
n�o queriam que o marido da minha irm� seguisse trabalhando para as for�as dos Estados Unidos. Tamb�m o for�aram a abandonar o emprego no Minist�rio da Defesa afeg�o", acrescentou. O drama enfrentado pelo cunhado de Aisha, que colaborou com os EUA por 15 anos, n�o � exce��o. Um relat�rio confidencial elaborado pelo Centro Noruegu�s de An�lises Globais - conhecido como Rhipto ("dif�cil de ver", em grego) - revelou que o Talib� amea�ou matar ou prender familiares de pessoas que colaboraram com as for�as estrangeiras no pa�s. O Rhipto fornece dados de intelig�ncia � ONU.
"Eles (talib�s) Novos protestos em v�rias partes do Afeganist�o, em celebra��o ao Dia da Independ�ncia, mostram que uma parcela dos afeg�os n�o se intimida com a mil�cia fundamentalista isl�mica, que tornou a retaliar as manifesta��es, matando ao menos duas pessoas em Asadabad, capital da prov�ncia de Kunar, no leste do pa�s. Na prov�ncia de Panjshir (nordeste), Ahmad Massoud, filho de Ahmad Shah Massoud e comandante da Alian�a do Norte, conclamou a resist�ncia e pediu armas aos Estados Unidos.
Em entrevista ao Correio, Christian Nellemann, diretor-executivo da Unidade de Resposta R�pida do Rhipto, explicou que o Talib� realizou um rastreamento avan�ado de afeg�os antes mesmo da tomada das grandes cidades.
"Existe uma lista de prioridades de pessoas a serem detidas, incluindo membros dos servi�os de intelig�ncia, da pol�cia e das For�as Armadas do Afeganist�o. O Talib� intensificou a coleta de informa��es nas cidades conquistadas, a fim de identificar potenciais alvos em Jalalabad (leste) e na capital, Cabul. A mil�cia, inclusive, assassinou desafetos nos �ltimos meses", afirmou.
De acordo com Nellemann, "h� v�rios relatos de que o Talib� tem ampliado listas com os nomes e n�meros de telefones de indiv�duos que se acredita terem colaborado com as tropas dos Estados Unidos e com pa�ses aliados". Ele revela que a mil�cia montou uma rede de informantes e mant�m contato com mesquitas, a fim de compilar mais nomes.
"Eles t�m amea�ado matar ou prender familiares de indiv�duos-alvo, a menos que se rendam. Tamb�m montaram postos de controle no caminho para o aeroporto, nas principais vias de Cabul e no entorno de cidades maiores. Os talib�s conduzem visitas de porta em porta direcionadas a indiv�duos que constam na lista, disse o diretor do Rhipto.
Nellemann enviou � reportagem o teor do documento afixado por esquadr�es do Talib� nas portas das casas de supostos colabores dos Estados Unidos e de aliados durante a ocupa��o do Afeganist�o.
"A Comiss�o Militar e de Intelig�ncia do Emirado Isl�mico do Afeganist�o o considera uma pessoa importante. (...) Voc� deve comparecer � sede da Comiss�o Militar e de Intelig�ncia do Emirado Isl�mico do Afeganist�o, localizada em Shish Darak, Cabul, e fornecer informa��o sobre a natureza de seu trabalho e de seu relacionamento com brit�nicos e americanos. Se voc� n�o se reportar � Comiss�o, seus familiares ser�o presos, e voc� ser� o respons�vel por isso. Voc� e seus familiares ser�o tratados com base na Sharia (lei isl�mica)", afirma o aviso, que levava o selo da Organiza��o de Impress�o e Publica��es do Emirado Isl�mico do Afeganist�o.
Fereba Nour, a estudante de Cabul, contou que tem recebido mensagens do Talib�, por meio do Twitter. "Pare de ter medo. Louve sua origem. N�o se rebele contra o seu pa�s. O Afeganist�o precisa de pessoas educadas como voc�. (...) Fique no Afeganist�o. (...) N�o mantenha a boca aberta", afirma a mensagem, que, segundo ela, � uma das muitas enviadas com frequ�ncia.

Rebeldia
Focos de rebeldia contra o Talib� tornaram a aparecer, a despeito das amea�as da mil�cia. Em Cabul e em Asadabad, afeg�os sa�ram �s ruas com a bandeira tricolor do Afeganist�o, em celebra��o ao Dia da Independ�ncia, apesar das patrulhas feitas pelas camionetas com o estandarte do Talib�. Pr�ximo ao aeroporto, a situa��o continua tensa. O G7 - grupo dos pa�ses mais industrializados do mundo - exortou os talib�s a garantirem passagem livre aos estrangeiros e afeg�os que desejarem partir.
Rodrigo Reis, diretor-executivo do Instituto Global Attitude (em S�o Paulo) e especialista em rela��es internacionais, v� uma discrep�ncia enorme entre a percep��o passada pelo porta-voz do Talib�, na entrevista coletiva de ter�a-feira e o comportamento efetivo da mil�cia em solo afeg�o.
"O Talib� tenta se modernizar e expor ao mundo uma narrativa que n�o � a implementada no solo, em rela��o a in�meras quest�es. A interpreta��o radical do isl�, as viola��es dos direitos das mulheres e relatos recebidos pela ONU mostram um abismo gigante em rela��o � ret�rica talib�", disse � reportagem.
» Quatro perguntas para...
Christian Nellemann, diretor-executivo da Unidade de Resposta R�pida do Centro Noruegu�s de An�lises Globais (Rhipto)
Como voc�s coletaram as den�ncias e as informa��es para a compila��o do documento entregue � ONU?
N�o podemos fornecer as fontes, mas acessamos documentos impressos emitidos pelo Talib� em Cabul. Tamb�m falamos com indiv�duos.
O que o senhor destaca como mais chocante e importante?
O Talib� visa diretamente os familiares, caso os indiv�duos procurados n�o se rendam. Isso � feito por meio de ordens expressas por escrito.
O Talib� prometeu respeito aos direitos humanos. O que acha da promessa feita pelo porta-voz Zabihullah Mujahedin na �ltima ter�a-feira?
Eles se tornaram uma organiza��o mais bem organizada e mais poderosa, com sistemas financeiros, departamento de intelig�ncia e redes de informantes. Tamb�m n�o mostraram indica��es, nos �ltimos 20 anos, de que tenham se tornado mais brandos ou amig�veis.
Que conselhos o senhor daria a afeg�os que colaboraram com os EUA e o Reino Unido?
Ele est�o em grande risco, pois representam uma amea�a ao Talib�, e ser�o ca�ados, como temos visto em v�rias cidades. Se forem capturados, poder�o revelar, mediante tortura deles pr�prios ou de familiares, informa��es valiosas aos pa�ses "amig�veis" dos EUA. Tais informa��es podem amea�ar os servi�os de intelig�ncia do Ocidente. O Talib� est� em um processo de recrutamento em massa de informantes.
» Susto em Washington
O homem que amea�ou detonar explosivos, ontem, perto do Capit�lio em Washington, sede do Congresso dos Estados Unidos, rendeu-se � tarde "sem incidentes", disse a pol�cia norte-americana, ap�s horas de negocia��es.
"Ele saiu do ve�culo e se entregou. As unidades t�ticas que estavam perto o detiveram sem incidentes", disse o chefe de pol�cia do Capit�lio, Thomas Manger. Ao meio-dia, viaturas policiais e ambul�ncias estavam em volta do Capit�lio, em grande parte isolado, enquanto agentes do FBI verificavam a �rea.
O chefe de pol�cia da sede do Legislativo, Thomas Manger, disse que, por volta das 9h15 (10h15, em Bras�lia), um homem dirigiu uma caminhonete preta at� o meio-fio ao lado da Biblioteca do Congresso e afirmou que tinha explosivos. "O motorista contou ao policial que estava no local que tinha uma bomba e o que parecia ser, segundo o policial, um detonador na m�o", disse Manger.
No Facebook Live, um homem que parecia ser o suspeito transmitiu uma s�rie de amea�as inconsistentes e pediu para falar com o presidente Joe Biden. O suspeito, que se identificou como Ray Roseberry, era branco, calvo, com cavanhaque grisalho e vestia uma camiseta branca.
"Estou tentando falar com Joe Biden pelo telefone. Estou estacionado aqui na cal�ada ao lado de todas essas coisas bonitas", disse ele. "N�o vou machucar ningu�m, Joe. N�o vou puxar o gatilho dessa coisa. N�o posso", ressaltou, mas avisou: "Estou te avisando, se os atiradores (...) come�arem a atirar por essa janela, essa bomba explode".
O site especializado SITE, que monitora organiza��es de supremacia branca e jihadistas, informou que Roseberry provavelmente integra o movimento Maga, um acr�nimo para "Make America Great Again", o slogan do ex-presidente republicano Donald Trump.