Usu�rios afirmam nas redes sociais que um estudo supostamente mostra que ap�s tr�s meses a efic�cia das vacinas contra a covid-19 da Pfizer e da Moderna � negativa e que pessoas inoculadas com esses imunizantes estariam mais propensas a contrair a doen�a do que os n�o vacinados.
Especialistas ouvidos pela AFP concordaram que n�o � poss�vel que uma vacina aumente as chances de uma pessoa se infectar.
“Santo Deus. Estudo mostra q ap�s tr�s meses, a efic�cia da vacina Pfizer & Moderna contra Omicron � na verdade negativa. Os clientes da Pfizer t�m 76,5% mais chances e os clientes da Moderna t�m 39,3% mais chances de serem infectados do que as pessoas q n�o usaram”, est� escrito na legenda de um tu�te (1, 2), compartilhado tamb�m no Facebook (1, 2, 3)
Os usu�rios replicam um tu�te viralizado em ingl�s de Ezra Levant, do site Rebel News. O conte�do tamb�m circula em espanhol (1, 2, 3, 4).

A captura de tela de uma tabela com cifras que acompanha as publica��es foi retirada de um estudo dinamarqu�s que analisa a efetividade das vacinas contra o SARS-CoV-2, especificamente frente �s variantes �micron e delta.
A publica��o afirma prover “evid�ncias da prote��o contra infec��o com a variante �micron ap�s completa a s�rie de vacina��o prim�ria” e conclui que a efetividade dos imunizantes citados � menor contra a variante �micron do que contra a delta e que ela rapidamente cai ap�s alguns meses, mas que � reestabelecida ap�s uma dose de refor�o.

O que diz o estudo

A captura de tela de uma tabela com cifras que acompanha as publica��es foi retirada de um estudo dinamarqu�s que analisa a efetividade das vacinas contra o SARS-CoV-2, especificamente frente �s variantes �micron e delta.
A publica��o afirma prover “evid�ncias da prote��o contra infec��o com a variante �micron ap�s completa a s�rie de vacina��o prim�ria” e conclui que a efetividade dos imunizantes citados � menor contra a variante �micron do que contra a delta e que ela rapidamente cai ap�s alguns meses, mas que � reestabelecida ap�s uma dose de refor�o.

O que diz o estudo
O artigo foi disponibilizado na MedRxiv, reposit�rio de artigos e estudos preprint, o que quer dizer que ainda n�o foram revisados por pares. A pr�pria pesquisa alerta para esse fato e destaca que, por conta disso, "n�o deve ser usada para guiar a pr�tica cl�nica”.Paulo Petry, doutor em Epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), afirmou ao Checamos que “um estudo na fase de preprint n�o pode ser utilizado para pautar nenhuma a��o de sa�de p�blica porque ele ainda n�o foi revisado por pares”. Al�m disso, por ainda n�o estar revisado, “poderia, por exemplo, ser recusado para publica��o”.
Palle Valentiner-Branth, membro do departamento de epidemiologia e preven��o de doen�as infecciosas do Instituto Serum da Dinamarca e coautor do estudo, explicou ao Checamos que � equivocada qualquer interpreta��o de que a pesquisa � uma evid�ncia de que vacinas n�o protegem contra o v�rus.
Segundo ele, o estudo “fornece evid�ncias de prote��o contra a infec��o com a variante �micron ap�s a conclus�o de uma s�rie de vacina��o prim�ria” com os imunizantes da Pfizer e Moderna.
No mesmo sentido se posicionou Alexandre Naime, chefe do departamento de Infectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que destacou ao Checamos:
“N�o existe nenhuma vacina que induz maior risco [de infec��o]. Isso � uma inverdade, � uma fal�cia biol�gica. As vacinas podem n�o ser eficazes, algumas que foram testadas, mas n�o � que elas aumentaram o risco. Isso n�o existe do ponto de vista biol�gico.”
A biom�dica, pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e divulgadora cient�fica pela Rede An�lise COVID-19 Mellanie Fontes-Dutra fez uma avalia��o semelhante: “Eles est�o mostrando o quanto cai do que era visto pra variante A [delta] em rela��o ao que vemos hoje pra variante B [�micron]”. Ela explicou que a conclus�o da publica��o viral � diferente do que � apresentado e conclu�do pelo artigo.
Eduardo Silveira, imunologista e professor da Faculdade de Ci�ncias Farmac�uticas da Universidade de S�o Paulo (USP), tamb�m disse ao Checamos que diferentemente do que afirmam as publica��es nas redes sociais, o estudo n�o mostra uma perda de imunidade, “nem em um contexto celular e nem em um contexto humoral (anticorpos)”.

Sobre a cifra negativa, o pr�prio estudo esclarece que “isso provavelmente foi o resultado da r�pida dissemina��o da �micron”, que causou “muitas infec��es entre indiv�duos jovens vacinados”.
O autor Valentiner-Branth refor�ou que a cifra � fruto de um “vi�s na compara��o entre a popula��o vacinada e a n�o vacinada”. De acordo com ele, “esses vieses s�o bastante comuns na estimativa de efetividade vacinal de estudos observacionais baseados em dados populacionais”.
“Isso � o que est� em discuss�o e explica a estimativa negativa: grau de exposi��o de vacinados e n�o vacinados causando esse valor subestimado. Pode ser resultado do alto espalhamento da �micron, causando infec��es em jovens vacinados (que t�m uma mobilidade maior)”, concordou Fontes-Dutra ao Checamos.
A biom�dica ainda acrescentou: “Mas a� � que vem a quest�o: n�s j� sab�amos por outros estudos que a efic�cia para duas doses contra infec��o ca�a para �micron. Por�m, a efic�cia contra hospitaliza��es � de pelo menos 70% para duas doses da Pfizer. Ou seja, essas pessoas est�o protegidas contra a doen�a”.
O coautor do estudo dinamarqu�s concluiu:
“O efeito protetor das vacinas pode ser baixo contra a infec��o com �micron ap�s quatro meses, mas � mais improv�vel que seja negativo. Fico muito triste por nossa pesquisa ser erroneamente interpretada para impulsionar os mitos antivacinas”.
Vacinas e a �micron
At� o momento da publica��o desta checagem, a efic�cia das vacinas dispon�veis contra a variante �micron da covid-19 ainda estava sendo analisada. Contudo, em 17 de dezembro de 2021, o Fundo das Na��es Unidas para a Inf�ncia (Unicef) destacou que apesar de as informa��es ainda serem limitadas, “a OMS reporta que, at� agora, parece que as vacinas atualmente dispon�veis oferecem significativa prote��o contra casos graves e mortes”.“Tamb�m � importante estar vacinado para se proteger contra as outras variantes que circulam amplamente, como a delta”, destaca o texto.
Dados do Our World in Data, em dezembro de 2021, mostram ampla diferen�a nas taxas de mortes de pessoas n�o vacinadas e vacinadas na Su��a e Chile.
Em 20 de dezembro de 2021, os Centros para o Controle e Preven��o de Doen�as (CDC) dos Estados Unidos disseram que “� esperado que as vacinas atuais protejam contra casos graves, hospitaliza��es e mortes causadas por infec��o da variante �micron. No entanto, infec��es em pessoas que est�o completamente vacinadas provavelmente ir�o ocorrer”.
Os primeiros casos da variante �micron no Brasil foram confirmados no dia 30 de novembro de 2021. At� 28 de dezembro, no painel de vigil�ncia gen�mica do SARS-CoV-2 da Fiocruz havia 42 casos confirmados da variante no pa�s.
At� 27 de dezembro de 2021, aproximadamente 143 milh�es de pessoas haviam sido imunizadas contra a covid-19 no pa�s, com duas doses de vacinas, e cerca de 25 milh�es de pessoas j� foram inoculadas com a dose de refor�o.
Eduardo Silveira reiterou que “o n�mero de interna��es e mortes no Brasil e no mundo s� caiu gra�as � vacina��o”. Ele atribui o surgimento de novas variantes ao fato de que “muitos, inclusive vacinados, t�m deixado a desejar no uso de medidas n�o farmacol�gicas (m�scaras, higiene das m�os, evitar aglomera��es). Assim, o v�rus continua a se disseminar, gerando eventualmente novas variantes”.
*Esta verifica��o foi realizada com base em informa��es cient�ficas e oficiais sobre o novo coronav�rus dispon�veis na data desta publica��o.