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Estado de Minas CHECAMOS

Checamos: Argentina, a desinforma��o de um v�deo viral sobre a pandemia

Imagens descrevem panorama preocupante na Economia e na Sa�de, mas maior parte das informa��es � falsa


25/08/2020 17:57 - atualizado 28/08/2020 08:44

“Algo grave est� acontecendo na Argentina e o mundo n�o sabe disso”, come�a um v�deo visualizado milhares de vezes em redes sociais desde meados de agosto. 


A sequ�ncia, dublada em diversos idiomas, descreve um panorama preocupante: a economia em ru�nas, as institui��es paralisadas e autoridades que se aproveitaram da pandemia de COVID-19 para governar “sem nenhum tipo de controle”.

No entanto, a maior parte das informa��es do v�deo � enganosa ou falsa. Al�m disso, a grava��o utiliza dados e fatos reais para fazer generaliza��es ou tir�-los de contexto.


O v�deo foi visualizado mais de 7 mil vezes no Facebook (1, 2, 3), Twitter (1, 2, 3), Instagram e YouTube, desde o �ltimo dia 14 de agosto. “Algo grave est� acontecendo na Argentina... j� agradeceu hoje a Deus por ter o privil�gio de ter Jair Bolsonaro como nosso Presidente?”, diz uma das postagens.

Com pouco mais de um minuto e meio de dura��o, o conte�do circula tamb�m com o �udio dublado em outros idiomas como espanhol, ingl�s, alem�o, holand�s e franc�s.


Verificamos, abaixo, as principais afirma��es do v�deo viral:

“Os argentinos est�o h� mais de 120 dias em confinamento. N�o � somente o mais longo do mundo, como tamb�m o mais in�til”.  Enganoso


No �ltimo dia 20 de mar�o, o governo argentino decretou o isolamento obrigat�rio para combater a pandemia de covid-19. Esta medida realmente se estende h� mais de 120 dias. No entanto, desde ent�o, as normas foram flexibilizadas, sendo aplicadas de maneira muito diferente nas prov�ncias do pa�s, dependendo da situa��o epidemiol�gica local.

Al�m disso, medidas de isolamento semelhantes, em suas caracter�sticas e dura��o, tamb�m foram implementadas em outros pa�ses.

Na Col�mbia, o confinamento obrigat�rio entrou em vigor apenas cinco dias depois do que na Argentina, e continua vigente ao menos at� 30 de agosto. Na Venezuela, o confinamento decretado em 16 de mar�o foi prorrogado pela quinta vez no in�cio de agosto.

Em 1º de julho, o Peru iniciou uma sa�da gradual do confinamento, que havia come�ado cinco dias antes do que na Argentina, em 15 de mar�o. No entanto, em 12 de agosto o governo decidiu retomar as restri��es devido a um aumento no n�mero de casos.

No Chile, as medidas restritivas tamb�m come�aram em meados de mar�o, em uma estrat�gia de “quarentena progressiva” que incluiu o fechamento de fronteiras, toques de recolher, a suspens�o de aulas e tamb�m o confinamento total em algumas regi�es. Em 17 de agosto, ap�s 143 dias de quarentena, a capital chilena se uniu a outros distritos em uma fase de reabertura.

Na �frica do Sul, autoridades impuseram um confinamento controlado por for�as militares em 26 de mar�o. A quarentena neste pa�s, o mais afetado do continente pela crise da covid-19, estava prevista para durar tr�s semanas, mas se estendeu at� 1º de junho, sendo retomada em 12 de julho ap�s um aumento no n�mero de cont�gios.

Algumas das restri��es, que inclu�am a proibi��o da venda de �lcool e tabaco, foram suspensas em 18 de agosto, mas o pa�s ainda mant�m o toque de recolher noturno e suas fronteiras permanecem fechadas.

Nas Filipinas, onde a popula��o enfrenta a pandemia em confinamento desde 16 de mar�o, aconteceu algo semelhante: frente ao aumento de casos de covid-19, no in�cio de agosto, o governo decidiu que a capital e quatro outras prov�ncias voltassem ao regime de confinamento que havia terminado em junho.

Na Argentina, o confinamento foi implementado em uma s�rie de fases, que previam um avan�o gradual at� uma etapa de maior flexibilidade.

Enquanto os distritos com mais cont�gios permanecem ou retrocedem a n�veis mais restritos de confinamento, outros t�m avan�ado para maiores n�veis de abertura. At� na cidade de Buenos Aires e nos 40 distritos que a rodeiam, onde se concentram mais de 90% dos casos no pa�s, o governo tem implementado uma reabertura progressiva das atividades.

“Os casos [de covid-19] nunca pararam de crescer”: Verdadeiro


Segundo os relat�rios epidemiol�gicos das autoridades sanit�rias argentinas, o n�mero de casos confirmados de covid-19 a n�vel nacional n�o parou de crescer desde 3 de mar�o, quando foi registrado o primeiro cont�gio.

A tend�ncia crescente na quantidade de cont�gios se repete, contudo, em v�rios pa�ses da Am�rica Latina, a primeira �rea do mundo com mais v�timas da covid-19, e cuja economia vem sendo fortemente afetada pela pandemia.

Na regi�o, Chile, Panam�, Peru, Brasil, Bol�via e Col�mbia superam a Argentina em total de casos por milh�o de habitantes.

“O Congresso e a Justi�a est�o praticamente paralisados”. Falso


O v�deo viralizado afirma que “o presidente e muitos governadores tiram vantagem do coronav�rus e governam sem nenhum tipo de controle”, situa��o que compara com a vivida na ditadura militar argentina (1976-1983).

Embora o Poder Executivo tenha implementado, desde o in�cio da pandemia, diversas medidas atrav�s de decretos e resolu��es, isso n�o significa que o Congresso esteja paralisado.

Segundo um informe elaborado pela ONG Directorio Legislativo, durante o primeiro semestre do per�odo legislativo de 2020, o Congresso argentino sancionou seis leis. Cinco delas foram apresentadas pelo Poder Legislativo e uma pelo Executivo. Destas cinco, tr�s estavam relacionadas diretamente � pandemia (1, 2, 3).

O documento sinaliza que “o trabalho parlamentar diminuiu notavelmente ap�s a implementa��o do Isolamento Social Preventivo e Obrigat�rio de 20 de mar�o”. Mas, ap�s dois meses de debate sobre os protocolos necess�rios, os parlamentares come�aram a se reunir de forma virtual em maio. 
Captura de tela feita em 26 de agosto de 2020 de uma publicao no Instagram
Captura de tela feita em 26 de agosto de 2020 de uma publica��o no Instagram

Segundo o mesmo informe, o ritmo das sess�es legislativas nos primeiros seis meses de 2020 “se manteve similar ao mesmo per�odo de 2019, com 10 sess�es, frente a nove do ano anterior”, embora “tenha se posicionado abaixo da m�dia dos �ltimos nove anos, de 14 sess�es nos primeiros semestres”.

O bloco governista “Frente de Todos” tem maioria no Senado, enquanto na C�mara dos Deputados precisa conseguir apoio da coaliz�o de oposi��o “Juntos por el Cambio”, o partido do ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019), para impulsionar seus projetos.

No momento, por exemplo, o governo n�o conta com o apoio da oposi��o para aprovar o projeto de reforma judicial que o Executivo apresentou ao Congresso no �ltimo dia 29 de julho.

A Justi�a argentina tampouco est� paralisada, como afirmam nas redes sociais.

Pelo contr�rio, os tribunais do pa�s julgam, atualmente, causas de alta relev�ncia pol�tica, como a a��o contra ex-chefes de Intelig�ncia por suposta espionagem contra a ex-presidente e atual vice-presidente Cristina Kirchner, ou a retomada do julgamento contra a ex-mandat�ria por suposta corrup��o na concess�o de obras p�blicas durante seu governo (2007-2015).

Em meio � pandemia e ao confinamento, al�m disso, a Justi�a tomou medidas como permitir a emiss�o de senten�as de forma remota e o desenvolvimento integral de ju�zos orais virtualmente.

“A pol�cia est� assassinando e desaparecendo com pessoas pelo simples fato de n�o cumprirem com o confinamento”. Enganoso


Nos �ltimos meses, casos de morte por suposto abuso policial vinculados ao cumprimento da quarentena obrigat�ria comoveram a opini�o p�blica argentina. No entanto, abusos e mortes causados por viol�ncia institucional n�o s�o um fen�meno novo no pa�s.

No �ltimo dia 30 de abril, Facundo Astudillo Castro, de 22 anos, se deslocava da localidade de Pedro Luro at� Bah�a Blanca, a cerca de 120 quil�metros de dist�ncia, mas nunca chegou. Segundo o resumo dos fatos fornecido pelo governo � Comiss�o Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), ele foi detido em dois postos de controle.

No primeiro, foi notificado por viola��o do isolamento social preventivo e obrigat�rio. Ap�s a segunda deten��o, n�o se soube mais nada sobre ele. A suspeita � que tenha se tratado de um desaparecimento for�ado.

Em 15 de agosto foram encontrados restos de um corpo que suspeita-se que possa  pertencer a Astudillo Castro. A investiga��o segue, agora, com uma inspe��o do local da descoberta e os restos mortais ser�o analisados pela Equipe Argentina de Antropologia Forense.

Este caso lembra outro, de 2017, quando o pa�s se comoveu com o desaparecimento e morte do ativista Santiago Maldonado, ap�s uma repress�o de agentes policiais da Patag�nia.

No �ltimo dia 15 de maio tamb�m desapareceu em Tucum�n Luis Espinoza, um trabalhador rural cujo corpo foi encontrado uma semana depois na prov�ncia de Catamarca. Por sua morte, 10 pessoas, entre elas nove policiais, foram acusadas de “priva��o ileg�tima de liberdade seguida de morte e desaparecimento for�ado de uma pessoa”.

Segundo reportado pela ag�ncia de not�cias estatal T�lam, Espinoza foi atacado pela pol�cia durante uma opera��o realizada em um festival h�pico, atividade proibida durante o confinamento obrigat�rio, na cidade de Simoca, e seu cad�ver apareceu uma semana depois.

Cerca de um m�s antes, em 5 de abril, foi encontrada morta na prov�ncia de San Luis Florencia Magal� Morales, que supostamente havia sido detida por violar a quarentena. Seu corpo foi encontrado na cela onde havia sido presa. O caso est� sob investiga��o.

O Centro de Estudos Legais e Sociais (CELS) elaborou um informe no qual revelou cerca de 20 casos de pr�ticas violentas por parte de for�as de seguran�a locais e federais desde o in�cio da quarentena, incluindo mortes e o desaparecimento de uma pessoa. No entanto, o documento sinaliza que “embora algumas das interven��es policiais tenham come�ado como a��es para fazer cumprir o isolamento obrigat�rio, ainda n�o est� claro qual � a influ�ncia deste fator”.

“Em todo caso, s�o pr�ticas abusivas de longa data. (...) Como acontece com outros aspectos da desigualdade, a quarentena permitiu que se voltasse a ver um problema estrutural”, diz o relat�rio.

Segundo estat�sticas reunidas pelo CELS desde 1996, no ano passado 118 pessoas perderam a vida devido a atos de viol�ncia com participa��o das for�as de seguran�a de Buenos Aires e da Grande Buenos Aires. Em 2018, este n�mero foi de 141.

O descumprimento do isolamento preventivo obrigat�rio na Argentina � considerado um “delito contra a sa�de p�blica”, descrito no artigo 205 do C�digo Penal, que prev� pena de seis meses a dois anos de pris�o.

Al�m disso, penalidades diferentes s�o impostas em distritos distintos. Em Buenos Aires, por exemplo, segundo dados oficiais, at� maio, 1.165 pessoas haviam sido detidas por violar a quarentena; outras 16.144 retidas, notificadas, ou levadas de volta a suas casas, enquanto 266 ve�culos haviam sido apreendidos nos 394 postos de controle implantados pela pol�cia.

Tamb�m foram aplicadas 240 multas de entre 10.700 pesos (cerca de 814 reais) e 79.180 pesos (cerca de 5.968 reais) por n�o utiliza��o de m�scaras em espa�os p�blicos. 
Captura de tela feita em 19 de agosto de 2020 do informe da ONG Directorio Legislativo
Captura de tela feita em 19 de agosto de 2020 do informe da ONG Directorio Legislativo

“A pobreza saltou de 30% para 50% desde que o atual governo assumiu”. Enganoso


Segundo um levantamento do Instituto Nacional de Estat�sticas e Censos (INDEC) da Argentina, publicado no �ltimo m�s de abril, com dados correspondentes ao segundo semestre de 2019, no momento em que Alberto Fern�ndez assumiu, em 10 de dezembro, cerca de 35,5% da popula��o vivia abaixo da linha da pobreza.

At� o momento n�o h� estat�sticas oficiais correspondentes para 2020. No entanto, analistas do setor privado t�m estimado que, como consequ�ncia da pandemia de covid-19, entre 45% e 50% da popula��o se encontra abaixo da linha da pobreza.

No �ltimo m�s de junho, Pedro Furtado de Oliveira, diretor da Organiza��o Internacional do Trabalho na Argentina, advertiu que a pobreza no pa�s pode chegar a at� 40,2%.

O Programa das Na��es Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) estimou que “a pandemia amea�a retroceder mais de uma d�cada de avan�os” na redu��o da pobreza em todo o mundo. 
Agente de segurana argentino solicita a permisso para circular em um posto de controle em Buenos Aires, em 1 de julho de 2020
Agente de seguran�a argentino solicita a permiss�o para circular em um posto de controle em Buenos Aires, em 1� de julho de 2020

“Mataram uma das testemunhas que mais comprometeria a vice-presidente Cristina Kirchner em seus in�meros processos judiciais”. Enganoso


No �ltimo dia 4 de julho, Fabi�n Guti�rrez, ex-secret�rio dos ex-presidentes N�stor e Cristina Kirchner (2003-2015), foi encontrado sem vida.

Em 2018, ap�s passar um m�s detido e ser processado por lavagem de dinheiro, Guti�rrez havia sido admitido como testemunha “colaboradora” (para amenizar uma eventual condena��o) em um julgamento sobre supostos subornos relacionados � concess�o de obras p�blicas durante a gest�o kirchnerista, conhecido como “esc�ndalo dos cadernos”.

Quatro jovens foram detidos pelo caso e um deles admitiu ter executado o crime, classificado pela oposi��o como “de gravidade institucional”.

No entanto, em 21 de julho, o juiz que investiga o caso, Carlos Narvarte, afirmou que o assassinato n�o teve uma motiva��o pol�tica. “Pelas provas que encontrei, nada me indicava que havia uma quest�o pol�tica”, detalhou.

“Havia tr�s jovens que acreditavam que [a v�tima] tinha dinheiro, certamente poderia ser de neg�cios esp�rios, mas isso n�o tenho reconhecido no arquivo”, acrescentou.

Guti�rrez era um dos cerca de 30 “arrependidos” no caso dos “cadernos da corrup��o, uma trama de suposto pagamento de subornos que envolve Cristina Kirchner e diversos ex-funcion�rios e empres�rios.

Entre os “arrependidos”, est�o outros r�us importantes como Jos� L�pez, ex-funcion�rio dos governos kirchneristas que foi preso enquanto escondia malas com milh�es de d�lares em um convento, e o ex-motorista Oscar Centeno, que confessou ter levado dinheiro de suborno em malas entre 2008 e 2015, dando in�cio ao caso.

A partir de sua declara��o perante � Justi�a, n�o parece que o falecido Fabi�n Guti�rrez fosse “uma das testemunhas que mais comprometiam” Cristina Kirchner no julgamento.

Na �poca, Guti�rrez afirmou: “Quero deixar claro que embora nunca tenha visto o conte�do das malas que eram levadas pelas pessoas mencionadas, minha percep��o e o coment�rio dos secret�rios era de que traziam ganhos. Volto a enfatizar que isso � uma suposi��o minha baseada, tamb�m, nos coment�rios que foram ouvidos”.

“Libertaram prisioneiros de todos os tipos”. Enganoso


Durante a pandemia de covid-19, a Argentina concedeu pris�o domiciliar a alguns presos, mas isso n�o equivale ao fim da pena, nem visa beneficiar “prisioneiros de todos os tipos”. Al�m disso, medidas semelhantes foram tomadas em diversos pa�ses.

De acordo com um informe do Minist�rio P�blico Fiscal, durante o primeiro semestre de 2020, “no contexto da pandemia de covid-19 e com o Isolamento Social Preventivo e Obrigat�rio”, a popula��o carcer�ria do sistema penitenci�rio federal registrou uma queda de 2.230 pessoas, ou seja, 16% a menos, devido “� sa�da de pessoas consideradas de risco [de sa�de], assim como � desacelera��o das entradas com a suspens�o da recep��o de pessoas” nos centros de deten��es judiciais.

No �ltimo dia 13 de mar�o, a C�mara Federal de Cassa��o Criminal solicitou “a ado��o urgente e conjunta de um protocolo espec�fico para a preven��o e prote��o do coronav�rus em contextos de confinamento para resguardar o direito � sa�de das pessoas privadas de liberdade”. A C�mara solicitou esta medida para aquelas “pessoas privadas de liberdade que comp�em o grupo de risco em raz�o de suas condi��es pr�-existentes”.

Nas semanas seguintes, a Suprema Corte de Justi�a da prov�ncia de Buenos Aires e a C�mara Nacional Criminal e Correcional da cidade de Buenos Aires emitiram resolu��es semelhantes. Estes tamb�m indicam que as medidas devem beneficiar pessoas que fazem parte de grupos de risco, segundo definido pelo governo nacional.

No �ltimo dia 8 de abril, o juiz V�ctor Violini concedeu um habeas corpus coletivo para a prov�ncia de Buenos Aires, que permitiu “a pris�o domiciliar em favor de todas as pessoas privadas de liberdade inclu�das em grupos de risco” enquanto durar o confinamento obrigat�rio determinado pelo governo nacional.

O magistrado justificou sua decis�o para “resguardar a vida dos reclusos e detidos, mas tamb�m para garantir a seguran�a de toda a sociedade”.

Ao final de mar�o e in�cio de abril, meios de comunica��o argentinos reportaram que estas medidas haviam beneficiado presos por estupro e homic�dio.

Em 5 de maio, a Suprema Corte da prov�ncia revogou a decis�o de Violini e remarcou que “s�o os �rg�os judiciais competentes que devem revisar e avaliar as peti��es deduzidas pelos processados ou condenados � sua disposi��o atrav�s de um julgamento devidamente motivado, considerando os direitos das v�timas e em fun��o de uma s�rie de diretrizes orientadoras relativas aos grupos de maior risco ante a covid-19”.

A partir desta decis�o da Corte, o habeas corpus de Violini foi suspenso, ou seja, n�o foram mais concedidas pris�es domiciliares com base nele. Espera-se, agora, que seja julgado o recurso interposto ao Supremo Tribunal de Justi�a para uma resolu��o definitiva.
Um homem empurra lixeira no centro de Buenos Aires, em 9 de maio de 2020
Um homem empurra lixeira no centro de Buenos Aires, em 9 de maio de 2020

Desde a decis�o do juiz da prov�ncia de Buenos Aires, alguns presos que haviam passado � pris�o domiciliar voltaram � cadeia. Al�m disso, pedidos semelhantes de habeas corpus coletivos foram negados.

A pris�o domiciliar � um benef�cio que pode ser concedido pelo juiz de execu��o para que o preso continue a cumprir sua pena em casa, fora da penitenci�ria. Ou seja, n�o se trata de uma liberta��o, como diz o v�deo viralizado.

Al�m disso, durante a pandemia, medidas semelhantes foram adotadas em diversos outros pa�ses, como nos Estados Unidos, na Fran�a, na It�lia e no Brasil.

“A infla��o � galopante. [...] Empresas multinacionais est�o indo embora e milhares de neg�cios fecham a cada m�s”. Verdadeiro, mas...


A pandemia, cujos efeitos ser�o sentidos por d�cadas em todo o mundo, segundo a OMS, gera uma forte press�o sobre a economia argentina, que j� estava em crise quando Alberto Fern�ndez assumiu a Presid�ncia em dezembro do ano passado.

De fato, o pa�s fechou 2019 com uma infla��o anual recorde, de 53,8%, a mais alta desde 1991. Em julho passado, por sua vez, a varia��o interanual do custo de vida no pa�s foi de 42,4%, enquanto a acumulada de 2020 chega a 15,8%.

Desde o come�o da pandemia, foram reportados v�rios casos de multinacionais que deixaram o pa�s devido � crise econ�mica. Esse foi o caso da companhia a�rea chileno-brasileira Latam, que encerrou suas opera��es, assim como duas empresas de pinturas para autom�veis, Axalta e Basf.

Estas companhias se somaram a outras que j� haviam deixado de operar no pa�s em 2019 e 2020, antes da pandemia, como Nike, Norwegian e as marcas de roupa Wrangler e Lee (da VF Corporation).

Mais de 24 mil com�rcios da capital argentina se viram obrigados a fechar as portas durante a pandemia, segundo a Federa��o de Com�rcio e Ind�stria da Cidade de Buenos Aires (Fecoba). Apesar do n�mero elevado, trata-se de uma tend�ncia que j� era registrada em 2019.

Em janeiro e fevereiro de 2020, segundo a C�mara Argentina de Com�rcio e Servi�os (CAC), a quantidade de estabelecimentos comerciais inativos da cidade havia aumentado 12%, em rela��o ao mesmo per�odo de 2019. A CAC informou que entre janeiro e junho a quantidade de estabelecimentos � venda ou dispon�veis para aluguel nas principais �reas comerciais da capital aumentou em 203%.
Presidirios da penitenciria de Villa Devoto, em Buenos Aires, participam de um motim exigindo medidas para prevenir a propagao do coronavrus em 24 de abril de 2020
Presidi�rios da penitenci�ria de Villa Devoto, em Buenos Aires, participam de um motim exigindo medidas para prevenir a propaga��o do coronav�rus em 24 de abril de 2020

“Militantes do presidente incendeiam planta��es”. Sem provas


A organiza��o Confedera��es Rurais Argentinas, que agrupa produtores agropecu�rios de todo o pa�s, elaborou um mapa dos “delitos cometidos contra o campo” entre janeiro e junho de 2020, incluindo casos de inc�ndios intencionais.

A ministra de Seguran�a, Sabina Frederic, expressou seu rep�dio a estes inc�ndios, mas tamb�m a outros vandalismos rurais, como a quebra intencional de silo-bolsas e o roubo de maquin�rios, prometendo a reativa��o de uma “�rea espec�fica” dentro da pasta que comanda para lidar com esta situa��o. Al�m disso, foi criada uma comiss�o interministerial junto ao Minist�rio da Agricultura para abordar a problem�tica.

Em mar�o do ano passado, Hebe de Bonafini, presidente da associa��o humanit�ria M�es da Pra�a de Maio, que denuncia desde 1977 os desaparecimentos e assassinatos cometidos pela ditadura argentina, convocou a popula��o a “queimar os campos de soja” para que os produtores rurais parem de “usar glifosato”, pelo qual foi denunciada penalmente.

A equipe de checagem da AFP n�o p�de confirmar os rumores que asseguram que quem estava por tr�s dos inc�ndios e da sabotagem dos maquin�rios eram militantes governistas. Embora tenham sido encontradas den�ncias formais (1, 2), at� o momento n�o existe um registro unificado a n�vel nacional com o qual seja poss�vel corroborar, caso a caso, o suposto v�nculo dos atos com o governo.

A estes inc�ndios se somam as queimadas que afetaram a zona do Delta, uma regi�o rica em biodiversidade cuja jurisdi��o � compartilhada por tr�s prov�ncias: Entre R�os, Buenos Aires e Santa F�.

Embora tenham havido pris�es, neste caso, tampouco est� claro quem s�o os respons�veis pelos focos de inc�ndio. O governo acusa os produtores e estes, por sua vez, se defendem, argumentando que os inc�ndios tamb�m prejudicam sua atividade e responsabilizam as autoridades “pela falta de controle e descaso”.

Em resumo, a maioria das afirma��es do v�deo que assegura que “algo grave est� acontecendo na Argentina” s�o falsas ou enganosas, se baseando em elementos verdadeiros, mas que s�o exagerados ou tirados de contexto.

O que � o coronav�rus

Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia

Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:

 


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