
Era fim de Carnaval, em mar�o de 2019, quando Larissa Spezani, hoje com 22 anos, estava com uma amiga em frente a um pr�dio no bairro do Leblon, �rea nobre do Rio de Janeiro. As duas jovens esperavam outros colegas quando placas de granito desabaram no local. Larissa foi atingida. A partir dali, a vida dela mudou completamente.
Antes do acidente, a jovem de sorriso constante tinha uma rotina dedicada aos estudos e atividades f�sicas.
Ela cursava engenharia civil em uma universidade particular da capital do Rio de Janeiro. Nas horas vagas, fazia trilhas, passeios com amigos e hipismo, que praticava desde a inf�ncia.
A estudante amava viajar, j� tinha conhecido alguns pa�ses e planejava novas viagens ao exterior.
Minutos ap�s ser atingida pelas placas, todos os planos de Larissa foram suspensos. Ela deu in�cio ao per�odo per�odo mais dif�cil de sua hist�ria: a luta pela vida. Os m�dicos diziam que as chances de ela sobreviver eram pequenas.
"Me ligaram e falaram: a sua filha sofreu um acidente, caiu alguma coisa sobre ela. Eu peguei o carro e fui em dire��o ao hospital. No caminho, soube que caiu uma fachada em cima dela. Quando cheguei ao hospital, falaram que o caso era emergencial e muito grave", relembra o oficial da Marinha Uarlem Resende, pai da jovem.
A universit�ria teve traumatismo cranioencef�lico e fratura exposta no bra�o direito. Ela passou por cirurgias, ficou mais de duas semanas sedada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e chegou a perder a mem�ria.
No processo de recupera��o, cada pequeno progresso da jovem era comemorado. O empenho dos pais para que a filha ca�ula evolu�sse foi fundamental.

Pouco mais de dois anos depois do acidente, Larissa carrega sequelas e recebe apoio para que possa progredir cada vez mais. Atualmente, ela estuda, tem retomado as atividades f�sicas e voltou a fazer planos para o futuro.
"O acidente mudou muito a minha vida. Tive que reaprender as coisas do zero. O meu principal objetivo � voltar a fazer tudo o que eu conseguia antes", diz Larissa � BBC News Brasil.
Quarta-feira de Cinzas
Em 6 de mar�o de 2019, uma Quarta-feira de Cinzas, Larissa foi a um bloco de Carnaval de uma universidade carioca junto com os amigos. Ela planejava retornar para a casa da fam�lia no in�cio da noite.
Por volta das 18h30, Larissa e uma amiga, a estudante Mariana G�es, de 21 anos, estavam em uma rua do Leblon � espera de outros jovens. Nesse momento, as placas de granito, que formavam um bloco de 90 cent�metros por 55 cent�metros, ca�ram da fachada da varanda de um apartamento do quinto andar de um pr�dio.
"Eu e a Larissa est�vamos andando de m�os dadas, rindo e conversando. Os meus outros amigos, que estavam com a gente, pararam para urinar, ent�o acabaram ficando para tr�s. N�s duas atravessamos a rua primeiro e ficamos de costas para o pr�dio. Quando esses outros amigos estavam atravessando (em dire��o a Mariana e Larissa), eu escutei um barulho muito alto", detalha Mariana � BBC News Brasil.
"Alguma coisa me fez olhar pra cima e eu s� vi tudo caindo. A minha �nica rea��o foi correr. Eu havia operado o joelho recentemente, ent�o n�o conseguia correr muito. N�o tive tempo de puxar a Lari ou gritar", relembra a jovem, que n�o teve ferimentos.
Em cerca de 15 minutos, Larissa foi socorrida pelo Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncia (Samu) e encaminhada a um hospital p�blico da capital fluminense.
"Eu lembro de ela estar desacordada e com o bra�o aberto (com uma fratura exposta)", diz Mariana. "Quando chegamos ao hospital, a Larissa foi direto para a sala vermelha", acrescenta a jovem.
Os pais de Larissa afirmam que a r�pida a��o do Samu, logo ap�s o acidente, foi fundamental para salvar a vida da jovem. "Gra�as a Deus, a minha filha teve muita sorte com o atendimento", diz Uarlem.

Junto com os pais de Larissa, Mariana e os outros amigos da jovem ficaram no hospital at� a manh� do dia seguinte, � espera de not�cias. "A enfermeira disse para a gente se preparar, porque a situa��o dela era muito grave", relembra Mariana.
Ap�s passar por cirurgias de emerg�ncia no c�rebro e no bra�o direito, Larissa foi encaminhada para a UTI.
Os dias no hospital
No dia seguinte ao acidente, Larissa foi transferida para a UTI de um hospital particular do Rio de Janeiro.
Ela ficou durante pouco mais de duas semanas em coma induzido (sedada sob fortes efeitos de medicamentos). Diariamente, familiares e amigos dela iam ao hospital em busca de not�cias.
Durante o per�odo de interna��o, a jovem passou por outras duas cirurgias no c�rebro e uma outra no bra�o direito.

Enquanto a filha estava internada, a vida de Leila e Uarlem mudou. Eles passaram a ficar quase integralmente no hospital. O casal comenta que a ajuda da primog�nita e dos amigos de Larissa tamb�m foi fundamental, pois eles sempre visitavam a jovem na unidade de sa�de.
Aos poucos, o quadro da estudante melhorou. Ap�s 17 dias na UTI, ela foi encaminhada para uma Unidade Semi-Intensiva.
"Quando ela foi para a semi-intensiva, t�nhamos que ficar 24 horas com ela, porque ela ficava se mexendo muito e fazia ferida nas cicatrizes das cirurgias no c�rebro", relata Leila Spezani, a m�e de Larissa.
Quando Larissa despertou na Unidade Semi-Intensiva, ela havia perdido parte da mem�ria. A jovem chegou a confundir a m�e com a tia em algumas situa��es. Al�m disso, demonstrou n�o se recordar de nada relacionado ao acidente no Leblon.
Neuropsic�loga, Leila teve papel fundamental no desenvolvimento da filha. Ela usou fotos e v�deos de viagens da filha com amigos para ajudar Larissa a recuperar a mem�ria.
"Chamei os amigos mais pr�ximos e pedi para eles irem ao hospital para contar para a Larissa cada hist�ria de foto ou v�deo com ela. Cada dia que eles iam, contavam um pouco mais. Eu at� fiz um mural no quarto dela no hospital com fotos antigas", diz Leila.
"A consci�ncia dela foi voltando aos poucos. Al�m da ajuda dos amigos, tamb�m comecei a levar jogos para ela praticar, contratei fonoaudi�loga para acompanh�-la e ela foi melhorando cada vez mais", detalha a m�e de Larissa.
A jovem tamb�m come�ou a fazer sess�es de fisioterapia para que pudesse recuperar os movimentos. No in�cio, ela sequer conseguia levantar da cama. Aos poucos, foi progredindo.
O recome�o
Em 3 de junho de 2019, Larissa recebeu alta hospitalar. A casa da fam�lia dela, no Rio de Janeiro, foi totalmente adaptada para a jovem, que precisava de cuidados para que pudesse continuar evoluindo na recupera��o motora e neurol�gica.

"A nossa casa se tornou uma cl�nica de reabilita��o. Adaptamos os c�modos para a Larissa, colocamos apoio no banheiro, alugamos cadeira de rodas e andador para ela. Tivemos que reorganizar nossa casa para que a Larissa pudesse ter mais espa�o e para que ela tivesse seguran�a", detalha Leila.
"Al�m disso, toda hora entrava e sa�a gente. Eram profissionais de fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e psicoterapia", relata a m�e de Larissa.
Com o passar dos meses, a estudante reaprendeu a falar cada vez melhor e a andar. Uma das vit�rias que a fam�lia destaca foi quando ela conseguiu descer e subir as escadas da resid�ncia.
Um dos est�mulos mais importantes para a recupera��o da jovem em casa era a companhia de amigos e familiares, que visitavam Larissa com frequ�ncia na �poca — atualmente, a fam�lia conta que ela n�o tem recebido visitas, em raz�o da pandemia de covid-19.
Depois que a filha voltou para casa e passou a progredir cada vez mais, os pais tiveram tempo para pensar em uma quest�o que consideram muito importante: quem deve ser responsabilizado pelo acidente de Larissa?

"Tudo o que aconteceu com a Lari foi um baque muito grande. Temos raiva dessa situa��o, porque foi uma coisa forte. A gente sabe que se o condom�nio n�o tivesse com problemas na fachada, ela n�o teria passado por isso", diz Leila.
"Para mim, h� v�rios envolvidos nisso. Acho que o condom�nio n�o se preocupou em fazer um reparo adequado. H� tamb�m as empresas de engenharia (que fizeram interven��es no local em anos anteriores ao acidente)…", acrescenta Leila.
Investiga��o policial
Em mar�o de 2019, a Pol�cia Civil do Rio de Janeiro iniciou uma investiga��o sobre o acidente sofrido por Larissa.
Um laudo feito pelo Departamento de Pol�cia T�cnico-Cient�fica do Rio de Janeiro, na �poca do acidente, apontou que a queda do bloco foi motivada pela aus�ncia de parafusos de fixa��o nas placas de granito e tamb�m pelos efeitos do ac�mulo de umidade no local.
O inqu�rito do caso chegou a ser conclu�do pelas autoridades policiais, mas foi reaberto a pedido do Minist�rio P�blico do Rio de Janeiro, que solicitou que a jovem tamb�m seja ouvida nas apura��es — segundo a Pol�cia Civil, ela n�o prestou depoimento anteriormente porque na �poca ainda estava nos primeiros meses de recupera��o.
Em nota � BBC News Brasil, a Pol�cia Civil do Rio de Janeiro informa que Larissa dever� ser ouvida em breve para que a investiga��o seja conclu�da. A institui��o n�o detalhou as conclus�es feitas na primeira vers�o do inqu�rito.
O acidente tamb�m se tornou alvo da Prefeitura do Rio de Janeiro, que informou ter aberto um processo administrativo em rela��o ao caso em mar�o de 2019.
No Rio de Janeiro, uma Lei estadual prev�, desde mar�o de 2013, a obrigatoriedade de autovistoria a cada cinco anos em pr�dios residenciais e comerciais do Estado.
A autovistoria do edif�cio no qual desabaram as placas que atingiram Larissa ainda estava dentro do prazo na data do acidente. O local havia comunicado a anterior em abril de 2014 e deveria informar a nova autovistoria por volta de abril de 2019 — um m�s depois do acidente —, conforme o prazo de cinco anos estipulado pelo Estado.
Ap�s o acidente com Larissa, a Prefeitura do Rio de Janeiro encaminhou uma intima��o para que o condom�nio fizesse obras de recupera��o na fachada do pr�dio. Em junho de 2019, os respons�veis pelo pr�dio informaram que iriam fazer uma reforma e obtiveram o prazo de dois anos para concluir as obras.
De acordo com a SMDEIS, o prazo para que o pr�dio conclua a reforma se encerra em junho deste ano. O per�odo pode ser renovado por mais 12 meses, caso solicitado pelos respons�veis pelo edif�cio. Se o condom�nio n�o fizer a reforma, poder� ser autuado pela Prefeitura e sofrer san��es, como a aplica��o de multa.
A��o na Justi�a
No in�cio de agosto de 2019, a fam�lia de Larissa entrou com uma a��o na Justi�a para cobrar indeniza��o por danos morais, est�ticos e materiais.

Entre os alvos da a��o est�o o condom�nio, a Debossan Engenharia (que fez a obra de instala��o das placas de granito na fachada do pr�dio em junho de 2003), a Stanley Empreendimentos (a construtora respons�vel pela reforma da fachada no fim de 2012) e Delphi Med Assist�ncia T�cnica (que emitiu o laudo de vistoria predial em abril de 2014 e apontou que n�o havia irregularidades na fachada).
Logo no in�cio do processo, ainda no come�o de agosto de 2019, a Justi�a acolheu um pedido de urg�ncia da fam�lia de Larissa e, em uma decis�o provis�ria que segue em vigor, determinou que os respons�veis pelo condom�nio pagassem os tratamentos da jovem, estimados em R$ 4,5 mil mensais.
"Em nenhum momento os respons�veis pelo condom�nio disseram que iriam nos ajudar, Tivemos que ir � Justi�a, porque os tratamentos s�o muito importantes e viv�amos uma fase financeira muito dif�cil porque est�vamos vivendo para ela. Se ela n�o tivesse recebido esses tratamentos, talvez n�o conseguisse evoluir tanto", diz Uarlem.
A reportagem procurou os respons�veis pelo condom�nio. Por�m, eles informaram, por meio de sua defesa, que n�o iriam se pronunciar sobre o assunto.
Para a Justi�a, a administra��o do condom�nio alegou que "sempre atuou com enorme zelo ao contratar as mais renomadas empresas de engenharia para as obras de instala��o e manuten��o de sua fachada". Al�m disso, argumentou que os moradores do local "sempre estiveram muito comprometidos com a plena recupera��o de Larissa, acompanhando a sua evolu��o em visitas hospitalares, confiantes em seu pronto restabelecimento".
Os respons�veis pelo local atribuem a responsabilidade pelo acidente com Larissa �s empresas que instalaram as placas de granito e � respons�vel pela vistoria no edif�cio em 2014.
Segundo a defesa do condom�nio, o acidente ocorreu porque a Debossan, empresa que instalou as placas, usou m�todo inadequado e contra os crit�rios t�cnicos recomendados. Al�m disso, argumentou que acredita que a construtora Stanley, que fez a reforma na �rea externa do edif�cio quase uma d�cada depois, tamb�m fez uma "m� presta��o do servi�o" que causou o acidente.
O condom�nio afirmou ainda � Justi�a que, ap�s o acidente, contratou um engenheiro e uma arquiteta que elaboraram um parecer t�cnico que apontou falhas nas obras de instala��o das placas de granito e na manuten��o da fachada, assim como defeito no laudo de vistoria, conclu�do pela Delphi Med Assist�ncia T�cnica em abril de 2014.
Em nota � BBC News Brasil, a Stanley afirma que foi contratada pelo condom�nio em dezembro de 2012 e seguiu as normas t�cnicas na reforma das fachadas frontal, posterior e laterais do pr�dio. A construtora pontua que concluiu o servi�o no local em maio de 2013. "Naquela ocasi�o, as placas de granito das fachadas estavam firmes, n�o havendo necessidade de troc�-las", diz comunicado da Stanley.
A empresa declara, em nota, que atua na �rea de reforma de fachadas h� quase 40 anos, j� fez mais de mil servi�os e n�o possui qualquer registro de acidente em seus trabalhos.
Em rela��o ao edif�cio do Leblon, a empresa argumenta que "pelo que se sabe, o condom�nio n�o cumpriu com as orienta��es da Stanley e tampouco realizou a manuten��o na forma e periodicidade" definidas nas normas t�cnicas para evitar as infiltra��es. "Caso o condom�nio tivesse cumprido com essas orienta��es e realizado a manuten��o conforme a norma t�cnica mencionada, o acidente poderia ter sido evitado", acrescenta.
O grupo Delphi Med afirma, tamb�m em nota � BBC News Brasil, que seguiu todas as normas t�cnicas adequadas na vistoria do pr�dio e, na �poca, n�o constatou nenhum problema que pudesse causar o desprendimento de placas da fachada frontal. A empresa afirma que come�ou a avalia��o do local em dezembro de 2013 e concluiu o procedimento em abril do ano seguinte, quando o condom�nio apresentou a autovistoria � Prefeitura.
A Delphi Med afirma que ressaltou, no laudo da vistoria, a necessidade de manuten��o peri�dica da fachada.
A BBC News Brasil n�o conseguiu contato com a Debossan. N�o h� endere�o ou telefone vinculado � empresa nas informa��es atuais sobre o CNPJ dela, que consta como baixado — demonstrando que est� inativa. At� a conclus�o desta reportagem, a construtora ainda n�o havia sido intimada pela Justi�a, pois n�o foi localizada em seu endere�o antigo.
Caso a Debossan se pronuncie ap�s a publica��o desta reportagem, este texto ser� atualizado.
Larissa avalia que o processo, que segue na Justi�a do Rio de Janeiro, � demorado. Ela afirma que um de seus desejos � concluir mais esse epis�dio em rela��o ao acidente, mas a a��o ainda est� em suas primeiras etapas.
Nova rotina
Enquanto aguarda respostas da Justi�a, Larissa segue os tratamentos para que possa evoluir cada vez mais.
A jovem, que mant�m o sorriso constante, agora fala de modo mais lento, em virtude da les�o cerebral. Ela faz acompanhamento frequente com uma fonoaudi�loga para progredir mais.
Hoje, a rotina de Larissa se resume, principalmente, a estudar, fazer atividades f�sicas para se desenvolver cada vez mais, fazer acompanhamento m�dico e passar por novos exames para avaliar a sa�de.
"De repente, tudo ficou parado. Todos os sonhos que eu tinha pararam", declara a jovem.
"Eu fazia faculdade, fazia aulas para tirar a minha carteira de motorista e estava em um processo seletivo para um trabalho tempor�rio na Disney. At� hoje n�o consigo tocar piano como fazia antes e tenho muitas dificuldades para escrever", diz Larissa.
Ela n�o possui recorda��es do dia do acidente. A lembran�a mais recente dela, antes de acordar no hospital, � de uma viagem que fez com amigos para os Estados Unidos e para o Canad�, em fevereiro de 2019.
Apesar das dificuldades, os pais se sentem orgulhosos da recupera��o da filha.
"At� hoje as pessoas me perguntam: e a sua filha? Na �poca, o caso teve muita repercuss�o na m�dia e ficou muito em evid�ncia. Eu costumo dizer que cada coisinha � uma vit�ria. Cada dedo que ela volta a mexer, por exemplo, � uma not�cia maravilhosa", declara Uarlem.
O pai tem sido fundamental no retorno de Larissa ao curso de engenharia civil. Ela voltou � universidade em abril do ano passado, quando as aulas come�aram a ser virtuais, em decorr�ncia da pandemia.
Diariamente, Uarlem ajuda Larissa nas atividades do ensino superior. "Ainda bem que as aulas s�o virtuais, porque ela teria receio de assistir se fossem presenciais. Ela faz anota��es e existem dois processos: o de escrever e depois entender. Eu assistia �s aulas com ela no in�cio, mas agora ela se sente mais segura e est� evoluindo", diz o pai.
Larissa comenta que o apoio que recebe de Uarlem � fundamental para que ela consiga compreender o conte�do das aulas. "O meu pai me explica de novo. Tenho algumas dificuldades com c�lculos e ele me ensina", diz a jovem.
Ela afirma que a les�o cerebral fez com que tivesse mais dificuldades para entender algumas mat�rias. "Agora tenho dedicado muito mais horas aos estudos do que antes do acidente".
Quando concluir o curso, Larissa quer fazer uma p�s-gradua��o em outro pa�s. "Penso em ir para Orlando, nos Estados Unidos", planeja.
Al�m das aulas da universidade, a jovem tamb�m se dedica �s atividades f�sicas, que s�o consideradas fundamentais para o seu desenvolvimento. Quase diariamente, ela faz exerc�cios f�sicos em uma academia. Um dos principais focos � o bra�o direito, no qual ela ainda possui muitas dificuldades.
Neste ano ela conseguiu dar um passo que considera fundamental em seu progresso: retornou ao hipismo. "A minha volta � muito restrita. Antes eu saltava e competia. Agora estou numa aula inicial, reaprendendo tudo", diz a jovem.
As fachadas de pr�dios
Quando comenta sobre os diversos recome�os que tem vivido ap�s o acidente, Larissa afirma que a sua hist�ria � tamb�m um alerta sobre os cuidados que precisam ser tomados em rela��o �s fachadas dos pr�dios.
"Muitos lugares est�o inadequados e n�o h� fiscaliza��o", avalia a estudante. "Esse tema se tornou uma preocupa��o muito grande pra mim", acrescenta.
N�o h� levantamentos espec�ficos sobre o tema, mas pelo pa�s h� not�cias de outros acidentes relacionados a fachadas de pr�dios nos �ltimos anos.
A fiscaliza��o referente ao tema cabe �s autoridades locais — os moradores tamb�m podem denunciar aos �rg�os locais, caso notem irregularidades em edif�cios.
Na cidade do Rio de Janeiro, a Prefeitura afirma que recebeu mais de 7,9 mil comunicados de autovistoria em 2020 e emitiu mais de 70 multas para condom�nios que n�o entregaram o laudo dentro do prazo de cinco anos.
Segundo a Prefeitura, em nota � reportagem, a "responsabilidade pela manuten��o e conserva��o dos im�veis � dos propriet�rios ou dos condom�nios, que podem ser acionados civil e criminalmente na Justi�a em caso de acidentes".
"Desde o acidente da Larissa, a gente olha pro lado, pra cima e pra baixo quando passa perto de um pr�dio. A gente j� olhava antes, mas agora olha com mais cuidado ainda. Acredito que esse trauma ir� nos acompanhar por um tempo, infelizmente", diz Uarlem.
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