
"Isso tudo aconteceu porque eu mandei investigar sem parcialidade o caso Marielle", afirmou o ex-governador, citando uma live de Jair Bolsonaro (sem partido) em que ele foi criticado pelo presidente.
O depoimento de Witzel foi marcado por troca de acusa��es e ofensas com senadores governistas, entre eles Fl�vio Bolsonaro (Patriotas-RJ), filho do presidente.
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Witzel retirou-se antes do fim da sess�o. Ele falou por 4 horas e meia antes de decidir deixar a comiss�o por se sentir desrespeitado por aliados do presidente.
Esse direito foi concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte deu um habeas corpus ao ex-governador, que � r�u por corrup��o passiva e lavagem de dinheiro em fraudes que teriam sido cometidas na �rea da sa�de durante a pandemia.
Witzel foi convocado � CPI justamente para falar sobre o uso de verbas federais na �rea de sa�de do seu Estado. A comiss�o investiga se houve desvio de recursos destinados ao combate � pandemia.
O STF havia liberado o ex-governador de comparecer � comiss�o porque ele tinha sido convocado para falar sobre fatos sobre os quais j� � investigado ou processado. Mesmo assim, Witzel afirmou que iria.
Mas, conforme a decis�o do STF, o ex-governador n�o estava obrigado a falar a verdade e poderia ficar em sil�ncio quando achar conveniente ou se retirar, como acabou de fato fazendo.
O que Witzel disse
Witzel foi eleito em 2018 fazendo campanha para Bolsonaro, mas se desentendeu com o presidente ap�s assumir.
Na campanha, o ex-governador notoriamente apoiava o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), que quebrou a placa em homenagem a Marielle e hoje est� em pris�o domiciliar.
Witzel foi afastado do governo em 2020 e perdeu definitivamente o cargo de governador ao sofrer um impeachment em abril de 2020.
Ele est� proibido de ocupar cargos p�blicos por cinco anos. Entre as acusa��es, havia den�ncias de corrup��o envolvendo propinas pagas por Organiza��es Sociais (OSs) na �rea de sa�de.
Witzel, que sempre negou as acusa��es, disse � CPI que nunca recebeu dinheiro das OSs. "Eu quero saber para quem foi o dinheiro", afirmou. "Eu sa�, e as OSs est�o l�, operando livremente".
"Eu tenho certeza que tem miliciano atr�s disso, e eu corro risco de vida", afirmou � CPI.
Witzel tamb�m declarou que n�o tinha como participar da gest�o de leitos em hospitais federais do Rio de Janeiro, porque eles "t�m dono".
"Os hospitais federais s�o intoc�veis. Se a CPI quebrar os sigilos das OS que gerem os hospitais, vai descobrir quem � o dono dos hospitais", disse.
Questionado sobre quem seria essa pessoa e se Bolsonaro interferiu em seu governo, Witzel disse que s� falaria em uma sess�o reservada, porque as "acusa��es s�o grav�ssimas". A c�pula da CPI ainda vai decidir como vai ouvi-lo reservadamente.
Respondendo ao senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ele afirmou que deputados federais e estaduais organizaram carreatas para pedir que comerciantes abrissem suas lojas no Rio de Janeiro, contrapondo medidas de restri��o adotadas pelo governo do Estado. Ele n�o respondeu se tinha informa��es se milicianos participaram do movimento.
'Sem coopera��o' durante a pandemia
Witzel disse que os governadores "clamaram" ao governo federal por ajuda na pandemia, mas n�o houve coopera��o. "O n�vel de coopera��o foi praticamente zero. O que tivemos foi uma descoopera��o", disse.
Ele afirmou que foi um dos primeiros governadores a implementar medidas de restri��o de circula��o e que um dos pedidos centrais ao governo federal era pela aprova��o do aux�lio emergencial para que a popula��o pudesse ficar em casa.
"Se voc� pede para a popula��o ficar em casa, mas n�o d� condi��es, � mais dif�cil controlar a pandemia", afirmou � CPI.
Witzel declarou que houve persegui��o do governo federal por causa das cr�ticas que fez sobre o gerenciamento da pandemia e que foi retaliado por causa da investiga��o da pol�cia do Rio de Janeiro sobre o assassinato de Marielle.
"Depois disso eu nunca mais fui recebido no Planalto. Encontrei o ministro (da Economia Paulo) Guedes no avi�o e ele virou a cara. 'N�o posso falar com voc�.'", disse Witzel.
O ex-governador falou que o ex-ministro da Justi�a Sergio Moro disse a ele que "o chefe falou" para ele "parar de falar que quer ser presidente" sen�o eles n�o poderiam mais atend�-lo.
Depois disso, disse Witzel, o delegado federal que investigava a quest�o das OSs foi reconvocado pelo Minist�rio da Justi�a e parou de atuar no caso.
Segundo ele, a gest�o Bolsonaro tentou "criar uma narrativa" de que os governadores seriam os culpados pelos preju�zos econ�micos da pandemia.
"Houve uma persegui��o aos governadores, e eu fui a primeira v�tima", afirmou.
Presen�a de Fl�vio Bolsonaro causa confus�o
A presen�a do senador Fl�vio Bolsonaro, que n�o � membro da comiss�o, gerou confus�o durante a CPI. Ele interrompeu o depoimento de Witzel diversas vezes.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) questionou se o ex-governador se sentia intimidado pela presen�a de Fl�vio Bolsonaro ali, ao que o filho do presidente protestou. "Seu pai parece que n�o lhe deu educa��o", disse Calheiros.
Senadores protestaram que Fl�vio estava interrompendo o depoimento sem se inscrever e sem esperar sua vez para falar. Fl�vio disse que estava se defendendo, porque seu nome "foi citado" e o de sua fam�lia.
"Aqui o senhor � senador, n�o filho do presidente", respondeu Rog�rio Carvalho (PT-SE).
Randolfe Rodrigues lembrou Witzel que ele poderia participar de uma sess�o fechada se tivesse informa��es sens�veis para compartilhar.
"Eu n�o tenho problema com a presen�a do senador (Fl�vio Bolsonaro), eu o conhe�o desde garoto. Minha quest�o aqui n�o � pessoal, � de defesa da democracia", afirmou Witzel.
"Discurso bonito", ironizou Fl�vio Bolsonaro.
"Se o senhor fosse um pouquinho mais educado e menos mimado, o senhor teria um pouco de respeito pelo que eu estou falando", respondeu Witzel.
A sess�o foi interrompida a pedido de Witzel, depois de uma discuss�o entre ele e o senador Jorginho Mello (PL-SC).
O ex-governador afirmou que Mello fazia acusa��es levianas. O parlamentar respondeu que "leviano � quem sofreu impeachment.".
Mais tarde, em entrevista � imprensa, Witzel explicou por que deixou o depoimento. "O senador se referiu a mim de forma leviana, at� mesmo chula. Continuei enquanto a sess�o foi civilizada. Quando isso mudou, eu e meus advogados decidimos que era melhor sair."
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