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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Os benef�cios de se achar mais jovem do que realmente �

Quando a velhice come�a depende de onde voc� mora - mas tamb�m pode depender em parte de como voc� v� o envelhecimento


28/07/2022 10:02 - atualizado 28/07/2022 10:02

Uma mulher mais velha levanta os braços em comemoração
A pessoa que se recusa a se sentir velha est� enganando a si mesma? Talvez n�o (foto: Getty Images)
  Que idade voc� acha que corresponde � meia-idade? De 40 a 60 anos? Dos 50 aos 70? Em algum ponto intermedi�rio?

Provavelmente n�o vai te surpreender saber que a resposta que as pessoas d�o a isso depende de quantos anos elas t�m no momento em que ouviram a pergunta.

Quando meio milh�o de pessoas preencheram um question�rio on-line em 2018, os participantes que tinham entre 20 e 30 anos responderam que, em m�dia, a meia-idade come�ava aos 40 anos, enquanto a velhice tinha in�cio aos 62.

Em contrapartida, os maiores de 65 anos n�o pensavam que se chegava � velhice antes dos 71 anos.

� bastante �bvio o que acontece. Ningu�m gosta de pensar que est� envelhecendo — ent�o, se voc� tem 40 anos, adora artigos que proclamam que os 40 s�o os novos 30.

Da mesma forma, as pessoas na faixa dos 70 anos ficam animadas com sugest�es de que, com os avan�os na nutri��o e nos cuidados de sa�de, praticamente acabaram de sair da meia-idade.

Al�m disso, tendemos a querer nos dissociar de qualquer grupo que seja estigmatizado. Isso significa que resistimos a ser designados como velhos, quando vemos o idoso retratado como fr�gil, sedent�rio, doente e at� mesmo um fardo para a sociedade.

Leia tamb�m: Envelhecimento: A coisa mais moderna que existe nesta vida � envelhecer.

Claro que a velhice � uma realidade, e os idosos devem ser tratados com respeito e dignidade.

Ser� ent�o que as pessoas est�o simplesmente se iludindo quando se recusam a se considerar velhas? Na verdade, esta pode ser uma estrat�gia sensata, que pode ser realizada e melhorar a qualidade de vida.

 

Em 2003, os pesquisadores Hannah Kuper e Michael Marmot (famosos por demonstrar o impacto que o status socioecon�mico pode ter em nossa sa�de e expectativa de vida) realizaram um amplo estudo no qual os participantes foram novamente questionados: quando a velhice come�a?

As respostas variaram, claro, mas o que Kuper e Marmot descobriram foi que as pessoas que pensavam que a velhice come�ava mais cedo eram mais propensas a ter um ataque card�aco, sofrer de doen�as card�acas ou ter uma sa�de f�sica em geral prec�ria quando monitoradas de seis a nove anos depois.

Os participantes desta pesquisa estavam participando do chamado estudo Whitehall II, um estudo longitudinal com mais de 10 mil funcion�rios p�blicos que trabalhavam em Londres.

A pesquisa � robusta e os participantes responderam a uma grande variedade de perguntas. Isso significava que Kuper e Marmot podiam estabelecer que outros fatores, como o n�vel de emprego, n�o poderiam explicar as diferen�as nos resultados de sa�de.

Como poderia ent�o a idade que voc� designa como o in�cio da velhice ter um impacto t�o grande na sua sa�de?


Mãos de um homem idoso apoiado em um andador
Pensar na velhice pode nos tornar menos ativos e, assim, afetar nossa sa�de (foto: Getty Images)

Uma teoria � que a resposta para a simples pergunta de "quando a velhice come�a" fornece, na verdade, muito mais informa��o sobre uma pessoa do que voc� imagina.

Pode ser, por exemplo, que a pergunta leve as pessoas a pensar sobre sua pr�pria sa�de f�sica e, se tiverem problemas de sa�de pr�-existentes ou um estilo de vida ruim, podem n�o se sentir t�o bem e pensar que a velhice est� chegando mais cedo.

As pessoas que dizem que a velhice chega mais r�pido tamb�m podem ser mais fatalistas e menos propensas a procurar ajuda para problemas de sa�de ou a adotar rotinas mais saud�veis, acreditando que o decl�nio � inevit�vel.

Elas podem supor, por exemplo, que as pessoas mais velhas s�o fr�geis, e come�ar a andar deliberadamente mais devagar e pegar leve, quando isso � exatamente o que n�o deveriam fazer em prol de sua sa�de f�sica e mental.

Leia tamb�m: Envelhecimento: a for�a da economia prateada.

Elas podem esperar esquecer coisas devido � idade, ent�o param de contar com suas mem�rias. � at� poss�vel que o estresse de se apegar a ideias negativas sobre o envelhecimento contribua para a inflama��o cr�nica e mais problemas de sa�de a longo prazo.

De maneira que viver de acordo com o estere�tipo de uma pessoa mais velha poderia aumentar justamente os problemas que temem.

E, claro, o inverso pode ser verdade tamb�m.

As pessoas que pensam que a velhice come�a mais tarde podem estar mais conscientes sobre sua sa�de e condicionamento f�sico e, portanto, tomar medidas ativas para se manter em forma.

Elas acreditam que s�o mais jovens e, portanto, se comportam de maneira mais jovem, criando um c�rculo virtuoso.


Quatro mulheres de meia-idade sorridentes de maiô em frente a um lago
Quem acredita que a velhice come�a mais tarde pode estar mais consciente de sua sa�de e condicionamento f�sico (foto: Getty Images)

Seja qual for a explica��o, o estudo de Kuper e Marmot n�o � a �nica pesquisa a demonstrar benef�cios mensur�veis %u200B%u200Bde pensar positivamente sobre o envelhecimento.

Becca Levy, da Escola de Sa�de P�blica de Yale, tamb�m produziu resultados extraordin�rios, usando dados do Estudo Longitudinal de Envelhecimento e Aposentadoria de Ohio, que acompanhou mais de mil pessoas que tinham pelo menos 50 anos na �poca.

Levy descobriu que as pessoas que tinham ideias positivas sobre seu pr�prio envelhecimento (que concordavam com coment�rios como "tenho tanta vitalidade quanto no ano passado" e que discordavam que � medida que voc� envelhece fica menos �til) viveram em m�dia 22,6 anos ap�s terem participado do estudo pela primeira vez, enquanto aquelas que se sentiam menos positivas sobre a velhice viveram, em m�dia, apenas 15 anos a mais.

Em seguida, surgiu um novo estudo conduzido por Susanne Wurm, da Universidade de Greifswald, no norte da Alemanha, que pode definir o problema com mais precis�o.

E suas descobertas oferecem boas not�cias para as pessoas que pensam mais negativamente sobre a chegada da velhice. Elas n�o se mostraram mais propensas do que a m�dia a morrer cedo.

Mas, novamente, as pessoas que viam a velhice de forma mais positiva, como um momento para aprender coisas novas e fazer novos planos, por exemplo, viviam mais em m�dia.

Neste estudo, n�o importava tanto o que as pessoas pensavam sobre as implica��es f�sicas do envelhecimento, o que importava era se elas acreditavam que ainda iriam se desenvolver e crescer mentalmente.


Casal de meia-idade tomando sol em boias na piscina
Pensar que voc� � mais jovem pode te abrir para novas experi�ncias que t�m efeitos positivos duradouros (foto: Getty Images)

Nenhuma destas pesquisas significa que podemos parar ou reverter magicamente o processo de envelhecimento. Vis�o, audi��o, mem�ria, massa muscular, resist�ncia �ssea, processos de recupera��o: pode escolher, tudo isso declina. E as pessoas mais velhas s�o, obviamente, mais vulner�veis %u200B%u200Ba toda uma variedade de doen�as.

Todos estes grandes estudos s�o baseados em m�dias, ent�o dizer que n�o est� na meia-idade n�o evitar� que todo mundo fique doente.

Leia tamb�m: Envelhecimento: li��es de sabedoria e experi�ncia de vida.

Mas no livro The Expectation Effect ("O efeito da expectativa", em tradu��o livre), o jornalista especializado em ci�ncia David Robson d� algumas dicas.

Ele indica que, em vez de lamentar a perda da juventude, devemos nos concentrar nas experi�ncias e no conhecimento que adquirimos � medida que envelhecemos — e perceber o qu�o melhor lidamos com as situa��es.

Quando as pessoas mais velhas n�o se sentem bem, elas n�o devem supor que tudo se deve � idade avan�ada. Acima de tudo, � medida que envelhecemos, nunca dever�amos desistir de tentar ser mais saud�veis %u200B%u200Be acreditar que ainda podemos fazer muitas coisas.

Se adotarmos esta atitude, provavelmente viveremos mais e aproveitaremos estes anos.

Aviso legal

Todo o conte�do deste artigo � fornecido apenas para informa��o geral e n�o deve ser tratado como um substituto para a orienta��o m�dica do seu pr�prio m�dico ou de qualquer outro profissional de sa�de. A BBC n�o se responsabiliza por qualquer diagn�stico feito por um usu�rio com base no conte�do deste site. A BBC n�o � respons�vel pelo conte�do de quaisquer sites externos listados, nem endossa qualquer produto ou servi�o comercial mencionado ou aconselhado em qualquer um dos sites. Consulte sempre um m�dico se estiver de alguma forma preocupado com a sua sa�de.

Leia a vers�o original desta reportagem (em ingl�s) no site BBC Future.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-62313601

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