(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas CHECAMOS

Lula n�o vendeu o solo da Amaz�nia para uma empresa da Noruega

A afirma��o de que o solo da Amaz�nia teria sido vendido por Lula n�o � verdadeira, j� que a Constitui��o especifica que os recursos minerais pertencem � Uni�o


24/11/2022 19:39 - atualizado 24/11/2022 19:39


 

Captura de tela feita em 22 de novembro de 2022 de uma publicação no Facebook
Captura de tela feita em 22 de novembro de 2022 de uma publica��o no Facebook (foto: Reprodu��o)
O solo da Amaz�nia n�o foi vendido a uma empresa norueguesa no governo de Luiz In�cio Lula da Silva (PT), como dizem publica��es nas redes sociais que voltaram a circular ap�s a vit�ria do petista nas elei��es de 2022. Uma transa��o da licen�a para explorar min�rio n�o foi feita pelo presidente eleito, e sim, por duas empresas privadas que divulgaram a opera��o. Al�m disso, a Constitui��o brasileira prev� que o solo pertence � Uni�o, n�o podendo ser comercializado. 


'Olhem a� a mineradora da Noruega destruindo o meio ambiente na Amaz�nia. Lula vendeu o solo para a Noruega em documento secreto. Ela arrecada 2 bilh�es ao ano e devolve 180 milh�es para consertar o estrago que ela mesmo faz na Amaz�nia', diz o texto compartilhado no Facebook e no Instagram acompanhado por uma fotografia.

O conte�do circula pelo menos desde 2019, quando foi verificado pela AFP por meio do Projeto Comprova.

A foto efetivamente mostra um dep�sito de rejeitos de uma empresa norueguesa, como diz a postagem. Trata-se da companhia Hydro Alunorte, da qual o governo da Noruega � dono de 34,26% das a��es, al�m de outros 50 mil acionistas individuais e institucionais, localizada em Barcarena, no Par�.

Mas a afirma��o de que o solo da Amaz�nia teria sido vendido pelo ex-presidente Lula (2003-2010) n�o � verdadeira, j� que a Constitui��o Federal de 1988 especifica que os recursos minerais pertencem � Uni�o.

A Hydro, na realidade, comprou em 2010 a empresa brasileira Minera��o Paragominas S.A, que tem permiss�o do governo para extrair min�rio da mina de bauxita Paragominas, tamb�m no Par�. At� ent�o, a empresa era controlada pela Vale.

 

Leia: Lula teve a candidatura aprovada pelo TSE, portanto n�o h� impedimento para diploma��o 


A Vale, por sua vez, tamb�m vendeu � companhia norueguesa sua parte na refinaria Alunorte e na Albras, empresa que produz alum�nio.

Segundo o artigo 20 da Constitui��o, os recursos minerais do pa�s, inclusive os do subsolo, pertencem � Uni�o. O Servi�o Geol�gico do Brasil tamb�m esclarece em seu site que o propriet�rio do solo (terreno, fazenda, s�tio), tamb�m chamado de superfici�rio, n�o � dono do subsolo.

Por isso, mesmo que um fazendeiro ou uma empresa encontre min�rio em seu terreno, para extra�-lo do solo, � preciso solicitar uma concess�o ao Governo Federal por meio da Ag�ncia Nacional de Minera��o (ANM).

A ANM explicou � equipe da AFP em setembro de 2019 que essas autoriza��es n�o t�m prazo determinado e duram at� a 'exaust�o da jazida mineral', mas podem ser revogadas caso n�o seja cumprido o C�digo de Minera��o.

 

Leia: "Zero votos" em Bolsonaro em algumas se��es eleitorais n�o provam que houve fraude 

'Documento secreto'

Ao contr�rio do sugerido nas publica��es, a transa��o entre a Vale e a Hydro n�o ocorreu por meio de um documento secreto. Na verdade, as negocia��es foram anunciadas por ambas as empresas (1, 2).

A primeira aquisi��o da Hydro em a��es da Alunorte ocorreu em 2000, ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso. Naquele ano, a empresa norueguesa adquiriu 34% da refinaria brasileira. Em 2011, a Hydro passou a controlar 92% da Alunorte, de acordo com informa��es da empresa. O restante da participa��o � de propriedade da empresa japonesa Nippon Amazon Aluminium, como foi confirmado em 2019 por e-mail pela Hydro � AFP.

No mesmo ano, a Vale negociou com a empresa norueguesa a venda de 51% das a��es da Albras e 100% das a��es da mina de bauxita Paragominas (a bauxita � utilizada para a produ��o do alum�nio). A transa��o foi divulgada pelas duas empresas.

"Fatura '2 bilh�es' e devolve '180 milh�es para consertar o estrago'"

 

Outra afirma��o feita nas postagens virais � que a empresa norueguesa faturaria '2 bilh�es', sem especificar em qual moeda, e devolveria apenas '180 milh�es para consertar o estrago que ela mesma causa na Amaz�nia'.

 

Leia: Relat�rios virais sobre elei��es de 2022 usam premissas falsas, portanto n�o comprovam fraude 


Em 2019, a Hydro informou � AFP que no ano anterior a receita total de suas opera��es no Brasil foi de cerca de 22 bilh�es de coroas norueguesas, ou 10,4 bilh�es de reais em cota��o de 4 de setembro de 2019.

 

Captura de tela feita em 29 de agosto de 2019 do faturamento da Hydro no Brasil em 2018
Captura de tela feita em 29 de agosto de 2019 do faturamento da Hydro no Brasil em 2018 (foto: Reprodu��o)

O faturamento total da empresa no mundo, por sua vez, foi de 159 bilh�es de coroas norueguesas, ou seja, aproximadamente R$ 72,5 bilh�es. Neste caso, os faturamentos no Brasil e no mundo s�o consideravelmente superiores aos 2 bilh�es apontados, seja em coroas norueguesas ou em reais.

A respeito dos '180 milh�es' devolvidos para 'consertar o estrago', n�o fica claro a que as postagens se referem.

Foto mostra dep�sito de rejeitos de empresa norueguesa

As publica��es afirmam que a foto mostra 'a mineradora da Noruega destruindo o meio ambiente na Amaz�nia'. Mas uma busca reversa pela imagem levou a uma mat�ria do site Amaz�nia Real, de 23 de fevereiro de 2018, sobre um suposto vazamento de rejeitos da empresa norueguesa Hydro Alunorte na cidade de Barcarena, no Par�.

Com cr�dito ao fot�grafo Pedrosa Neto, a fotografia tamb�m estava no Flickr com a seguinte descri��o: 'Fotos da Bacia de rejeitos da Hydro Alunorte DRS1 em fevereiro de 2018'.

Pedrosa Neto detalhou � AFP:: 'A fotografia em quest�o foi feita com drone, no munic�pio de Barcarena, nordeste do estado do Par� [...] no dia 20/02/2018'.

Tr�s dias antes, em 17 de fevereiro de 2018, moradores da regi�o de Barcarena, onde ficam a Alunorte e Albras, denunciaram ao Minist�rio P�blico que uma 'lama vermelha' teria invadido quintais e po�os.

Por e-mail � AFP em 2019, tanto a Hydro quanto o autor da foto usada nas publica��es afirmaram se tratar do dep�sito de rejeitos DSR-1 da Hydro Alunorte.

 

Captura de tela feita do Google Earth em 29 de agosto de 2019 mostra a Hydro Alunorte em Barcarena, assim como os depósitos DSR-1 e DSR-2 ( .)
Captura de tela feita do Google Earth em 29 de agosto de 2019 mostra a Hydro Alunorte em Barcarena, assim como os dep�sitos DSR-1 e DSR-2 ( .) (foto: Reprodu��o)

O caso sobre o suposto vazamento tramita na justi�a brasileira, mas alegando morosidade, as v�timas acionaram os tribunais holandeses a fim de estabelecer a responsabilidade da Norsk Hydro e suas subsidi�rias. O Tribunal Distrital de Roterd� confirmou em 19 de outubro de 2022 sua autoridade para julgar a a��o.

Esta investiga��o foi realizada com apoio do Projeto Comprova. Participaram jornalistas da AFP, da Folha de S. Paulo e do Jornal do Commercio.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)