N�o existe um filme chamado "A variante �micron" e o cartaz que circula � uma montagem

Publica��es que somam mais de 12 mil intera��es nas redes sociais desde o �ltimo dia 1º de dezembro asseguram que nos anos 1960 foi feito um filme de fic��o cient�fica chamado “A variante �micron”, sugerindo que n�o se trata de um “acaso”, mas sim uma prova de que o surgimento da �ltima variante de preocupa��o do coronav�rus faz parte de uma agenda secreta.

Mas a alega��o � falaciosa: o cartaz � uma interven��o digital de uma autora e comediante irlandesa com base em um filme de 1974.“Saudades de quando a fic��o cient�fica era s� fic��o”, assinala um tu�te que inclui um suposto p�ster do filme.

Na imagem, tamb�m compartilhada no Facebook (1, 2) e no Instagram (1, 2), pode-se ver um casal olhando para o c�u � noite, uma m�o machucada por um inseto e a frase, em ingl�s, “O dia em que a Terra se tornou um cemit�rio”.

No canto inferior esquerdo do cartaz est� escrito que o filme ganhou o primeiro pr�mio do Festival de Cinema Fant�stico de Trieste e, � direita, h� o nome do diretor: Saul Bass.

O conte�do tamb�m circula amplamente em outros idiomas, como espanhol (1), ingl�s, franc�s, alem�o e catal�o.

Origem da imagem

Uma busca reversa pela imagem viral levou ao cartaz original, no site de compra e venda todocoleccion: um p�ster do filme de 1974 intitulado “Phase IV” (“Fase IV - Destrui��o”, em portugu�s), dirigido pelo norte-americano Saul Bass.

Bass foi um dos pioneiros da arte gr�fica cinematogr�fica nos Estados Unidos. Criou p�steres e sequ�ncias de cr�ditos para longa-metragens como “Um corpo que cai” e “Psicose”, de Alfred Hitchcock, “Amor, sublime amor”, de Robert Wise e Jerome Robbins, e “Cabo do medo” e “Cassino”, de Martin Scorsese.

“Fase IV - Destrui��o” � o seu �nico longa-metragem como diretor e, efetivamente, ganhou o maior pr�mio no Festival de Cinema Fant�stico de Trieste, na It�lia, em 1975.

De acordo com a descri��o que aparece no site do festival, o filme trata sobre “um ex�rcito de formigas inteligentes (...) que consegue a supremacia na Terra, iniciando uma nova etapa para o planeta”.

A equipe de checagem da AFP fez uma busca no roteiro do filme, escrito por Mayo Simon. N�o h� nenhuma alus�o a um v�rus, ao coronav�rus ou a variantes.

A montagem

A equipe de checagem da AFP fez uma nova busca, dessa vez nas redes sociais, e encontrou o cartaz viralizado na conta de Twitter da autora e comediante irlandesa Becky Cheatle.

A imagem foi publicada em 28 de novembro de 2021 com a seguinte legenda, em ingl�s: “Editei a frase ‘The Omicron Variant’ em um monte de p�steres de filmes de fic��o cient�fica dos anos 1970 #Omicron”.

Cheatle confirmou � AFP ser a respons�vel pela imagem.

Al�m do cartaz viralizado, ela fez interven��es digitais nos p�steres dos filmes “O enigma de Andr�meda” e “Colossus 1980”.

“Foi somente uma brincadeira baseada no fato de que a variante �micron soa como um filme de fic��o cient�fica dos anos 1970. Eu n�o esperava que algu�m fosse levar a s�rio”, disse.

“�micron”, um filme italiano de 1963

N�o foram encontrados registros de um filme chamado “A variante �micron”, mas sim “�micron”, uma com�dia de fic��o cient�fica de 1963 dirigida pelo italiano Ugo Greggoreti. A obra trata de um extraterrestre que entra no corpo de um terr�queo para inspecionar o planeta antes que a sua esp�cie o conquiste.

Nas redes sociais, os usu�rios comentavam sobre a suposta coincid�ncia de existir um filme com esse nome, mas o longa de Greggoreti n�o faz alus�o alguma a v�rus, variantes ou a uma pandemia.

A variante �micron do SARS-CoV-2, como as outras variantes de interesse e preocupa��o classificadas pela Organiza��o Mundial da Sa�de, leva como nome uma letra do alfabeto grego.

As variantes de preocupa��o est�o associadas a uma ou mais muta��es no v�rus cujo impacto pode ser significativo para a sa�de p�blica. At� 2 de dezembro de 2021, a comunidade cient�fica ainda estava avaliando a transmissibilidade e a gravidade do quadro cl�nico da variante �micron.

O Checamos j� verificou conte�dos falsos ou enganosos relacionados a variantes, como os supostos sintomas da variante delta e a exist�ncia de um “cronograma de cepas”.

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