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Estado de Minas PANDEMIA

Por que vacinados ainda podem pegar covid (e n�o � falha do imunizante)

An�ncios de famosos que se infectaram com coronav�rus nas �ltimas semanas, mesmo ap�s tomarem duas ou tr�s doses, servem de muni��o para not�cias falsas sobre efetividade das vacinas. Entenda como imunizantes continuam a proteger, especialmente contra quadros graves de covid.


04/01/2022 05:22 - atualizado 04/01/2022 10:14


Enfermeira segura vacina e ampola
Os imunizantes contra a covid-19 continuam a funcionar para aquilo que eles foram desenvolvidos: a preven��o de casos mais graves da doen�a, que causam hospitaliza��o e morte. (foto: Getty Images)

O cantor Caetano Veloso, o ex-jogador Ronaldo Fen�meno, a apresentadora Ma�sa, o ator Marcelo Serrado, o influenciador Casimiro Miguel… V�rias personalidades divulgaram que receberam um diagn�stico positivo para covid-19 nos �ltimos dias.

A maioria absoluta j� estava vacinada com duas ou tr�s doses da vacina e alguns est�o infectados pela segunda vez.

Os an�ncios serviram de combust�vel para a cria��o (ou a reciclagem) de not�cias falsas, que acusam os imunizantes de n�o funcionarem como o esperado.

As not�cias tamb�m levantaram algumas d�vidas na cabe�a das pessoas: se as vacinas s�o efetivas, como � que tanta gente pegou covid?

Antes de mais nada, � preciso esclarecer que os dados oficiais e os estudos cient�ficos s�o bem claros e oferecem respostas para esse e outros questionamentos. Mesmo com o avan�o da variante �micron, os imunizantes contra a covid-19 continuam a funcionar para aquilo que eles foram desenvolvidos: a preven��o de casos mais graves da doen�a, que causam hospitaliza��o e morte.

Entenda a seguir como cientistas, m�dicos e institui��es de sa�de seguem confiando no poderio das vacinas testadas e aprovadas em v�rias partes do mundo — e como elas est�o ajudando a conter a pandemia.

A falsa controv�rsia ganha terreno

Diante das not�cias das celebridades infectadas e dos recordes di�rios de novos casos de covid-19 em pa�ses como Estados Unidos, Fran�a e Reino Unido, a efetividade das vacinas voltou a virar motivo de discuss�o nas redes sociais.

No Brasil, uma das postagens que geraram mais pol�mica foi um tu�te da advogada Janaina Paschoal, deputada estadual em S�o Paulo pelo Partido Social Liberal (PSL).

Ela escreveu: "Vivemos um momento t�o intrigante, que pessoas vacinadas, com todas as doses, pegam covid-19 e recomendam a vacina��o. Parece piada. Ningu�m acha, no m�nimo, curioso?"

At� o fechamento desta reportagem, a publica��o j� contava com mais de 14 mil curtidas e 6 mil compartilhamentos.


Janaína Paschoal
A deputada Janaina Paschoal disse que j� incentivou a vacina��o em v�rios momentos (foto: PEDRO FRAN�A/AG�NCIA SENADO)

A BBC News Brasil entrou em contato com a deputada Janaina Paschoal, que enviou uma nota de esclarecimentos a respeito da pol�mica ap�s a postagem no Twitter:

"Nunca neguei a doen�a, sempre estimulei comportamentos respons�veis e, em v�rios momentos, incentivei a vacina��o. N�o obstante, penso que a din�mica preponderante no Brasil n�o � saud�vel", escreve.

A deputada acredita que "existe uma veda��o em se debater a efic�cia e os efeitos adversos das vacinas".

"Querem impor a vacina��o, mediante a veda��o de direitos b�sicos, como sa�de, educa��o e trabalho, como se os vacinados n�o pegassem ou n�o transmitissem a covid. N�o sou contr�ria � vacina��o. Sou contr�ria � imposi��o e � obstru��o do debate", finalizou.

Sobre os eventos adversos das vacinas mencionados por Paschoal, as ag�ncias regulat�rias e diversas entidades cient�ficas nacionais e internacionais s�o un�nimes em afirmar que as doses contra a covid s�o seguras para pessoas com mais de 5 anos.

At� o momento, os principais efeitos colaterais observados s�o leves e passam naturalmente ap�s alguns dias. Entre os principais inc�modos listados, destacam-se: dor e vermelhid�o no local da picada, febre, dor de cabe�a, cansa�o, dor muscular, calafrios e n�useas.

Os eventos mais graves, como anafilaxia, trombose, pericardite e miocardite (inflama��es no cora��o), s�o consideradas raros pelas autoridades — e os benef�cios de tomar as doses superam, de longe, os riscos observados, asseguram as ag�ncias.

J� a respeito da discuss�o sobre a efic�cia e o fato de indiv�duos vacinados pegarem e transmitirem o coronav�rus, o pediatra e infectologista Renato Kfouri esclarece que a primeira leva de vacinas contra a covid-19, da qual fazem parte CoronaVac e os produtos desenvolvidos por Pfizer, AstraZeneca, Janssen, entre outras, tem como objetivo principal reduzir o risco desenvolver as formas mais graves da doen�a, que est�o relacionados a hospitaliza��es e mortes.

"As vacinas protegem muito melhor contra as formas mais graves do que contra as formas moderadas, leves ou assintom�ticas da covid. Quanto mais grave o desfecho, maior a efic�cia delas", resume Renato Kfouri, que � diretor da Sociedade Brasileira de Imuniza��es (SBIm).

A meta principal desses imunizantes, portanto, nunca foi barrar a infec��o em si, mas tornar essa invas�o do coronav�rus menos danosa ao organismo.

Esse mesmo racional se aplica � vacina contra a gripe, dispon�vel h� d�cadas. A dose, oferecida todos os anos, n�o previne necessariamente a infec��o pelo v�rus influenza, mas evita as complica��es frequentes nos grupos mais vulner�veis, como crian�as, gestantes e idosos.

Analisando o cen�rio mais amplo, essa prote��o contra as formas mais severas t�m um impacto direto em todo o sistema de sa�de: diminuir a gravidade das infec��es respirat�rias � sin�nimo de prontos-socorros menos lotados, maior disponibilidade de leitos de enfermaria ou UTI e, claro, mais tempo para a equipe de sa�de tratar os pacientes de forma adequada.

E os dados mostram que as vacinas est�o cumprindo muito bem esse papel: de acordo com o Fundo Commonwealth, a aplica��o das doses contra o coronav�rus evitou, at� novembro de 2021, um total de 1,1 milh�o de mortes e 10,3 milh�es de hospitaliza��es s� nos Estados Unidos.

J� o Centro de Controle e Preven��o de Doen�as da Europa (ECDC) e a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) calculam que 470 mil indiv�duos com mais de 60 anos tiveram as vidas salvas em 33 pa�ses do continente desde que a vacina��o contra a covid come�ou por l�.

O que explica a situa��o atual?

Mesmo diante das informa��es sobre o papel principal dos imunizantes, � ineg�vel que a frequ�ncia de reinfec��es ou de diagn�sticos positivos entre vacinados aumentou nos �ltimos tempos. E isso pode ser explicado por tr�s fatores.

O primeiro deles � simples: acabamos de sair do per�odo de Natal e R�veillon, em que as pessoas se aglomeram e fazem festas. Isso, por si s�, j� aumenta o risco de transmiss�o do coronav�rus.

Segundo, passado praticamente um ano desde que as doses come�aram a ficar dispon�veis em algumas partes do mundo (inclusive no Brasil), os especialistas aprenderam que a imunidade contra a covid p�s-vacina��o n�o dura para sempre.

"Com o passar do tempo, vimos que o n�vel de prote��o cai. Essa queda vai ser maior ou menor dependendo do tipo de vacina e da idade de cada indiv�duo", explica Kfouri.

"Isso deixou evidente a necessidade da aplica��o de uma terceira dose, primeiro para os idosos e imunossuprimidos, depois para toda a popula��o adulta", complementa o m�dico.


Profissional de saúde cuida de paciente intubada
Vacinas protegem (e continuam a proteger) contra as formas mais graves de covid, relacionadas � hospitaliza��o e morte (foto: Getty Images)

O terceiro fator tem a ver com a chegada da variante �micron, que � mais transmiss�vel e tem capacidade de "driblar" a imunidade obtida com as vacinas ou com um quadro pr�vio de covid.

"Diante disso, a infec��o em indiv�duos vacinados deve ser vista como algo absolutamente comum e vamos precisar aprender a conviver com essa situa��o", acredita Kfouri.

"Felizmente, esse aumento recente de casos de covid tem se traduzido numa menor taxa de hospitaliza��o e mortes, especialmente entre indiv�duos que j� foram vacinados", observa o diretor da SBIm.

"Ou seja: a vacina continua protegendo contra as formas mais graves, como esperado", conclui.

Os gr�ficos do Centro de Controle e Preven��o de Doen�as dos Estados Unidos (CDC) mostram claramente esse efeito das vacinas na pr�tica.

Como voc� confere abaixo, a taxa de hospitaliza��es por covid-19 entre os n�o vacinados (linha azul) � muito superior quando comparada aos indiv�duos que haviam recebido suas doses (linha verde) at� novembro.

Ainda de acordo com o CDC, algo parecido acontece com o risco de infec��o e de morte pelo coronav�rus.

At� outubro, indiv�duos n�o vacinados (linha preta) tinham um risco 10 vezes maior de testar positivo e um risco 20 vezes superior de morrer por covid na compara��o com quem j� havia recebido a dose de refor�o (linha azul escuro).

Mas o que aconteceu mais recentemente, a partir de dezembro, com a chegada da variante �micron? Mais atualizados, os gr�ficos do sistema de sa�de de Nova York, tamb�m nos EUA, mostram uma diferen�a gritante.

A partir do in�cio de dezembro, a curva de casos, hospitaliza��es e mortes na cidade sobe vertiginosamente entre os n�o vacinados (linha roxa), e se mant�m est�vel, ou com um ligeiro aumento, entre quem tomou as doses (linha laranja), como voc� pode conferir nas tr�s imagens a seguir:

Num relat�rio recente, a Ag�ncia de Seguran�a em Sa�de do Reino Unido chegou a uma conclus�o parecida.

Uma das an�lises inclu�da no artigo foi feita na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e mostra que, caso o indiv�duo seja infectado com a �micron, o risco de hospitaliza��o � 81% menor se ele tiver tomado as tr�s doses do imunizante.

J� uma segunda pesquisa, feita pela pr�pria ag�ncia, demonstra que as tr�s aplica��es de vacinas t�m uma efetividade de 88%, embora ainda n�o se saiba quanto tempo dura essa prote��o e se haver� necessidade de refor�os nos pr�ximos meses.

Infelizmente, n�o existem dados semelhantes sobre a realidade brasileira — os ataques aos sistemas de inform�tica do Minist�rio da Sa�de no in�cio de dezembro ainda n�o foram 100% resolvidos e impossibilitam o acesso aos n�meros de hospitaliza��es e mortes por infec��es respirat�rias das �ltimas semanas.

Para Kfouri, todas essas evid�ncias s� refor�am a import�ncia da vacina��o num contexto de circula��o da �micron e aumento de casos.

"� absolutamente errado pensar que n�o adianta tomar as doses porque todos v�o ficar doentes mesmo assim. A vacina consegue transformar a covid numa enfermidade mais simples, que pode ser tratada em casa na maioria das vezes", afirma.

"S� vamos sair da pandemia com uma alta cobertura vacinal da popula��o, incluindo as crian�as, e o respeito aos cuidados b�sicos, como o uso de m�scaras, a preven��o de aglomera��es e a lavagem das m�os", completa o especialista.

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