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Estado de Minas SA�DE

Bons h�bitos evitam a incid�ncia do Alzheimer em at� 40%, diz estudo

Pesquisa aponta que cuidados como evitar o tabagismo e a obesidade e dormir bem evitam o aparecimento da doen�a


12/07/2022 10:27

Idoso com a mão na testa
(foto: Gerd Altmann/Pixabay)

Sem cura nem tratamento que ataque suas causas, a doen�a de Alzheimer deve superar os 152 milh�es de casos em menos de tr�s d�cadas. Enquanto a ci�ncia n�o decifra os mecanismos que levam a essa degenera��o gradativa do c�rebro, � poss�vel tentar reduzir os riscos com ajustes no estilo de vida. Novas pesquisas refor�am o papel de fatores como tabagismo e isolamento social na probabilidade aumentada de se desenvolver o mal, sugerindo que h�bitos saud�veis ajudariam a evitar at� 40% da incid�ncia da doen�a.

Um dos documentos mais importantes para nortear as diretrizes preventivas foi publicado na revista m�dica The Lancet e elaborado por uma comiss�o de cientistas de v�rias partes do mundo. O texto, que cita 315 artigos sobre Alzheimer, destaca os fatores de risco modific�veis, que j� eram conhecidos, e acrescenta outros (veja quadro), al�m de identificar quais os mais impactantes dependendo da fase da vida. A expectativa dos autores � de que pol�ticas p�blicas e decis�es individuais possam evitar ou, ao menos, retardar parte da incid�ncia, j� que o principal fator de risco de dem�ncias � imut�vel: o avan�o da idade.

"Aos 60 anos, 2% das pessoas t�m dem�ncia, e essa preval�ncia dobra a cada sete anos. De tal maneira que, aos 90, metade da popula��o nessa idade ter� dem�ncia", diz o geriatra Ot�vio Castello, fundador e ex-presidente da Associa��o Brasileira de Alzheimer (Abraz), regional DF. "A idade � um fator de risco n�o modific�vel. Ent�o, temos de nos focar naqueles em que � poss�vel intervir", diz.

Segundo o artigo da The Lancet, os riscos modific�veis t�m pesos diferentes de acordo com o momento da vida, destaca o m�dico. "� interessante como esse artigo perverte muitas coisas que as pessoas acreditam. Por exemplo, na idade m�dia, o principal fator de risco modific�vel � a surdez. Outro extremamente importante � a depress�o. Tanto a surdez quanto a depress�o n�o tratadas v�o desativando �reas do c�rebro, estimulando uma perda de neur�nios e de conex�es entre eles", diz Castello.

Multifatorial


Doen�a complexa, o Alzheimer �, como muitas outras, consequ�ncia de uma combina��o de fatores. Do ponto de vista fisiopatol�gico, ele se caracteriza por altera��es cerebrais provocadas por ac�mulo de uma prote�na, a beta-amiloide, que, por sua vez, induz um processo de destrui��o de estruturas que formam os neur�nios, causando os chamados emaranhados neurofibrilares. H�, pelo menos, 40 locais do genoma associados � enfermidade e, nos casos de dem�ncia precoce, a hereditariedade tamb�m desempenha um papel.

 

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A influ�ncia dos fatores modific�veis vem sendo estudada com aten��o nas �ltimas d�cadas, especialmente por estudos epidemiol�gicos, que comparam a incid�ncia da doen�a entre parcelas da popula��o, com base em informa��es sobre alimenta��o, sedentarismo, consumo de �lcool etc. Esse tipo de pesquisa n�o � capaz de encontrar uma associa��o direta de causa e efeito - por exemplo, n�o prova que o cigarro de alguma forma altera a estrutura dos neur�nios. Por�m, fornece dados estat�sticos que, combinados a conhecimentos cient�ficos pr�vios, oferecem pistas sobre a rela��o de um fator com o desenvolvimento da enfermidade.

"A gente sabe que diversas coisas afetam o c�rebro. Press�o alta, al�m de provocar altera��es circulat�rias, pode funcionar como um gatilho dos fen�menos envolvidos no Alzheimer, disparando os mecanismos da doen�a que destroem o tecido cerebral", diz Ot�vio Castello. "Estilos de vida saud�veis podem proteger a sa�de do c�rebro ao melhorar o metabolismo da glicose e dos lip�dios, reduzindo a inflama��o e o estresse fisiol�gico", completa a epidemiologista Danxia Yu, principal autora de um artigo publicado recentemente na revista Neurology.

Apresentado no congresso Nutrition 2022, da Sociedade Norte-Americana de Nutri��o, o estudo de Danxia Yu, com dados de 17.309 volunt�rios acompanhados por quatro anos, refor�ou que tabagismo, uso de �lcool, inatividade f�sica, poucas horas de sono e m� qualidade da dieta estavam, individualmente, associados a um risco entre 11% e 25% mais elevado de se desenvolver essa e outras dem�ncias. Combinados, eles aumentaram em 36% a probabilidade de neurodegenera��o. Os resultados n�o variaram idependentemente de sexo, etnia, n�vel de educa��o, renda e doen�as cr�nicas preexistentes.

Aten��o � sa�de mental

 

Alisson Marques, psiquiatra do Instituto Meraki e m�dico do N�cleo de Sa�de Mental da Secretaria de Sa�de do DF

"Sabemos que a doen�a de Alzheimer � a principal dem�ncia que se tem no mundo, e que ela traz muita morbidade, ou seja, adoecimento, e muita mortalidade, com impacto na vida dos pacientes, cuidadores, familiares e nos gastos de sa�de p�blica. Hoje em dia, na psiquiatria, estudamos bastante a rela��o de altera��es de humor com os aspectos cognitivos. Essas altera��es, como a depress�o, podem mesmo antecipar o decl�nio da cogni��o: por exemplo, um decl�nio que ocorreria aos 80 anos pode vir uma d�cada antes. E tamb�m dar celeridade ao processo demencial. Outras vezes, a pessoa pode ir deprimindo por se perceber disfuncional, n�o s� em rela��o a esquecimentos, mas n�o dando conta mais de executar algumas fun��es cognitivas que anteriormente fazia com tranquilidade, como ir ao banco, gerenciar as quest�es financeiras, dirigir... Ent�o, assim como peso, tabagismo, abuso de �lcool e diabetes, as altera��es de humor t�m uma rela��o com o risco de Alzheimer."

 

Combina��o de doen�as preocupa

Um outro estudo, publicado na revista Alzheimer´s & Dementia, destacou o peso de diabetes tipo 2 e doen�as cardiovasculares no desenvolvimento da dem�ncia. Segundo os autores, do Instituto Karolinska, na Su�cia, a presen�a de mais de uma enfermidade cardiometab�lica, como isquemia card�aca e obesidade, acelera a velocidade do decl�nio cognitivo e dobra o risco de comprometimento neurodegenerativo. "Poucos estudos examinaram como o risco de dem�ncia � afetado por ter mais de uma dessas doen�as simultaneamente. Ent�o, � isso que quer�amos examinar em nosso estudo", diz Abigail Dove, doutoranda do Centro de Pesquisa em Envelhecimento do instituto e principal autora.

A pesquisa incluiu 2,5 mil pessoas saud�veis, sem dem�ncia, com mais de 60 anos. No in�cio, os cientistas estimaram a incid�ncia de doen�as cardiometab�licas por meio de prontu�rios e avalia��o cl�nica. Os participantes foram, ent�o, acompanhados por 12 anos com exames m�dicos e testes para monitorar a manuten��o ou a degenera��o das habilidades cognitivas.

"Em nosso estudo, as combina��es de diabetes/doen�a card�aca e diabetes/doen�a card�aca/derrame foram as mais prejudiciais � fun��o cognitiva", diz Dove. No entanto, pessoas que tiveram apenas uma enfermidade do tipo n�o apresentaram um risco significativamente maior de decl�nio cognitivo. "Ent�o, � poss�vel que a dem�ncia possa ser evitada prevenindo o desenvolvimento de uma segunda doen�a."

O endocrinologista Jo�o Lindolfo Cunha Borges, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), destaca a import�ncia de se controlar os fatores de risco das doen�as cardiometab�licas como preven��o das dem�ncias. "� sabido que doen�as cr�nicas mal controladas podem desencadear o Alzheimer. Ter diabetes n�o � um problema. Ter diabetes descontrolada � um problema", ressalta. Cuidar do peso tamb�m � essencial, ensina o m�dico: "N�s j� temos mais de 60% da popula��o brasileira com sobrepeso e obesidade. N�o existe obeso saud�vel. Obesidade leva a hipertens�o, diabetes, infarto, c�nceres, entre outras morbidades. Com certeza levar� a Alzheimer", destaca.

Para o geriatra Ot�vio Castello, os estudos sobre a associa��o de fatores de risco ambientais e dem�ncias trazem uma importante li��o. "Se a pessoa n�o tiver obesidade, n�o fumar, beber �lcool com modera��o e controlar a press�o, isso vai diminuir o risco de ela ter dem�ncia. N�o adianta nada fazer palavras cruzadas e exerc�cios de est�mulo da mem�ria, usar �baco etc. se n�o controlar press�o alta e diabetes, n�o fizer atividade f�sica, n�o tratar surdez, entre outros."


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