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Estado de Minas REA��O

Por que pode ser preciso usar m�scara mesmo ap�s vacina contra COVID-19

Segundo m�dicos e cientistas, vacinados ter�o de esperar pelo menos um m�s e meio at� estarem inteiramente protegidos contra o v�rus


14/12/2020 13:19 - atualizado 14/12/2020 17:04

Mesmo após tomar a vacina, uso de máscara de proteção será necessário, alertam médicos(foto: Getty Images)
Mesmo ap�s tomar a vacina, uso de m�scara de prote��o ser� necess�rio, alertam m�dicos (foto: Getty Images)

Uma das vacinas que j� se provaram eficazes contra a COVID-19 — a da Pfizer — est� sendo distribu�da no Reino Unido desde segunda-feira (8/12), e h� perspectiva de que no ano que vem alguma das vacinas contra a doen�a esteja dispon�vel no Brasil.

 

 

Qual vai ser a primeira coisa que voc� vai fazer depois de tomar a vacina? Se j� estava fazendo planos de abandonar a m�scara imediatamente, viajar, ir para a balada e rever todo mundo que n�o conseguiu encontrar em quase um ano de pandemia, os m�dicos e infectologistas alertam: na verdade, a vida n�o vai voltar ao normal logo ap�s tomar a vacina.

"Depois de tomar a vacina, � preciso voltar para casa, manter o isolamento social, aguardar a segunda dose e depois esperar pelo menos 15 dias para que a vacina atinja o n�vel de efic�cia esperado", explica a bi�loga Nat�lia Pasternak, presidente do Instituto Quest�o de Ci�ncia. "E mesmo depois, � preciso esperar que boa parte da popula��o j� tenha sido imunizada para a vida voltar ao normal."

H� tr�s motivos para isso. Entenda.

Tempo para o corpo reagir

Embora existam particularidades dependendo do tipo de vacina e do tipo de doen�a, o mecanismo geral de funcionamento de uma vacina � sempre o mesmo: ela introduz no corpo uma part�cula — chamada ant�geno — que produz uma resposta imunol�gica no corpo e faz com que ele esteja preparado para enfrentar um tentativa de contamina��o do corpo caso entre em contato com o v�rus no futuro.

Esse ant�geno pode ser um v�rus desativado (morto), um v�rus enfraquecido (incapaz de adoecer algu�m), pode ser um peda�o do v�rus, alguma prote�na que se assemelhe ao v�rus ou at� mesmo um �cido nucl�ico (como a vacina da RNA).

O ant�geno provoca uma resposta imunol�gica, ou seja, faz com que o corpo se torne capaz de reconhecer aquele v�rus e produzir anticorpos para combat�-lo, explica o m�dico Jorge Kalil, diretor do Laborat�rio de Imunologia do Incor.

D� pr�xima vez que entrar em contato com aquele v�rus, o corpo j� ter� a mem�ria de como combat�-lo e conseguir� enfrentar a amea�a de forma r�pida e eficiente, impedindo que o v�rus contamine o corpo.

Essa resposta � chamada de resposta imune adaptativa e ela � espec�fica para cada v�rus. "� uma resposta que demora um pouco mais, s�o pelo menos duas semanas at� que o corpo aprenda a reconhecer e combater o v�rus com a ajuda do ant�geno", explica Nat�lia Pasternak.


(foto: Getty Images)
(foto: Getty Images)

� por isso que ap�s tomar uma vacina — quer seja a contra o coronav�rus ou contra qualquer outra doen�a — voc� s� est� realmente protegido depois de algumas semanas, explicam os cientistas. � como se o corpo precisasse de um tempo para "processar" aquelas informa��es e reagir de forma adequada.

Em uma pessoa n�o vacinada, o Sars-Cov-2, v�rus que causa a COVID-19, entra nas c�lulas dos sistema respirat�rio e come�a a us�-las para produzir mais v�rus. � como se produzisse "c�lulas zumbi" que trabalham para ele.

A primeira resposta imunol�gica produzida pelo corpo depois da vacina��o � a produ��o de anticorpos, que se ligam diretamente ao v�rus e impedem que ele entre nas c�lulas do corpo e as utilize para produzir mais v�rus, explica Pasternak.

Ou seja, em uma pessoa imunizada, o corpo j� conhece o v�rus por causa da vacina e a partir do momento em que o pat�geno entra no corpo s�o liberados anticorpos que impedem a contamina��o de c�lulas.

Mas existe um segundo tipo de resposta imunol�gica, chamada resposta celular. "S�o c�lulas — as chamadas c�lulas T — que n�o se ligam ao v�rus, mas reconhecem quando uma c�lula est� contaminada com o v�rus e a destroem", explica Pasternak.

Ou seja, se algum v�rus conseguir escapar dos anticorpos e contaminar alguma c�lula do corpo, as c�lulas T funcionam como "ca�adoras" e destroem essa "c�lula zumbi", impedindo que mais v�rus sejam produzidos.

A resposta celular demora um pouco mais que a resposta atrav�s de anticorpos — mais um motivo para que a imuniza��o s� esteja completa algumas semanas ap�s tomar a vacina, explica Jorge Kalil.

"Depois de 15 dias, a gente j� espera que haja uma resposta celular do sistema imunol�gico", afirma Kalil, que � tamb�m professor da Faculdade de Medicina da Universidade de S�o Paulo (FMUSP).

Duas doses contra o coronav�rus


Vacinação no Brasil deve começar no início do próximo ano(foto: Getty Images)
Vacina��o no Brasil deve come�ar no in�cio do pr�ximo ano (foto: Getty Images)

Al�m do tempo que o corpo precisa para desenvolver a resposta imunol�gica, no caso espec�fico do coronav�rus uma outra quest�o faz com que seja preciso manter as medidas de prote��o por algum tempo ap�s a vacina��o: a maior parte das vacinas sendo desenvolvidas contra a doen�a exige duas doses para que atinja a efic�cia esperada.

V�o ser necess�rias duas doses nas quatro vacinas que j� tiveram a efic�cia comprovada: a da Pfizer, a da Moderna, a da Oxford/AstraZeneca e a Sputnik V. Isso vale tamb�m para a Coronavac, que est� em desenvolvimento pelo o Instituto Butantan em parceria com a farmac�utica Sinovac.

"No caso das vacinas que provavelmente teremos dispon�veis contra o coronav�rus no Brasil, a orienta��o vai ser tomar a primeira dose, esperar um m�s, voltar para o postinho, tomar a segunda dose e manter todos os cuidados contra a pandemia, como isolamento social e uso de m�scaras, por pelo menos 15 dias. S� ent�o voc� estar� protegido, de acordo com a efic�cia de cada vacina", explica Jorge Kalil.

A primeira dose, explica Nat�lia Pasternak, � o que os cientistas chamam de prime boost. "� como se ela acordasse o corpo para o v�rus, d� um 'empurr�o inicial' no sistema imunol�gico. A segunda dose gera uma resposta imunol�gica melhor", explica.

A quantidade de doses necess�ria varia muito com a formula��o da vacina. A vacina contra a febre amarela, por exemplo, s� exige uma dose.

Entre as 200 vacinas em desenvolvimento contra o coronav�rus, existem algumas que seriam em dose �nica, mas elas n�o est�o em est�gios t�o avan�ados de desenvolvimento quanto as que v�o exigir duas doses.

"Quando d� para fazer em dose �nica � melhor, porque do ponto de vista de sa�de p�blica, � um desafio fazer as pessoas voltarem ao postinho para tomar a segunda dose. As pessoas esquecem, acham que n�o precisa", explica Pasternak.

Juntando o tempo necess�rio entre uma dose e outra e o tempo que o corpo precisa para produzir a resposta imunol�gica, vai ser necess�rio pelo menos um m�s e meio para que algu�m que foi vacinado possa ser considerado imunizado.

Mas, mesmo depois disso, vai demorar para a vida voltar ao normal — e at� que a maior parte da popula��o esteja vacinada, a orienta��o � para que mesmo as pessoas vacinadas mantenhas as medidas.

� verdade que a vacina pode n�o impedir a contamina��o de coronav�rus?

N�o, explicam os cientistas, porque se houver uma boa cobertura vacinal, uma vacina consegue diminuir muito a circula��o do v�rus atrav�s da chamada imunidade de rebanho.

� verdade que individualmente, se apenas uma pessoa tomar, nenhuma vacina tem 100% de efic�cia, e isso vale tamb�m para as contra a COVID-19. A vacina da Pfizer, por exemplo, tem 95% efic�cia, de acordo com os resultados da terceira fase de testes.


A OMS estima que a cobertura vacinal necessária para estabilizar e conter a pandemia seja de 80% da população(foto: EPA)
A OMS estima que a cobertura vacinal necess�ria para estabilizar e conter a pandemia seja de 80% da popula��o (foto: EPA)

Isso significa que h� 5% de chance daquela vacina espec�fica n�o produzir uma resposta imunol�gica no corpo da pessoa vacinada. Mas como ent�o as vacinas impedem o v�rus de se propagar se h� algumas pessoas que podem ser contaminadas?

"A vacina funciona atrav�s da imunidade de rebanho, que � um conceito vacinal", diz Jorge Kalil.

O v�rus passa de pessoa para pessoa, explica o m�dico, e para conseguir se propagar ele precisa achar pessoas suscet�veis � doen�a. "A vacina diminui o n�mero de pessoas suscet�veis, de forma t�o significativa que o v�rus n�o consegue encontrar mais circular e � contido. Foi assim que erradicamos a var�ola", explica o m�dico.

A imunidade de rebanho � importante n�o apenas por causa da efic�cia das vacinas n�o ser de 100%, mas porque h� muitas pessoas que nem sequer podem tomar o imunizante.

"Tem gente que n�o pode receber ou porque n�o tem idade ou porque n�o est� dentro do programa de vacina��o — as vacinas contra o coronav�rus ainda n�o foram testadas em crian�as, em gestantes", explica Kalil. As pessoas com alguma doen�a que compromete o sistema imunol�gico tamb�m n�o podem ser vacinadas.

"Quando h� uma cobertura m�nima vacinal da popula��o, essas pessoas vulner�veis ficam protegidas pela imunidade de rebanho", explica Kalil.

No caso do coronav�rus, a OMS estima que a cobertura vacinal necess�ria para estabilizar e conter a pandemia seja de 80% da popula��o, idealmente 90%.

Para se ter uma ideia da import�ncia da cobertura vacinal, quando houve queda na cobertura vacinal de sarampo — de 96% em 2015 para 86,5% em 2018 —, diversos surtos da doen�a aconteceram pelo pa�s.

� por isso que � importante que, mesmo quem j� tiver tomado a vacina e esperado um m�s e meio, n�o deve abandonar as medidas contra a pandemia.

No caso da vacina��o contra coronav�rus, deve demorar algum tempo at� que a vacina chegue � maior parte da popula��o, mesmo ap�s a aprova��o da Anvisa (Ag�ncia de Vigil�ncia Sanit�ria). A produ��o de milh�es de doses n�o � algo que acontece de um dia para o outro. Tamb�m h� quest�es como os acordos do governo com as farmac�uticas, a fila de espera de diversos pa�ses, a dificuldade na distribui��o e armazenamento (algumas vacinas precisam ser armazenadas a temperaturas bem abaixo de zero), etc.

O minist�rio da Sa�de tem uma lista de pessoas que ser�o priorit�rias no recebimento das vacinas. Os primeiros devem ser as pessoas com mais de 80 anos e os trabalhadores da sa�de. Em seguida, devem receber a vacina os idosos entre 60 e 79 anos e pessoas em condi��o de risco, como quem tem doen�as respirat�rias cr�nicas. H� ainda outros tr�s grupos priorit�rios, e s� ent�o a popula��o em geral ser� vacinada.

"� importante que quem receber a vacina primeiro mantenha as medidas de combate � pandemia porque, mesmo depois de um m�s e meio, mesmo que elas estejam imunizadas, n�o h� garantia de que elas n�o podem ser vetor da doen�a enquanto n�o houve imunidade de rebanho", diz Pasternak.

A cientista explica: as vacinas testadas at� agora impedem o v�rus de se reproduzir no corpo e deixar a pessoa doente. Mas n�o h� testes, por enquanto, que comprovem que essa pessoa n�o v� transmitir esse v�rus — que no corpo dela est� sendo combatido pelos anticorpos — para outras pessoas.

O resumo disso tudo � que, mesmo se voc� j� tiver tomado as duas doses da vacina, aguardado mais 15 dias, � preciso aguardar at� que a maior parte da popula��o esteja vacinada para que a vida volte ao normal, aconselha Jorge Kalil. Isso tanto para se proteger, caso voc� esteja no pequeno grupo de pessoas para quem a vacina n�o ter� efeito imunizante; quanto para proteger outras pessoas — at� que a imunidade de rebanho gerada pela ampla cobertura vacinal seja capaz de conter a pandemia de vez.


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