Escritos da casa morta � verdadeiro laborat�rio de personagens
Obra produzida por Dostoi�vski depois de sua pris�o na Sib�ria, tem in�meras figuras baseadas no car�ter de criminosos com quem conviveu e que influenciaram tamb�m Crime e castigo e Os irm�os Karam�zov
Xilogravura de Oswaldo Goeldi ilustra a capa da nova edi��o de Escritos da casa morta %u2013 obra seminal de Dostoi�vski lan�ada em 1861/62 %u2013, que cont�m ainda outras 42 do artista carioca e acaba de ser lan�ada pela Editora 34
A conviv�ncia com centenas de criminosos, os trabalhos for�ados e depois a vida de soldado imperial na d�cada de 1850 foram um “laborat�rio” para Dostoi�vski e causaram profundos questionamentos psicol�gicos e espirituais, inclusive a reconsidera��o da sua f� crist� secular. Dessa experi�ncia tr�gica, ele produziu Escritos da casa morta, obra semiautobiogr�fica, lan�ada em 1861/62, que acaba de chegar ao mercado brasileiro pela Editora 34, com tradu��o de Paulo Bezerra, diretamente do russo. Buscou inspira��o em in�meros prisioneiros na fortaleza prisional de Omsk, na Sib�ria, para criar personagens marcantes em obras essenciais, como Os dem�nios, Crime e castigo e Os irm�os Karam�zov.
Para evitar a censura do regime czarista, que estava afrouxada desde a morte de Nicolau I, em 1855, mas ainda era forte, Dostoi�vski n�o assume o protagonismo em Escritos da casa morta. O livro tem uma introdu��o e duas partes. Logo na introdu��o, j� � apresentado o narrador, Aleksandr Pietr�vitch Gori�ntchikov, um aristocrata, dono de terras, que cumpre pena em Omsk sob acusa��o de matar a mulher por ci�me no primeiro ano de casamento. J� � a primeira diferen�a com a vida real, porque Dostoi�vski foi para a Sib�ria como prisioneiro pol�tico por suas ideias, principalmente contra o feuda- lismo ainda vigente na R�ssia.
Depois da morte de Gori�ntchikov, s�o encontradas suas anota��es, que ele chamou de Cenas da casa morta, em que � relatada sua realidade no pres�dio e que s�o transformadas nas duas partes de Escritos da casa morta. “Assim � o comportamento do seu duplo e narrador Aleksandr Pietr�vitch Gori�ntchikov, em Escritos da casa morta, e em especial durante a montagem do espet�culo teatral dos presos, para o qual o pr�prio Dostoi�vski servira, de fato, como diretor de cena, revelando seus not�veis pendores teatrais e lan�ando m�o de uma mescla de g�neros como a pantomima, o vaudeville, a com�dia e a bufonaria (alguns desses g�neros migraram para as suas obras), tudo estribado numa linguagem autenticamente popular, carregada de ditos alegres e insinua��es indecentes”, explica o tradutor de Escritos da casa morta, Paulo Bezerra, na apresenta��o da obra.
“Dostoi�vski deu uma tacada de mestre ao delegar formalmente a Gori�ntchikov a fun��o de autor secund�rio e narrador, mantendo-o sob sua diretriz de autor prim�rio, fazendo-o realizar seu excedente de humanidade no espa�o apropriado para a futura narrativa sobre os gal�s, e tudo sob o ponto de vista do autor prim�rio Dostoi�vski”, diz Bezerra.
Segundo ele, “o que se v� em Escritos da casa morta � a substitui��o da hist�ria inicial do crime e das prova��es de Gori�ntchikov por uma profus�o de relatos sobre a vida dos gal�s, com seus crimes e seus castigos, em que o coletivo se sobrep�e ao individual e a narrativa ganha uma envergadura �pica que abrange literalmente todos os recantos, habitantes, assuntos e costumes do pres�dio”.
TRADU��O COM NOVO NOME
At� agora, a obra era conhecida no Brasil como Recorda��es da casa dos mortos. Paulo Bezerra explica a mudan�a de nome: “Esta op��o para o t�tulo em portugu�s de Zapiski iz mi�rtvovo doma deveu-se a alguns fatores. O termo 'casa morta', que � a tradu��o literal das palavras utilizadas por Dostoi�vski, fundamenta-se, sobretudo, pela aus�ncia de 'mortos' na narrativa: os gal�s do pres�dio de Omsk s�o retratados com grande vivacidade. Portanto, n�o h� mortos na tristemente famosa casa, mas homens vivos, sagazes, inteligentes ou n�o, todos v�timas de uma sinistra moenda de gente”.
Paulo Bezerra conta que a express�o “casa dos mortos” pode estar baseada na frase final do narrador, que fecha o livro falando de uma “ressurrei��o” entre os mortos. “Cabe lembrar que Dostoi�vski j� experimentara esse sentimento de ressurrei��o em 22 de dezembro de 1849, na pra�a Semi�novski, em S�o Petersburgo, quando teve sua pena de morte suspensa diante do pelot�o de fuzilamento momentos antes da execu��o.” E completa a explica��o do nome da obra: “Quanto � palavra 'escritos', embora os dicion�rios russo-portugu�s registrem a op��o de 'mem�rias' ou 'recorda��es' como poss�veis tradu��es de zapiski, cabe lembrar que o termo deriva diretamente do radical do verbo pissat ('escrever')”.
O tradutor tamb�m entende o termo “casa morta” como reminisc�ncia do Inferno do autor florentino Dante Alighieri (1265-1321). “O pr�prio narrador chama o pres�dio de 'inferno', e em alguns cap�tulos — especialmente em “O banho”, assim como na imagem t�trica do tuberculoso morto, em pele e osso, nu e acorrentado, em “O hospital” — h� cenas que lembram diversas passagens da Divina com�dia, sobretudo aquelas que se estendem dos cantos V ao XIII do Inferno”, ressalta o tradutor.
XILOGRAVURAS DE GOELDI
Esta nova edi��o de Escritos da casa morta tem a marca de outro mestre, uma magn�fica s�rie de 43 xilogravuras produzidas pelo artista carioca Oswaldo Goeldi (1895-1961), em 1945, preto e branco em tom sombrio e estilizado da vida no pres�dio de Omsk. Al�m da apresenta��o por Paulo Bezerra, o volume tem posf�cio de Konstantin Motchulski, um dos principais bi�grafos de Dostoi�vski, uma carta em que o escritor defende seu livro da censura e dois depoimentos de �poca sobre o seu per�odo de encarceramento em Omsk.
Mikhail, irm�o do escritor, assim definiu Escritos da casa morta: “Essa obra surgiu sob circunst�ncias bastante favor�veis. Na censura predominava um clima de toler�ncia e passaram a aparecer obras liter�rias cuja publica��o, pouco antes, seria inconceb�vel. A censura ficou um pouco atordoada com a novidade de um livro dedicado inteiramente � vida nos campos de trabalho, com o quadro sombrio formado por aquelas hist�rias de vil�es terr�veis e, por fim, com o fato de o pr�prio autor, um preso pol�tico, ter acabado de retornar de l�. Mas isso, mesmo assim, em nenhum momento for�ou Dostoi�vski a falsear a verdade, e Escritos da casa morta teve um efeito impressionante; consideravam seu autor um novo Dante que descia a um inferno muito mais terr�vel, pois n�o existia apenas na imagina��o de um poeta, mas no mundo real.”
O bi�grafo Motchulski tamb�m considera: “N�o nos nos engana: em tudo podemos distinguir a voz do pr�prio Dostoi�vski, testemunha ocular dos acontecimentos. Escritos da casa morta foi constru�do com habilidade fora do comum. A descri��o da vida na cadeia e dos h�bitos dos prisioneiros, as hist�rias de ladr�es, a caracteriza��o de criminosos espec�ficos, as reflex�es sobre a psicologia do crime, os quadros do cotidiano no pres�dio, o jornalismo, a filosofia e o folclore (…) os presos, sua apar�ncia, suas ocupa��es e seus h�bitos; daquela multid�o de pessoas ferreteadas e presas a grilh�es. Os planos v�o se estendendo, maior � a generaliza��o. Essa composi��o de v�rios planos corresponde � ideia de que a pris�o � inerte, � uma “Casa Morta”, petrificada em desespero”.
CRIMINOSOS REFINADOS
Alguns criminosos em Omsk impressionaram tanto Dostoi�vski que inspiraram personagens dos livros posteriores. Rask�lnikov, o protagonista de Crime e castigo, que se d� o direito de matar pelo bem da humanidade e de ideais superiores, uma moral bizarra, tem ecos da pris�o do escritor. “Plasmaram-se tra�os dos tipos cheios de orgulho e sede de poder, que sem nenhum temor ou constrangimento se permitiam ‘derramar sangue humano’ em nome de ideais superiores”, lembra o tradutor Paulo Bezerra. Svidrig�ilov, outro personagem importante de Crime e castigo, reflete o profundo amoralismo do prisioneiro �ristov, “oriundo da nobreza, conhecedor das artes, pintor de retratos, que no pres�dio ganhou o apelido de Bri�llov, um dos maiores pintores russos”. Tem intelig�ncia refinada e “sacrifica dezenas de pessoas para satisfazer sua insaci�vel sede dos prazeres mais grosseiros e devassos.
“V�rios tra�os mundanos e psicol�gicos de Jerebi�tnikov, executor de castigos em Omsk, foram incorporados ao lascivo Fi�dor P�vlovitch Karam�zov, de Os irm�os Karam�zov. “V�-se, pois, que o pres�dio de Omsk foi o grande laborat�rio de muitos dos temas e imagens que depois de 1860 iriam povoar os grandes romances de Dostoi�vski, fazendo de Escritos da casa morta uma esp�cie de enciclop�dia desses elementos”, avalia Paulo Bezerra.
G�zin, o assassino de crian�as, e Orl�v, o soldado desertor, am- bos prisioneiros em Omsk, dei- xaram marcas na literatura de Dostoi�vski, explica o bi�grafo Konstantin Motchulski no posf�cio de Escritos da casa morta. “O encontro com homens como G�zin e Orl�v foi um acontecimento decisivo na vida espiritual do escritor. Diante dessa realidade, suas convic��es desabaram como um castelo de cartas. O humanisno, o utopismo, tudo se despeda�ou. O filantropo, que antes pregava a miseric�rdia pe- los desgra�ados e ensinava que “o �ltimo entre os homens � teu irm�o”, agora exige que a socie- dade seja protegida do monstro, do “Quas�modo moral”, afirma o bi�grafo Konstantin Motchulski.
RESSURREI��O
A experi�ncia em Omsk para Dostoi�vski foi, “de fato, uma ressurrei��o entre os mortos! Aquele gr�o que morrera na casa morta agora medrava e dava fruto: geniais romances-trag�dia. A experi�ncia do escritor na pris�o foi sua riqueza espiritual, diz Motchulski. “Pode acreditar”, escreve Doistoi�vski ao irm�o, em 1856, “que algu�m que passar pelos apuros que eu passei sobreviver�, no final das contas, a um bom n�mero de filosofias, e essa palavra voc� pode interpret�-la como bem quiser.” O bi�grafo conclui: “A filosofia de Dostoi�vski � uma filosofia vivida. Ele � um fil�sofo 'existencial'”.
Terra de gigantes
Outros lan�amentos de mestres da literatura russa
A ressurrei��o de Liev Tolst�i
Lan�ada em 2010 pela finada CosacNaify, a tradu��o de Rubens Figueiredo para Ressurrei��o, que forma – com Guerra e paz e Anna Karienina – a trinca de grandes romances de Liev Tolst�i (1828-1910), volta �s livrarias em outra edi��o luxuosa. “Predomina o questionamento de teor social e hist�rico, sempre num tom problem�tico e de consci�ncia atormentada”, aponta o tradutor na apresenta��o do �ltimo romance do autor, lan�ado em 1899 e inspirado em uma hist�ria verdadeira. Na nova edi��o, a Companhia das Letras incluiu pref�cio, originalmente publicado na revista Serrote, da italiana Natalia Ginzburg.
“Ressurrei��o � o romance da velhice de Tolst�i, e nos parece bem distante de possuir a felicidade po�tica de Anna Karienina ou de Guerra e paz, mas, mesmo assim, � um livro dotado de uma for�a representativa extraordin�ria, uma planta um pouco esmaecida, mas ainda rica de linfa”, destaca a autora de As pequenas virtudes. “Este romance ‘menor‘ de Tolst�i sobrevive ao tempo, e n�o apenas como representa��o de uma �poca e de uma sociedade. Ele �, sim, um grande quadro da R�ssia �s vesperas da revolu��o.” A editora tamb�m acaba de lan�ar O diabo e outras hist�rias, colet�nea de cinco contos escritos por Tolst�i entre 1858 e 1904: Tr�s mortes, Kholstomier, O diabo, Falso cupom e Depois do baile. O posf�cio � de Paulo Bezerra.
Ressurrei��o
» Liev Tolst�i
» Tradu��o de Rubens Figueiredo
» Companhia das Letras
» 448 p�ginas
» R$ 89,90
Os contos do jovem m�dico Bulgak�v
Muito antes de se consagrar com O mestre e margarida, Mikhail Bulg�kov (1891-1940) decidiu recriar, em contos, as suas impress�es da viv�ncia como m�dico rural em um povoado a 250 quil�metros de Moscou, no in�cio do s�culo 20. Anota��es de um jovem m�dico e outras narrativas, lan�ado no Brasil pela Editora 34, mostra as agruras e situa��es inusitadas testemunhadas pelo escritor, ent�o rec�m-graduado em medicina pela universidade de sua cidade natal, Kiev, em 1916. “Bulg�kov desse periodo ainda n�o � o mestre da s�tira e daquela esp�cie de realismo fant�stico que marcam sua escrita desde o in�cio e encontram o �pice em sua obra-prima, O mestre e margarida (...). A fantasia ainda est� confinada a alguns sonhos e del�rios – recursos que marcam presen�a na maioria das obras posteriores do autor.
Tamb�m � caracter�stico que esses del�rios por vezes provenham de um estado doentio e que coloquem d�vidas no personagem sobre sua pr�pria estabilidade mental”, explica, no pref�cio, a tradutora Erika Batista. Ela lembra que os contos, publicados na imprensa russa na d�cada de 1920, s� foram reunidos em livro mais de 20 anos depois da morte do autor, em Moscou, em 1940. “Marcada por descri��es impactantes e um ritmo vigoroso, a prosa do jovem Bulg�kov j� seria de grande interesse caso constitu�sse apenas testemunho documental desses anos cruciais da hist�ria de seu pa�s. Bulg�kov, contudo, n�o era jornalista, mas escritor. E submeteu sua experi�encia pessoal � sofisticada elabora��o est�tica que marcaria sua prosa posterior”, lembra, na orelha, o cr�tico Irineu Franco Perp�tuo. Com o t�tulo Di�rios de um jovem m�dico, o livro foi adaptado para a TV inglesa em 2012, em uma s�rie de seis epis�dios estrelada por Daniel Radcliffe (Harry Potter) e Jon Hamm (Mad Men). A edi��o brasileira inclui ensaio do cr�tico e dissidente russo Efim Etkind.
Anota��es de um jovem m�dico e outras narrativas
» Mikhail bulg�kov
» Tradu��o de erika batista
» Editora 34
» 216 p�ginas
» R$ 54
OBRAS COMPLETAS
Toda a fic��o de Dostoi�vski publicada pela Editora 34
Gente pobre (1846), tradu��o de F�tima Bianchi [2009] n O duplo (1846), tradu��o de Paulo Bezerra [2011] n A senhoria (1847), tradu��o de F�tima Bianchi (2006] n Noites brancas (1848), tradu��o de Nivaldo dos Santos [2005] n Ni�totchka Niezv�nova (1849), tradu��o de Boris Schnaiderman [2002] n Um pequeno her�i (1857), tradu��o de F�tima Bianchi [2015] n A aldeia de Step�ntchikovo e seus habitantes (1859), tradu��o de Lucas Simone [2012] n Dois sonhos: O sonho do titio (1859) e Sonhos de Petersburgo em verso e prosa (1861), tradu��o de Paulo Bezerra [2012] n Humilhados e ofendidos (1861), tradu��o de F�tima Bianchi [2018] n Escritos da casa morta (1862), tradu��o de Paulo Bezerra [2020] n Uma hist�ria desagrad�vel (1862), tradu��o de Priscila marques [2016] n Mem�rias do subsolo (1864), tradu��o de Boris Schnaiderman [2000] n O crocodilo (1865) e Notas de inverno sobre impress�es de ver�o (1863), tradu��o de Boris Schnaiderman [2000] n Crime e castigo (1866), tradu��o de Paulo Bezerra [2001] n Um jogador (1867), tradu��o de Boris Schnaiderman [2004] n O idiota (1869), tradu��o de Paulo Bezerra [2002] n O eterno marido (1870), tradu��o de Boris Schnaiderman [2003] n Os dem�nios (1872), tradu��o de Paulo Bezerra [2004] n Bob�k (1873), tradu��o de Paulo Bezerra [2012] n O adolescente (1875), tradu��o de Paulo Bezerra [2015] n Duas narrativas fant�sticas: A d�cil (1876) e O sonho de um homem rid�culo (1877), tradu��o de Vadim Nikitin [2003] n Os irm�os Karam�zov (1880), tradu��o de Paulo Bezerra [2008].
Contos reunidos
tradu��o de Priscila Marques, Boris Schnaiderman, Paulo Bezerra, F�tima Bianchi, Denise Sales, Vadim Nikitin, Irineu Franco Perpetuo, Daniela Mountian e Mossei Mountian, incluindo:
“Como � perigoso entregar-se a sonhos de vaidade” (1846) n “O senhor Prokh�rtchin” (1846) n “Romance em nove cartas” (1847) n “Um cora��o fraco” (1848) n “Polzunkov” (1848) n “Uma �rvore de Natal e um casamento” (1848) n “A mulher de outro e o marido debaixo da cama” (1860) n “O ladr�o honrado” (1860) n “O crocodilo” (1865) n “O sonho de Rask�lnikov” (extra�do de Crime e castigo, 1866) n “Vl�s” (1873)* n “Bob�k” (1873)* n “Meia carta de ‘uma certa pessoa’” (1873)* n “Pequenos quadros” (1873)*, n “Pequenos quadros (durante uma viagem)” (1874) n “A hist�ria de Maksim Iv�novitch” (extra�do de O adolescente, 1875) n “Um menino na festa de Natal de Cristo” (1876)*n “Mujique Marei” (1876)* n “A mulher de cem anos” (1876)* n “O paradoxalista” (1876)*n “Dois suic�dios” (1876)* n “O veredicto” (1876)* n “A d�cil” (1876)* n “Uma hist�ria da vida infantil” (1876)* n “O sonho de um homem rid�culo” (1877)*, n “Plano para uma novela de acusa��o da vida contempor�nea” (1877)* n “O trit�o n “O grande inquisidor” (extra�do de Os irm�os Karam�zov, 1880 n E ainda “A mulher do outro” (1848) n “O marido ciumento” (1848) n “Hist�rias de um homem vivido” (1848) n “Dormovold quo”. O volume inclui o conjunto das obras de fic��o publicadas no Di�rio de um escritor (1873-1881), aqui assinaladas com *.