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Estado de Minas VACINAS

�s v�speras de decis�o dos EUA, estudantes pedem doses para o Brasil

Governo Biden definir� nos pr�ximos dias o destino de 80 milh�es de imunizantes


24/05/2021 16:20 - atualizado 24/05/2021 16:44

Governo americano anunciou que distribuirá 80 milhões de doses de vacinas para outros países até o fim do mês de junho(foto: Getty Images)
Governo americano anunciou que distribuir� 80 milh�es de doses de vacinas para outros pa�ses at� o fim do m�s de junho (foto: Getty Images)

Mais de 400 acad�micos, entre brasileiros radicados nos Estados Unidos e americanos estudiosos do Brasil, lan�am nesta segunda-feira (24/05), uma carta aberta ao presidente Joe Biden na qual pedem que o mandat�rio contemple o Brasil com doa��o de vacinas contra a COVID-19.

 


 

O governo americano anunciou recentemente que distribuir� internacionalmente 80 milh�es de doses de imunizantes at� o fim do m�s de junho. Os pa�ses que se beneficiar�o do envio, no entanto, ainda n�o est�o definidos.

A carta, � qual a BBC News Brasil teve acesso com exclusividade, exorta Biden a "fornecer rapidamente vacinas suficientes para retardar a dissemina��o e muta��o cont�nua do coronav�rus no Brasil".

Pede tamb�m que o presidente americano leve a termo a nova posi��o dos EUA pela quebra de patentes das vacinas contra covid-19 e incentive farmac�uticas americanas, como a Pfizer e a Moderna, a transferir sua tecnologia para parceiros produtores no Brasil.

Com mais de 440 mil mortes na pandemia, o Brasil passa ainda pela sua segunda onda de cont�gio do novo coronav�rus, mas j� enxerga a possibilidade de uma terceira onda que poderia elevar o total de �bitos do pa�s ao patamar de 750 mil, segundo o Instituto de M�tricas de Sa�de e Avalia��o da Universidade de Washington.

A proje��o se baseia na falta de pol�tica nacional de de distanciamento social e uso de m�scaras e no quadro de escassez de vacinas no Brasil: atualmente, menos de 20% da popula��o brasileira tomou ao menos uma dose de imunizante contra covid e a fabrica��o das duas vacinas mais usadas no pa�s - CoronaVac e Astrazeneca-Oxford - teve que ser interrompida na semana passada por falta de insumos.

Sociedade civil em campo


Com mais de 440 mil mortes, Brasil atravessa 2ª onda da pandemia(foto: EPA)
Com mais de 440 mil mortes, Brasil atravessa 2� onda da pandemia (foto: EPA)

Nesse contexto, a press�o da sociedade civil para que o Brasil seja beneficiado pelas doses dos EUA t�m aumentado nas �ltimas semanas.

No fim de mar�o, a Amcham Brasil, maior C�mara de Com�rcio Americana fora dos EUA, enviou carta ao Embaixador americano Todd C. Chapman e ao Congressista democrata Gregory Meeks, presidente da Comiss�o de Rela��es Exteriores da C�mara de Deputados americana, em que dizia que "os volumes de vacinas ao Brasil confirmados at� o momento s�o insuficientes para a supera��o no curto prazo da grave crise sanit�ria que o pa�s enfrenta. Nesse sentido, a considera��o pelo governo dos EUA sobre a possibilidade de ceder, em car�ter de emerg�ncia, excedentes de vacinas para o Brasil, seria inestim�vel".

No in�cio de abril, seis centrais sindicais brasileiras, CUT, For�a Sindical, UGT, NCST Nova Central, CTB e CSB, fizeram o mesmo apelo a Biden em carta por vacinas - e t�m contado com o apoio de grandes sindicatos americanos no pleito.

Agora, a elabora��o da carta de acad�micos divulgada nesta segunda, 25/5, foi capitaneada pela U.S. Network for Democracy in Brazil, uma rede com representantes de 234 universidades em 45 dos 50 estados dos EUA.

"Assinei essa carta a Biden por dois motivos: um � minha longa e profunda liga��o com o Brasil e os brasileiros, o que torna doloroso presenciar tantas mortes e sofrimentos desnecess�rios. A outra � a convic��o de que ningu�m est� a salvo da Covid at� que todos estejam a salvo da Covid. O r�pido aparecimento de variantes e a impossibilidade de selar fronteiras significam que apenas uma estrat�gia global de sa�de p�blica pode funcionar para acabar com a pandemia", afirmou � BBC News Brasil a historiadora americana Barbara Weinstein, da Universidade de Nova York.

Estudiosa do per�odo de industrializa��o e moderniza��o do Brasil, no in�cio do s�culo passado, Weinstein se diz ferrenha opositora a acordos clim�ticos entre Brasil e EUA, especialmente um em que os americanos concordem em enviar recursos financeiros ao Brasil.

Para ela, o dinheiro do contribuinte americano serviria apenas para dar um "verniz verde" ao governo do presidente Jair Bolsonaro, a quem ela chama de "a pior pessoa para dirigir uma na��o nesses tempos de pandemia".

"Mas o envio de vacinas � um assunto diferente, n�o s� pela urg�ncia da situa��o, mas tamb�m porque acho que h� uma chance maior de serem direcionadas para a popula��o que realmente precisa delas", argumenta Weinstein.


Doses p
ara dar e vender


EUA têm doses de sobra para imunizar todos os habitantes do país(foto: Reuters)
EUA t�m doses de sobra para imunizar todos os habitantes do pa�s (foto: Reuters)

Os EUA contrataram doses de vacina suficientes para vacinar tr�s vezes a popula��o do pa�s. Entre elas, est�o cerca de 60 milh�es de doses da AstraZeneca-Oxford, que h� meses aguardam aval da ag�ncia reguladora sanit�ria americana, a FDA, para poderem ser aplicadas em territ�rio americano.

A possibilidade da remessa dessas doses ociosas vinha sendo discutida por integrantes do governo Biden e do laborat�rio respons�vel pela fabrica��o do imunizante pelo menos desde o final de fevereiro, mas �quela altura, com menos de 15% da popula��o americana completamente vacinada, a administra��o resistia a essa possibilidade.

O governo Biden dizia priorizar a vacina��o de seus pr�prios cidad�os, mas a press�o dom�stica e internacional por doses s� aumentou de l� pra c�.

A China, principal advers�ria global dos EUA, j� remeteu mais de 200 milh�es de doses de vacina ao mundo - sem contar insumos como os utilizados pelo Instituto Butantan e pela Fiocruz. Enquanto isso, no placar da contabilidade da vacina, os EUA registram apenas o envio de 4 milh�es de doses - ao Canad� e ao M�xico, ainda em mar�o.

Agora, al�m das 60 milh�es de doses de Astrazeneca-Oxford, Biden anunciou uma remessa de mais 20 milh�es de doses de imunizantes j� em uso no pa�s (o que inclui Pfizer, Moderna e Janssen). E apesar da intensa movimenta��o e da urg�ncia pelas doses, os contemplados pela doa��o s� devem ser conhecidos nos pr�ximos dias.

Epidemiologia e Pol�tica

Consultado pela BBC News Brasil, o Departamento de Estado afirmou que "teremos mais a dizer sobre para quais pa�ses estamos distribuindo essas vacinas em breve. Trabalharemos com a COVAX e outros parceiros para garantir que vacinas seguras e eficazes sejam entregues de forma equitativa e de acordo com os dados cient�ficos e de sa�de p�blica".

Um diplomata americano com conhecimento das negocia��es dentro do governo americano afirmou � BBC News Brasil em car�ter reservado que a escolha sobre os pa�ses a serem beneficiados segue dois crit�rios: o epidemiol�gico e o pol�tico.

Quanto ao epidemiol�gico: devem ser priorizados aqueles em que h� surgimento de variantes potencialmente mais contagiosas e mais letais. Tanto Brasil quanto �ndia, dois pa�ses com quadros graves de epidemia, se enquadrariam nesse recorte.

S�o no entanto dois pa�ses continentais em que, especialmente no caso indiano, uma doa��o de alguns milh�es de doses de vacina fariam pouco efeito no quadro de sa�de p�blica geral.


A vida começa a voltar ao normal nos EUA(foto: Reuters)
A vida come�a a voltar ao normal nos EUA (foto: Reuters)

O segundo aspecto, pol�tico, � mais complexo. Biden precisa conseguir ocupar um espa�o internacional como protagonista na diplomacia de vacinas sem descuidar da percep��o dom�stica sobre seus atos.

Para isso, escalou Gayle Smith, ex-diretora da Ag�ncia dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em ingl�s) para comandar a diplomacia de vacina e garantir que as digitais americanas no envio das doses tragam poder e prest�gio pol�tico internacional sem preju�zo interno para Biden.

Neste momento, com mais de 60% da popula��o adulta vacinada, os americanos se veem diante de um claro excedente de doses e de baixa demanda por elas. Campanhas em mais de um Estado prometem sortear somas milion�rias a quem se apresentar em um posto de vacina para receber uma dose no bra�o.

Enquanto isso, os americanos s�o inundados por relatos e imagens do desespero e do descontrole pand�mico em outras partes do mundo. E por isso, na ala eleitoral progressista dos EUA, cresce a percep��o de que o pa�s deve compartilhar suas doses.

O sentimento, no entanto, pode mudar - e r�pido. Nos EUA, adolescentes acima de 12 anos j� podem se vacinar e nos pr�ximos meses h� a expectativa de que crian�as acima dos 6 meses de idade sejam autorizadas a receber imuniza��o.

Nesse caso, as autoridades americanas acreditam que haveria uma verdadeira corrida de pais com seus filhos aos postos de vacina��o e a gest�o Biden n�o est� disposta a correr o risco de n�o ter imunizante para entrega imediata.

Al�m disso, com casos da doen�a no menor patamar em um ano e contando com o clima quente do ver�o nos pr�ximos meses, os americanos se veem em um momento confort�vel em rela��o � epidemia. Mas as autoridades sanit�rias n�o excluem a necessidade de uma dose de refor�o � popula��o quando o inverno chegar, no fim do ano, e caso novas variantes se tornem prevalentes no territ�rio.

Tudo isso faz com que os pa�ses - e suas sociedades civis - se movimentem de forma fren�tica para tentar garantir o que at� agora os americanos se dispuseram a doar. Oficialmente, o Brasil pede por essas doses h� mais de dois meses. Via Twitter, o Embaixador brasileiro em Washington, Nestor Forster, deixou claro o clima, em post no dia 19.

"Junto com outros Embaixadores do Hemisf�rio, encontrei-me hoje com a coordenadora Gayle Smith. Ao agradecer aos Estados Unidos pela coopera��o no combate � Covid-19, ressaltei a import�ncia das vacinas para o Brasil, que sa�da a disposi��o dos Estados Unidos de oferec�-las em breve aos nossos pa�ses", escreveu Forster.

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