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Estado de Minas SA�DE DO NARIZ

Olfato tem rela��o direta com as emo��es e o armazenamento de mem�rias

Um dos cinco sentidos, o olfato � respons�vel por decodificar os est�mulos f�sicos e qu�micos de odores do ambiente e carrega mem�ria, lembran�as, sentimentos


23/01/2022 06:00 - atualizado 23/01/2022 08:11
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Incenso fazendo uma nuvem de fumaça aromática
O sentido do olfato n�o � apenas o odor captado pelas narinas, vai al�m, tem rela��o direta com o processamento das emo��es e com o armazenamento de lembran�as e de mem�rias (foto: Monicore/Pixabay)
O perfume da m�e, o cheiro da barba do pai, a fragr�ncia do hidratante da mulher amada, o aroma da comida da av�, o b�lsamo daquela viagem... O sentido do olfato n�o � apenas o odor captado pelas narinas, vai al�m, tem rela��o direta com o processamento das emo��es e com o armazenamento de lembran�as e de mem�rias.

A pandemia trouxe interesse para o olfato. Pacientes infectados pelo Sars-CoV-2, com COVID-19, o perderam, tiveram diagn�stico cl�nico de anosmia, aus�ncia da percep��o de cheiros. Imagina n�o sentir os aromas do mundo, da vida?

Ant�nio Eduardo � sommelier, o olfato � sua ferramenta de trabalho no bistr� AA Wine Experience, mas ele revela que sempre teve uma rela��o pr�xima, �ntima mesmo com os aromas: “Se hoje faz parte da minha profiss�o, no passado, sentir o cheiro, o aroma das coisas, dos alimentos e de tudo que est� no ambiente � inato. � algo que sempre fez parte da minha vida e estou sempre atento, interagindo e me seduz muito. � do meu cotidiano, rotineiro, di�rio e satisfat�rio porque consigo perceber e ter uma sensibilidade maior aos cheiros ao meu redor. Sempre me atraiu muito, e pela profiss�o ainda mais.”

Antônio Eduardo, sommelier, dentro de uma adega com uma taça de vinho na mão
Para o sommelier Ant�nio Eduardo, decifrar os aromas do vinho � desafiador e um trabalho que o encanta (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Para Ant�nio, os cheiros que o capturam s�o os das especiarias: “S�o os que mais me atraem. Quando se fala do mundo dos vinhos, existe uma infinidade e tipos e aromas que podemos encontrar, eles revelam uma gama enorme. Mas os aromas de especiarias, os temperos usados na gastronomia, talvez pela vastid�o, s�o o que mais me instigam, me cativam.”

Alguns aromas est�o, uma gama deles, no grupo da minha mem�ria olfativa. Principalmente registros da inf�ncia, que, de alguma maneira, me cativaram, me despertam e me remetem a um passado, ainda que long�quo, mas que ficou registrado para sempre. Uma inf�ncia rica de experi�ncias, artes, travessuras e bagun�as. Formada por v�rios cheiros

Ant�nio Eduardo, sommelier do bistr� AA Wine Experience



Com a riqueza e finesse do seu olfato, Ant�nio chama a aten��o para os odores que constroem sua mem�ria afetiva: “Alguns aromas est�o, uma gama deles, no grupo da minha mem�ria olfativa. Principalmente registros da inf�ncia, que, de alguma maneira, me cativaram, me despertam e me remetem a um passado, ainda que long�quo, mas que ficou registrado para sempre. Uma inf�ncia rica de experi�ncias, artes, travessuras e bagun�as. Formada por v�rios cheiros”.

Ele conta que morava em uma casa de quintal grande, com p�s de laranja plantados pelos pais. O cheiro da flor da laranjeira � inconfund�vel para ele, que o identifica com facilidade e, no vinho ent�o � e flagrante, pois marcou sua hist�ria.

Outro aroma bem familiar � do buqu� de alfazema, que sua m�e tinha o h�bito de moer e colocar no frasco com �lcool e perfumar a casa. “S�o mem�rias gostosas, �ntimas, de que sem de d�vida vou me lembrar, mesmo j� bem velhinho. O aroma de caf� torrado na ro�a, do fog�o a lenha da minha tia Elza... � tanta coisa boa, chega a ser emocionante.”

E quando se trata do cheiro dos vinhos, Ant�nio sente o mesmo conforto. Segundo ele, pela enorme gama de aroma e sabores que ele apresenta, � dif�cil definir.

“N�o encontro uma palavra que sintetize e defina o que representa o cheiro do vinho. Posso dizer que � fascinante, ao abrir uma garrafa sempre � uma surpresa em cada ta�a degustada. E decifrar os aromas � desafiador, me encanta. Digo que n�o fui eu que escolhi viver no mundo do vinho, mas ele me escolheu e sou grato por trabalhar com algo que � minha paix�o.”

Ant�nio confessa que seu maior pavor � perder o olfato. Ele conta que, nas raras vezes em que teve comprometida sua sensibilidade olfativa, foi quando encarou alguma gripe. “Nada al�m disso. E vivendo neste per�odo desafiador da COVID-19, � o meu maior medo. � uma doen�a com consequ�ncias dif�ceis, mas como a perda do olfato � um agravante, eu a temo muito. Levo a s�rio todos os cuidados recomendados porque o olfato n�o � s� mais um dos sentidos, mas ferramenta de trabalho, quem eu sou. Imaginar ficar sem esta sensibilidade � ruim. Semanas atr�s, gripei e bateu logo o medo. Ia na cozinha buscar o cheiro do alimento mais intenso, cheirava o alho, ia nos perfumes da minha mulher e cheirava todos, tudo para ter certeza de que estava sentido todos os aromas. S� assim fiquei aliviado, confesso.”

E com o olfato na mais perfeita ordem, ap�s a entrevista ao Bem Viver, Ant�nio anunciou que ele e a mulher, Elaine Ara�jo, acabavam de descobrir que v�o ter um beb�, o primeiro filho do casal. Alegria imensa e, certamente, descoberta de novos cheiros e aromas para o sommelier.

SEGURAN�A E PRAZER 


Maurício de Oliveira Barroso, médico otorrinolaringologista do Hospital Semper
O otorrinolaringologista Maur�cio de Oliveira alerta sobre os cuidados com o nariz: evite traumatismos e grande exposi��o ao sol, fique atento aos sinais de infec��o e alergias e evite assoar, principalmente de forma en�rgica (foto: Arquivo Pessoal)
O m�dico Maur�cio de Oliveira Barroso, otorrinolaringologista do Hospital Semper, enfatiza que � de grande import�ncia o perfeito funcionamento do olfato. Segundo ele, a COVID-19, entre tantas outras complica��es, chamou tamb�m a aten��o pela grande porcentagem de acometimento do sistema olfat�rio em rela��o a outras viroses respirat�rias. Juntamente aos outros sentidos, ele possibilita nossa intera��o com o mundo. Quando n�o se pode ver, ouvir, tocar ou sentir o gosto, o olfato � o �nico sentido que poder�, por meio do odor, permitir a identifica��o diversa e, portanto, orientar seu comportamento e at� mesmo garantir sua seguran�a, prazer.

Quando n�o se pode ver, ouvir, tocar ou sentir o gosto, o olfato � o �nico sentido que poder�, por meio do odor, permitir a identifica��o diversa e, portanto, orientar seu comportamento e at� mesmo garantir sua seguran�a, prazer

Maur�cio de Oliveira Barroso, m�dico otorrinolaringologista do Hospital Semper



Por isso, a import�ncia de cuidar do nariz. Maur�cio de Oliveira Barroso explica que a est�tica talvez seja uma das maiores preocupa��es com o nariz, visto que ele � o primeiro a “se apresentar”.

“Esteticamente, s�o muitos os cuidados exigidos, principalmente evitar traumatismos e grande exposi��o ao sol. Em termos funcionais, temos que estar atentos para sinais de infec��o, alergias etc. Uma recomenda��o que sempre fa�o � que se evite assoar o nariz, principalmente de forma en�rgica, e s� usar medica��o intranasal com recomenda��o m�dica. � uma conduta relativamente comum orientar as pessoas a lavar o nariz por dentro com soro fisiol�gico ou �gua. Particularmente, n�o indico isso, somente em casos muito especiais, visto que pode trazer mais problemas do que benef�cios.”
 
O otorrinolaringologista destaca que a perda parcial do olfato � comum e ocorre principalmente devido a alergias respirat�rias, infec��es vir�ticas e bacterianas. A perda total e permanente do olfato � causada por virose e traumas na face ou cr�nio.

Perda do olfato, odor f�tido, coriza, congest�o, sangramento, edema, dor etc. � o que se apresenta com frequ�ncia nos consult�rios. Segundo ele, a alergia (rinite al�rgica) e os resfriados s�o as causas mais comuns a levar o paciente com queixas respirat�rias � consulta m�dica. A orienta��o b�sica no caso de rinite al�rgica � evitar ambientes, roupas, agasalhos, colch�es etc. com cheiro de mofo. A exposi��o prolongada ao frio tamb�m pode agrav�-la.

ANIMAIS E MEM�RIA 

Homem cheira prata de macarrão com camarão
A mem�ria olfativa tamb�m � registrada pelo paladar, pelos aromas da gastronomia (foto: DanaTentis/Pixabay)


Mesmo fundamental, Maur�cio Barroso lembra que o olfato no ser humano � relativamente pouco desenvolvido se comparado a in�meros outros animais. “A borboleta, por exemplo, consegue localizar, pelo olfato, outro indiv�duo da mesma esp�cie a uma dist�ncia superior a um quil�metro. Entre os mam�feros, o c�o, o cavalo e o boi t�m olfato muito superior ao nosso, sendo o elefante o mais privilegiado neste sentido.”

Ao pensar no funcionamento do olfato, o m�dico ensina que as part�culas suspensas no ar que respiramos s�o as respons�veis por impressionar as c�lulas olfativas, que, por sua vez, enviar�o impulsos nervosos ao c�rebro, que ir� interpret�-las. E ele est� intimamente ligado ao paladar, atuam juntos na defini��o do sabor. Maur�cio de Oliveira Barroso diz que o paladar � o que nos orienta quando nos alimentamos. Outros sentidos tamb�m participam, sendo o olfato muito importante na defini��o mais fina do sabor.

O cheiro do alimento � percebido antes e depois que o levamos � boca. Quando alguma patologia acomete o sistema olfat�rio, a principal queixa, ou a que mais incomoda, � justamente ter dificuldade de apreciar um determinado alimento. H� ainda que se ressaltar a import�ncia do olfato na mem�ria. Os odores ficam muito bem guardados no c�rebro e, quando reconhecemos algum cheiro, prontamente o associamos aos fatos que o envolveram.


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