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Estado de Minas PANDEMIA

'Sem a CoronaVac eu n�o estaria aqui': o relato p�s-covid de Ana Maria Braga

A morte do ator Tarc�sio Meira serviu de combust�vel para teorias da conspira��o sobre imunizantes. Apresentadora da TV Globo trouxe a pr�pria experi�ncia para refor�ar a necessidade da vacina��o contra o coronav�rus.


13/08/2021 20:43 - atualizado 14/08/2021 09:08

'Eu acho que o que tem que se discutir é por que essa vacina não chegou antes no Brasil, por que mais gente não está imunizada há mais tempo, para que possa ter menos possibilidade de infecção de outras pessoas?', questionou Ana Maria Braga(foto: Getty Images)
'Eu acho que o que tem que se discutir � por que essa vacina n�o chegou antes no Brasil, por que mais gente n�o est� imunizada h� mais tempo, para que possa ter menos possibilidade de infec��o de outras pessoas?', questionou Ana Maria Braga (foto: Getty Images)
Na abertura do programa matinal Mais Voc�, da TV Globo, a apresentadora Ana Maria Braga trouxe um importante depoimento pessoal sobre a vacina��o contra a covid-19.

 

"Como voc�s sabem, eu tive covid-19 h� um m�s e, se eu n�o estivesse protegida, devido � minha idade e �s minhas comorbidades, provavelmente eu n�o estaria conversando com voc�s agora", declarou.

"Eu tenho certeza de que se eu n�o tivesse tomado as doses de vacina, e eu tomei a CoronaVac, falo tranquilamente, eu provavelmente n�o teria [sobrevivido], como muitos, que n�o tiveram tempo de tomar a vacina", refor�ou.

 

O coment�rio foi motivado pela morte do ator Tarc�sio Meira, anunciada na quinta-feira (12/8), que havia recebido as duas doses contra o coronav�rus no in�cio do ano.

 

A morte do artista de 85 anos serviu de pretexto para que muitas teorias da conspira��o voltassem a circular pelas redes sociais: v�rias postagens afirmam (sem provas) que as vacinas n�o prestam. Alguns desses conte�dos falsos atacam diretamente a CoronaVac, desenvolvida pela farmac�utica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, de S�o Paulo.

 

Se eu n�o tivesse tomado as duas doses da vacina, provavelmente n�o estava aqui hoje https://t.co/Aa6fGDBXEv

 

— Ana Maria Braga (@ANAMARIABRAGA) August 13, 2021


 

Segundo essa linha de racioc�nio completamente errada, o que aconteceu Meira seria "a prova" de que esses produtos n�o funcionam.

 

Mas a realidade mostra justamente o contr�rio: os estudos cient�ficos j� nos apontam h� meses que as vacinas contra a covid-19 t�m uma boa efic�cia para barrar os casos mais graves da doen�a. � claro que elas n�o s�o 100% eficazes — como, ali�s, nenhum imunizante �, mesmo aqueles que est�o dispon�veis h� d�cadas para outras enfermidades, como sarampo, gripe e catapora.

 

Outro ensinamento importante � que todos devem continuar se cuidando com o distanciamento f�sico e o uso de m�scaras, at� que uma grande porcentagem da popula��o esteja vacinada e a pandemia fique controlada, com n�meros de casos e mortes bem baixos.

 

"Enquanto n�o tivermos uma boa parcela imunizada, n�o d� pra relaxar nas medidas preventivas", recomenda a m�dica Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imuniza��es (SBIm).


Tarcísio Meira morreu por complicações da covid-19(foto: TV Globo/Divulgação)
Tarc�sio Meira morreu por complica��es da covid-19 (foto: TV Globo/Divulga��o)

Uma resposta bastante complicada

Independentemente do tipo de tecnologia usada, as vacinas t�m um objetivo principal: fazer com que nosso sistema imune seja exposto com seguran�a a um v�rus ou a uma bact�ria (ou pedacinhos espec�ficos deles).

 

A partir desse primeiro contato, que n�o vai prejudicar a sa�de, nossas c�lulas de defesa geram uma resposta, capaz de deixar o organismo preparado caso o agente infeccioso de verdade resolva aparecer.

 

Acontece que esse processo imunol�gico � extremamente complicado e envolve um enorme batalh�o de c�lulas e anticorpos. A resposta imune, portanto, pode variar consideravelmente segundo o tipo de v�rus, a capacidade de muta��es que ele tem, a forma como � desenvolvida a vacina, as condi��es de sa�de da pessoa…

 

No meio de todos esses processos, portanto, � muito dif�cil desenvolver um imunizante que seja capaz de evitar a infec��o em si, ou seja, bloquear a entrada do causador da doen�a nas nossas c�lulas.

 

"Mesmo nos casos em que a vacina n�o consegue prevenir a infec��o, muitas vezes a resposta imune criada a partir dali pode tornar os sintomas menos graves nas pessoas que foram imunizadas, prevenindo assim doen�as mais severas e �bitos", diz a epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Sabin de Vacinas, nos Estados Unidos.

 

Isso ocorre, por exemplo, com as vacinas contra o rotav�rus e a gripe: quem as toma pode at� se infectar, mas o risco de desenvolver formas mais graves da doen�a � reduzido consideravelmente.

 

Ou seja, elas aprimoram e modificam alguns aspectos do sistema imune que n�o chegam a bloquear a a��o do v�rus no organismo, mas ao menos impedem que ele se replique numa velocidade muito alta e cause estragos que afetam a sa�de de forma preocupante.

 

E esse poderio � valios�ssimo quando pensamos em termos de sa�de p�blica. Desde 2006, o uso amplo e sistem�tico do imunizante contra o rotav�rus nos Estados Unidos, por exemplo, reduziu em 90% a necessidade de levar crian�as ao hospital para tratar infec��es relacionadas a esse agente.

 

Tal racioc�nio tamb�m se aplica nas campanhas contra a gripe. As pessoas que tomam a dose anual podem at� pegar o influenza (o v�rus causador dessa doen�a), mas a probabilidade de desenvolver complica��es que exigem interna��o cai consideravelmente.

 

E isso � bom para o indiv�duo, que n�o desenvolve esses problemas, e para o sistema de sa�de, que n�o fica abarrotado de pacientes no outono e no inverno.

Como est� a situa��o na pandemia atual?

Todos os imunizantes contra a covid-19 j� dispon�veis foram testados para medir a capacidade de evitar os casos graves, que est�o relacionados ao risco maior de hospitaliza��o, intuba��o e morte.

 

Os produtos que ganharam o aval das ag�ncias regulat�rias foram bem-sucedidos nos estudos feitos ao longo de 2020 e 2021. Podemos dizer que eles reduzem significativamente (mas n�o eliminam) o risco de desenvolver os sintomas mais graves, que exigem tratamentos intensivos.


As vacinas têm uma boa eficácia, mas elas não protegem 100% contra nenhuma doença(foto: Getty Images)
As vacinas t�m uma boa efic�cia, mas elas n�o protegem 100% contra nenhuma doen�a (foto: Getty Images)

Alguns, como os da Pfizer/BioNTech e da Moderna, v�o al�m e previnem at� a transmiss�o do v�rus, como mostram as campanhas de vacina��o em Israel e nos Estados Unidos.

 

Mas � preciso refor�ar aqui o termo "redu��o de riscos": nenhuma vacina � 100% eficaz, e algumas pessoas que recebem as doses podem, infelizmente, desenvolver as formas mais graves da doen�a ou morrer, como foi o caso de Tarc�sio Meira.

 

E esse risco � ainda maior em meio ao descontrole pand�mico. Quanto mais o v�rus circula numa comunidade, maior o risco de as pessoas j� vacinadas entrarem em contato com ele e eventualmente se infectarem.

 

E foi isso o que provavelmente aconteceu com Meira e muitos dos brasileiros que j� receberam as duas doses mas, mesmo assim, pegaram a covid-19: como a transmiss�o do v�rus continua alt�ssima em todo o pa�s, o risco de epis�dios como esses s� aumenta.

 

Al�m dos cuidados individuais de preven��o (como o uso de m�scaras e o distanciamento f�sico), as autoridades discutem e avaliam tamb�m a possibilidade de aplicar uma terceira dose em alguns indiv�duos, especialmente os mais idosos e aqueles com a imunidade comprometida.

Ganho individual ou um bem coletivo?

Quando tomamos uma vacina, sempre pensamos em nossa pr�pria sa�de: na maioria das vezes, o objetivo � diminuir o risco de pegar determinada doen�a infecciosa. Mas precisamos ter em mente que o benef�cio da vacina��o vai muito al�m de n�s mesmos. Quando nos protegemos, estamos beneficiando por tabela toda a sociedade.

 

Afinal, o imunizante pode quebrar as cadeias de transmiss�o de um v�rus (quando ele � capaz de prevenir a infec��o) ou diminuir o risco de superlota��o dos leitos hospitalares (quando ele minimiza as chances de evolu��o para os quadros mais graves).

 

Mas h� um detalhe importante nessa hist�ria. Esses efeitos positivos s� costumam ser sentidos quando uma parcela consider�vel da popula��o est� efetivamente imunizada.

 

Esse � o cen�rio que se avizinha em locais como Israel, Estados Unidos e Reino Unido, que j� aplicaram as vacinas contra a covid-19 em praticamente metade dos cidad�os: os registros de �bitos, hospitaliza��es e at� de casos nesses locais v�m caindo consideravelmente e j� � poss�vel falar de um controle da pandemia, apesar de as novas variantes do coronav�rus representarem uma amea�a a essa poss�vel luz no fim do t�nel.

 

"A vacina �, principalmente, um bem coletivo. E esse impacto individual, de prote��o contra determinada doen�a ou suas formas mais graves, cresce � medida que uma maior parte da popula��o � vacinada", explica Garrett.

 

Fica f�cil entender isso quando analisamos o que aconteceu com outras doen�as. O Brasil s� eliminou o sarampo, por exemplo, quando ultrapassou e mantive a marca de 95% da popula��o imunizada por alguns anos. "Bastou essa cobertura vacinal ca�sse um pouco para que essa doen�a voltasse com tudo em 2017 e 2018", lembra Ballalai.


Junto com a a vacinação, o distanciamento físico e o uso de máscara estão entre as ações essenciais para o controle da pandemia(foto: Getty Images)
Junto com a a vacina��o, o distanciamento f�sico e o uso de m�scara est�o entre as a��es essenciais para o controle da pandemia (foto: Getty Images)

No caso da covid-19, nosso pa�s est� ainda muito longe de obter qualquer avan�o significativo no controle de casos e mortes. Por ora, cerca de 22% da popula��o est� completamente imunizada contra a covid-19, o que ainda � muito pouco do ponto de vista coletivo. "Ainda temos muito ch�o pela frente para come�armos a observar uma melhora nesse cen�rio", destaca a vice-presidente da SBIm.

 

S� quando essa taxa de vacinados subir muitos e muitos pontos percentuais (o que s� deve acontecer l� para o final de 2021 e in�cio de 2022), � que ser� poss�vel aventar a possibilidade de uma imunidade coletiva.

 

Isso, claro, depende n�o apenas da entrega de novos lotes dos imunizantes, mas tamb�m da participa��o ativa de todos os brasileiros, que precisam ir aos postos de sa�de para tomar a primeira e a segunda dose quando forem convocados.

 

Al�m disso, estamos num momento bastante delicado da pandemia, e todos n�s (vacinados e n�o vacinados) devemos continuar a respeitar aquelas medidas n�o farmacol�gicas, como o distanciamento f�sico, o uso de m�scaras (de prefer�ncia a PFF2 ou a N95), a lavagem de m�os e a aten��o extra com a circula��o de ar pelos ambientes fechados.

 

Diante de todos os fatos e evid�ncias, o que aconteceu com Tarc�sio Meira, portanto, n�o deve ser encarado como motivo para desconfiar ou negar as vacinas, muito pelo contr�rio. Os epis�dios s� refor�am e confirmam a necessidade de que cada um fa�a a sua parte para que a pandemia seja controlada e possa virar, em breve, um assunto restrito �s mem�rias e aos livros de hist�ria.

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