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Estado de Minas COVID-19

Pandemia evidencia que Brasil gasta pouco e mal em sa�de p�blica, diz diretor da OCDE

Segundo Frederico Guanais, diretor-adjunto da divis�o de sa�de da organiza��o, a pandemia de covid-19 "deixou claro que despesas na �rea de sa�de s�o investimentos".


24/07/2020 07:07 - atualizado 24/07/2020 08:29

Fazer investimentos na sa�de p�blica brasileira � algo urgente, afirma Frederico Guanais, diretor-adjunto da divis�o de sa�de da Organiza��o para a Coopera��o e Desenvolvimento Econ�mico (OCDE). Segundo ele, a pandemia de covid-19 "deixou claro que despesas na �rea de sa�de s�o investimentos."

O Brasil gasta em sa�de 9,2% do PIB (soma de todas as riquezas produzidas), pouco acima da m�dia dos 37 pa�ses-membros da OCDE, a maioria ricos, que � de 8,8% do PIB. Mas no caso do Brasil boa parte dessas despesas s�o privadas. A fatia dos recursos p�blicos investidos nessa �rea representa apenas 4% do PIB, enquanto na m�dia da organiza��o ela � de 6,6% do PIB.

"O financiamento do sistema p�blico de sa�de do Brasil � muito inferior ao dos pa�ses da OCDE", afirma o diretor �talo-brasileiro, especialista em sa�de p�blica que j� atuou no Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Ele afirma que a pandemia relan�a a discuss�o sobre a necessidade de ampliar a verba do sistema p�blico de sa�de no Brasil. Al�m disso, � preciso "gastar melhor os recursos e se assegurar que eles sejam mais bem utilizados", acrescenta.

"H� bons investimentos e maus investimentos na sa�de", destaca. Ele cita alguns exemplos no caso do Brasil, como o elevado �ndice de cesarianas, muito acima da m�dia da OCDE, prescri��es de antibi�ticos desnecess�rias em muitos casos, procedimentos cir�rgicos que n�o garantem taxa de retorno, hospitaliza��es que poderiam ser evitadas com melhor atendimento prim�rio de sa�de ou ainda o uso de rem�dios de marca em vez de gen�ricos.

O financiamento da sa�de tamb�m � necess�rio para a manuten��o da infraestrutura de hospitais e laborat�rios, aponta Guanais. J� surgiram temores no Brasil sobre a possibilidade de falta de verbas nos munic�pios e Estados para manter, ap�s a crise sanit�ria, os novos equipamentos adquiridos durante a pandemia, como respiradores, monitores e tom�grafos, que refor�aram as capacidades de atendimento do Sistema �nico de Sa�de (SUS).

Desafios do SUS

Para o especialista, a pandemia de covid-19 exp�e ainda a import�ncia de retomar discuss�es pendentes do que pode ser feito para melhorar o SUS.

Um dos temas, afirma Guanais, � o sistema de informa��es integradas do SUS, que pode ter uma melhor utiliza��o dos dados (como hospitaliza��es, uso de medicamentos e �bitos) para detectar precocemente epidemias e rastrear sua propaga��o e ainda analisar a qualidade do atendimento dado aos pacientes.

"Essa � uma agenda important�ssima de pol�tica p�blica de sa�de no Brasil", ressalta.

Os mecanismos de governan�a do SUS tamb�m precisam ser rediscutidos, diz ele, j� que "h� v�rios problemas na articula��o federativa" do sistema com os demais n�veis da �rea de sa�de, com impacto direto sobre a sua gest�o.

"Hoje em dia h� uma duplica��o de fun��es. H� Estados e munic�pios construindo hospitais e deixando um vazio na aten��o prim�ria ou um Estado que espera que o munic�pio fa�a algo ou vice-versa. � preciso melhorar essa articula��o."

Guanais afirma ainda que no Brasil existem subs�dios p�blicos � sa�de privada, com dedu��es dos gastos no Imposto de Renda. O governo estuda encerrar ou limitar esses abatimentos na proposta de reforma tribut�ria que est� sendo elaborada.

Na pandemia de Covid-19, muitas pessoas no Brasil recorrem ao setor privado para fazer testes de diagn�stico do novo coronav�rus. Na avalia��o do diretor-adjunto, a testagem maci�a da popula��o � uma fun��o b�sica do sistema p�blico e deve ser realizada por ele.


Para o especialista, a pandemia de covid-19 expõe ainda a importância de retomar discussões pendentes do que pode ser feito para melhorar o SUS(foto: Getty Images)
Para o especialista, a pandemia de covid-19 exp�e ainda a import�ncia de retomar discuss�es pendentes do que pode ser feito para melhorar o SUS (foto: Getty Images)

No atual contexto de reabertura da economia em v�rios pa�ses, incluindo o Brasil, a OCDE recomenda a realiza��o de testes como estrat�gia para evitar uma segunda onda de cont�gio, que poderia acarretar novos confinamentos. Para a organiza��o, � fundamental testar, rastrear as pessoas infectadas e localizar seus contatos.

No Brasil, diz o especialista, os agentes comunit�rios de sa�de poderiam auxiliar no rastreamento dos contatos das pessoas contaminadas. "O pa�s poderia usar mais as ferramentas que t�m."

O Brasil � o segundo pa�s em n�mero de casos de Covid-19, mas � um dos que menos faz testes entre os mais afetados. O governo brasileiro alega a falta de insumos, como reagentes, devido � forte demanda mundial, para ampliar a testagem.

De acordo com a OCDE, uma segunda onda de cont�gio do novo coronav�rus pode ser evitada ou mitigada - mesmo sem vacina ou tratamento ainda dispon�veis - com programas de testes e rastreamento de infectados, medidas de higiene e uso de m�scaras, distanciamento social, al�m do teletrabalho, quando poss�vel e a n�o realiza��o de grandes eventos.

Apesar da recomenda��o da OCDE e tamb�m da Organiza��o Mundial de Sa�de e de especialistas na �rea sobre a necessidade do uso de m�scaras para conter a pandemia, o presidente Jair Bolsonaro vetou a obrigatoriedade do equipamento de prote��o em com�rcios, ind�strias, locais religiosos, pris�es, estabelecimentos de ensino e outros locais fechados.

Vis�es diferentes

Essa n�o � a �nica diferen�a de vis�o entre a OCDE, que o Brasil pretende integrar (o pedido de ingresso na organiza��o foi feito em 2017), e o governo federal brasileiro em rela��o � pandemia.

Na an�lise da OCDE, o confinamento aplicado por in�meros pa�ses conseguiu conter o n�mero de mortes. Guanais afirma que os impactos econ�micos de n�o aplicar o isolamento social s�o mais elevados do que quando eles s�o implementados.

Em seu �ltimo estudo com previs�es para a economia mundial, publicado em junho, a OCDE estima que o PIB brasileiro cair� 7,4% neste ano. Mas se houver uma segunda onda de Covid-19 no pa�s ap�s a reabertura da economia, a queda do PIB � estimada em 9,1%.

Para Guanais, as recentes ocorr�ncias de novos surtos em pa�ses onde a pandemia parece estar sob controle mostram que uma segunda onda de cont�gio � poss�vel.

"� necess�rio manter a vigil�ncia e o foco na continuidade das medidas de preven��o at� que uma vacina seja desenvolvida e aplicada em grande parte da popula��o ou que a imunidade de rebanho seja alcan�ada", afirma. Mas essa segunda op��o implicaria n�mero ainda mais elevado de mortes.

Segundo o diretor-adjunto de sa�de, � comum o relaxamento de parte da popula��o em rela��o as medidas de preven��o, que ocorre em v�rios pa�ses que reabriram suas economias, como a Fran�a.

"A mudan�a de comportamentos que afetam a sa�de � inerentemente dif�cil e vemos claramente isso em outros exemplos relacionados � sa�de p�blica, como uso de cintos de seguran�a, capacetes para motos e bicicletas ou assentos de carro para crian�as."

Os mecanismos mais eficazes para assegurar a mudan�a de comportamento dependem da cultura e dos h�bitos locais, diz ele. "Em alguns pa�ses recomenda��es podem ser suficientes. Em outros, mecanismos mais estritos talvez sejam necess�rios", afirma, acrescentando que em todo o mundo a seguran�a da "nova normalidade" requer algum tipo de mudan�a de comportamento.

Para Guanais, a pandemia refor�a tamb�m a necessidade de investimentos na ci�ncia e na colabora��o entre centros de pesquisa e o livre interc�mbio de dados.

"Na atual crise, a descoberta cient�fica evoluiu muito mais rapidamente do que antes." A rapidez para identificar o genoma completo da Covid-19 e sua publica��o em acesso livre contribu�ram para acelerar o desenvolvimento das vacinas atualmente, afirma.


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O que � o coronav�rus


Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'

Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

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