

Primeiramente, ambos foram realocados para uma delegacia em Conselheiro Lafaiete. Mas, ap�s novos fatos que surgiram na investiga��o, como a inclus�o de uma nova testemunha dos ass�dios, que estaria trabalhando na nova cidade dos servidores, eles foram novamente transferidos. 

O delegado Itamar estava lotado na Delegacia de Belo Vale, e o investigador Celso foi enviado para a Delegacia de Congonhas. Este segundo, no �ltimo dia 18, pediu uma licen�a m�dica de 60 dias. O motivo n�o foi divulgado.

Relembre o caso

A escriv� Rafaela Drumond, de 31 anos, tirou a pr�pria vida em 9 de junho, na casa de seus pais no distrito de Ant�nio Carlos, na Regi�o do Campo das Vertentes. Ela trabalhava em uma delegacia em Caranda� e, meses antes do fato, enviou �udios para a fam�lia e amigos relatando situa��es de abuso e ass�dio por parte de colegas. O caso ainda est� sendo apurado pela Corregedoria-Geral da Pol�cia Civil de Minas Gerais. Os suspeitos de assediar a mulher foram transferidos da unidade em que trabalhavam, mas permanecem trabalhando.

Tanto o celular de Rafaela quanto v�deos enviados por ela aos amigos come�aram a ser periciados pela Pol�cia Civil. Nos �udios obtidos pela investiga��o, Rafaela relata situa��es de ass�dio moral e sexual, persegui��o, boicote e at� uma tentativa de agress�o f�sica por parte de um colega de trabalho. Em uma das mensagens, ela explica que n�o queria tomar provid�ncias em rela��o aos fatos por medo.

"N�o quis tomar provid�ncia porque ia me expor. Isso � Caranda�, cidade pequena. Com certeza ia se voltar contra quem? Contra a mulher. Eu deixei, prefiro abafar. Eu s� n�o quero olhar na cara desse bo�al nunca mais", narra.

Em outra grava��o, a escriv� disse estar cansada dos epis�dios, que se mostravam recorrentes. Os �udios teriam sido enviados em fevereiro, quatro meses antes da morte de Rafaela. "Eu nem contei para voc�s, porque, sabe, umas coisas que me desgastam. Quanto mais eu falo, mais a energia volta. Fiquei calada. Fiquei quieta, na minha, achando que as coisas iriam melhorar. Eu n�o incomodo muita gente, mas, enfim, agora chega", diz Rafaela, na grava��o.


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