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Estado de Minas PANDEMIA

Coronav�rus: Os brasileiros que pesquisam vacina contra COVID-19 usando a BCG

Ainda sem receber recursos do CNPq, pesquisadores est�o tocando a pesquisa com verbas arrecadadas de outras formas


postado em 12/07/2020 08:36 / atualizado em 12/07/2020 09:47

Pesquisadores no mundo todo correm contra o tempo em busca de uma vacina contra covid-19(foto: Getty Images)
Pesquisadores no mundo todo correm contra o tempo em busca de uma vacina contra covid-19 (foto: Getty Images)

Existem hoje cerca de 140 projetos de desenvolvimento de vacinas contra a covid-19, doen�a causada pelo novo coronav�rus (SARS-CoV-2), segundo a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS). Entre eles, uma iniciativa de um grupo de pesquisadores brasileiros tem como base a vacina BCG contra a tuberculose, j� testada e usada por bilh�es de pessoas em todo o planeta.

A pesquisa � feita em conjunto pelas universidades federais de Minas Gerais (UFMG) e de Santa Catarina (UFSC), pelo Instituto Butantan, de S�o Paulo, e pelo Instituto Nacional de Ci�ncia e Tecnologia de Doen�as Tropicais (INCT-DT). O trabalho tem a colabora��o da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e do Instituto Karolinska, na Su�cia.

Em entrevista � BBC News Brasil, o coordenador do projeto, S�rgio Costa Oliveira, professor titular de imunologia da UFMG, explica que o objetivo do trabalho � desenvolver uma vacina dupla, que proteja tanto contra tuberculose como contra a covid-19.

"A ideia � fazer com que a bact�ria usada para fazer a BCG (para a primeira doen�a) produza prote�nas — ant�genos, como chamamos — do v�rus SARS-CoV-2 e com isso imunizar as pessoas contra ele", diz.


Três das potenciais vacinas estão sendo desenvolvidas na China, duas nos Estados Unidos e uma no Reino Unido(foto: Getty Images)
Tr�s das potenciais vacinas est�o sendo desenvolvidas na China, duas nos Estados Unidos e uma no Reino Unido (foto: Getty Images)

A tuberculose � causada pela bact�ria Mycobacterium tuberculosis. A vacina contra ela � feita, no entanto, a partir de outra esp�cie, a Mycobacterium bovis, que, como o nome sugere, ataca bovinos.

"Mas as suas cepas mais virulentas tamb�m podem infectar o ser humano", diz Oliveira. "Para fazer o imunizante, ela � atenuada, enfraquecida." Ent�o, ela passa a se chamar bacilo Calmette-Gu�rin, da� o seu famoso nome, BCG.

O projeto da vacina contra a covid-19 come�ou em mar�o, baseado nas pesquisas que o grupo realizava anteriormente com a BCG.

Oliveira diz que estudos recentes realizados em outros pa�ses demonstraram que indiv�duos que foram imunizados contra a tuberculose e que vieram a contrair a covid-19 n�o desenvolveram a forma mais grave da doen�a. "Isso sugere que a BCG pode ser utilizada no combate � covid-19, por meio de uma vacina dupla como n�s estamos pretendendo", explica.

Um artigo publicado em maio na revista cient�fica Nature Reviews Immunology aponta que "estudos ecol�gicos sugerem que pa�ses e regi�es que obrigam a vacina��o da BCG para sua popula��o t�m um n�mero de infec��es e uma mortalidade reduzida da covid-19. Embora isso possa sugerir um efeito protetor da vacina��o da BCG, tais estudos n�o proveem prova definitiva de causalidade".

O Brasil, por exemplo, tem uma alta cobertura de vacina��o pela BCG, e ao mesmo tempo � o 2º pa�s com o maior n�mero de casos e mortes por covid-19 no mundo - mas isso, segundo especialistas, pode ter rela��o com a baixa taxa de isolamento social, com as desigualdades sociais do pa�s e com a disson�ncia entre as recomenda��es de sa�de feitas por diferentes entes de governo.

Oliveira afirma que os pesquisadores ir�o clonar genes do novo coronav�rus e ir�o introduzi-los no bacilo Calmette-Gu�rin, para que ele passe a produzir prote�nas do agente causador da covid-19 e, assim, imunizar as pessoas quando elas forem vacinadas.

De acordo com ele, essa abordagem apresenta v�rias vantagens, dentre as quais duas se destacam.

"A primeira � que o imunizante usado hoje para controle da tuberculose � extremamente seguro", explica.

"Ele j� vem sendo utilizado h� d�cadas em diversos pa�ses e bilh�es de indiv�duos j� foram imunizados sem nenhum efeito colateral ou adverso. Ent�o, a biosseguran�a dele � uma das grandes vantagens."

Aliado a isso, Oliveira lembra que a BCG est� dentro do programa de vacina��o do Minist�rio da Sa�de. "Isto �, n�s, brasileiros, j� a tomamos normalmente."

Esperando verbas

Embora o projeto tenha sido aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient�fico e Tecnol�gico (CNPq), a equipe ainda n�o recebeu os recursos.

"N�s estamos tocando o trabalho com outras verbas, porque sabemos da import�ncia dessa pesquisa", conta Oliveira.


Desenvolvimento de uma vacina segue várias etapas, primeiro no laboratório e depois com testes em animais e humanos(foto: Getty)
Desenvolvimento de uma vacina segue v�rias etapas, primeiro no laborat�rio e depois com testes em animais e humanos (foto: Getty)

"O que esperamos � que o governo possa ajudar com mais financiamentos para desenvolvimento desse projeto e outros semelhantes, de colegas na �rea de vacinas. Al�m disso, se o imunizante mostrar efeito positivo e induzir resposta imune em animais, vamos buscar parcerias com empresas privadas, como ind�strias farmac�uticas, para podermos seguir com o projeto para a etapa de testes em seres humanos."

Segundo Oliveira, a expectativa do grupo � de que a nova vacina n�o seja cara, porque � feita em cima da plataforma da BCG j� existente, apenas com algumas modifica��es.

"N�o seria uma altera��o muito complexa no sistema de produ��o", diz.

"Por isso, vislumbramos uma vacina com custo reduzido, que possa atingir as diversas popula��es tanto do Brasil como de outros pa�ses, e que possa tamb�m ser facilmente incorporada ao plano de vacina��o anual do Minist�rio da Sa�de."

A BCG hoje � produzida pela Funda��o Ataulfo de Paiva, no Rio de Janeiro, que � de direito privado sem fins lucrativos e de car�ter filantr�pico.

"Obviamente se essa vacina BCG-Covid-19 realmente se mostrar efetiva poder� ser produzida l� e tamb�m em outras institui��es, como o Instituto Butantan e mesmo em laborat�rios privados", afirma Oliveira.


Vacina terá que se produzida para milhões de pessoas(foto: Getty Images)
Vacina ter� que se produzida para milh�es de pessoas (foto: Getty Images)

"Vai depender do financiamento de parte da pesquisa por laborat�rios privados, para chegar at� o ensaio cl�nico, pois realmente custa muito dinheiro test�-las em seres humanos." A previs�o do grupo � que os testes em animais comecem ainda neste ano, e com humanos em 2021.

Em rela��o a quem ir� receber a vacina, Oliveira lembra que atualmente a BCG � preconizada pelo Minist�rio da Sa�de em crian�as de at� 5 anos.

"Em rela��o, � dupla, tuberculose-covid-19, vamos estudar doses, melhor tipo de resposta imunol�gica e outras quest�es para ver como � que ela pode ser utilizada. Isso s� vai ser definido mais pra frente, caso ela tenha sucesso", adianta.

Quanto � distribui��o para outros pa�ses no mundo e a log�stica que isso envolve, Oliveira diz que esta � uma resposta que o grupo ainda n�o tem. "Isso � uma quest�o bem mais � frente e n�s s� vamos come�ar a ter essa preocupa��o quando tivermos realmente dados mais s�lidos e de efici�ncia pelo menos nos ensaios pr�-cl�nicos em animais de laborat�rio", explica.

Das cerca 140 vacinas que v�m sendo desenvolvidas no mundo, Oliveira diz acreditar que as mais promissoras e que devem ficar prontas mais r�pido s�o a da Universidade Oxford, no Reino Unido, e uma da China.

"Essas duas est�o mais � frente, porque j� est�o em fase tr�s (teste em humanos)", afirma.

"A da Universidade Oxford utiliza como vetor vivo o v�rus do adenov�rus, de chimpanz�, expressando ant�genos do v�rus da covid-19. A da China � com um v�rus da covid-19 inativado, ou seja, morto, da mesma forma que � utilizado, por exemplo, para a de Influenza, que a gente toma normalmente (a vacina da gripe), que tamb�m usa um v�rus inativado."

A compara��o entre essas vacinas e a do grupo brasileiro, diz Oliveira, s� vai ser poss�vel depois que a pesquisa chegar aos testes de efic�cia em humanos.

"Eu acho que haver� vacinas complementares, uma vai estimular mais resposta humoral (um tipo de imunidade), outra mais celular, outra vai ter efeito imunol�gico mais duradouro. Mas essa avalia��o s� poder� ser feita quando tivermos os dados desses ensaios cl�nicos em m�os."


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O que � o coronav�rus

Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia

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