A autora resgata, com o aux�lio de ilustra��es, a hist�ria das estrelas, busca desvendar a vida e o destino do Sol, apresenta a riqueza da mat�ria escura e as in�meras gal�xias al�m da Via L�ctea. Ela mostra que, observando o c�u, somos capazes de aprender sobre o passado, entender o presente e projetar o futuro, mas s�o justamente as perguntas remanescentes que tornam o tema mais interessante.
Em seu texto, a professora de f�sica e ci�ncias astrof�sicas da Universidade Princeton nos conduz em uma viagem pelos s�culos de hist�ria da astronomia, destacando como era o trabalho ainda amador no surgimento dessa �rea at� as mais recentes descobertas de pesquisadores, com enfoque especial para mulheres como Williamina Fleming, Vera C. Rubin e Jocelyn Bell Burnell.
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A autora, que j� recebeu pr�mios da Royal Astronomical Society, do Institute of Physics e da Royal Society por suas contribui��es ao estudo da origem e da evolu��o do cosmo, detalha as caracter�sticas e curiosidades dos planetas conhecidos e presume que ainda existem muitos outros a serem descobertos. Jo Dunkley sobe uma longa “escada c�smica”, indo de sistemas solares a vizinhan�as estelares, gal�xias, grupos ou aglomerados de gal�xias e por fim os superaglomerados, para mostrar por que o espa�o est� se expandindo h� 14 bilh�es de anos.
“As detec��es de planetas s�o abundantes hoje, e a pr�xima d�cada promete trazer milhares de outras descobertas gra�as aos novos telesc�pios espaciais. O campo de planetas extrassolares, ou exoplanetas, � atualmente uma �rea nova e importante da astronomia, repleta de perguntas fascinantes, como aquela sobre qu�o �nica � a Terra e qu�o singular � a vida nela”, diz a escritora. N�o � � toa que a astronomia � uma das ci�ncias mais antigas e est� no centro das investiga��es filos�ficas desde a Gr�cia Antiga, pois estuda o que est� para al�m da atmosfera terrestre e tem o objetivo de entender por que essas coisas s�o como s�o.
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A Lua, nossa vizinha mais pr�xima no espa�o, tamb�m ganha aten��o especial no livro, afinal, sua exist�ncia define a vida como a conhecemos. Sem ela, n�o ter�amos mar�s, os dias seriam mais curtos e as esta��es do ano ficariam desreguladas. Jo Dunkley imagina que, num futuro distante, quando a Lua estiver muito longe de n�s, a Terra provavelmente ir� oscilar muito mais, inclinando-se de maneira imprevis�vel enquanto viaja em torno do Sol.
“Se imaginarmos a Terra reduzida ao tamanho de uma bola de basquete, a Lua seria do tamanho de uma laranja, viajando ao nosso redor numa trajet�ria mais ou menos circular”. A professora destaca que alguns planetas possuem mais de 60 luas, enquanto outros n�o t�m nenhuma. Saturno, por exemplo, tem uma lua chamada Enc�lado, que � considerada por cientistas o lugar mais habit�vel do sistema solar depois da Terra.
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Outro ponto interessante � entender sobre a vida do Sol: como nasceu, suas caracter�sticas e como ele ser� daqui a bilh�es de anos. “O Sol crescer� tanto que provavelmente engolir� as �rbitas de merc�rio e V�nus, assim como talvez a da Terra”, sentencia a professora, que ainda lan�a m�o de outras hip�teses, como a perigosa aproxima��o do globo terrestre com o astro-rei, o que mudaria completamente a vida como a conhecemos.
Mas Jo Dunkley n�o se prende ao cen�rio apocal�ptico e descreve o que � conhecido entre os cientistas como “Zona de Cachinhos Dourados”, ou seja, a �rea envolta de uma estrela onde os planetas t�m chances reais de possuir �gua em estado l�quido na superf�cie.
“Esta � uma �poca de ouro para a astronomia, repleta de interesses e de possibilidades. Uma das coisas mais emocionantes � que h�, sem sombra de d�vida, novos achados logo ali na esquina. Novos planetas continuar�o a ser descobertos em ritmo acelerado, e talvez em breve apare�am sinais de condi��es que indiquem a possibilidade de exist�ncia de vida extraterrestre. Nos pr�ximos anos, vamos detectar muitos outros sinais de ondas gravitacionais vindo de buracos negros e de estrelas de n�utrons em colis�o no espa�o, o que ampliar� nossa vis�o e nosso conhecimento do universo”.
“Nosso universo: a hist�ria do cosmo e seus mist�rios”
- Jo Dunkley
- Tradu��o: Alexandre Bruno Tinelli
- Editora Todavia
- 293 p�ginas
- R$ 67 (livro) e
- R$ 44,91 (e-book)
TRECHO
“A Gal�xia, um enorme disco de estrelas e g�s inserido numa aur�ola muito mais ampla de mat�ria escura invis�vel, gira suavemente. Olhamos para nossa gal�xia vizinha, a majestosa e espiralada Andr�meda, vindo devagar em nossa dire��o pelas profundezas do espa�o. Em volta de n�s, h� in�meras outras gal�xias, espalhadas pelo espa�o e agrupadas em grupos menores ou em aglomerados maiores. Dentro deles, nascem e morrem estrelas. Mais adiante, encontramos mais gal�xias em seus grupos e aglomerados at� onde nossa vista alcan�a. Se olharmos longe o suficiente, veremos esses objetos agrupados em estruturas ainda maiores, os superaglomerados, ao estilo de megal�poles c�smicas. As gal�xias e os aglomerados de gal�xias s�o as luzes brilhantes no esqueleto do universo, a rede de mat�ria escura.”
Entrevista // Jo Dunkley
“� importante investir em ci�ncia”
Quando voc� decidiu estudar f�sica e ci�ncias astrof�sicas e o que a motivou? Por qu�?
Eu amava matem�tica no ensino m�dio e percebi que poderia us�-la para entender como o mundo ao meu redor funcionava. Foi quando me interessei pela f�sica pela primeira vez. Depois, na universidade no Reino Unido, fiz um curso sobre a relatividade especial e achei fascinante. E, em parte, a inspira��o para continuar com a astrof�sica surgiu quando eu estava mochilando pela Am�rica do Sul ap�s a faculdade e estava lendo um livro sobre teoria das cordas, ao mesmo tempo em que tinha tempo para ver os c�us bonitos. Era atraente para mim que a astrof�sica combinasse a resolu��o de problemas matem�ticos com a beleza est�tica do que podemos ver no espa�o.
No livro voc� cita mulheres como Williamina Fleming, Vera C. Rubin e Jocelyn Bell Burnell. Qual a import�ncia dessas cientistas e como elas podem inspirar novas gera��es de jovens astr�nomas?
Todas elas fizeram descobertas importantes e enfrentaram uma variedade de desafios, e n�o s�o t�o famosas quanto deveriam ser! Eu acho que � muito importante para as jovens sentirem um senso de pertencimento em uma comunidade, e ajuda poder ver pessoas que elas possam imaginar sendo no futuro. Fleming tamb�m � um exemplo da longa hist�ria de mulheres que constru�ram os fundamentos da astronomia moderna.
Este � o seu primeiro livro. Qual foi a sua principal preocupa��o durante a escrita e o que mais gostou durante esse processo? Pretende escrever outros livros sobre o universo?
A coisa mais dif�cil foi que eu estava tentando encaix�-lo na minha 'rotina' normal de fazer pesquisa e dar aulas. Ent�o eu tinha que encaixar isso, o que eu fazia escrevendo algumas horas por dia, �s vezes � noite em casa, ou eu parava em uma cafeteria a caminho do trabalho e escrevia. Eu amei a criatividade de escrever um livro, porque no meu trabalho habitual escrevemos artigos cient�ficos que s�o mais t�cnicos. Eu dependi muito do meu agente de livros fant�stico, que se encontrava comigo regularmente para verificar meu progresso. Quanto a escrever outros livros, eu ainda n�o sei. Espero que sim!
Qual a import�ncia de que pa�ses em desenvolvimento, assim como o Brasil, invistam em ci�ncia e tecnologia? Na sua opini�o, como o governo do presidente Lula pode contribuir para a produ��o cient�fica na Am�rica Latina e no restante do mundo?
Eu acredito que � muito importante investir em ci�ncia e no treinamento das gera��es mais jovens. Al�m de enriquecer nossas vidas com novos conhecimentos, isso tem aplica��es importantes para problemas do mundo real. Se vamos resolver a crise clim�tica, por exemplo, precisamos de cientistas e de novas tecnologias, e precisamos que as pessoas valorizem e confiem nos cientistas.
Se voc� pudesse escolher, o que preferiria: descobrir um novo planeta habit�vel ou a exist�ncia de vida extraterrestre? Por qu�?
Ah, boa pergunta. Acredito que os dois estejam um pouco relacionados, j� que podemos encontrar ind�cios de vida extraterrestre em novos planetas habit�veis. Acho que ficaria mais empolgada em descobrir a exist�ncia de vida extraterrestre, pois suspeito que ela exista em algum lugar, mas � claro que gostaria de confirmar. Um planeta habit�vel seria fascinante, por�m estaria orbitando uma estrela distante, ent�o s� poder�amos observ�-lo com nossos telesc�pios, ao inv�s de conseguir visit�-lo.