
O Brasil se prepara para fazer, nos pr�ximos meses, uma esp�cie de “ofensiva ambiental” na diplomacia internacional que deve culminar com a realiza��o da confer�ncia clim�tica da ONU nos Emirados �rabes, a COP 28, no final do ano.
O presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) falou com jornalistas em Bruxelas, na B�lgica, nesta quarta-feira (19/7), e apresentou parte da vis�o que o Brasil levar� ao mundo nos pr�ximos meses. Ele participou de encontro da Uni�o Europeia (UE) e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
O governo brasileiro quer assumir protagonismo nas discuss�es ambientais — e quer usar sua influ�ncia para exigir contrapartidas financeiras internacionais.
Em 8 e 9 de agosto, o Brasil vai realizar uma c�pula de pa�ses da regi�o amaz�nica em Bel�m (PA) — cujo objetivo � formular uma posi��o conjunta para apresentar na COP 28.
A Fran�a participar� do encontro por possuir floresta amaz�nica na Guiana Francesa. Rep�blica do Congo, Rep�blica Democr�tica do Congo e Indon�sia foram convidados por tamb�m possu�rem grandes florestas tropicais.

Soberania e moral
Um dos pontos principais da posi��o brasileira � reafirmar a soberania do Brasil e dos demais pa�ses amaz�nicos — ou seja, que as decis�es sobre a floresta sejam tomadas livremente pelos governos locais, sem precisarem se submeter a press�es internacionais.Durante a c�pula da Europa e Am�rica Latina esta semana em Bruxelas, o Brasil acusou pa�ses europeus — como Fran�a, Irlanda, Holanda e �ustria — de “amea�arem” com protecionismo os pa�ses que n�o atendem a determinados crit�rios de desmatamento e emiss�es de carbono.
Um dos pontos que Lula quer deixar claro para a comunidade internacional � que o Brasil n�o aceita que a Amaz�nia seja tratada como um “santu�rio”, ou seja, que n�o haja nenhum tipo de atividade econ�mica e que a floresta seja tratada como se fosse uma grande reserva ambiental.
Lula ressaltou que a Amaz�nia � uma regi�o com mais de 50 milh�es de pessoas — e mais de 20 milh�es de brasileiros — e que a floresta � vital para a vida de ind�genas, ribeirinhos, extrativistas e estudiosos.
“� importante que as pessoas levem a s�rio que a Amaz�nia � um territ�rio soberano do Brasil, no caso dos 4 milh�es de quil�metros quadrados que o Brasil tem responsabilidade”, disse Lula.
“Mas o Brasil n�o quer transformar Amaz�nia no santu�rio da humanidade. N�s queremos transformar num centro de desenvolvimento, queremos compartilhar a explora��o cient�fica com o mundo que quer participar. Porque n�s achamos que � poss�vel extrair do ecossistema da Amaz�nia e da riqueza da biodiversidade.”
Isso n�o significa incentivar atividades como desmatamento e agropecu�ria, segundo o discurso do presidente.
“No Brasil, est� ficando cada vez mais claro que n�o se precisa derrubar uma �nica �rvore para plantar mais soja.”

Lula tamb�m cobra um compromisso que ele aponta ter sido assumido por pot�ncias internacionais em 2009, de US$ 100 bilh�es para ajudar na preserva��o da floresta. Em Bruxelas, Lula fez repetidas refer�ncias a essa promessa e disse que o assunto voltar� � mesa na c�pula de Bel�m e na COP.
O presidente tamb�m tentou retomar doa��es de pa�ses europeus ao Fundo da Amaz�nia — que foram interrompidas durante o governo de Jair Bolsonaro. Mas ele saiu da Europa sem conseguir um compromisso da Dinamarca — que apenas prometeu que tem a “inten��o” de contribuir.
Lula defende que o Brasil tem dois argumentos que d�o autoridade moral ao pa�s na quest�o ambiental.
Primeiro, � o fato de o governo assumir de forma unilateral e volunt�ria o compromisso de acabar com o desmatamento da Amaz�nia at� 2030. Em segundo lugar, ele argumenta que o Brasil tem uma das matrizes energ�ticas mais limpas do planeta.
“O Brasil � um pa�s que tem um potencial excepcional, n�s temos 87% da nossa energia el�trica renov�vel, contra o mundo, que s� tem 28%. N�s temos, de toda a matriz energ�tica envolvendo combust�vel, 50% totalmente renov�vel contra 15% do resto do mundo”, disse o presidente, acrescentando que “pouca gente tem autoridade moral para falar em transi��o ecol�gica”.
O presidente tamb�m defendeu que prote��o ao meio ambiente e mudan�as clim�ticas sejam inclu�dos como disciplinas no curr�culo escolar, para que as novas gera��es sejam conscientizadas desde cedo.