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CDC n�o disse que imunidade natural � superior � das vacinas

Ao contr�rio do que sugeriu o empres�rio Ot�vio Fakhoury, Centro de Controle de Doen�as (CDC) dos EUA n�o disse que imunidade natural � superior


29/10/2021 20:09 - atualizado 29/10/2021 20:27

Falso do Projeto Comprova
(foto: Projeto Comprova)
Explicação do veredito falso pelo Projeto Comprova
(foto: Projeto Comprova)

 

 

  • Conte�do verificado: Tu�te afirma que o “CDC americano teve que admitir, em uma troca formal de emails, que a imunidade natural � superior � imunidade da vacina”. O link que acompanha o tu�te mostra uma troca de emails entre um escrit�rio de advocacia e integrantes do CDC, mas, em nenhum momento, o CDC faz tal admiss�o. 

 

 

� falso um tu�te do empres�rio Ot�vio Fakhoury segundo o qual o CDC, �rg�o de controle de doen�as americano, teria admitido que a imunidade de quem j� teve COVID-19 � superior a de quem se vacinou. Ele se baseia em uma publica��o em ingl�s que trocou emails com o CDC. Nas mensagens publicadas em anexo pelo site, o CDC, na verdade, reitera sua pol�tica de que mesmo as pessoas que j� se recuperaram do novo coronav�rus devem buscar ser imunizadas. 

 

Al�m disso, no site da institui��o, h� um estudo defendendo que as vacinas melhoram a resposta imune em pessoas que j� tiveram a doen�a.

 

Autoridades de sa�de do Brasil, como a Anvisa, a Sociedade Brasileira de Imuniza��es, a Fiocruz e o Instituto Butantan tamb�m defendem que mesmo os recuperados devem buscar se vacinar para se proteger contra novas variantes e porque a imunidade natural tende a cair com o tempo.

 

Essa necessidade de refor�o dos anticorpos tamb�m foi explicada ao Comprova pelo imunologista Jo�o Bosco, do Hospital Albert Einstein. Ap�s analisar o conte�do original, o m�dico ainda criticou o fato de o estudo citado pelo site em ingl�s, no qual Fakhoury se baseou, estar em um reposit�rio de pr�-publica��es e, portanto, nunca ter tido seus resultados revisados por outros cientistas.

 

Indiciado pela CPI da Pandemia por supostamente financiar sites que difundem desinforma��o sobre a COVID-19, o empres�rio disse ao Comprova, por telefone, que apenas reproduziu em portugu�s o que estava dito na p�gina em ingl�s, n�o emitindo nenhuma opini�o nova e, por isso, n�o deveria ser alvo de uma verifica��o.

 

Falso , para o Comprova, � o conte�do inventado ou que tenha sofrido edi��es para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira. 

 

Como verificamos?

 

Inicialmente, o Comprova contatou o CDC questionando se a troca de e-mails � real e aguardamos um retorno. Al�m disso, foram realizadas buscas na internet para saber quem � Ot�vio Fakhoury.

 

Verificamos que ele atua como l�der do PTB em S�o Paulo e foi indiciado por incita��o ao crime (artigo 286 do C�digo Penal) pela CPI da COVID, no Senado Federal, que apura as a��es e omiss�es do governo federal e seus aliados no combate � pandemia.

 

Encaminhamos um e-mail ao diret�rio estadual da sigla em que ele atua para saber se ele gostaria de se manifestar sobre o posicionamento compartilhado no Twitter. Em retorno, a assessoria pol�tica do PTB informou que Fakhoury estava dispon�vel para esclarecer pontos via liga��o.

 

Na sequ�ncia, a reportagem foi em busca de estudos do pr�prio �rg�o de sa�de norte-americano que mostrassem seu posicionamento cient�fico a respeito da imunidade contra a COVID-19. Encontramos pesquisas que asseguram que a  vacina � a melhor alternativa contra o v�rus  por reduzir as chances de reinfec��o e desenvolvimento de quadros graves da doen�a.

 

Atrav�s dos sites dessas institui��es, tamb�m consultamos a posi��o da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), da Sociedade Brasileira de Imuniza��es (SBIm), da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Butantan sobre a necessidade de imunizar pessoas que j� se recuperaram da COVID-19.

 

A reportagem contatou ainda o m�dico imunologista Jo�o Bosco, diretor de gen�tica do Hospital Albert Einstein, em S�o Paulo, que analisou o conte�do da publica��o.

 

O Comprova fez esta verifica��o baseado em informa��es cient�ficas e dados oficiais sobre o novo coronav�rus e a COVID-19 dispon�veis no dia 29 de outubro de 2021.

 

Verifica��o

Vacinas melhoram resposta imune em pessoas que tiveram a doen�a, sugere estudo do CDC 

 

Diferentemente do que sugere a publica��o compartilhada no Twitter, o  CDC afirma em um estudo divulgado em agosto deste ano que as vacinas trazem uma prote��o maior a pessoas que tiveram infec��o pr�via por COVID-19 . A pesquisa desenvolvida em Kentucky, nos Estados Unidos, avaliou a imunidade de pessoas que j� tinham sido infectadas com o Sars-COV-2.

 

Centenas de moradores da regi�o, que haviam contra�do o v�rus at� junho de 2021 e n�o foram vacinados, tiveram 2,34 vezes mais chances de reinfec��o em compara��o com os totalmente imunizados.

 

Segundo o CDC, os resultados sugerem que, entre as pessoas que tiveram COVID-19 anteriormente, a vacina��o completa fornece prote��o adicional contra a reinfec��o.

 

As vacinas tamb�m evitaram hospitaliza��es ligadas � COVID-19 entre os grupos de maior risco, como idosos acima dos 65 anos e pessoas com comorbidades. “� medida que os casos, hospitaliza��es e mortes aumentam, os dados do  relat�rio semanal sobre a doen�a  refor�am que as vacinas s�o a melhor forma de prevenir a COVID-19″, explica o CDC.

 

O autor da publica��o em ingl�s na qual o tu�te se baseou apresentou uma peti��o ao CDC pedindo que revisse a pol�tica de vacina��o de quem j� teve a COVID-19. O pedido foi rejeitado por uma quest�o formal. Ainda assim, o �rg�o faz quest�o de reiterar a necessidade de vacina��o para quem j� foi infectado, como uma forma de prevenir a reinfec��o pelo novo coronav�rus. O CDC argumenta que os dados atuais mostram que contrair novamente a doen�a � mais prov�vel para quem n�o recebeu os imunizantes.

 

No email, o CDC diz ainda que n�o vai oferecer uma resposta detalhada a todas as “incorre��es” presentes no email. O autor, ent�o, diz que o �rg�o “falhou em rebater de forma clara, consistente e irrefut�vel” os argumentos. Ao contr�rio do que afirma o post em ingl�s e, em seguida, o tu�te do empres�rio brasileiro, no entanto, o CDC nunca admitiu que a “imunidade natural” � superior � conquistada pelas vacinas.

 

Categorias de imunidade contra a COVID-19

 

O centro de monitoramento de doen�as norte-americano detalha quais s�o os  tipos de imunidades geradas contra a COVID-19  e pontua que existem dois grupos: o de imunidade ativa e outro de imunidade passiva.

 

O primeiro ocorre quando h� a exposi��o ao v�rus e o sistema imunol�gico precisa reagir com a produ��o de anticorpos contra a doen�a, o que pode ocorrer por imunidade natural — quando h� um quadro infeccioso — ou por imunidade induzida pela vacina.

 

J� os casos de imunidade passiva ocorrem quando um beb� rec�m-nascido adquire anticorpos por meio da placenta ou do leite materno.

 

“A principal vantagem da imunidade passiva � a prote��o ser imediata, enquanto a imunidade ativa leva tempo (geralmente v�rias semanas) para se desenvolver”, detalha o CDC.

 

Autoridades no Brasil

 

Como o  Comprova mostrou recentemente , a Anvisa j� argumentou que testes de anticorpos n�o substituem a imuniza��o e servem t�o somente para indicar se as pessoas j� foram infectadas pelo Sars-CoV-2.

 

“N�o existe, at� o momento, a defini��o da quantidade m�nima de anticorpos neutralizantes necess�ria para conferir prote��o imunol�gica contra a infec��o pelo Sars-CoV-2, uma reinfec��o, as formas graves da doen�a e nem contra as novas variantes circulantes”, diz a ag�ncia brasileira, na  nota t�cnica 33/2021 .

 

A Sociedade Brasileira de Imuniza��es tamb�m  defende que pessoas que j� tiveram a doen�a devem se vacinar . “Como a dura��o da prote��o natural gerada pela pr�pria doen�a � desconhecida e por existir a possibilidade de reinfec��o, ainda que pouco frequente, a vacina��o � indicada, independentemente de hist�rico de COVID-19”, argumenta a entidade. A �nica recomenda��o � esperar quatro semanas ap�s o in�cio dos sintomas para se vacinar ou, no caso de assintom�ticos, ap�s receber o resultado positivo no teste de RT-PCR.

 

A mesma posi��o � defendida pela Fiocruz e pelo Instituto Butantan, centros de pesquisa respons�veis pela produ��o da AstraZeneca e da CoronaVac. “Mesmo quem j� teve COVID-19 deve ser imunizado”,  defende a Fiocruz .

 

“Isso porque, mesmo com anticorpos, nem sempre o organismo cria a chamada ‘mem�ria imunol�gica’, que � a capacidade de reconhecer e se proteger contra uma segunda invas�o. E uma pessoa pode contrair novamente a cCOVIDvid-19, ainda mais por conta das variantes que circulam por a�”,  explica o Butantan .

 

Especialista refor�a que mesmo quem teve COVID deve se vacinar

 

A pedido do Comprova, o imunologista Jo�o Bosco analisou o conte�do verificado. Segundo ele, mesmo quem j� foi infectado pelo coronav�rus deve se vacinar.

 

“A gente sabe que a infec��o natural claramente induz prote��o. Ningu�m est� dizendo que n�o. Quem teve infec��o passada est� mais protegido do que quem nunca se vacinou ou nunca foi infectado. Porque o nosso organismo produz anticorpos. S� que os n�veis de prote��o alcan�ados pela infec��o natural s�o inferiores a quem toma duas doses de uma boa vacina. Principalmente agora que muitos de n�s est�o tomando uma dose extra de refor�o”, afirmou.

 

Segundo ele, isso acontece porque os imunizantes estimulam mais produ��o de anticorpos do que no caso de uma infec��o comum. “A gente j� sabe que quanto mais anticorpos, mais dif�cil � de voc� ser infectado ou que essa infec��o seja mais grave”, lembra o m�dico. Al�m disso, o especialista afirma que, para quem j� se recuperou da COVID-19, a vacina��o pode funcionar como uma dose de refor�o dessa imunidade.

 

“Independente de como voc� adquirir a prote��o, pelo que a gente tem visto da COVID, o n�vel dessa prote��o tende a cair com o tempo. Inclusive por causa do surgimento de novas variantes. Tanto que n�s j� estamos trabalhando com uma janela de aplica��o de uma dose de refor�o do imunizante de seis a oito meses em alguns grupos mais vulner�veis. � poss�vel que a gente entre num ciclo como o influenza, o v�rus da gripe, que todo ano a gente tem uma vacina nova por causa do surgimento de novas variantes. Por isso eu me vacino mesmo depois de ter sido infectado”, projeta o imunologista.

 

Ele lembra ainda que a imuniza��o ajuda a proteger outras pessoas, como crian�as, que n�o puderam se proteger e, com menos v�rus circulando, a chance de surgirem novas variantes diminui.

 

Por fim, Bosco questiona o artigo citado como argumento pela publica��o, dizendo ser errado afirmar que os anticorpos produzidos por uma infec��o natural n�o permitem a transmiss�o do v�rus. “Tanto o vacinado quanto quem foi infectado podem ter infec��o por Delta, por exemplo”, afirma. Ele cita que o texto est� dispon�vel apenas num reposit�rio de pr�-publica��o e, portanto, n�o foi sequer revisado e confirmado pela comunidade acad�mica.

 

O autor

 

Ot�vio Fakhoury � um empres�rio que se descreve em sua conta verificada no Twitter como “conservador, antiglobalista, anticomunista”, al�m de presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em S�o Paulo. Essa informa��o pode ser confirmada no  site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) .

 

Ele foi indiciado por incita��o ao crime (artigo 286 do C�digo Penal) pela CPI da COVIDno Senado Federal por suspeita de disseminar fake news. Segundo o  relat�rio final , ele teria financiado diversos grupos e sites que propagaram desinforma��o durante a pandemia, investindo mais de R$ 310,2 mil ao longo dos anos de 2020 e 2021, al�m de transfer�ncias financeiras para o blogueiro Allan dos Santos.

 

Ainda de acordo com o documento, ele tamb�m teria feito postagens em suas pr�prias redes sociais com cr�ticas � vacina��o e defendendo o uso de medicamentos sem efic�cia para tratar a COVID-19.

 

“Com essa conduta, Ot�vio Fakhoury contribuiu para que um n�mero significativo de brasileiros n�o aceitasse a vacina��o com a CoronaVac”, afirma o relat�rio.

 

Fakhoury  dep�s � CPI no dia 30 de setembro . Disse que suas conclus�es seriam uma opini�o pessoal e que a emitiu com base no direito � liberdade de express�o.

 

O que diz Fakhoury

 

Em entrevista ao Comprova via liga��o pelo WhatsApp, na presen�a do assessor de comunica��o, Ot�vio Fakhoury afirmou que a postagem do Twitter n�o tinha cunho opinativo, com exce��o da �ltima linha, em que ele escreveu: “Leia a troca formal com o CDC e julgue voc� mesmo”.

 

De acordo com ele, o restante do tu�te seria uma transcri��o resumida do que havia na suposta troca de mensagens entre o colunista norte-americano e o CDC.

 

“No meu texto deixei claro ali [que n�o opinei]. At� escrevi que n�o emiti opini�o minha. Coloquei no final que gostaria que todo mundo formasse a sua opini�o”, disse o l�der do PTB. Fakhoury tamb�m disse n�o ser apto a debater sobre a imuniza��o e que apenas leu o “texto inteiro” e achou “a troca de emails interessante”.

 

O l�der do PTB alega n�o ser contra a vacina��o, mas declara abertamente que n�o concorda com o uso obrigat�rio dos imunizantes contra a COVID-19 e o passaporte vacinal.

 

“Eu  at� coloquei num segundo tu�te  agora, como voc� est� falando comigo, onde eu digo: (sic) ‘Antes q qquer um venha taxar o tweet acima de ‘fake news’, j� deixo claro q o q escrevi foi um resumo em portugu�s do q foi escrito nos par�grafos iniciais pelo autor do artigo. N�o sou jornalista, n�o fa�o not�cias, e o q compartilho s�o mat�rias q podem ser de interesse geral'”.

 

Por telefone, o pol�tico disse que o texto � apenas uma tradu��o e que a veracidade do texto deve ser checada com o autor do mesmo. Mais uma vez, ele voltou a afirmar que apenas “reproduziu a tradu��o”.

 

“Eu n�o sou t�cnico, mas gosto de ler coisas de gente t�cnica. Cres�o quando assisto gente t�cnica debater, a gente n�o cresce vendo senador debater. Sou leigo, ent�o como posso formar uma opini�o? Vendo os t�cnicos falarem, vendo o CDC falar”, refor�ou.

 

Ao ser questionado sobre a leitura de um estudo recente do centro de controle da sa�de norte-americana, que aponta para a  melhor resposta imune em pessoas j� tiveram COVID-19 e se vacinaram , Fakhoury afirmou n�o saber da exist�ncia dele.

 

Por que investigamos?

 

Em sua  quarta fase , o Comprova verifica conte�dos suspeitos que tenham viralizado sobre a pandemia, as pol�ticas p�blicas do governo federal e as elei��es. O tu�te em quest�o teve mais de 3 mil intera��es.

 

Publica��es que envolvem a COVID-19, especialmente as vacinas, s�o importantes de serem verificadas porque podem afetar a confian�a da popula��o nos imunizantes que, at� aqui, s�o a principal arma defendida por autoridades de sa�de para combater a doen�a. Al�m disso, pessoas desinformadas sobre a pandemia podem colocar suas vidas em risco.

 

Recentemente, o Comprova mostrou que  os testes de anticorpos n�o devem substituir a vacina contra a COVID-19, como sugeria um deputado do Paran� ; que  uma deputada distorceu entrevista de uma diretora do CDC para criticar as vacinas e a ado��o de “passaportes sanit�rios” ; e que  um infectologista fez uma publica��o enganosa ao comparar a imunidade gerada por doen�as como sarampo, febre amarela e hepatite B �quela gerada pela COVID-19 .

 

Falso , para o Comprova, � o conte�do inventado ou que tenha sofrido edi��es para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira. 


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