Publica��es compartilhadas milhares de vezes em redes sociais desde o in�cio de setembro questionam a necessidade de vacina��es em massa, indicando que, caso as vacinas sejam eficazes, aqueles que se recusam a tom�-las n�o poder�o prejudicar os que recebem.
Al�m disso, a n�o vacina��o pode causar outros preju�zos econ�micos e sociais que afetam toda a comunidade.
“Se voc� acredita que uma pessoa sem vacina pode fazer mal a uma pessoa com vacina, ent�o voc� n�o acredita em vacinas”, diz texto compartilhado mais de 2 mil vezes no Facebook (1, 2, 3), Instagram e Twitter desde 1º de setembro.
“Essa � uma verdade universal. Se a vacina protege quem a toma, quem n�o a toma e � infectado pelo v�rus n�o poder� fazer mal a quem tomou”, escreveram alguns usu�rios ao replicar a alega��o. “Al�m disso, quem foi infectado, adoeceu e se curou, tornou-se t�o imunizado quanto quem foi vacinado. Nada mais precisa ser dito sobre isso”, continuam as postagens.
O conte�do ganhou for�a poucos dias ap�s o presidente Jair Bolsonaro dizer que “ningu�m pode obrigar ningu�m a tomar vacina”, no momento em que diversas institui��es procuram um imunobiol�gico capaz de prevenir o novo coronav�rus.
N�o � verdade, contudo, que aqueles que optam por n�o tomar vacinas n�o podem prejudicar os que a tomaram.
Nenhuma vacina imuniza todas as pessoas que a receberam
Segundo a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), existem, atualmente, vacinas contra mais de 20 doen�as, que previnem entre 2 e 3 milh�es de mortes todos os anos.
Essa preven��o acontece uma vez que as vacinas estimulam o sistema imunol�gico a produzir anticorpos contra determinada enfermidade e j� levou � erradica��o da var�ola e � elimina��o local de outras doen�as, como o sarampo e a poliomielite.
Esse est�mulo do sistema imunol�gico n�o �, contudo, eficiente em todas as pessoas, tornando a vacina��o um esfor�o coletivo, e n�o individual, como explicou ao AFP Checamos Cristina Bonorino, professora da Universidade Federal de Ci�ncias da Sa�de de Porto Alegre (UFCSPA).
“A vacina consegue gerar em cada pessoa uma imunidade diferente, porque as pessoas s�o muito diferentes no seu sistema imune, nas caracter�sticas que elas t�m para responder a uma ou outra infec��o”, disse a integrante da Comit� Cient�fico da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI).
“Nunca vi uma vacina que funcione em 100% das pessoas”, afirmou a professora, explicando que isso n�o se deve � efic�cia da vacina, mas � complexidade gen�tica dos seres humanos.
“Eu tenho uma popula��o variada, que tem variedade em seus genes, que determinam tudo, desde a capacidade que tu tens de colocar m�sculo com uma determinada dieta ou exerc�cio. Tudo � vari�vel na esp�cie humana e tamb�m � a resposta das pessoas �s infec��es”.
De maneira semelhante, Jos� Alexandre Barbuto, professor do Departamento de Imunologia do Instituto de Ci�ncias Biom�dicas da Universidade de S�o Paulo (USP), destacou que sempre haver� algu�m com “alguma caracter�stica que o torna mais ‘fr�gil’ imunologicamente e que, portanto, mesmo vacinado ainda ser� suscet�vel � doen�a”.
“Mesmo vacinas muito eficientes podem n�o proteger um determinado indiv�duo - quer porque ele tomou a vacina num dia em que o organismo dele estava ‘brigando’ com alguma outra doen�a e n�o ‘deu aten��o’ � vacina, quer porque ele tem uma varia��o gen�tica que o torna incapaz de responder”, detalhou Barbuto.

Por esse motivo, explica Cristina Bonorino, � importante que o maior n�mero de pessoas receba as vacinas.
“Pode ser que uma vacina n�o funcione t�o bem em ti. Mas o fato � que, se todo mundo ao seu redor estiver vacinado, a chance de ter mais pessoas protegidas ao seu redor � maior e, dessa maneira, a chance do pat�geno circular ao seu redor � menor”, indicou a professora.
H�, ainda, aqueles que n�o podem tomar vacinas e est�o mais vulner�veis a poss�veis cont�gios.
“Algumas n�o podem ser aplicadas em mulheres gr�vidas, outras em idosos, outras em pessoas com defeitos do sistema imune - cong�nitos ou adquiridos, etc”, enumerou Barbuto. “Por outro lado, muito mais impeditiva que uma condi��o m�dica, � a falta de acesso � vacina��o - que pode impedir que muitas pessoas sejam vacinadas ou retardar a vacina��o - deixando-as suscet�veis”, acrescentou.
Segundo a OMS cerca de 20 milh�es de crian�as t�m acesso insuficiente a vacinas a cada ano.
“Ao n�o se vacinar, a pessoa tem que entender que ela n�o est� s� se colocando em risco [...]. Ela est� colocando em risco a comunidade onde ela vive. Ela est� colocando em risco a fam�lia dela, ela est� colocando em risco os amigos dela, porque ela abre uma porta para circula��o do pat�geno”, pontuou Bonorino.
Ao contr�rio do que tamb�m indica a legenda das publica��es, nem toda pessoa que contrair uma doen�a desenvolver� imunidade a ela, como explicou a professora da UFCSPA. “Mesmo a infec��o natural n�o funciona [em 100% das pessoas]. Algumas pessoas t�m a infec��o, ficam protegidas, e outras n�o”, afirmou Bonorino.
Algumas enfermidades espec�ficas tamb�m n�o geram prote��o para vida toda, como � o caso da difteria, do t�tano e da coqueluche. Um caso de reinfec��o de covid-19 tamb�m foi registrado no �ltimo m�s de agosto, mas cientistas enfatizam que ainda � muito cedo para determinar se o cont�gio pela doen�a gera ou n�o imunidade.
Custos sociais e econ�micos

A n�o vacina��o pode trazer, ainda, outras consequ�ncias � sociedade como um todo, indicou Barbuto.
“Hoje h� v�rias doen�as que poderiam ser controladas - e, quem sabe, extintas - com as vacinas que existem. Mas, havendo quem se recuse a tomar a vacina, os agentes causadores dessas doen�as persistem circulando”, afirmou o professor do Departamento de Imunologia da USP.
“Os recursos para sa�de s�o limitados e gast�-los com doen�as que n�o precisariam existir - por uma decis�o de n�o tomar uma vacina-, rouba esses mesmos recursos do cuidado de outras doen�as, para as quais ainda n�o h� vacina ou outros m�todos de preven��o”, acrescentou.
Cristina Bonorino concordou que “essas s�o consequ�ncias diretas de n�o se vacinar”. “Quando se diz colocar em risco, a gente est� pensando primeiro na sa�de dos outros, mas como a gente trata a sa�de dos outros? Com o sistema de sa�de. Ent�o � �bvio que vai ocupar mais espa�o nas cl�nicas, nos hospitais, os planos de sa�de v�o gastar mais”, afirmou a professora da UFCSPA.
A erradica��o da var�ola, por exemplo, poupou a comunidade global, at� 2002, de cerca de 350 milh�es de novas contamina��es e de aproximadamente 40 milh�es de mortes, resultando na economia anual de mais de 2 bilh�es de d�lares, como indicou a pesquisadora Jenifer Ehreth neste artigo.
“A imuniza��o reduz os custos sociais e econ�micos do tratamento de doen�as, fornecendo oportunidades para a redu��o da pobreza e para um maior desenvolvimento social e econ�mico”, indicou a pesquisadora.
Em resumo, n�o � verdade que aqueles que se recusam a tomar vacinas n�o podem prejudicar os que tomaram, caso o imunobiol�gico seja eficiente. Por quest�es gen�ticas, mesmo vacinas eficientes n�o ser�o capazes de imunizar todas as pessoas que as receberam, tornando a vacina��o um esfor�o coletivo, como explicaram especialistas � AFP.
O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
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Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?
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Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
- Febre
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- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam:
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus.
V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.
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