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Estado de Minas PANDEMIA

COVID-19 e 'lockdown de verdade': cidade brasileira viu casos desabarem

Ap�s colapso do sistema de sa�de, prefeitura da cidade do interior paulista fechou at� supermercados e transporte p�blico para conter a crise e come�a agora a sentir os primeiros ind�cios de al�vio da pandemia


11/03/2021 09:37 - atualizado 11/03/2021 11:23

A 285 quil�metros da capital, Araraquara foi uma das primeiras cidades paulistas a sofrer um colapso no sistema de sa�de em 2021.

A partir da segunda semana de fevereiro, o n�mero de casos subiu vertiginosamente e as enfermarias e unidades de terapia intensiva (UTI) atingiram lota��o m�xima.

Desde a �ltima sexta-feira (05/03), por�m, apareceram os primeiros ind�cios (ainda bem t�midos) de al�vio na pandemia por l�.

O n�mero de novos casos de covid-19 diagnosticados caiu pela metade, apesar de a taxa de interna��es e mortes ainda estar em alta.

Mas o que o munic�pio fez de diferente do resto do Brasil? E o que pode servir de aprendizado da experi�ncia em curso no interior de S�o Paulo?

A equa��o do caos

O relaxamento das medidas de preven��o, como o distanciamento social, o uso de m�scara e a lavagem das m�os, foi o principal motivo para a pandemia voltar a piorar em Araraquara (assim como no Brasil todo).

Esse cansa�o ap�s um ano de controle veio a reboque das aglomera��es de final de ano, motivadas por uma sequ�ncia de eventos, como as elei��es municipais, o Natal e o Ano Novo.

Para ter ideia, no final de 2020 e in�cio de 2021, cerca de 25% dos exames para detectar covid-19 realizados neste munic�pio paulista voltavam com resultado positivo. A partir de fevereiro, essa taxa ultrapassou os 50%.

Enquanto os casos subiam de forma preocupante, uma parceria entre a prefeitura local e o Instituto de Medicina Tropical da Universidade de S�o Paulo descobriu um terceiro fator que ajudava a explicar o cen�rio, cada vez mais complicado.

"N�s identificamos que mais de 90% de todas as amostras de pacientes infectados que foram analisadas neste estudo eram causadas pela variante P.1 do coronav�rus, que havia sido detectada pela primeira vez em Manaus", relembra a enfermeira Eliana Mori Honain, secret�ria municipal de sa�de de Araraquara.

Pelo que se sabe at� o momento, essa nova variante � bem mais infecciosa que as vers�es anteriores, o que ajuda a explicar em parte a subida nos n�meros de acometidos pela enfermidade.

"De uns tempos para c�, passamos a observar a chegada de pacientes mais jovens, com quadros mais graves e que necessitam ficar mais tempo internados", percebe a infectologista Ana Rachel Seni Rodrigues, que trabalha e d� plant�o em v�rios hospitais de Araraquara.

A partir da segunda semana de fevereiro, as enfermarias e as UTIs da cidade ficaram absolutamente lotadas.


A variante P.1, identificada pela primeira vez no começo do ano em Manaus, é um dos fatores que ajudam a explicar o colapso em Araraquara(foto: Getty Images)
A variante P.1, identificada pela primeira vez no come�o do ano em Manaus, � um dos fatores que ajudam a explicar o colapso em Araraquara (foto: Getty Images)

Por consequ�ncia, houve um aumento consider�vel no n�mero de mortes — a cidade contabiliza at� dia 10 de mar�o um total de 264 �bitos por covid-19, sendo que 65% deles foram registrados nos primeiros meses de 2021.

"N�s vivemos no limite e foi muito estressante lidar com a falta de leitos e providenciar solu��es de uma hora para a outra", admite Rodrigues.

'Rem�dio amargo'

Sem meios de mitigar a crise sanit�ria, a prefeitura n�o teve outra sa�da e precisou decretar medidas bastante dr�sticas.

"Fizemos um lockdown de verdade, diferente do que acontece na maioria dos lugares do pa�s", diz Honain, que tamb�m � professora do curso de medicina da Universidade de Araraquara.

A partir de 20 de fevereiro, todos os servi�os que n�o tinham a ver com a �rea da sa�de foram suspensos, incluindo o transporte p�blico e os supermercados (que s� podiam funcionar pelo sistema de delivery).

"Parecia uma cidade fantasma, dava at� medo", relata a fonoaudi�loga Francine Broggio, do Centro Especializado em Reabilita��o de Araraquara.

A especialista, que trabalha no servi�o de sa�de p�blica h� 13 anos, admite que havia um temor geral em se infectar e n�o encontrar uma vaga dispon�vel nos hospitais.

"Tamb�m existia uma fiscaliza��o muito pesada e as poucas pessoas que estavam na rua sem necessidade eram orientadas e at� multadas", completa.

� claro que o per�odo de maior endurecimento motivou protestos, especialmente das associa��es de comerciantes, que foram muito prejudicadas pela proibi��o das atividades.

"At� ocorreram manifesta��es e carreatas, mas elas n�o reuniram mais que 20 carros. Tentamos dialogar com todos os setores, mostrar os n�meros e explicar os motivos de nossas decis�es", justifica Honain.

"Sabemos que o lockdown � um rem�dio amargo, mas na nossa atual conjuntura trata-se da �nica medida cientificamente comprovada capaz de trazer algum resultado", completa a enfermeira.

Uma melhora ainda t�mida

O fechamento total de Araraquara durou pouco mais de uma semana. Na sequ�ncia, a cidade se encaixou na "fase vermelha", definida pelo Governo do Estado de S�o Paulo no in�cio de mar�o.

O decreto do governador Jo�o D�ria, ainda em vigor, criou o "toque de restri��o", que limita a circula��o de pessoas entre �s 20h e �s 5h da manh�, e estabeleceu uma longa lista de exce��es para alguns servi�os n�o essenciais continuarem a funcionar.

"Por aqui, mercados, a�ougues e padarias voltaram a abrir recentemente, mas continuamos a restringir cultos em igrejas e templos e as aulas nas escolas", descreve Honain.

Como resultado dessa pol�tica, Araraquara come�a a apresentar uma queda no n�mero de novos casos de covid-19 nos �ltimos cinco dias.

"At� 5 de mar�o, t�nhamos entre 180 e 200 novos infectados por dia. Agora, essa m�dia baixou para 60 a 85", calcula a secret�ria de sa�de.

Apesar do avan�o, as taxas de hospitaliza��o continuam altas e preocupantes: 79% dos leitos de enfermaria e 91% das UTIs est�o ocupados no momento.

Honain acredita que esses n�meros (que j� baixaram um pouco desde o n�vel mais cr�tico do colapso) v�o apresentar uma queda maior a partir das pr�ximas semanas.

"Pela evolu��o natural da doen�a, sabemos que os sintomas se agravam e requerem assist�ncia a partir do oitavo ou nono dia de infec��o. Portanto, com menos gente com exames positivos agora, observaremos em breve uma baixa nas interna��es mais pra frente" raciocina.

O que o futuro reserva

Por mais que as observa��es em Araraquara representem uma boa not�cia, elas ainda s�o bastante iniciais e n�o sinalizam de maneira alguma um encerramento da pandemia ou uma "imunidade de rebanho" pelo contato direto com o v�rus.

"Se nas pr�ximas semanas percebermos um aumento consider�vel no n�mero de novos casos e a taxa de ocupa��o hospitalar estiver acima dos 85%, vamos tomar medidas mais dr�sticas de novo", afirma Honain.

E, mesmo com os avan�os recentes, os gestores de sa�de do munic�pio no interior paulista sabem que o caminho para acabar com a pandemia passa necessariamente pelas campanhas de vacina��o contra a covid-19.

"Enquanto n�o tivermos mais de 70% da popula��o imunizada, e por ora estamos bem longe disso, o lockdown � a medida dispon�vel que d� resultados", diz Honain.

"Afinal, � melhor fechar as atividades a abrir novas covas", completa.


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O que � o coronav�rus

Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.


transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.


A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�

Principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia
  • Em casos graves, as v�timas apresentam:
  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
  • Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus 

Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.


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