O texto foi atualizado �s 4h05 de 4 de novembro de 2020.
Ap�s mais de cinco horas desde o in�cio da apura��o de votos, o resultado das elei��es presidenciais americanas continua indefinido. O cen�rio indica para uma disputa apertada entre o candidato democrata Joe Biden e o republicano Donald Trump, a ser definida por Estados do Meio-Oeste, como Pensilv�nia, Michigan e Wisconsin, justamente aqueles em que h� grande volume de votos pelo correio a serem contabilizados e nos quais a apura��o pode se estender pelos pr�ximos dias.
Em breve discurso, Biden afirmou que a contagem dos votos pode demorar, mas "n�o � minha fun��o nem a de Donald Trump dizer quem ganhou a elei��o". Durante a fala do advers�rio, Trump, que pressiona por uma defini��o r�pida da elei��o, tuitou: "N�s estamos indo MUITO BEM, mas eles (democratas) v�o tentar ROUBAR as elei��es".
J� nas primeiras horas ap�s o fechamento das urnas na ter�a-feira (03/11) ficou claro que a elei��o n�o seria uma lavada para nenhum dos lados. Trump, que concorre � reelei��o, saiu na frente na contagem em Fl�rida, Ge�rgia, Carolina do Norte e Texas, quatro Estados nos quais venceu em 2016 contra Hillary Clinton.
O triunfo do republicano nessas �reas � considerado crucial para que ele siga em condi��es competitivas na disputa. J� Biden surge na frente no Arizona, que votou por Trump em 2016.
Nos EUA, o voto � indireto e conquista a Presid�ncia o candidato que somar no m�nimo 270 dos 538 delegados em disputa no col�gio eleitoral americano.
De acordo com a proje��o feita pela BBC News Brasil a partir das apura��es nos Estados, at� as 4h05 de 4 de novembro (hor�rio de Bras�lia), Biden somava 220 delegados contra 213 de Biden.
A elei��o de 2020 � sem precedentes no pa�s por uma s�rie de motivos. A pandemia de covid-19 levou 101 milh�es de americanos a votarem antecipadamente, mais de 60 milh�es deles via correio, um recorde.
Al�m disso, a proje��o de participa��o eleitoral � a maior em mais de 100 anos. Cerca de 67% dos eleitores — ou 160 milh�es de pessoas — compareceram �s urnas esse ano. Nos EUA, o voto n�o � obrigat�rio.
O processo eleitoral n�o � centralizado e cada Estado tem regras pr�prias — e diferentes — para a condu��o do processo, o que explica porque o ritmo de divulga��o dos resultados � t�o diverso.
Fl�rida e Texas devem ficar para Trump, Arizona pra Biden
Na Fl�rida, com 96% das urnas apuradas, Trump n�o s� parecia no caminho de repetir a vit�ria de 2016, como poderia ampliar consideravelmente a margem sobre o advers�rio democrata, de 1,2% para 3,5% dos votos.
Conhecido por ser um Estado pendular, a Fl�rida foi alvo de pesada aten��o dos dois candidatos. Trump fez v�rios com�cios ali, Biden tamb�m e levou o ex-presidente Barack Obama consigo.
A vit�ria por maior margem de Trump no Estado se explicaria especialmente pela sua performance entre os eleitores latinos. Trump conseguiu melhorar em mais de 10 pontos percentuais sua vota��o nesses grupos em compara��o com quatro anos atr�s.
Contribu�ram especialmente para o resultado a grande comunidade cubana e a di�spora venezuelana, que veem no republicano uma barreira ao avan�o da esquerda na Am�rica Latina e uma for�a capaz de levar o regime de Nicol�s Maduro na Venezuela a uma transi��o de poder.
No m�s passado, Trump fez um aceno especial a esses eleitores ao mandar seu secret�rio de Estado, Mike Pompeo, para uma visita a refugiados venezuelanos no Estado brasileiro de Roraima.
O presidente do Partido Republicano da Fl�rida, Joe Gruters, deixou claro o entusiasmo � CBS News em um comunicado, antes mesmo do fim da contagem: "Esmagamos os democratas, nossos eleitores apareceram para votar em peso. Esta foi uma vit�ria da equipe e � um grande dia para a Fl�rida. "
Trump tamb�m parece ter tido sucesso em bloquear uma vit�ria democrata no Texas. O Estado n�o vota majoritariamente pelos democratas desde 1976, mas tem vivido uma mudan�a significativa em sua demografia: o eleitorado est� cada vez menos rural e branco e cada vez mais urbano e racialmente diverso, um perfil que tende a favorecer os democratas.
Trump tamb�m levou os 38 delegados em disputa no Texas, e ali Biden apenas conseguiu reduzir a vantagem do republicano em rela��o a 2016. A apreens�o no Estado era tal que na v�spera da elei��o a campanha republicana tentou, sem sucesso, invalidar 127 mil votos dados em uma se��o eleitoral especialmente democrata em Houston.
Mas a maior vit�ria de Biden deve ser mesmo o Arizona. Com 80% da apura��o conclu�da, o democrata liderava por diferen�a de quase seis pontos. E embora o Estado garanta apenas 11 delegados, seria o primeiro a mudar de lado em rela��o a 2016.
'Durmam um pouco, pessoal e fiquem calmos'
Embora o presidente Trump tenha dito ao longo do dia da elei��o que "os americanos t�m o direito a ter o resultado em poucas horas", at� o in�cio da madrugada do dia 4 nada apontava para esse desfecho.
Em Estados decisivos, como Michigan (16 delegados) e Pensilv�nia (20 delegados), at� �s 4h (hor�rio de Bras�lia), a apura��o n�o havia superado os 70% das urnas. Em Wisconsin (10 delegados), pouco mais de 80% havia sido levantado. As autoridades nestes Estados informaram que nenhum resultado definitivo deveria ser esperado nas pr�ximas horas.
E apesar da tend�ncia positiva pra Trump na Ge�rgia (16 delegados), problemas na contagem de cerca de 20% dos votos do Estado na capital Atlanta, majoritariamente democrata, ainda podem levar a uma virada do democrata.
"Durmam um pouco, pessoal. Tivemos um dia de elei��o tranquilo. Os votos foram depositados. E seus funcion�rios eleitorais locais est�o trabalhando para contar as c�dulas. Como dissemos h� meses: esta elei��o terminar� quando todos os votos forem contados. Fiquem calmos", recomendou Josh Shapiro, procurador-geral da Pensilv�nia, pelo Twitter, por volta da meia-noite e meia de Washington D.C.
No in�cio da madrugada da quarta-feira (04/11), o democrata Biden fez uma breve declara��o no centro de conven��o em Wilmington, Delaware. "N�s nos sentimos muito bem sobre onde estamos. N�s acreditamos que estamos no caminho para ganhar essa elei��o. Sabemos que pela quantidade sem precedentes de votos antecipados, votos por correio, que isso (apura��o) levaria um tempo, e n�s seremos pacientes", afirmou Biden e complementou: "Podemos ter os resultados t�o cedo quanto amanh� de manh�, mas pode demorar um pouco mais e n�o � minha fun��o nem a de Donald Trump dizer quem ganhou a elei��o — isso � a fun��o do povo americano".
O movimento da campanha democrata foi uma tentativa de evitar que, antes do fim da contagem de votos, o republicano pudesse se declarar vencedor. Uma reportagem do site americano Axios afirmou nesta segunda-feira que a Casa Branca debatia essa possibilidade.
Enquanto Biden falava, Trump foi ao Twitter e afirmou: "N�s estamos indo MUITO BEM, mas eles (democratas) v�o tentar ROUBAR as elei��es. N�s n�o vamos deixar que fa�am isso. N�o � poss�vel votar depois que as urnas foram fechadas".
Trump passou os �ltimos meses dizendo que o sistema eleitoral por correio � fraudulento — embora n�o haja evid�ncias de fraudes relevantes relacionadas a essa modalidade de voto no pa�s. E tem dito que entrar� na Justi�a para impedir que votos por correio que cheguem depois do dia 3 sejam considerados, mesmo naqueles Estados em que por lei cartas com votos podem chegar tardiamente.
� o caso da super disputada Pensilv�nia, onde votos por correio ser�o esperados por at� 3 dias depois desta ter�a-feira. A plataforma de rede social Twitter marcou a mensagem de Trump com a seguinte advert�ncia: "Parte ou todo o conte�do compartilhado nesse tu�te � controverso e pode ser enganoso sobre a elei��o ou outro processo civil".
Acompanhe a apura��o nos EUA
Como funciona o Col�gio Eleitoral?
Os 538 integrantes do chamado Col�gio Eleitoral se re�nem nas respectivas capitais de seus estados a cada quatro anos ap�s a elei��o para designar o vencedor. Para vencer, um candidato � presid�ncia deve obter a maioria absoluta dos votos do Col�gio: 270. Saiba como funcionam os col�gios eleitorais.Sistema eleitoral complexo � desafio
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