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Estado de Minas CHECAMOS

Estudo sobre efeito de vacinas frente � variante �micron n�o prova efic�cia negativa

Postagens em redes afirmam, de forma enganosa, que inoculados com vacinas da Pfizer e Moderna est�o mais propensos a contrair a doen�a do que n�o vacinados


29/12/2021 18:21 - atualizado 02/01/2022 09:44

Usu�rios afirmam nas redes sociais que um estudo supostamente mostra que ap�s tr�s meses a efic�cia das vacinas contra a covid-19 da Pfizer e da Moderna � negativa e que pessoas inoculadas com esses imunizantes estariam mais propensas a contrair a doen�a do que os n�o vacinados.

Mas a publica��o, com mais de 3 mil compartilhamentos desde 25 de dezembro de 2021, � enganosa. O pr�prio estudo, ainda n�o revisado por pares, alerta que o resultado pode ser fruto do r�pido espalhamento da �micron e reitera a necessidade de doses de refor�o.
Especialistas ouvidos pela AFP concordaram que n�o � poss�vel que uma vacina aumente as chances de uma pessoa se infectar.
“Santo Deus. Estudo mostra q ap�s tr�s meses, a efic�cia da vacina Pfizer & Moderna contra Omicron � na verdade negativa. Os clientes da Pfizer t�m 76,5% mais chances e os clientes da Moderna t�m 39,3% mais chances de serem infectados do que as pessoas q n�o usaram”, est� escrito na legenda de um tu�te (1, 2), compartilhado tamb�m no Facebook (1, 2, 3)

Os usu�rios replicam um tu�te viralizado em ingl�s de Ezra Levant, do site Rebel News. O conte�do tamb�m circula em espanhol (1, 2, 3, 4).

Captura de tela feita em 27 de dezembro de 2021 de uma publicação no Twitter
Captura de tela feita em 27 de dezembro de 2021 de uma publica��o no Twitter ( . / )


A captura de tela de uma tabela com cifras que acompanha as publica��es foi retirada de um estudo dinamarqu�s que analisa a efetividade das vacinas contra o SARS-CoV-2, especificamente frente �s variantes �micron e delta.

A publica��o afirma prover “evid�ncias da prote��o contra infec��o com a variante �micron ap�s completa a s�rie de vacina��o prim�ria” e conclui que a efetividade dos imunizantes citados � menor contra a variante �micron do que contra a delta e que ela rapidamente cai ap�s alguns meses, mas que � reestabelecida ap�s uma dose de refor�o.
Captura de tela feita em 29 de dezembro de 2021 do resumo do estudo reproduzido no tuíte viralizado
Captura de tela feita em 29 de dezembro de 2021 do resumo do estudo reproduzido no tu�te viralizado ( . / )

O que diz o estudo

Captura de tela feita em 27 de dezembro de 2021 de uma publicação no Twitter
Captura de tela feita em 27 de dezembro de 2021 de uma publica��o no Twitter ( . / )

A captura de tela de uma tabela com cifras que acompanha as publica��es foi retirada de um estudo dinamarqu�s que analisa a efetividade das vacinas contra o SARS-CoV-2, especificamente frente �s variantes �micron e delta.

A publica��o afirma prover “evid�ncias da prote��o contra infec��o com a variante �micron ap�s completa a s�rie de vacina��o prim�ria” e conclui que a efetividade dos imunizantes citados � menor contra a variante �micron do que contra a delta e que ela rapidamente cai ap�s alguns meses, mas que � reestabelecida ap�s uma dose de refor�o.
Captura de tela feita em 29 de dezembro de 2021 do resumo do estudo reproduzido no tuíte viralizado
Captura de tela feita em 29 de dezembro de 2021 do resumo do estudo reproduzido no tu�te viralizado ( . / )

O que diz o estudo

O artigo foi disponibilizado na MedRxiv, reposit�rio de artigos e estudos preprint, o que quer dizer que ainda n�o foram revisados por pares. A pr�pria pesquisa alerta para esse fato e destaca que, por conta disso, "n�o deve ser usada para guiar a pr�tica cl�nica”.

Paulo Petry, doutor em Epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), afirmou ao Checamos que “um estudo na fase de preprint n�o pode ser utilizado para pautar nenhuma a��o de sa�de p�blica porque ele ainda n�o foi revisado por pares”. Al�m disso, por ainda n�o estar revisado, “poderia, por exemplo, ser recusado para publica��o”.

Palle Valentiner-Branth, membro do departamento de epidemiologia e preven��o de doen�as infecciosas do Instituto Serum da Dinamarca e coautor do estudo, explicou ao Checamos que � equivocada qualquer interpreta��o de que a pesquisa � uma evid�ncia de que vacinas n�o protegem contra o v�rus.

Segundo ele, o estudo “fornece evid�ncias de prote��o contra a infec��o com a variante �micron ap�s a conclus�o de uma s�rie de vacina��o prim�ria” com os imunizantes da Pfizer e Moderna.

No mesmo sentido se posicionou Alexandre Naime, chefe do departamento de Infectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que destacou ao Checamos:

“N�o existe nenhuma vacina que induz maior risco [de infec��o]. Isso � uma inverdade, � uma fal�cia biol�gica. As vacinas podem n�o ser eficazes, algumas que foram testadas, mas n�o � que elas aumentaram o risco. Isso n�o existe do ponto de vista biol�gico.”

A biom�dica, pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e divulgadora cient�fica pela Rede An�lise COVID-19 Mellanie Fontes-Dutra fez uma avalia��o semelhante: “Eles est�o mostrando o quanto cai do que era visto pra variante A [delta] em rela��o ao que vemos hoje pra variante B [�micron]. Ela explicou que a conclus�o da publica��o viral � diferente do que � apresentado e conclu�do pelo artigo.

Eduardo Silveira, imunologista e professor da Faculdade de Ci�ncias Farmac�uticas da Universidade de S�o Paulo (USP), tamb�m disse ao Checamos que diferentemente do que afirmam as publica��es nas redes sociais, o estudo n�o mostra uma perda de imunidade, “nem em um contexto celular e nem em um contexto humoral (anticorpos)”.

Captura de tela feita em 27 de dezembro de 2021 da tabela do estudo reproduzida no tuíte viralizado
Captura de tela feita em 27 de dezembro de 2021 da tabela do estudo reproduzida no tu�te viralizado ( . / )

Sobre a cifra negativa, o pr�prio estudo esclarece que “isso provavelmente foi o resultado da r�pida dissemina��o da �micron”, que causou “muitas infec��es entre indiv�duos jovens vacinados”.

O autor Valentiner-Branth refor�ou que a cifra � fruto de um “vi�s na compara��o entre a popula��o vacinada e a n�o vacinada”. De acordo com ele, “esses vieses s�o bastante comuns na estimativa de efetividade vacinal de estudos observacionais baseados em dados populacionais”.

“Isso � o que est� em discuss�o e explica a estimativa negativa: grau de exposi��o de vacinados e n�o vacinados causando esse valor subestimado. Pode ser resultado do alto espalhamento da �micron, causando infec��es em jovens vacinados (que t�m uma mobilidade maior)”, concordou Fontes-Dutra ao Checamos.

A biom�dica ainda acrescentou: “Mas a� � que vem a quest�o: n�s j� sab�amos por outros estudos que a efic�cia para duas doses contra infec��o ca�a para �micron. Por�m, a efic�cia contra hospitaliza��es � de pelo menos 70% para duas doses da Pfizer. Ou seja, essas pessoas est�o protegidas contra a doen�a”.

O coautor do estudo dinamarqu�s concluiu:

“O efeito protetor das vacinas pode ser baixo contra a infec��o com �micron ap�s quatro meses, mas � mais improv�vel que seja negativo. Fico muito triste por nossa pesquisa ser erroneamente interpretada para impulsionar os mitos antivacinas”.

Vacinas e a �micron

At� o momento da publica��o desta checagem, a efic�cia das vacinas dispon�veis contra a variante �micron da covid-19 ainda estava sendo analisada. Contudo, em 17 de dezembro de 2021, o Fundo das Na��es Unidas para a Inf�ncia (Unicef) destacou que apesar de as informa��es ainda serem limitadas, “a OMS reporta que, at� agora, parece que as vacinas atualmente dispon�veis oferecem significativa prote��o contra casos graves e mortes”.

“Tamb�m � importante estar vacinado para se proteger contra as outras variantes que circulam amplamente, como a delta”, destaca o texto.

Dados do Our World in Data, em dezembro de 2021, mostram ampla diferen�a nas taxas de mortes de pessoas n�o vacinadas e vacinadas na Su��a e Chile.


Em 20 de dezembro de 2021, os Centros para o Controle e Preven��o de Doen�as (CDC) dos Estados Unidos disseram que “� esperado que as vacinas atuais protejam contra casos graves, hospitaliza��es e mortes causadas por infec��o da variante �micron. No entanto, infec��es em pessoas que est�o completamente vacinadas provavelmente ir�o ocorrer”.

Os primeiros casos da variante �micron no Brasil foram confirmados no dia 30 de novembro de 2021. At� 28 de dezembro, no painel de vigil�ncia gen�mica do SARS-CoV-2 da Fiocruz havia 42 casos confirmados da variante no pa�s.

At� 27 de dezembro de 2021, aproximadamente 143 milh�es de pessoas haviam sido imunizadas contra a covid-19 no pa�s, com duas doses de vacinas, e cerca de 25 milh�es de pessoas j� foram inoculadas com a dose de refor�o.

Eduardo Silveira reiterou que “o n�mero de interna��es e mortes no Brasil e no mundo s� caiu gra�as � vacina��o”. Ele atribui o surgimento de novas variantes ao fato de que “muitos, inclusive vacinados, t�m deixado a desejar no uso de medidas n�o farmacol�gicas (m�scaras, higiene das m�os, evitar aglomera��es). Assim, o v�rus continua a se disseminar, gerando eventualmente novas variantes”.

*Esta verifica��o foi realizada com base em informa��es cient�ficas e oficiais sobre o novo coronav�rus dispon�veis na data desta publica��o.


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