

- Conte�do verificado: Um tu�te de Osmar Terra (MDB-RS) afirmando que a Su�cia, depois de um ano e meio “sem fazer lockdown”, tem mortalidade por COVID-19 mais baixa que Reino Unido, Fran�a, Portugal, Espanha, It�lia, B�lgica, Estados Unidos e outros pa�ses “que fizeram lockdown repetidas vezes”.
� enganoso o tu�te em que o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) compara as taxas de mortalidade da Su�cia com outros sete pa�ses “que fizeram lockdown repetidas vezes”, de modo a sugerir que a estrat�gia liberal do primeiro seria eficiente para conter a pandemia e alegar que o bloqueio n�o ajuda a reduzir o cont�gio.
Dados mostram que a Su�cia tem o maior n�mero de mortes por COVID-19 a cada 100 mil habitantes entre os pa�ses escandinavos (Noruega, Finl�ndia, Dinamarca e Isl�ndia), que adotaram medidas mais r�gidas desde o in�cio, e apresenta uma taxa de mortalidade que � mais do que o dobro da m�dia mundial. Pela mesma l�gica utilizada no post, outros pa�ses que adotaram o lockdown, como China e Nova Zel�ndia, apresentam taxas muito mais baixas.
Al�m disso, a postagem do ex-ministro da Cidadania do governo de Jair Bolsonaro ignora o fato de que alguns dos pa�ses citados mudaram de abordagem durante a pandemia, a exemplo do Reino Unido, e que as medidas de confinamento s�o impostas e flexibilizadas em diferentes momentos. Estudos que estimam o impacto das pol�ticas p�blicas em diferentes pa�ses levam em conta essas vari�veis.
Embora n�o tenha aplicado o lockdown e tenha agido de forma menos restritiva que outros pa�ses da Europa, a Su�cia chegou a adotar medidas de preven��o e incentivou o distanciamento entre a popula��o. Em mar�o de 2021, o pa�s restringiu o n�mero de pessoas em lojas e academias, assim como o hor�rio de fechamento de bares e restaurantes, que deveria ser at� as 20h30.
A postagem de Osmar Terra foi classificada como enganosa nesta checagem porque usa dados imprecisos e confunde, com ou sem a inten��o deliberada de causar dano. O deputado foi procurado pelo Comprova, mas n�o respondeu aos questionamentos.
Como verificamos?
O Comprova buscou informa��es sobre a pr�tica de lockdown e a evolu��o da pandemia em reportagens jornal�sticas e nos sites oficiais do governo sueco. O mesmo ocorreu em rela��o aos outros pa�ses citados no tu�te.
As taxas de mortalidade por COVID-19 foram analisadas por meio de duas plataformas: o Our World In Data, mantido por pesquisadores da Universidade de Oxford, e o Coronavirus Resource Center, base de dados da Universidade Johns Hopkins.
Al�m disso, a reportagem conversou com o epidemiologista, professor da Escola Superior de Educa��o F�sica da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e coordenador do Epicovid-19, o maior estudo epidemiol�gico sobre coronav�rus no Brasil, Pedro Hallal.
Autor da postagem enganosa, o deputado federal Osmar Terra foi procurado por meio de um assessor de imprensa. A reportagem perguntou qual foi o crit�rio de escolha dos pa�ses que aparecem no tu�te e relatou o fato de que a Su�cia apresenta taxas de mortalidade mais altas que os pa�ses vizinhos e a m�dia mundial. N�o houve resposta at� a publica��o desta checagem.
O Comprova fez esta verifica��o baseado em informa��es cient�ficas e dados oficiais sobre o novo coronav�rus e a COVID-19 dispon�veis no dia 24 de agosto de 2021.
Verifica��o
Taxas de mortalidade
A taxa de mortalidade da Su�cia � realmente menor que a dos sete pa�ses mencionados pelo deputado em seu tu�te. Esse fato, no entanto, n�o quer dizer que o desempenho do pa�s seja satisfat�rio ou que o lockdown n�o funcione para reduzir o n�mero de mortes pelo novo coronav�rus.
De acordo com o Coronavirus Resource Center da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, a Su�cia era o 38º pa�s com mais �bitos por habitante nesta segunda-feira, 23 de agosto, de um total de 182 pa�ses e territ�rios. A taxa de mortalidade era de 142,61 a cada 100 mil pessoas.
Esse n�mero de fato est� abaixo de B�lgica (220,48), It�lia (213,53), Reino Unido (197,44), Estados Unidos (191,48), Espanha (176,60), Portugal (171,76) e Fran�a (169,21), como pode ser visto na tabela abaixo. Apesar de n�o ter sido citado, o Brasil aparece em quinto, com 272,22 mortes por 100 mil habitantes.
Por�m, a situa��o � desfavor�vel para a Su�cia quando a compara��o � feita com os seus vizinhos da Escandin�via e com a m�dia do planeta, como aponta o epidemiologista da UFPel Pedro Hallal. Ele sustenta que o caso da Su�cia n�o deve servir de exemplo para ningu�m.
Em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo em julho deste ano, Hallal j� alertava para o fato de a Su�cia ter o pior desempenho no combate � pandemia entre cinco pa�ses escandinavos, que incluem Dinamarca, Noruega, Finl�ndia e Isl�ndia. O cen�rio � o mesmo at� hoje.
Ao Comprova, Hallal criticou a compara��o feita pelo deputado. De acordo com ele, a Su�cia “� um pa�s historicamente muito melhor do que a m�dia mundial, em tudo, e deveria ter resultados parecidos com seus parceiros da regi�o”, mas n�o � o que acontece.
Na realidade, a taxa de mortalidade por COVID-19 do pa�s (1.452 por milh�o de habitantes) � mais que o dobro da m�dia do planeta (567), como mostra uma consulta ao Our World In Data, plataforma mantida por pesquisadores da Universidade de Oxford. Os demais — Dinamarca (443), Noruega (149), Finl�ndia (160) e Isl�ndia (87) — est�o todos abaixo dessa m�dia.

A reportagem questionou Hallal se faz sentido separar os pa�ses em dois grupos — os que fizeram e os que n�o fizeram lockdown em algum momento — e comparar as taxas de mortalidade para avaliar a pol�tica, considerando ainda o dinamismo da pandemia. Um exemplo � o Reino Unido, que apostou em uma estrat�gia mais flex�vel no come�o de 2020 e depois mudou de ideia diante de previs�es catastr�ficas e do cont�gio em alta, passando a adotar medidas mais restritivas.
De acordo com ele, “qualquer cientista que interprete os dados leva isso em considera��o” e que ignorar esse tipo de quest�o constitui “erro prim�rio”. Hallal alertou ainda que, da mesma forma, � preciso considerar que a Su�cia promoveu restri��es e orientou algumas pr�ticas para diminuir a propaga��o do v�rus ao longo do per�odo.
Dois exemplos de estudos cient�ficos nesse sentido foram publicados pela revista Nature Human Behaviour, em novembro de 2020, e pela revista Science, em fevereiro deste ano. Ambos aplicam m�todos estat�sticos para analisar as interven��es e interpretam os dados conforme o per�odo espec�fico em que as a��es s�o aplicadas pelos governos. Outra diferen�a � que o impacto � medido a partir da taxa de transmiss�o do coronav�rus, ou o “ritmo de cont�gio”, representado pelo termo Rt, e n�o pela mortalidade.
Seguindo o mesmo crit�rio de Osmar Terra, � f�cil elaborar uma compara��o em que a Su�cia tenha um desempenho mais de 200 vezes pior que outros pa�ses que fizeram “lockdown repetidas vezes”. A China, por exemplo, tem uma taxa de mortalidade de 0,35 a cada 100 mil habitantes, e a Nova Zel�ndia, de 0,53.
O site GZH informou neste m�s que o epidemiologista Pedro Hallal cogita concorrer ao Senado no ano que vem. “Ainda estou analisando, mas se concorrer ser� por algum partido de esquerda ou de centro-esquerda, para contrapor as candidaturas de direita que est�o postas”. Ele n�o est� filiado a nenhum partido pol�tico no momento, de acordo com o sistema oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Sem lockdown
At� agora, a Su�cia n�o fez lockdown, que � o bloqueio total de uma regi�o. Embora n�o tenha uma defini��o �nica, o lockdown �, na pr�tica, a medida mais radical imposta por governos para que haja distanciamento social e inclui o fechamento de vias e proibi��o de deslocamentos e viagens n�o essenciais. Evid�ncias cient�ficas mostram que a ado��o de lockdown funciona contra a COVID-19. Ele � diferente do isolamento social, que �, em princ�pio, uma sugest�o preventiva para que as pessoas fiquem em casa.
Ao contr�rio da Su�cia, os demais pa�ses citados pelo deputado Osmar Terra (Reino Unido, Fran�a, Portugal, Espanha, It�lia, B�lgica e Estados Unidos) utilizaram lockdowns e toques de recolher como forma de reduzir o ritmo de cont�gio em algum momento durante a pandemia. Apesar disso, mesmo entre eles, existem diferen�as em termos de dura��o, intensidade e ades�o da popula��o ao confinamento.
Os pa�ses vizinhos da Escandin�via tamb�m foram �geis em aplicar restri��es e conter o alastramento do v�rus. Dinamarca e Noruega estiveram entre os primeiros pa�ses da Europa a promoverem confinamentos, ainda em mar�o de 2020, que se repetiram em outras ondas de contamina��o. A Finl�ndia e a Isl�ndia, da mesma forma, fecharam restaurantes e outros estabelecimentos. Essas medidas vieram acompanhadas de outras estrat�gias de mitiga��o, como ampla testagem, rastreamento de contatos e isolamento de casos ativos.
Desde o in�cio da pandemia de coronav�rus, os suecos se tornaram um estudo de caso, renunciando a bloqueios e mandatos. Checagem do PolitiFact, de 6 de agosto de 2021, esclarece que, em contraste com alguns de seus vizinhos e os EUA, a sociedade sueca permaneceu amplamente aberta durante a pandemia, e o governo respondeu principalmente com orienta��es, n�o ordens de perman�ncia em casa e quarentenas. Em geral, as m�scaras tamb�m n�o foram recomendadas.
Reportagem da The New Yorker, de abril deste ano, traz o cen�rio do pa�s ao longo da pandemia: “enquanto bloqueios, toques de recolher e proibi��es de viagens estavam sendo implementados no resto do mundo, restaurantes, lojas, bares, museus, creches e escolas prim�rias na Su�cia permaneceram abertos. As pessoas foram incentivadas a trabalhar em casa e a reduzir as viagens, mas ambas eram opcionais. M�scaras n�o eram recomendadas e permaneceram raras”.
A pessoa por tr�s da resposta ao coronav�rus da Su�cia � Anders Tegnell, o epidemiologista chefe do pa�s. A New Yorker destaca que a constitui��o sueca d� �s ag�ncias governamentais uma independ�ncia extraordin�ria, ent�o Tegnell e a ag�ncia de sa�de p�blica lideraram grande parte da resposta ao coronav�rus e, constitucionalmente, o governo tem pouco poder para impor restri��es. Segundo a revista, Tegnell “costuma dizer que os bloqueios n�o s�o apoiados pela ci�ncia e que as evid�ncias do uso de m�scaras s�o fracas”.
Tegnell introduziu a abordagem “light” do pa�s � pandemia em mar�o do ano passado, � medida que os casos aumentavam. Lena Hallengren, ministra da pasta de Health and Social Affairs (Sa�de e Assuntos Sociais), deu uma entrevista � emissora Al Jazeera English, em 1 de agosto de 2020, e, quando perguntada sobre essa abordagem e a diferen�a com outros pa�ses que adotaram o lockdown, disse que:
“A estrat�gia vem sendo garantir que n�s podemos prevenir o v�rus de se espalhar na sociedade, proteger grupos vulner�veis, mas tamb�m garantir que a nossa sociedade est� funcionando, porque todo o tempo n�s precisamos de pessoas para trabalhar nos hospitais, precisamos de pessoas para trabalhar nas casas de repouso, nas farm�cias, nas ambul�ncias [..] N�s n�o achamos poss�vel que todo mundo fique em casa por meses”.
Dessa forma, a estrat�gia do pa�s para conter a dissemina��o do v�rus tem como base a “responsabilidade individual” de seus cidad�os. “As leis suecas sobre doen�as transmiss�veis baseiam-se principalmente em medidas volunt�rias – na responsabilidade individual. Afirma claramente que o cidad�o tem a responsabilidade de n�o espalhar uma doen�a. Este � o centro de onde partimos, porque n�o h� muita possibilidade legal de fechar cidades na Su�cia usando as leis atuais. A quarentena pode ser contemplada para pessoas ou pequenas �reas, como uma escola ou um hotel. Mas [legalmente] n�o podemos bloquear uma �rea geogr�fica”, afirmou Tegnell, em abril do ano passado.
Isso pode ser notado na p�gina da ag�ncia de sa�de do pa�s, onde n�o h� cita��es a lockdowns. Na aba “diretrizes e recomenda��es para reduzir a dissemina��o de COVID-19”, h� a indica��o de medidas que cada cidad�o pode tomar por conta pr�pria: “todos t�m a responsabilidade pessoal de prevenir a propaga��o da infec��o. Voc� deve pensar em como pode evitar ser infectado, como deve manter dist�ncia e como pode evitar infectar outras pessoas. Mostre considera��o, especialmente para as pessoas que pertencem a grupos de risco. Voc� deve manter dist�ncia de outras pessoas e evitar lugares lotados. Isso � especialmente importante quando voc� passa um longo per�odo com algu�m e quando voc� est� dentro de casa”.
Cr�ticas � estrat�gia da Su�cia
Em junho do ano passado, diante de cr�ticas crescentes sobre a posi��o da Su�cia no combate � pandemia, Tegnell admitiu que o pa�s deveria ter adotado medidas mais contundentes de isolamento social para conter a pandemia e que uma abordagem mais dura poderia ter evitado o alto n�mero de mortes registrado no pa�s.
A abordagem adotada pelo pa�s europeu foi criticada por integrantes da comunidade cient�fica. Em abril de 2020, em um artigo publicado no jornal sueco Dagens Nyheter, 22 pesquisadores afirmaram que as autoridades p�blicas de sa�de haviam falhado no combate � pandemia e que os pol�ticos deveriam interferir.
Mat�ria da Time, de outubro do ano passado, traz como t�tulo “a resposta sueca � COVID-19 � um desastre. N�o deveria ser um modelo para o resto do mundo”. A reportagem destaca que “os pa�ses que fecharam as portas precocemente e / ou usaram testes e rastreamento extensivos – incluindo Dinamarca, Finl�ndia, Noruega, Coreia do Sul, Jap�o, Taiwan, Vietn� e Nova Zel�ndia – salvaram vidas e limitaram os danos �s suas economias. Pa�ses que bloquearam tarde, sa�ram do bloqueio muito cedo, n�o testaram e colocaram em quarentena de forma eficaz ou apenas usaram um bloqueio parcial – incluindo Brasil, M�xico, Holanda, Peru, Espanha, Su�cia, EUA e o Reino Unido – t�m piorado quase que uniformemente nas taxas de infec��o e morte”.
Artigo publicado na revista cient�fica The Lancet destaca que “desde o in�cio da pandemia, a Ag�ncia de Sa�de P�blica da Su�cia, Folkh�lsomyndigheten (FHM), embarcou em uma abordagem de imunidade de rebanho, permitindo que a transmiss�o da comunidade ocorresse relativamente sem controle” e que “muitas vozes cr�ticas foram levantadas sobre a resposta nacional da Su�cia � COVID-19 e seu fracasso em atingir seus objetivos de nivelar e encurtar as curvas de casos, hospitaliza��es e mortes”.
Em entrevista � AFP, Julival Ribeiro, infectologista consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e diretor- geral do Hospital de Base do Distrito Federal disse que “[� poss�vel concluir] que a estrat�gia [escolhida pela Su�cia, de n�o implementar medidas mais r�gidas] n�o foi a estrat�gia correta. E, al�m disso, a Su�cia � um pa�s pequeno e voc� pode at� ter mais controle. [Mas] imagine pa�ses com milh�es de pessoas. (…) Naquela �poca em que a Su�cia adotou essas medidas n�s sab�amos pouco em rela��o � COVID-19. Mas o mundo mostrou que o caminho para combater essa pandemia � aliar vacina, medidas restritivas e medidas preventivas”.
Em dezembro, os casos e hospitaliza��es eram mais altos do que desde os primeiros dias da pandemia no pa�s. As unidades de terapia intensiva em Estocolmo e Malm�, a terceira maior cidade sueca, estavam lotadas. “Era exatamente esse desenvolvimento que n�o quer�amos ver”, disse Bj�rn Eriksson, diretor de sa�de e cuidados m�dicos de Estocolmo, durante uma coletiva de imprensa. A confian�a na ag�ncia de sa�de p�blica havia ca�do de 68% em outubro para 52% em dezembro.
Um relat�rio tamb�m apontou que a Su�cia fracassou em proteger idosos contra a COVID-19. A estrat�gia adotada pela Su�cia foi chamada de “imprudente e cruel”. Hallengren, em entrevista � Al Jazeera English, afirmou que “n�o temos nenhuma prova de que se tiv�ssemos lockdown ter�amos prevenido isso de acontecer”.
No dia 18 de dezembro, como os hospitais j� estavam preparados para uma onda p�s-Natal, Tegnell e a ag�ncia de sa�de p�blica finalmente recomendaram o uso de m�scaras, mas apenas no transporte p�blico e durante a hora do rush.
Em 8 de janeiro, a Su�cia mudou sua legisla��o para conceder temporariamente ao governo o poder de adotar medidas de restri��o contra a COVID-19 em �reas determinadas e aplicar san��es e multas caso elas sejam violadas, mas n�o estabeleceu que a popula��o fique confinada em casa. Entre as medidas permitidas estavam fechar lojas, centros comerciais e o transporte p�blico e limitar o n�mero de pessoas em reuni�es em locais p�blicos espec�ficos.
Dessa forma, embora a Su�cia tenha optado por n�o fechar as portas no in�cio da pandemia, com bares, restaurantes e lojas permanecendo abertos, restri��es foram impostas depois.
Em mar�o de 2021, o pa�s restringiu o n�mero de pessoas em lojas e academias, assim como o hor�rio de fechamento de bares e restaurantes, que deveria ser at� as 20h30. Por�m, em julho, o governo flexibilizou as medidas. Uma publica��o do Minist�rio da Sa�de e Assuntos Sociais da Su�cia, de 26 de julho, traz uma lista de restri��es que foram suavizadas no dia 15 do mesmo m�s, incluindo o aumento da capacidade do transporte p�blico e o fim da proibi��o de acesso a determinados espa�os.
Apesar das cr�ticas e das mudan�as impostas, de modo geral, a estrat�gia do pa�s permaneceu intacta. A Su�cia fechou suas fronteiras internacionais, incluindo as da vizinha Noruega, e permitiu que a sociedade interna permanecesse aberta. Embora haja limites para o n�mero m�ximo de pessoas em reuni�es sociais, s�o na forma de “recomenda��es”, em vez de leis r�gidas aplic�veis %u200B%u200Bpor meio de multas.
Uma investiga��o de um professor da Swedish Defence University, publicada em junho deste ano, mostra que a avalia��o de risco da ag�ncia de sa�de sueca, a PHAS (Public Health Agency of Sweden), em rela��o � propaga��o geral do coronav�rus no pa�s era excessivamente otimista at� 10 de mar�o de 2020, sendo consideravelmente mais positiva do que as avalia��es de risco globais da OMS (Organiza��o Mundial da Sa�de) e outros progn�sticos de especialistas para Su�cia.
Al�m disso, “havia uma recusa cont�nua da ag�ncia em mudar sua posi��o sobre as m�scaras faciais ou recomendar seu uso em locais confinados e lotados para o p�blico. Isso ocorreu apesar das evid�ncias crescentes a favor desse equipamento de prote��o. Como tal, a pol�tica de m�scaras do PHAS divergia da postura da OMS, ECDC (European Centre for Disease Prevention and Control) e de outros grandes estudos cient�ficos nesta �rea”.
A conclus�o do estudo � que “no geral, essas descobertas podem explicar, pelo menos em parte, por que a pandemia teve um impacto t�o adverso na Su�cia, em compara��o com muitos outros pa�ses desenvolvidos at� agora”.
Segundo o portal Our World In Data, ap�s o pico de novos casos na Su�cia entre dezembro e janeiro, que chegou a 32.485 diagn�sticos positivos registrados em um �nico dia, houve uma queda cont�nua at� fevereiro, seguido de um novo per�odo de alta. A partir do m�s de abril, com o avan�o da vacina��o, o n�mero de casos ativos e de mortes pela doen�a despencou.
Atualmente, 51% da popula��o sueca est� totalmente vacinada e 67% receberam ao menos a primeira dose. O pa�s acumula 1,12 milh�es de casos e 14.688 mortes desde o in�cio da pandemia.
Quem � o autor?
Osmar Terra (MDB) exerce o sexto mandato na C�mara dos Deputados, representando o Rio Grande do Sul. Em 2016, foi Ministro do Desenvolvimento Social no governo de Michel Temer (MDB) e ocupou a pasta da Cidadania j� na gest�o de Jair Bolsonaro, em 2019.
O deputado federal � formado em medicina e foi presidente do Grupo Hospitalar Concei��o entre 1986 e 1989. Tamb�m ocupou o cargo de secret�rio da Sa�de do Rio Grande do Sul de 2003 a 2010, nas gest�es de Germano Rigotto (MDB) e Yeda Crusius (PSDB).
Terra � um apoiador de Jair Bolsonaro e, seguindo o discurso do presidente, j� negou a gravidade da pandemia em diversas ocasi�es. Chegou a afirmar que o distanciamento social n�o tinha efic�cia comprovada, que as mortes pelo novo coronav�rus n�o Brasil n�o passariam o n�mero de �bitos por H1N1 e declarou que a pandemia terminaria em junho. J� em agosto, compartilhou imagens antigas para criticar o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS).
A CPI da COVID apura se o deputado fez parte do chamado “gabinete paralelo”, um grupo externo ao Minist�rio da Sa�de que teria orientado o presidente Jair Bolsonaro com medidas negacionistas no enfrentamento da pandemia. Ele aparece em destaque em uma reuni�o em que defensores de tratamentos sem efic�cia comprovada contra a COVID-19 sugerem um aconselhamento informal a Bolsonaro.
Durante o depoimento � CPI, em junho deste ano, Osmar Terra chegou a mencionar a Su�cia como uma esp�cie de “case de sucesso” no controle da pandemia. Ele foi contestado pelos senadores e posteriormente teve frases desmentidas por ag�ncias de checagem.
O Comprova j� verificou outros tu�tes do deputado envolvendo a Su�cia em outubro do ano passado. Na ocasi�o, ele defendeu que as pandemias acabam antes de as vacinas estarem dispon�veis e sugeriu que a Su�cia havia debelado a pandemia atrav�s da estrat�gia de “imunidade de rebanho”, o que n�o � verdade. O projeto ainda checou alega��es enganosas de Osmar Terra em outras duas oportunidades.
Por que investigamos?
Em sua quarta fase, o Comprova verifica conte�dos suspeitos sobre pandemia, pol�ticas p�blicas do governo federal e elei��es que viralizam nas redes. O post verificado aqui teve mais de 6,5 mil intera��es no Twitter em menos de uma semana.
O post � danoso ao insinuar que a estrat�gia do lockdown, adotada pela maioria dos pa�ses para combater a pandemia, � ineficiente.
Enganoso, para o Comprova, � o conte�do retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra altera��es; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpreta��o diferente da inten��o de seu autor; conte�do que confunde, com ou sem a inten��o deliberada de causar dano.