Apesar do "custo econ�mico e social" que pa�ses de todo o mundo pagaram por confinar sua popula��o, "n�o h� d�vida" sobre a efic�cia dos lockdowns no combate � pandemia de covid-19, diz � BBC News Brasil o epidemiologista israelense Gabriel Barbash.
Ex-diretor-geral do Minist�rio da Sa�de de Israel, Barbash foi nomeado no ano passado para comandar a resposta do pa�s � pandemia de covid-19, mas acabou renunciando ao cargo devido a diverg�ncias sobre os poderes que ele teria para lidar com a segunda onda de casos de coronav�rus.
"O lockdown � muito eficiente (como medida de controle), embora seu custo econ�mico e social seja muito alto. Ele reduziu o n�mero de infec��es di�rias. N�o h� d�vida sobre sua efic�cia", diz ele, que � diretor do Instituto Weizmann de Ci�ncias, sediado em Rehovot (Israel), um dos principais institutos multidisciplinares do mundo.
Mas Barbash faz uma ressalva.
"� preciso gerir cuidadosamente o que acontece depois do lockdown, pois, dependendo do que os governos fizerem, todos os ganhos podem ser perdidos".Em entrevista � emissora CNN Brasil, o novo ministro da Sa�de do Brasil, Marcelo Queiroga, descartou o lockdown como "pol�tica de governo" contra a covid-19. Segundo ele, confinamentos s� deveriam ser usados em "situa��es extremas".
"Esse termo de lockdown decorre de situa��es extremas. S�o situa��es extremas em que se aplica. N�o pode ser pol�tica de governo fazer lockdown. Tem outros aspectos da economia para serem olhados", disse.
Falando � BBC News Brasil por telefone de Tel Aviv, Barbash critica o governo de seu pa�s no controle do v�rus, mas elogia o programa de vacina��o.
"Governos devem ouvir o que os cientistas t�m a dizer. Em �ltima an�lise, a decis�o sobre quais medidas tomar � dos pol�ticos. Mas em muitas ocasi�es eles (governo) n�o nos escutaram", diz.
"N�o acho que a ci�ncia ou a medicina tem que 'dirigir o espet�culo'. Temos que dizer ao governos o que precisa ser feito e eles devem nos ouvir. Mas n�o podemos impor nada. S�o os pol�ticos que devem ser julgados pelos p�blico, n�o os cientistas."
"Quando um governo se depara com um problema de sa�de p�blica, ele deve ouvir o que a ci�ncia tem para dizer. Evidentemente, n�o h� uma �nica ci�ncia. H� uma diversidade de opini�es de cientistas e esta pandemia mostrou que n�o sabemos o impacto de todas as medidas, com exce��o do lockdown, como abertura ou fechamento de escolas. A ci�ncia n�o tem toda as respostas", acrescenta.
Israel implementou tr�s lockdowns. Com uma popula��o de 9 milh�es, o pa�s teve mais de 820 mil casos confirmados de covid-19 e 6 mil mortes.
Se, na opini�o de Barbash, Israel "fracassou" em controlar a pandemia, foi bem-sucedido em seu programa de vacina��o.
O pa�s foi o que mais vacinou at� agora, com 109,66 doses administradas para cada 100 pessoas.
A t�tulo de compara��o, a taxa do Brasil � de 5,6 doses para cada 100 pessoas.
"� preciso diferenciar o controle da pandemia e o programa de vacina��o. Israel n�o foi bem-sucedido em controlar a pandemia. Impusemos tr�s lockdowns e sa�mos deles sem ter nos beneficiado totalmente dos ganhos. O governo tentou agradar o p�blico e como resultado tomou decis�es erradas", diz ele.

Questionado sobre o que o governo deveria ter feito, Barbash diz que a gest�o do primeiro-ministro Binyamin Netanyhu deveria ter "desenvolvido a confian�a p�blica".
"Confrontamos a pandemia com uma coaliz�o vacilante. Tivemos quatro elei��es em dois anos. Isso deixou o governo numa situa��o dif�cil. A amea�a iminente de novas elei��es o levou a uma abordagem desorganizada e a tomar medidas de car�ter populista", opina.
J� em rela��o � vacina��o, Barbash diz que a confian�a dos israelenses na ci�ncia e na medicina ajudou.
"Em primeiro lugar, a popula��o israelense tem grande confian�a na ci�ncia e na medicina. Em segundo lugar, Israel tem um sistema de aten��o prim�ria � sa�de muito bem organizado", explica.
Questionado sobre se Bolsonaro deveria ter seguido o exemplo de seu aliado Netanyahu, que implementou tr�s lockdowns, Barbash argumenta que n�o est� "familiarizado com a situa��o do Brasil".
E considera que Israel cometeu um "grande erro" ao n�o vacinar os palestinos que vivem na Cisjord�nia.
"Um grande erro epidemiol�gico e pr�tico. Se est�o vivendo juntos (com israelenses), dever�amos ter vacinado todos eles", diz.
Por fim, Barbash faz um alerta com rela��o � vacina��o.
"Em nenhum lugar do mundo, vacina��o � tudo. � preciso restringir a mobilidade das pessoas. S� vacinar n�o � suficiente. Se deixarmos o v�rus correr solto, aumentamos a chance de que novas variantes mais resistentes surjam".
Especialistas ouvidos recentemente pela BBC News Brasil concordam.
"V�rus est�o sempre mutando. As muta��es que forem favor�veis a ele, quando n�o h� restri��o � transmiss�o, ser�o selecionadas e v�o predominar", explica Denise Garrett, infectologista e atual vice-presidente do Sabin Vaccine Institute, em Washington, nos Estados Unidos.
O maior temor � que num ambiente onde a taxa de vacina��o � baixa e a taxa de transmiss�o � alta, como no Brasil, "podemos ter variantes que possam comprometer a efic�cia das vacinas", diz ela, que trabalhou por mais de 20 anos no CDC (Centro de Controle e Preven��o de Doen�as), �rg�o ligado ao Departamento de Sa�de americano.
"Eventualmente, e isso ainda n�o aconteceu, uma vez que as novas cepas est�o respondendo �s vacinas, que protegem contra a forma mais grave da doen�a, podemos ter variantes que possam comprometer a efic�cia das vacinas".
"Claro que num ambiente onde a taxa de vacina��o � baixa e a taxa de transmiss�o � alta, como no Brasil, esse risco � muito mais elevado".
"Ningu�m est� seguro at� que todos estejam seguros. Nenhum pa�s vai se sentir seguro enquanto houver um pa�s como o Brasil, onde n�o h� nenhum tipo de controle", conclui ela, para quem o Brasil virou uma "amea�a global".
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O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
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- Problemas g�stricos
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Em casos graves, as v�timas apresentam:
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- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:
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