
Depois de meses de boas not�cias sobre a pandemia no Reino Unido, com casos de infec��es por COVID-19 em queda e avan�os na campanha de vacina��o, o tom das autoridades mudou.
A previs�o inicial de acabar com todas as regras de isolamento em junho est� amea�ada e voltaram a surgir temores de press�o sobre o NHS, o sistema p�blico de sa�de brit�nico.
Essa mudan�a de rumos e expectativas se deve � nova variante do coronav�rus identificada na �ndia, a B.1.617.2, que j� come�ou a se espalhar pelo mundo e foi detectada em pelo menos 17 pa�ses.
No Brasil, a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) recomendou ao governo que restringisse voos vindos da �ndia para conter a chegada da nova cepa, aparentemente mais transmiss�vel que outras variantes.
No Reino Unido, mais de mil casos da B.1.617.2 j� foram identificados.
As preocupa��es com as muta��es dessa variante aumentaram na semana passada, depois que cientistas que aconselham o governo brit�nico disseram ter certeza de que a variante indiana se espalha mais rapidamente que a variante brit�nica, que atualmente "domina" os casos de infec��o no pa�s.
Vacina��o x variante
O Reino Unido vivencia uma corrida entre o programa de vacina��o e o v�rus. A coexist�ncia do relaxamento das medidas de lockdown previstas para segunda (17) e uma variante mais transmiss�vel pode significar avan�os para o coronav�rus.
A previs�o do governo � que, a partir de segunda, as pessoas possam comer e beber na parte interna de restaurantes e bares. Al�m disso, cinemas e hot�is poder�o reabrir. Seis pessoas ou moradores de duas casas poder�o se encontrar em ambientes fechados.
Atualmente, grupos de at� seis pessoas (ou integrantes de duas casas) podem se encontrar em ambientes abertos, como parques. E � permitido poss�vel comer e beber somente na �rea externa de bares e restaurantes.
Agora, por�m, cientistas e especialistas em sa�de p�blica est�o fazendo um apelo por cautela. A Associa��o M�dica Brit�nica pediu para que sejam mantidas as regras atuais de distanciamento f�sico e contato social e que intera��es continuem a ocorrer apenas em ambientes abertos.
Mas qu�o perigosa � a variante da �ndia?
Ainda h� muitas incertezas sobre qu�o mais transmiss�vel � a B.1.617.2 em compara��o com a variante brit�nica, que predomina no pa�s, e outras cepas, como a da �frica do Sul e a de Manaus, apelidada de P.1.
"Essa � uma quest�o cr�tica para a qual n�o temos resposta ainda", diz o professor Chris Whitty, conselheiro-chefe do governo brit�nico para assuntos de sa�de.
Se a variante indiana for apenas um pouco mais transmiss�vel que a brit�nica, n�o haver� tanto motivo para preocupa��o.
No entanto, o grupo de cientistas que aconselha o governo brit�nico, chamado de Sage, diz que existe uma "possibilidade realista" de que ela se espalhe 50% mais rapidamente, o que � um percentual muito alto.
H� ainda estimativas mais pessimistas, de transmissibilidade 60% maior, vindas da �ndia, mas elas s�o baseadas no sequenciamento gen�tico de amostras do v�rus e n�o est� claro qu�o representativas s�o do cen�rio em general.
Sage estima que problemas come�am quando uma variante � 40% mais transmiss�vel, porque esse j� � um percentual capaz de "provocar substancial ressurgimento de hospitaliza��es" e pressionar o sistema de sa�de do Reino Unido.
Reino Unido est� numa situa��o melhor que ano passado
Essas incertezas s�o remanescentes do ano passado, quando a surgiu a variante brit�nica, primeiro detectada em Kent. Na �poca, houve questionamentos sobre a necessidade de mais lockdowns para controlar o v�rus.
Mas � importante destacar que a situa��o epidemiol�gica no Reino Unido mudou do ano passado para agora.
Mais de 19 milh�es de pessoas- um ter�o da popula��o adulta- recebeu as duas doses da vacina. Outros 17 milh�es j� receberam uma dose. As vacinas enfraquecem, se n�o eliminam, a possibilidade de uma infec��o por coronav�rus resultar em doen�a grave.
E o n�mero total de infec��es est� bem menor que no ano passado, no per�odo em que a variante brit�nica foi detectada. O Escrit�rio Nacional de Estat�sticas estima que menos de 50 mil pessoas carreguem o v�rus atualmente.
No come�o do ano, havia 1,25 milh�o de infectados. Atualmente, h� apenas cerca de mil pessoas no hospital com COVID. A preocupa��o � que, embora as vacinas sejam �timas, elas n�o s�o perfeitas e nem todos os vulner�veis tomaram as duas doses.
Portanto, se houver uma nova onda de casos pela combina��o da flexibiliza��o do lockdown com a variante indiana, um n�mero preocupante de pessoas pode acabar nos hospitais.
� importante ressaltar tamb�m que essas previs�es n�o s�o bolas de cristal. Modelos matem�ticos anteriores previram uma nova onda de COVID-19 no ver�o, mas depois surgiram previs�es mais otimistas quando ficou claro que pessoas vacinadas t�m chances bem menores de espalhar o v�rus.
Escolhas dif�ceis
Os planos de reabertura por enquanto est�o mantidos, mas a campanha de vacina��o est� sendo modificada para garantir que as pessoas mais vulner�veis recebam a segunda dose antes do previsto inicialmente.
A esperan�a � que, se a variante indiana trouxer problemas, como aumento de hospitaliza��es, eles possam ser detectados o quanto antes para que sejam tomadas atitudes.
O primeiro-ministro brit�nico, Boris Johnson, disse que, se for comprovado que a nova cepa � "significativamente mais transmiss�vel" que outras variantes, ent�o "possivelmente teremos que tomar decis�es dif�ceis" no Reino Unido.
O perigo maior � que a variante indiana chegue a pa�ses com programas de vacina��o mais lentos, como � o caso do Brasil, onde uma propor��o ainda pequena da popula��o tomou as duas doses da vacina.
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