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Estado de Minas Gastronomia

Acolhedora, Tiradentes combina a hist�ria com o sabor da cozinha

Se muito da identidade de Minas foi preparado em torno do fog�o a lenha, poucas cidades conseguem sintetizar t�o bem as receitas ancestrais como Tiradentes


Minas 300 Anos
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Minas 300 Anos
postado em 02/12/2020 10:17 / atualizado em 02/12/2020 13:31

Tiradentes combina a história presente em templos e outros monumentos com o sabor das cozinhas em sua receita para atrair turistas(foto: LEANDRO COURI/EM/DA PRESS)
Tiradentes combina a hist�ria presente em templos e outros monumentos com o sabor das cozinhas em sua receita para atrair turistas (foto: LEANDRO COURI/EM/DA PRESS)

 
Em tr�s s�culos, a identidade de Minas, e pode-se dizer que o orgulho tamb�m, foram preparados em volta do fog�o a lenha, das mesas fartas e dos pratos da “cozinha de quintal”, aquela feita com ingredientes cultivados pela fam�lia, as verduras da horta e as cria��es, como o porco e a galinha. Nas Gerais, as refei��es s�o alimento para saciar a fome,mas n�o apenas isso. Servir-se � uma experi�ncia, um acontecimento. E grande parte da reputa��o se deve � gastronomia de Tiradentes, que conseguiu a proeza de unir a tradi��o da cozinha mineira e a renova��o da gastronomia, para agradar a todos os paladares. “Tiradentes � uma grife gastron�mica”, resume Beth Beltr�o, da Frente Mineira da Gastronomia.

N�o � � toa que a cidade � destino certo para quem quer experimentar os sabores e temperos da cozinha mineira, e tornou- se tamb�m um dos principais destinos do turismo gastron�mico no Brasil, com restaurantes da cozinha contempor�nea e da culin�ria internacional. Tanto em restaurantes simples quanto nos mais badalados, � certo que o comensal encontrar� comida muito boa. A cidade recebe um dos mais importantes eventos gastron�micos do pa�s: o Festival de Gastronomia Tiradentes, realizado desde 1997, e o Fartura Tiradentes.

Os restaurantes se notabilizam pela qualidade dos ingredientes, sempre frescos e saborosos, fazendo jus � tradi��o das cozinhas de Minas. Dois deles, o Virada’s do Largo, comandado por Beth Betr�o, e o Ora-pro-nobis, do chefe Jo�o Lombardi, buscam ingredientes para receitas no quintal. Quem chega ao Virada’s encanta-se com a horta e pode, inclusive, pedir � chef que prepare um prato exclusivo a partir da verdura fresca colhida na hora. O ora-pro-n�bis tamb�m vem do terreiro. Os restaurantes est�o em sintonia com movimentos como slow food, de valoriza��o do alimento org�nico e fresco, cultivados sem agrot�xico.

O restaurante que leva o nome de uma das verduras tradicionais nas hortas de Minas mantém a cultura de colher ingredientes no quintal(foto: LEANDRO COURI/EM/DA PRESS)
O restaurante que leva o nome de uma das verduras tradicionais nas hortas de Minas mant�m a cultura de colher ingredientes no quintal (foto: LEANDRO COURI/EM/DA PRESS)

Os pratos criados por Beth Beltr�o acompanham sempre uma boa hist�ria, o que faz com que a experi�ncia de ir ao restaurante seja tamb�m um momento de intera��o com a hospitalidade mineira. “A gastronomia de Minas � essa maravilha que a gente tem, presente de Deus para este estado maravilhoso, que a gente mant�m nessa fidelidade � cultura gastron�mica. Fico muito feliz de fazer parte desse grupo de cozinheiros”, afirmou.

Um dos pratos que ela serve foi batizado pelo estilista Clodovil (1937-2009) que, certa vez, quando visitou o restaurante, pediu que Beth preparasse algo s� para ele. Ela serviu uma carne serenada na manteiga, feij�o batido, mandioca frita e farofa de ovo. Ao provar, Clodovil s� p�de dizer: “Trem b�o”. Virou nome de batismo do prato.

Natural de Passos, Beth Beltr�o se mudou para a cidade hist�rica – e a adotou – h� 30 anos. Foi l� tamb�m que decidiu abrir o restaurante Virada’s, um dos mais procurados por quem ama a culin�ria mineira. 

Beth foi uma das contempladas como Oscar da Gastronomia quando Minas foi homenageada no Madrid Fusi�n, edi��o 2013, um dos principais eventos de gastronomia do mundo. “Sempre fizeram a escolha pelos continentes e olha s�: eles escolheram o nosso maravilhoso estado de Minas Gerais. Isso � algo de peso para n�s. N�o quer dizer que a nossa gastronomia � a melhor, mas � uma gastronomia de fidelidade, de carinho, de afeto e de hist�ria. A gente,como mineiro, n�o quer fazer uma comida de retrato, a gente quer fazer comida para dar alegria e surpreender”, defende Beth.

A cozinheira segue o lema “cozinhar � arte e arte n�o se faz com pressa”. “A gente desacelera as pessoas. Mostra nosso carinho n�o s� no sabor, mas nesse abra�o de mineiro, que � muito importante e est� fazendo muita falta agora, em momento de pandemia.” 
A pioneira Beth Beltrão(foto: Márcia Maria Cruz/EM/DA PRESS)
A pioneira Beth Beltr�o (foto: M�rcia Maria Cruz/EM/DA PRESS)

Na avalia��o dela, Tiradentes virou uma marca de gastronomia pela dedica��o que as pessoas t�m e o comprometimento com o ato de preparar os alimentos. “Temos muitos e bons restaurantes aqui em Tiradentes.” Ela conta que muita gente chega ao restaurante atra�da pelo cheiro. “Em qualquer lugar em que voc� estiver aqui, andando na Rua Direita, na pra�a, nas imedia��es, voc� sente o cheiro da comida” e tem dado certo. O restaurante est� sempre cheio e, muitas vezes, � preciso fazer reserva para conseguir uma mesa. O card�pio faz sucesso h� 30 anos, o que demonstra fidelidade e tradi��o.
 
O chef do restaurante Ora pro nobis, João Lombardi, com a mãe Áurea(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
O chef do restaurante Ora pro nobis, Jo�o Lombardi, com a m�e �urea (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
 
 
O chef Jo�o Lombardi escolheu o ora-pro-n�bis como o astro do restaurante, batizado com o nome da verdura. “� um ingrediente que ganha pela simplicidade. Uma folhinha super simples, super comum, de f�cil acesso, que todo mundo consegue ter no quintal e no jardim. Conseguimos criar pratos com esse ingrediente que s�o t�o procurados”, afirma.

E o ora-pro-n�bis � de fato a verdura da vez. Ganha espa�o na cria��o de grandes chefs e encanta todos os paladares. Tamb�m entrou na prefer�ncia de veganos e vegetarianos, por sua qualidade nutritiva. “� uma verdura muito rica em prote�na, muitas vezes substituindo a carne. Proporciona a possibilidade de criar, ser usada de v�rios modos dentro da cozinha, e com isso trazendo resultados muito bacanas.”

O ingrediente n�o rouba a cena: de sabor suave e textura �nica, combina com carnes e risotos, por exemplo. “N�o tem nada que se pare�a com o ora-pro-n�bis”, define Lombardi. O chef criou pratos exclusivos com o ingrediente – o risoto de galinha caipira ou o risoto de ora-pro-n�bis. “A cozinha mineira � um pouco isto: o fundo de quintal, as cria��es… Ter um porquinho no quintal, uma galinha, a hortinha de couve. E o ora-pro-n�bis, claro, que � pe�a fundamental na horta dos mineiros.”

O restaurante, fundado h� 17 anos, est� de endere�o novo. Transferiu-se do Centro Hist�rico para o bairro Pacu, na entrada da cidade. O card�pio vigora desde a inaugura��o. “Para criar o card�pio, tento pensar o que o meu cliente vem buscar. Tento imaginar o que ele n�o tem na terra dele, o que vem buscar da culin�ria em Tiradentes. Tento remeter � minha cria��o”, afirma Jo�o. E conclui: o ora-pro-n�bis acalma a alma.
 
Lombo Mineira, uma das especialidades da casa(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Lombo Mineira, uma das especialidades da casa (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
 

O poder do fogo


Imposs�vel definir a alma das Gerais sem falar da arte culin�ria, esse tesouro cultural que atravessa fronteiras, atrai visitantes e se tornou marca registrada da mineiridade. Mais imposs�vel ainda n�o destacar o nome de L�cia Clementino Nunes (1932-2019), a dona Lucinha, natural do Serro, no Vale do Jequitinhonha, e muito mais do que um artista da cozinha: era professora, pesquisadora, escritora, m�e de 11 filhos e conhecedora da sua miss�o.

ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO(foto: Márcia Nunes com a mãe, dona Lucinha: legado e ensinamentos preservados )
ARQUIVO PESSOAL/DIVULGA��O (foto: M�rcia Nunes com a m�e, dona Lucinha: legado e ensinamentos preservados )

O legado de dona Lucinha � tratado com devo��o pela filha M�rcia Nunes, formada em hist�ria, especialista em arte culin�ria mineira e propriet�ria do restaurante Dona Lucinha. “A cozinha mineira � uma s�ntese �tnica”, aprendeu M�rcia com a m�e, pois as receitas t�m influ�ncia dos portugueses colonizadores, dos negros escravizados e dos �ndios, os primeiros habitantes da terra.

Foi durante uma viagem que M�rcia ouviu de um estudioso a frase “O fogo � o lar”, da qual nunca se esqueceu. Tanto que se tornou t�tulo do cap�tulo do livro Hist�ria da arte da cozinha mineira por dona Lucinha, que escreveu em 2001. “A palavra lar vem de lareira, portanto, traduz o aconchego, a casa. O fog�o a lenha tem muita import�ncia na nossa cultura, o fogo aquece a alma de Minas, re�ne as fam�lias, prepara o alimento.”

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