
"N�s, da Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS), n�o defendemos o confinamento como o principal meio de controle desse v�rus."
Quando o enviado especial da OMS para COVID-19, o brit�nico David Nabarro, se expressou dessa forma em uma entrevista para a revista The Spectator, ele certamente n�o imaginou a tempestade que suas palavras produziriam.
"Os confinamentos t�m uma consequ�ncia que n�o devemos nunca subestimar: eles tornam os pobres muito mais pobres", disse Nabarro.
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Pouco depois, in�meros meios de comunica��o e personalidades come�aram a noticiar que a OMS havia recuado em seu apoio aos confinamentos. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou a afirmar que a organiza��o estava concordando com ele.
The World Health Organization just admitted that I was right. Lockdowns are killing countries all over the world. The cure cannot be worse than the problem itself. Open up your states, Democrat governors. Open up New York. A long battle, but they finally did the right thing!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) October 12, 2020
"A Organiza��o Mundial da Sa�de acaba de admitir que eu estava certo. Os confinamentos est�o matando pa�ses em todo o mundo. A cura n�o pode ser pior do que o problema (...). Uma longa batalha, mas eles finalmente fizeram a coisa certa", disse Trump na segunda-feira por meio de sua conta no Twitter.
A posi��o do presidente americano � a mesma do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (sem partido), que por diversas vezes criticou as medidas de isolamento social adotadas por Estados e cidades do pa�s, alertando que os preju�zos � economia poderiam ser piores que os impactos da pr�pria pandemia.
Em um encontro com produtores rurais, em setembro, o presidente disse que as defesas da necessidade de isolamento, eram "conversinha mole". "Isso � para os fracos. O v�rus, eu sempre disse, era uma realidade, e t�nhamos que enfrent�-lo. Nada de se acovardar perante aquilo que n�s n�o podemos fugir dele", afirmou Bolsonaro
Na maioria do Brasil, foram adotadas medidas de isolamento mais brandas, mas, em cidades de alguns Estados, foram aplicados per�odos de confinamento por determina��o da Justi�a ou por decis�o de prefeitos ou governadores.
Em rea��o a isso, o governo Bolsonaro editou uma medida provis�ria para concentrar no Executivo federal o poder de estabelecer normas sobre esse assunto. A quest�o foi parar no Supremo Tribunal Federal, que decidiu que Estados e munic�pios tinham autonomia para determinar medidas de isolamento.
'Mais uma arma do arsenal'
Em resposta ao coment�rio feito por Trump, Nabarro afirmou que o problema � usar os confinamentos como "principal meio de controle" do coronav�rus. Uma porta-voz da OMS, Margaret Ann Harris, esclareceu que essa sempre foi a posi��o da organiza��o, que nunca deixou de considerar o confinamento "mais uma arma do arsenal" de combate � pandemia.
"O que sempre dissemos � que os confinamentos podem ajudar a ganhar algum tempo, especialmente se houver transmiss�o comunit�ria intensa", explicou Harris.
"Voc� pode se encontrar em uma situa��o em que a transmiss�o � intensa e, por diferentes motivos, n�o � poss�vel identificar ou rastrear todos os infectados. Neste caso, talvez seja necess�rio frear a propaga��o do v�rus com o uso do confinamento."

"Mas gostar�amos de ver governos e comunidades aplicarem continuamente todas as outras coisas que podem ajudar a conter a transmiss�o do v�rus", insistiu a porta-voz da OMS.
No n�vel individual, isso inclui a lavagem das m�os, o distanciamento f�sico, o uso de m�scaras e evitar contatos pr�ximos, aglomera��es e espa�os mal ventilados.
"No n�vel governamental, gostar�amos de ver melhores sistemas de testagem e rastreamento, que garantam que todos os casos e todos os contatos de pessoas infectadas sejam realmente identificados e que garantam que todas essas pessoas se isolem durante o tempo necess�rio", disse Harris.
"Se tudo isso for feito, e h� muitos pa�ses que fizeram muito bem, reduz-se a transmiss�o e pode-se manter a sociedade funcionando."

Todos esses pontos tamb�m foram levantados por Nabarro durante sua entrevista, na qual tamb�m reconheceu que os confinamentos poderiam ser justificados "para ganhar tempo, reorganizar, reagrupar, redistribuir recursos e proteger os trabalhadores do setor de sa�de".
"Realmente pedimos aos l�deres mundiais que parem de usar confinamentos como seu principal m�todo de controle. Desenvolvam sistemas melhores para isso. Trabalhem juntos e aprendam uns com os outros", disse ele ao The Spectator.
Erro comum
Para Harris, esse �ltimo ponto � o mais importante. "Nabarro estava enfatizando que em alguns lugares os governos talvez n�o estejam se concentrando nas outras medidas e estejam pulando diretamente para os confinamentos e alertando que este n�o � o caminho", disse.
"Para que n�s possamos viver com seguran�a enquanto o v�rus est� circulando, temos que tomar todas as outras medidas de forma consistente."

Para a porta-voz da OMS, muitas medidas e restri��es devem continuar a ser implementadas mesmo ap�s a disponibiliza��o da vacina, para garantir a seguran�a de quem ainda n�o est� protegido por ela.
E a porta-voz ressaltou ainda que, nas atuais circunst�ncias, a falta de confinamento n�o deve ser interpretada como uma volta � normalidade.
"Isso tem sido um erro comum. Quando o confinamento � suspenso, as pessoas agem como se tivessem sa�do da pris�o e dissessem: 'Agora vamos nos vingar'."

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