
Festas de final e in�cio de ano, avan�o da variante �micron pelo mundo, recordes de novos casos em v�rios pa�ses, aus�ncia de uma pol�tica de testagem... Esses s�o alguns dos fatores que levantam suspeitas de que o Brasil possa estar vivendo uma "onda silenciosa" de novas infec��es pelo coronav�rus nesse in�cio de 2022.
Para completar o cen�rio, os sistemas de inform�tica do Minist�rio da Sa�de ainda n�o foram 100% recuperados de um ataque hacker realizado no in�cio de dezembro, o que impede an�lises mais atualizadas sobre o atual cen�rio da pandemia nas �ltimas tr�s semanas.
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Embora a m�dia m�vel de novos casos de COVID-19 ainda esteja bem abaixo do que foi registrado entre mar�o e junho de 2021, alguns locais j� lidam com o aumento da chegada de pacientes com sintomas respirat�rios em postos de sa�de e prontos-socorros nos �ltimos dias.
Mas o que fazer se voc� est� com sintomas t�picos da doen�a, como febre, tosse, coriza, dor no corpo, diarreia ou perda de olfato e paladar? Confira abaixo seis orienta��es b�sicas para proteger a pr�pria sa�de e a comunidade ao redor.
1. Busque o diagn�stico
O m�dico Jos� David Urbaez Brito, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) do Distrito Federal, destaca a import�ncia da testagem para detectar adequadamente a COVID-19.
"Sempre que voc� apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, como tosse, coriza, dor de garganta, entre outros, � essencial procurar o diagn�stico correto", ressalta.
Nesse caso, o ideal � passar por um exame capaz de detectar o coronav�rus (ou partes dele, como o material gen�tico), caso dos testes de ant�geno ou do RT-PCR.
Esses m�todos tamb�m est�o indicados caso voc� teve contato com algu�m que est� com suspeita ou recebeu o diagn�stico de COVID-19 nos �ltimos 14 dias.
De acordo com o site do Centro de Controle e Preven��o de Doen�as (CDC) dos Estados Unidos, esses exames ainda servem para voc� poder viajar de avi�o e entrar em alguns estabelecimentos, al�m de serem utilizados em estudos populacionais e ajudarem no controle de infec��o em locais como escolas e postos de trabalho.
Os testes de ant�geno s�o um pouco menos precisos, mas costumam dar o resultado em 15 a 30 minutos. J� o RT-PCR � considerado padr�o-ouro para a detec��o da doen�a, por�m o laudo demora alguns dias para ficar pronto, informa o CDC americano.

Se o resultado for negativo (ou seja, voc� n�o est� com COVID-19), � poss�vel retomar as atividades, seguindo os cuidados b�sicos, como usar m�scaras, evitar aglomera��es e tomar a vacina (caso ainda n�o tenha completado o esquema de duas ou tr�s doses).
Agora, se o resultado for positivo (o que significa que voc� est� com COVID-19), � importante obedecer as orienta��es b�sicas detalhadas abaixo.
2. Fa�a o isolamento
A transmiss�o do coronav�rus acontece atrav�s de got�culas e aeross�is de saliva, que saem do nariz e da boca de algu�m infectado e invadem o organismo dos indiv�duos que est�o num mesmo ambiente.
A melhor maneira de resguardar as outras pessoas, portanto, � evitar o contato com elas.
Se voc� divide a casa com familiares e amigos, � importante que todos usem m�scaras de boa qualidade, especialmente quando estiver pr�ximo deles ou no mesmo c�modo — se poss�vel, tente ficar afastado dos demais moradores e n�o compartilhe o mesmo banheiro ou objetos de uso pessoal, como talheres, copos e toalhas.

Atualmente, h� uma controv�rsia de quanto tempo deve durar esse per�odo de retiro entre infectados. No dia 27 de dezembro, o CDC dos EUA mudou a orienta��o e passou a pedir que indiv�duos com COVID-19 fiquem isolados por apenas cinco dias.
Em outros pa�ses, como Reino Unido e Austr�lia, o per�odo de isolamento varia entre sete a dez dias, contados a partir do resultado positivo de um exame ou do in�cio dos sintomas.
A m�dica Sylvia Lemos Hinrichsen, consultora de biosseguran�a da SBI, entende que o momento atual exige uma certa cautela.
"Com o avan�o da �micron e o aumento de casos, me parece prudente seguir respeitando esse tempo de sete a dez dias", avalia.
Urbaez Brito concorda. "Continua em p� a recomenda��o de ficar em isolamento por at� dez dias, desde que no nono dia voc� n�o tenha mais sintomas."
Como o pr�prio nome j� adianta, isolamento significa n�o sair de casa para quase nada — a �nica exce��o s�o as consultas m�dicas ou as visitas ao pronto-socorro, se necess�rio.
3. Avise seus contatos pr�ximos
O terceiro passo da lista � ligar ou mandar uma mensagem para as pessoas com quem voc� interagiu durante os 14 dias anteriores ao diagn�stico positivo de COVID-19.
Muito provavelmente, voc� j� estava infectado antes de desenvolver os sintomas iniciais (como tosse, dor de garganta, febre, mal estar e dor no corpo). H�, portanto, um risco nada desprez�vel de que voc� tenha passado o coronav�rus para esses contatos pr�ximos.
Ao comunic�-los de que voc� est� com COVID-19, eles podem ficar mais atentos aos sintomas e fazer um teste — caso tamb�m estejam com a doen�a, eles devem fazer o isolamento, o que evita a cria��o de novas cadeias de transmiss�o na comunidade.
Caso voc� tenha filhos ou seja o tutor de uma crian�a ou um adolescente que est� com COVID-19, avise a escola (se ele estiver frequentando as aulas presenciais) para que o restante da turma, os professores e os funcion�rios tamb�m estejam cientes e se cuidem.

� importante tamb�m notificar a chefia e o departamento de recursos humanos da empresa onde voc� trabalha, principalmente se voc� teve contato com algum outro funcion�rio nos dias que antecederam o diagn�stico.
"No meio de uma pandemia, avisar os contatos pr�ximos ap�s testar positivo � uma atitude respons�vel e �tica, porque permite que as pessoas se planejem e fiquem mais atentas � pr�pria sa�de", avalia Hinrichsen.
4. Monitore os sintomas
Na maioria das vezes, os inc�modos iniciais da COVID-19, como febre, tosse, cansa�o, dor de garganta, desconforto e diarreia, tendem a melhorar com o tempo.
Fique de olho em todos os sintomas durante o per�odo de isolamento e procure ajuda profissional caso eles piorem (ou surjam manifesta��es novas e inesperadas).
"Esse cuidado � essencial, ainda mais quando pensamos em idosos ou pacientes com comorbidades", orienta Hinrichsen.
"Um indiv�duo de mais de 60 anos com diarreia, por exemplo, pode sofrer uma desidrata��o ou desenvolver uma pneumonia pelo ac�mulo de secre��es nos pulm�es muito rapidamente", completa a m�dica.
Se existir a possibilidade, a consultora da SBI sugere que as pessoas infectadas tenham em casa um ox�metro.
Esse pequeno aparelho mede a quantidade (ou a satura��o) de oxig�nio no sangue e pode soar o alarme antecipado de uma complica��o pulmonar antes de aparecerem sintomas mais graves da COVID-19, como a falta de ar.
"A satura��o do oxig�nio deve ser superior a 95%. Se a pessoa v� que esse n�mero est� em 98% e come�a a cair para 97%, 96%, 95% e 94%, isso j� serve de alerta para procurar um servi�o de sa�de", diz.
"Al�m de fazer a oximetria duas vezes ao dia, � necess�rio buscar o pronto-socorro imediatamente se o paciente com COVID-19 est� com febre e dores musculares muito intensas, especialmente ap�s o sexto ou s�timo dia de in�cio dos sintomas", acrescenta Urbaez Brito.
"Nesses casos, � poss�vel fazer uma interven��o com oxig�nio e alguns medicamentos, como antiinflamat�rios e terapias contra a trombose, que diminuem a taxa de letalidade", complementa o infectologista.
5. Repouse e capriche na hidrata��o
Os especialistas consultados pela BBC News Brasil tamb�m pedem muita aten��o com os an�ncios de tratamentos e receitas caseiras para "curar" a COVID-19 — a grande maioria dessas interven��es sequer foram avaliadas em estudos cient�ficos e n�o s�o recomendadas pelas ag�ncias de sa�de nacionais e internacionais.
Alguns rem�dios al�ados � fama desde o in�cio da pandemia como supostos "tratamentos precoces", caso de hidroxicloroquina, ivermectina e nitazoxanida, at� chegaram a ser pesquisados, mas n�o mostraram efetividade alguma contra o coronav�rus.
Atualmente, existem medicamentos antivirais contra a COVID-19 aprovados em alguns pa�ses, mas eles ainda n�o est�o dispon�veis no Brasil.
Diante desse cen�rio, a recomenda��o para quem testou positivo nos �ltimos dias e est� com sintomas leves � fazer repouso e beber bastante �gua.
"A hidrata��o intensa ajuda a diluir as citocinas [mol�culas inflamat�rias] e elimin�-las pelos rins", ensina Urbaez Brito.

Se voc� est� com febre, dor no corpo ou na cabe�a, � poss�vel usar algum rem�dio isento de prescri��o para aliviar esses inc�modos, desde que voc� n�o tenha nenhuma contra-indica��o.
"Os mais comuns s�o o paracetamol ou a dipirona", exemplifica o infectologista.
Mas � primordial consultar um m�dico se esses sintomas persistirem ou piorarem.
6. Tome a vacina ap�s a recupera��o
Os imunizantes s�o indicados inclusive para quem j� teve COVID-19, pois eles s�o uma maneira segura e efetiva de estimular o sistema imune e aumentar o n�vel de anticorpos.
Mas a aplica��o da vacina n�o deve acontecer em indiv�duos que testaram positivo recentemente: a orienta��o do Minist�rio da Sa�de � contar 30 dias a partir da data de in�cio dos sintomas (ou do resultado positivo do exame) para, a� sim, receber a dose.

"Se eu estou com o coronav�rus, meu sistema imune est� trabalhando para me livrar daquela infec��o. Com isso, ele n�o vai ser t�o efetivo assim para produzir os anticorpos ap�s a vacina��o. Por isso � importante respeitar esse intervalo de um m�s", explica Hinrichsen.
Que fique claro: aguardar esse tempo � apenas um cuidado extra para maximizar a resposta do sistema imunol�gico e garantir o m�ximo de prote��o contra novos quadros de covid no futuro.
E essa recomenda��o vale para qualquer etapa do esquema vacinal: se chegou a data de voc� tomar a primeira, a segunda ou a terceira dose e est� com covid, aguarde o tempo preconizado de 30 dias antes de ir ao posto de sa�de.
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