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Estado de Minas JUNHO 2013/ CAUSAS E CONSEQU�NCIAS

As duas vis�es de Dilma sobre junho de 2013

H� 10 anos, no calor dos protestos nas ruas, a ent�o presidente destacou a legitimidade do movimento. Agora, ela se mostra cr�tica ao teor das manifesta��es


12/06/2023 04:00 - atualizado 12/06/2023 07:43
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No pronunciamento que fez na TV, Dilma disse que os protestos mostravam a força da democracia, mas ela criticou os episódios de violência
No pronunciamento que fez na TV, Dilma disse que os protestos mostravam a for�a da democracia, mas ela criticou os epis�dios de viol�ncia (foto: NELSON ALMEIDA/AFP)

 

Os protestos de junho de 2013 se caracterizam pela multiplicidade de pautas e de abordagens. Mesmo quando os protestos nas ruas miravam a classe pol�tica, as reivindica��es n�o eram concentradas em apenas uma pessoa, mas divididas entre lideran�as locais, membros do Executivo e Legislativo. Ainda assim, Dilma Rousseff (PT) foi um dos nomes mais citados nas palavras de ordem e cartazes nas ruas. A ex-presidente se manifestou no calor do momento sobre as manifesta��es e, dez anos depois, escreveu o pr�logo de um livro que re�ne artigos sobre o per�odo. Nos dois discursos � poss�vel perceber a diferen�a de abordagem e percep��o de uma das figuras centrais das manifesta��es: quando estava no olho do furac�o e sob uma perspectiva hist�rica.

 

Dilma se pronunciou oficialmente em cadeia de r�dio e televis�o em 21 de junho de 2013. Na ocasi�o, anunciou que se reuniria com prefeitos e governadores e elaborou uma s�rie de medidas para responder �s ruas. A petista sobreviveu aos protestos, se reelegeu em 2014, mas acabou derrubada por processo de impeachment dois anos depois. Dez anos ap�s se manifestar no calor dos atos nas ruas, ela assina, com um texto mais cr�tico e questionador sobre os movimentos, o pr�logo do livro “Junho de 2013: a rebeli�o fantasma", organizado por Breno Altman e Maria Carlotto e lan�ado pela editora Boitempo na �ltima ter�a-feira.

 

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Em 21 de junho de 2013, um dia ap�s o pa�s ter registrado manifesta��es em 388 cidades, Dilma ocupou as televis�es e r�dios brasileiras por cerca de dez minutos com um pronunciamento cuidadoso e elogioso aos atos nas ruas. “Elas mostram a for�a de nossa democracia e o desejo da juventude de fazer o Brasil avan�ar. Se aproveitarmos bem o impulso desta nova energia pol�tica, poderemos fazer, melhor e mais r�pido, muita coisa que o Brasil ainda n�o conseguiu realizar por causa de limita��es pol�ticas e econ�micas”, disse logo no in�cio da grava��o.

 

A ent�o presidente prosseguiu dizendo que tinha a obriga��o de ‘ouvir a voz das ruas’ e que os protestos se tratavam de uma luta por um pa�s mais justo, recordando sua pr�pria participa��o em manifesta��es pela derrubada da ditadura militar. Dilma fecha o pronunciamento prometendo empenho no combate � corrup��o, anunciando investimentos em pol�ticas de transporte p�blico, informando o interesse no repasse dos royalties do petr�leo para a sa�de e educa��o, e projetando que o pa�s sediaria ‘uma grande Copa’.

 

A �nica cr�tica feita por Dilma em seu pronunciamento oficial foi direcionada aos epis�dios de viol�ncia nas manifesta��es, com os quais ela prometeu ser intransigente. Ressaltando a legitimidade dos protestos, a presidente usou sua fala para anunciar a garantia da ordem.

 

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“Se deixarmos que a viol�ncia nos fa�a perder o rumo, estaremos n�o apenas desperdi�ando uma grande oportunidade hist�rica, como tamb�m correndo o risco de colocar muita coisa a perder. Como presidenta, eu tenho a obriga��o tanto de ouvir a voz das ruas, como dialogar com todos os segmentos, mas tudo dentro dos primados da lei e da ordem, indispens�veis para a democracia. Essa viol�ncia, promovida por uma pequena minoria, n�o pode manchar um movimento pac�fico e democr�tico. [...] Asseguro a voc�s: vamos manter a ordem”, afirmou � �poca.

 

Golpismo embrion�rio

 

Uma d�cada depois, sem cargo pol�tico, Dilma Rousseff faz uma an�lise da natureza das manifesta��es pelas quais passou no fim de seu primeiro mandato no Pal�cio do Planalto e aponta uma polariza��o e um golpismo embrion�rio presente no per�odo. A ex-presidente abre o pr�logo de “Junho de 2013: a rebeli�o fantasma", recordando sua experi�ncia: “Na condi��o de presidenta da Rep�blica, coube-me a miss�o de compreender aqueles fatos e agir com rapidez. Estava claro que se tratava de uma dur�ssima disputa, entre os dois grandes blocos que se confrontam pelo destino de nosso pa�s”.

 

Dilma caracteriza os atos como movimentos divididos em dois blocos. Um representando as “elites internas e seus s�cios internacionais” com interesse em reformas liberais; e outro � esquerda, que nas palavras da ex-presidente “governou desde 2003 e dera in�cio a um dif�cil processo de mudan�a do modelo econ�mico, no interior de um sistema pol�tico constru�do para impedir que as classes trabalhadoras e seus partidos formassem maioria no Parlamento e nas demais institui��es”.

 

No texto, Dilma recorda que conseguiu emplacar quatro dos cinco pactos propostos para atender �s demandas das ruas. O quinto, que previa a convoca��o de uma constituinte para a reforma pol�tica, n�o avan�ou. Segundo a ex-presidente, a ideia esbarrou em uma “correla��o desfavor�vel de for�as” no embate com segmentos conservadores.

 

Ao longo do pr�logo, Dilma destaca reiteradamente a import�ncia de se pesquisar o entorno, motivos e desdobramentos das jornadas de junho de 2013, antecipando os nove artigos que a sucedem nas p�ginas do livro. “A fim de que possamos estar preparados para essas discuss�es, n�o � poss�vel simplesmente virar a p�gina dos acontecimentos relacionados a Junho de 2013”.

 

 

“Junho de 2013: a rebeli�o fantasma"

 

  • Organizado por: Breno Altman e Maria Carlotto (orgs.)
  • 128 p�ginas
  • Editora Boitempo
  •  R$ 45,00

 


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