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Estado de Minas VIS�O

Junho Violeta: os perigos do ceratocone para a sa�de dos olhos

Apontado como uma das principais causas para o transplante de c�rnea no mundo, o ceratocone pode ter o seu agravamento evitado por meio de tratamento adequado


23/06/2022 13:49 - atualizado 23/06/2022 14:25

cartaz campanha Junho Violeta
Slogan Junho Violeta: "N�o coce ou esfregue os olhos. Este ato prejudica a vis�o!" (foto: Campanha Junho Violeta/Divulga��o )
O m�s de junho traz um importante alerta sobre sa�de ocular: a campanha global Junho Violeta (Violet June – Global Keratoconus Awareness Campaign), iniciativa brasileira que desde 2018 chama a aten��o para o perigo silencioso do ceratocone, doen�a ocular que � uma das principais causas de transplantes de c�rnea no mundo. Sem o tratamento adequado para evitar a deforma��o da c�rnea, a patologia pode provocar uma perda de vis�o acentuada ou, em casos raros, at� mesmo a cegueira total.

De acordo com dados do Minist�rio da Sa�de, o ceratocone atinge cerca de 150 mil pessoas por ano no Brasil, normalmente indiv�duos de 10 a 25 anos. E, embora a doen�a tenha componente gen�tico, na maioria dos casos, a alergia ocular � um importante fator de risco, pois faz com que a pessoa coce o olho com frequ�ncia, o que leva ao agravamento do ceratocone, ou mesmo ao desenvolvimento da ectasia (altera��o na curvatura) da c�rnea.

Refer�ncia mundial em sa�de dos olhos, a alem� ZEISS convidou o especialista em c�rnea e cirurgia refrativa, Renato Ambr�sio, professor adjunto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ),  presidente da Sociedade Internacional de Cirurgia Refrativa (ISRS) e idealizador da campanha Junho Violeta, para falar sobre o ceratocone, ajudando a esclarecer as principais d�vidas sobre a doen�a e a conscientizar a popula��o sobre a import�ncia do diagn�stico precoce.

O que � ceratocone?


� uma doen�a que ocorre na c�rnea, que funciona como a primeira e mais importante lente do olho humano. A c�rnea cobre a parte da frente do globo ocular. Ceratocone � a doen�a ect�sica mais comum e ocorre por uma fal�ncia biomec�nica na c�rnea, que afina e aumenta de curvatura. Trata-se de uma doen�a progressiva, de modo que a irregularidade vai se acentuando at� que, em fases avan�adas, a c�rnea pode assumir formato de cone. Esta altera��o causa astigmatismo com irregularidade, o que leva � distor��o da vis�o, pois limita a efici�ncia das lentes tradicionais esfero-cil�ndricas de �culos. O ceratocone tem in�cio, geralmente, na adolesc�ncia e evolui at� cerca de 40 anos, quando em geral ocorre uma estabiliza��o natural. Entretanto, jovens podem ter a doen�a estabilizada e pacientes com mais de 40 anos podem ter progress�o da doen�a.

Quais os sintomas da doen�a?


O principal sintoma � o emba�amento e distor��o da vis�o, com mudan�as frequentes do grau. Em geral, ocorre miopia e astigmatismo, que aumentam levando a uma necessidade de troca freq�ente de �culos, que, com a evolu��o da doen�a, deixam de fornecer uma vis�o adequada devido � irregularidade. O ceratocone � tipicamente indolor e sem inflama��o aguda (n�o deixa o olho vermelho). Coceira nos olhos � frequente, pois h� grande associa��o com alergia ocular. O ato de co�ar ou dormir fazendo press�o contra os olhos � o fator mais relevante no agravamento do grau do ceratocone. Por isso, a educa��o sobre o tema deve alcan�ar todas as pessoas.

Como o ceratocone age?


A doen�a � bilateral, mas geralmente atinge os dois olhos de maneira assim�trica, afetando mais um olho do que o outro. Pode levar � baixa de vis�o acentuada (cegueira), mas � geralmente revers�vel com o tratamento. Se diagnosticada e tratada corretamente em fases iniciais, o impacto na vis�o e consequentemente na qualidade de vida das pessoas � minimizado. Por isso, identificar corretamente o ceratocone em sua fase inicial, bem como avaliar a sua progress�o s�o aspectos fundamentais do nosso trabalho como m�dicos oftalmologistas. Al�m disso, a falta de informa��o ou mesmo a desinforma��o sobre o assunto podem gerar ainda mais sofrimento ao paciente diagnosticado, bem como sua fam�lia. O temos da cegueira irrevers�vel deve ser combatido com tratamento adequado, o que se inicia com a informa��o de forma f�cil de ser entendida. Da� vem a campanha Junho Violeta.

Como � o tratamento?


Observam-se grandes avan�os tanto no diagn�stico quanto no tratamento do ceratocone. O tratamento cl�nico se inicia pela orienta��o do paciente e inclui orientar para n�o co�ar os olhos e o controle da alergia. Os �culos s�o a primeira forma de tratamento.

Exames espec�ficos como o exame do wavefront com o iProfiler Plus permitem fazer uma prescri��o de �culos mais eficientes. Este exame possibilita fazer medi��es de forma automatizada dos dois olhos em aproximadamente 60 segundos, de forma muito precisa para avaliar o grau refracional. Estes dados servem de base para a confec��o de lentes com tecnologia iScription, que podem melhorar a vis�o de cores e o contraste visual, al�m de proporcionar melhor vis�o noturna.

As lentes de contato especiais s�o indicadas para a reabilita��o visual quando os �culos n�o s�o mais eficazes. Entretanto, as lentes de contato precisam ser bem adaptadas por oftalmologista especializado. Se n�o forem corretamente adaptadas, podem ser fator de irrita��o ocular que aumentar o risco de progress�o da doen�a. Al�m disso, infelizmente n�o existe comprova��o cient�fica que as lentes ajudem a prevenir a progress�o do ceratocone. 

� caso de cirurgia?


As cirurgias s�o indicadas em duas situa��es cl�nicas: para estabilizar a progress�o da doen�a ou para reabilita��o visual, quando os �culos ou as lentes de contato n�o t�m resultado satisfat�rio. Enquanto o transplante de c�rnea seria a �nica op��o at� meados dos anos 1990, a introdu��o de cirurgias alternativas gerou uma quebra de paradigma. Destacam-se o cross-linking e implante de anel intracorneano. A indica��o destes procedimentos deve ser feita de forma individualizada, de acordo com cada paciente. Entre os fatores mais importantes para decidir se a cirurgia � indicada, consideram-se o est�gio da doen�a, o grau de irregularidade da c�rnea e as caracter�sticas de cada olho de cada paciente.

Qual o impacto da cirurgia refrativa no tratamento do ceratocone?


Este � um tema relevante. Cirurgia refrativa � uma sub (ou super) especialidade da oftalmologia que se estabeleceu no in�cio dos anos 1980. Devemos entender que as cirurgias de corre��o visual refrativa s�o procedimentos eletivos para oferecer satisfa��o visual e menor depend�ncia de �culos ou lentes de contato.

Enquanto o ceratocone � uma relativa contraindica��o para estas cirurgias e, por isso, deve ser identificado no exame pr�-operat�rio, o advento das cirurgias refrativas eletivas trouxe muitos benef�cios para o diagn�stico e tratamento de doen�as oculares, destacando-se o ceratocone.
Al�m das tecnologias de diagn�stico como o wavefront ocular, a topografia e tomografia de c�rnea, destacam-se os lasers. Por exemplo, o VisuMax®%uFE0F, laser de femtossegundo de alta precis�o e velocidade para realiza��o de procedimentos cir�rgicos na c�rnea.

Entre as aplica��es do equipamento est� a confec��o do t�nel na c�rnea com alta precis�o para a implanta��o do anel corneano (intrestromal), o que regulariza a curvatura da c�rnea afetada pelo ceratocone.

Foto destaca os olhos verdes de uma mulher
De acordo com dados do Minist�rio da Sa�de, o ceratocone atinge cerca de 150 mil pessoas por ano no Brasil (foto: StockSnap /Pixabay )


� poss�vel prevenir o ceratocone?


Acredito que uma campanha eficaz para educar as pessoas para n�o co�arem os olhos pode reduzir o impacto e severidade desta doen�a na popula��o. Mas, infelizmente, n�o h� maneiras de prevenir o surgimento do ceratocone. Existe associa��o com fatores heredit�rios e gen�ticos, alguns testes gen�ticos surgem de forma promissora, como o AvaGen, o que requer mais estudos cl�nicos para entendermos como utilizar na pr�tica cl�nica para o diagn�stico da doen�a.

Entretanto, sabemos que a progress�o da doen�a est� relacionada ao trauma cont�nuo e com a inflama��o cr�nica. Com isso, o controle da alergia e evitar o h�bito de co�ar os olhos ganha protagonismo para evitar o aparecimento bem como o agravamento da doen�a. Para um diagn�stico precoce, � fundamental realizar consulta peri�dica com o oftalmologista, com exames complementares de acordo com a disponibilidade. Consultas peri�dicas s�o importantes para a avalia��o completa da sa�de ocular, indicando os tratamentos adequados eventualmente necess�rios.
 

N�o coce ou esfregue os olhos, slogan da campanha Junho Violeta 


Os slogans: “N�o coce ou esfregue os olhos. Este ato prejudica a vis�o!” e “A falta de informa��o ou mesmo a desinforma��o podem fazer sofrer mais que a pr�pria doen�a” trazem um perfeito retrato da import�ncia de campanhas como o Junho Violeta.



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