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Estado de Minas DECIFRADOR DA ALMA BRASILEIRA

Biografia de M�rio de Andrade traz corre��es hist�ricas e recupera poema perdido do escritor

'Em busca da alma brasileira' desvenda as m�ltiplas faces do principal mentor do Modernismo, autor de obras essenciais como 'Macuna�ma', 'Amar, verbo intransitivo' e 'Pauliceia desvairada'


postado em 06/09/2019 04:00 / atualizado em 06/09/2019 10:02

(foto: Wikimedia Commons)
(foto: Wikimedia Commons)

Escrevia brasileiro. Diferentemente dos intelectuais dos anos 1920, Paris n�o o seduzia. Queria rasgar o territ�rio continental, afundar-se na cultura popular, nas lendas e no folclore, mitos e deuses do Nordeste e do Norte amaz�nico. Percorrendo a literatura das tribos taulipang e arejun�, que habitavam a regi�o da fronteira tr�plice Brasil, Venezuela e Guiana, arrancou daquelas entranhas inspira��o para Macuna�ma, o her�i sem identidade. Tradi��es, supersti��es, falares regionais, nessa miscel�nea liter�ria apresentou o Brasil aos brasileiros, unificando pela cultura essa terra de oligarquias, terra que se fizera Rep�blica, mas ainda vagava sem encontro marcado com o seu esp�rito.

Em Minas Gerais, quis afundar-se na arte religiosa barroca de Aleijadinho, que, em suas deforma��es, lembrava-lhe os artistas modernos. Saindo da Central do Brasil num trem-leito at� chegar �s cidades hist�ricas de S�o Jo�o del-Rei e Tiradentes; e de l�, numa maria-fuma�a cuspindo fuligem, sacolejando e cortando serras desembarcou em Belo Horizonte. Naquele ent�o jovem cora��o de Minas plantou nova semente do Modernismo: conheceu Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava, Martins de Almeida e Em�lio Moura. Numa explos�o �pica da l�rica urbana, comp�s o Noturno de Belo Horizonte, um de seus melhores poemas de uma obra oce�nica, consagrando uma de suas marcas sustentadas na cultura popular, internacional e no folcl�rico-nacional.

"Fortuna inviol�vel!
O casco pisara em falso.
D�o noiva e cavalo um salto
Precipitados no abismo.
Nem o baque se escutou.
Faz um sil�ncio de morte.
Na altura tudo era paz...
Chicoteando o seu cavalo,
No v�o do despenhadeiro
O noivo se despenhou.
E a serra do Rola-Mo�a
Rola-Mo�a se chamou.
Eu queria contar as hist�rias de Minas
Pros brasileiros do Brasil..."


Esse � M�rio de Andrade (1893-1945), autor n�o s� da obra-prima Macuna�ma (1928) – que relata as perip�cias do her�i �s avessas, ind�gena que corta o territ�rio nacional em fuga do gigante antrop�fago estrangeiro Piaim�, e a procura de um muiraquit� (talism� da felicidade). Mas tamb�m de Pauliceia desvairada (1922), de Amar, verbo intransitivo (1927), para citar algumas das in�meras obras que marcaram inflex�o na literatura nacional. Colaborador de publica��es como A Gazeta, A Cigarra, O Echo, Papel e Tinta, Klaxon, Di�rio Nacional, Folha de S.Paulo e Di�rio de S�o Paulo, tem o nome carimbado ao movimento modernista brasileiro: foi o seu principal mentor intelectual. Multifacetado, n�o � toa � definido como um “enigma” para aqueles que o conheceram, e, sobretudo, tamb�m para si: “Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,/ mas um dia afinal eu toparei comigo.../Tenhamos paci�ncia,/andorinhas curtas,/S� o esquecimento � que condensa,/E ent�o minha alma servir� de abrigo”.

Mário de Andrade em uma de suas visitas a Ouro Preto, nos anos 1920, onde estudava arte barroca(foto: Arquivo EM)
M�rio de Andrade em uma de suas visitas a Ouro Preto, nos anos 1920, onde estudava arte barroca (foto: Arquivo EM)


Perto dos 70 anos da morte desta personalidade que acumula uma das obras liter�rias mais densas e diversificadas do Brasil, o jornalista e bi�grafo Jason T�rcio lan�a pela Editora Sextante, selo Esta��o Brasil, Em busca da alma brasileira, t�tulo que sintetiza a trajet�ria de M�rio de Andrade, cuja obsess�o foi assim revelada a Carlos Drummond de Andrade, com quem correspondeu por toda a vida: “N�s temos que dar uma alma ao Brasil, e para isso todo sacrif�cio � grandioso, � sublime”.

''Ousado e t�mido. Recatado e escandaloso. Confessional e comedido. Modesto e vaidoso. Apol�neo e dionis�aco. Singular e plural. Tantos contrastes num esp�rito criativo e dotado de imensa curiosidade intelectual tornaram M�rio de Andrade um caso �nico na cultura brasileira''

Jason T�rcio, jornalista e bi�grafo

Ao descrever o intelectual M�rio de Andrade, T�rcio puxa o novelo dos paradoxos: “Ousado e t�mido. Recatado e escandaloso. Confessional e comedido. Modesto e vaidoso. Apol�neo e dionis�aco. Singular e plural. Tantos contrastes num esp�rito criativo e dotado de imensa curiosidade intelectual tornaram M�rio de Andrade um caso �nico na cultura brasileira”. Nas palavras do bi�grafo, ele era um oceano. “T�o infinito que se tornou, pela minha estimativa, o segundo escritor brasileiro mais estudado ap�s Machado de Assis”, assinala T�rcio, lembrando que foram centenas de livros, artigos, ensaios, teses, disserta��es sobre a sua obra, discutindo aspectos diferentes. Nada que at� hoje tenha conseguido cobrir a trajet�ria deste homem, que, segundo T�rcio, se desdobraria numa longa lista de fazeres: poeta, romancista, contista, cronista, cr�tico de arte, music�logo, folclorista, fot�grafo, professor, colecionador de arte, epistol�grafo, jornalista, bibli�filo, �cone da vanguarda modernista e diretor do primeiro �rg�o cultural do Brasil, o Departamento Cultural de S�o Paulo.


Interesse pela diversidade

M�rio de Andrade nasceu em S�o Paulo, quatro anos depois do golpe militar que proclamou a Rep�blica (1989), e esta, por seu turno, nascia no ano seguinte � aboli��o da escravatura (1888). Neto de mulatas, primas entre si e de origem pobre – e por parte paterna, neto de desconhecido – num pa�s em que o racismo ainda cultiva as suas ra�zes estruturais –, para o bi�grafo T�rcio talvez a consci�ncia profunda de sua origem tenha desde sempre despertado o interesse dele pela diversidade cultural brasileira. De fam�lia tradicional, o pai, Carlos Augusto Pereira de Andrade, tip�grafo, depois de 10 anos vi�vo, se casou com Maria Luiza de Moraes, filha do advogado e pol�tico Joaquim de Almeida Leite Moraes, com quem trabalhara. Inf�ncia devota de carola, aluno sofr�vel – tinha notas baixas em franc�s, em aritm�tica e, ao contr�rio do irm�o mais velho, que se tornaria advogado, o estudante M�rio era a decep��o da fam�lia. Teve a forma��o voltada para a m�sica e as letras. Carregaria o catolicismo e as rela��es com a Igreja vida afora, em que pese tenha preservado uma mente e um pensamento livre, que lhe permitiram dar o passo que fez a diferen�a na hist�ria cultural do Brasil.

Fisicamente, � descrito por T�rcio como um “grandalh�o de personalidade fr�gil”, de 1,87m, “ombros largos, l�bios grossos, dentes pequenos numa boca que ficava maior quando gargalhava”. E mesmo que a orienta��o sexual deste g�nio seja um detalhe pouco relevante, T�rcio trata de desfazer o mist�rio. “M�rio de Andrade, acredito, era bissexual. As pessoas valorizam muito isso, mas esse aspecto serve para encobrir e minimizar a import�ncia dele como intelectual e para a cultura brasileira. Abordo no livro, divulgo cartas in�ditas com pessoa do sexo masculino com quem aparentemente teve caso, e ind�cios de relacionamento com mulheres. Esse tema s� ganhou import�ncia por ter sido escondido por muito tempo”, afirma T�rcio. O bi�grafo mant�m em sigilo a identidade de H., um rapaz da congrega��o cat�lica da qual M�rio foi membro, com quem troca correspond�ncia que sugere relacionamento amoroso. Ao mesmo tempo, h� men��o a cartas e v�rias passagens – uma das quais em viagem ao Norte do Brasil – em que M�rio de Andrade manteve encontros com mulheres.

Quase 10 anos de pesquisa em busca de novas fontes prim�rias, contrapondo documentos escritos e orais, iconogr�ficos e audiovisuais, T�rcio considera ter corrigido equ�vocos sobre M�rio de Andrade e a hist�ria do Modernismo, entre eles a sua aproxima��o de Oswald de Andrade. Este um agitador cultural e importante nome do Modernismo, movimento que tem por marco temporal a Semana de Arte de 1922, mas cujo embri�o se desenvolve principalmente ap�s a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). T�rcio tamb�m descobriu em sua pesquisa uma terceira fase do Movimento Antropof�gico, em revista carioca, inclusive poema in�dito de M�rio de Andrade.

Condi��es para ser modero

No in�cio dos anos 1920, o Brasil tinha todas as condi��es “para n�o ser moderno, a come�ar pela mais b�sica, a educa��o”, analisa o bi�grafo de M�rio de Andrade. A sociedade, sobretudo agr�ria, era majoritariamente analfabeta, sustentada pela monocultura agroexportadora do caf� e dominada na pol�tica pelas oligarquias, principalmente de S�o Paulo e Minas Gerais, que, com a pol�tica do caf� com leite se revezavam no poder, por meio do Partido Republicano Paulista (PRP) e do Partido Republicano Mineiro (PRM). N�o votavam mulheres, religiosos, militares e analfabetos. E estes eram muitos: alcan�avam 71,2% de uma popula��o de 30,6 milh�es.

Sob o impacto da Primeira Guerra, o mundo revirava ao avesso, afundado na dura realidade que enterrava o otimismo e o sonho de expans�o da belle �poque. O sentimento do nacionalismo passa a ser exaltado pelos pa�ses envolvidos no conflito. Esse clima alcan�ou o Brasil, que enfrentava quest�es sociais agudas, greves nas principais cidades do pa�s com a emerg�ncia do movimento oper�rio. A intelectualidade e a sociedade estavam polarizadas: em 1922, ano em que era fundado o Partido Comunista do Brasil (PCB), tamb�m nascia o Centro Dom Vital, de orienta��o cat�lica. O pa�s enfrentava a rebeli�o tenentista do Forte de Copacabana, assistia ao lan�amento, no Planalto Central, da pedra fundamental daquela que seria a futura capital. “Tudo isso era um novo tempo. M�rio e seu grupo foram espectadores e agentes dessas transforma��es”, informa T�rcio.

Nesse contexto, aproximava-se o centen�rio da Independ�ncia: sob a chamada Primeira Rep�blica (1889-1930), regida pela Constitui��o de 1891, em que pa�s estaria a comemorar 100 anos de soberania, era uma pergunta central do debate que mobilizava as artes. A Europa explodia em vanguardas. O Futurismo do italiano Marinetti exaltava a velocidade e a m�quina no contexto das inova��es tecnol�gicas. Da pintura, o Cubismo fracionava e remontava a realidade em planos geom�tricos superpostos. O Dada�smo de Tristan Tzara recha�ava qualquer coer�ncia e a arte de protesto provocava a sociedade burguesa em obras aleat�rias, que enfatizavam o caos, a desordem, al�m de objetos e elementos de pouco valor, desconstruindo conceitos da arte tradicional. Esse ambiente externo exercia grande influ�ncia sobre intelectuais brasileiros, principalmente no Sudeste e Sul do pa�s, centro de poder da vida econ�mica e pol�tica, onde se instalara abundante m�o de obra imigrante europeia.

Liberdade de cria��o e express�o

A cidade de S�o Paulo apresentava um din�mico crescimento industrial, e guardava o maior n�mero absoluto de leitores do pa�s. “A classe m�dia se multiplicava, assim como os locais de encontros que estimulavam a criatividade art�stica”, lembra T�rcio. A vanguarda europeia influencia os artistas e intelectuais brasileiros, que querem dar uma resposta � altura de uma consci�ncia nacional: surgem autores jovens descontentes com a tradi��o acad�mica e parnasiana, impondo � literatura brasileira um processo din�mico de transforma��o, que tamb�m est� presente em todas as artes. M�rio de Andrade se articula com intelectuais e artistas de diferentes regi�es do Brasil, numa teia em que � embalado o movimento: Anita Malfatti (S�o Paulo), Villa-Lobos (Rio de Janeiro), C�mara Cascudo (Rio Grande do Norte), Manuel Bandeira (Pernambuco), Pedro Nava e Carlos Drummond de Andrade (Minas Gerais), Raul Bopp (Rio Grande do Sul).

 

O Modernismo tem como caracter�stica unificadora a liberdade de cria��o e express�o, ideais nacionalistas, ambos voltados � emancipa��o da depend�ncia europeia: n�o apenas no vocabul�rio e na sintaxe, mas tamb�m na busca por temas nacionais e na maneira de ver o mundo. M�rio de Andrade, �cone do Modernismo, passa a usar as express�es coloquiais, com valoriza��o diferenciada do l�xico. Nas palavras do bi�grafo Jason T�rcio, ao descrever confer�ncia proferida por M�rio de Andrade na Casa do Estudante do Brasil (CEB), em 1942, quando completava 20 anos da Semana da Arte Moderna: “Durante hora e meia, M�rio fez reflex�o te�rica ao apresentar os tr�s princ�pios b�sicos do Modernismo (direito � pesquisa est�tica, atualiza��o da intelig�ncia art�stica, e estabiliza��o de uma consci�ncia criadora), lan�ou hip�teses controvertidas (‘O esp�rito revolucion�rio modernista, t�o necess�rio como rom�ntico, preparou o estado revolucion�rio de 30 e diante’), praticou memorialismo afetivo (‘Fomos realmente puros e livres, desinteressados, vivendo numa uni�o iluminada e sentimental das mais sublimes’) e se exp�s em confiss�es sinceras (‘Abandonei, trai��o consciente, a fic��o em favor de um homem de estudo que fundamentalmente n�o sou’)”.


Para descrever os derradeiros momentos de vida de M�rio de Andrade – de todos os tempos, o escritor brasileiro mais retratado, desenhado e caricaturado –, Jason T�rcio recorreu, entre um conjunto, a diversas fontes, � poeta Oneyda Alvarenga (1911-1984), amiga pr�xima que o visitara horas antes. Ali, em seu quarto – em casa que considerava o seu “�tero” –, sentindo dores no peito, recusou que lhe chamassem o padre amigo para a extrema-un��o. Sentia-se “em paz com Deus”. O g�nio de sa�de fr�gil, que pela vida lidou com as consequ�ncias do que hoje se acredita ter sido uma pleurodinia, pediu um cigarro ao amigo Luiz Saia, a quem acabara de entregar o pref�cio sobre Shostakovich. Com a x�cara de ch� numa m�o, M�rio deu algumas tragadas. Sentiu falta de ar, uma fisgada profunda. Estendeu o bra�o entregando ao amigo a ta�a. Curvou-se para a frente. Encantou-se. N�o foi aos 50, como anunciara aos amigos. Mas aos 51 anos e quatro meses.




EM BUSCA DA ALMA BRASILEIRA – BIOGRAFIA DE M�RIO DE ANDRADE
  • DE JASON T�RCIO
  • Sextante/Esta��o Brasil
  • 544 p�ginas
  • R$ 79,90
  • R$ 49,99 (e-book)

Entrevista

Jason T�rcio, jornalista e bi�grafo

Como surgiu o interesse pela pesquisa sobre M�rio de Andrade?

De qualquer lista dos cinco escritores mais importantes do Brasil tem de constar M�rio de Andrade e Machado de Assis. E, no entanto, at� esta biografia, havia livros de mem�rias, escritos por amigos. Muitas cartas com informa��es biogr�ficas, ensaios, mas nada realmente como uma biografia no sentido completo da palavra. Tive a ideia ao fim da d�cada de 90, mas at� realmente iniciar foi em 2010. A pesquisa nunca terminou, inclusive descobri informa��es importantes quando o texto estava em fase de revis�o na editora: a terceira fase da Antropofagia. Todos os textos sobre a hist�ria do Modernismo, sobre Oswald de Andrade, falam em duas fases – a fase da Revista de Antropofagia propriamente dita e a chamada segunda denti��o, em que a publica��o foi apenas uma p�gina no jornal. Nunca se falou na terceira fase. Descobri que durou quase um ano, numa revista do Rio na qual inclusive consta um poema do M�rio de Andrade que n�o encontrei em nenhuma edi��o, portanto, um poema praticamente in�dito. Ent�o o n�vel de informa��o de campo abordado por M�rio de Andrade � t�o vasto que realmente � uma vida inteira que a gente deveria dedicar. Mas acredito que resumi bem as principais atividades dele, inclusive descobri muitas coisas novas.

Que papel atribui a M�rio de Andrade no Modernismo?

Ele foi sem d�vida o l�der informal do Modernismo. N�o se sentia muito � vontade liderando, mas todos os cr�ticos de modo geral, inclusive os contempor�neos dele, sempre o consideraram l�der, pois foi autor do primeiro livro de poesia modernista – Pauliceia desvairada. Ele instigou o grupo a continuar – pois n�o bastou simplesmente fazer a Semana de Arte Moderna – publicando artigos, debatendo. Gra�as a ele, o Modernismo se tornou movimento importante e influente at� hoje na literatura. Al�m de ser autor do romance mais importante do movimento, que foi Macuna�ma. Ali�s, talvez seja o romance brasileiro mais conhecido. Sob a bandeira modernista ele abordou v�rios campos do conhecimento, folclore, a m�sica popular, al�m de ter sido diretor do Departamento de Cultura de S�o Paulo, primeiro �rg�o p�blico cultural do pa�s. Por toda essa dedica��o foi o principal, e n�o Gra�a Aranha, que tentou ocupar esse lugar, o mentor e organizador do Modernismo.

Que heran�a nos deixa o Modernismo hoje?

O Brasil n�o pode se considerar um pa�s moderno. Hoje � pa�s dividido entre a civiliza��o e a barb�rie. Tem alguns aspectos modernos. E a cultura � um deles. Essa realmente acho que hoje � moderna, diversificada, miscigenada, conhecida l� fora, continua muito � frente da pol�tica e da economia e dos costumes em geral. Muito dessa atualidade se atribui � luta do M�rio de Andrade e do grupo modernista: fazer com que a cultura e o resto do pa�s sejam antenados, caminhem na mesma estrada, que n�o haja esse descompasso absurdo entre o humanismo e a caretice. M�rio de Andrade teve tr�s caracter�sticas fundamentais: paix�o incondicional pelo Brasil, a independ�ncia de pensamentos, nunca se aliou a grupos e – havia grande polariza��o � �poca dentro do pr�prio Modernismo que se dividiu entre antropofagia, depois verdes e amarelos, e havia tamb�m os grupos de extrema-direita dos integralistas. Uma terceira caracter�stica, a diversifica��o, a grande curiosidade intelectual dele por tudo  que acontecia. Essa busca dele pela alma brasileira continua at� hoje e a alma brasileira continua dividida, nesse aspecto o legado dele continua muito atual. Ali�s, outro ponto em comum, de converg�ncia, quando surgiu o Modernismo, surgiu sob impacto de grandes novidades t�cnicas como avi�o, o autom�vel, o telefone. Foram essas novidades um est�mulo para tentar fazer uma literatura antenada com as novidades. Hoje, o mundo vive o impacto das novas tecnologias, redes, internet. E apesar de todas essas novidades, em termos de vida real ainda h� muito a ser feito e a se modernizar.


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