
De acordo com Rubens de Fraga J�nior, professor de gerontologia da Faculdade Evang�lica Mackenzie do Paran� (Fempar) e especialista em geriatria e derontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), os resultados foram publicados na revista eClinicalMedicine e emergem do NIHR COVID-19 BioResource. O estudo sugere que os efeitos ainda s�o detect�veis %u200B%u200Bmais de seis meses ap�s a doen�a aguda e que qualquer recupera��o � gradual.
Rubens de Fraga J�nior destaca que h� evid�ncias crescentes de que a COVID-19 pode causar problemas duradouros de sa�de cognitiva e mental, com pacientes recuperados relatando sintomas como fadiga, problemas para lembrar palavras, dist�rbios do sono, ansiedade e at� transtorno de estresse p�s-traum�tico (TEPT) meses ap�s infec��o. "No Reino Unido, um estudo descobriu que cerca de um em cada sete indiv�duos pesquisados %u200B%u200Brelataram ter sintomas que inclu�am dificuldades cognitivas 12 semanas ap�s um teste positivo para COVID-19."
Embora casos leves possam levar a sintomas cognitivos persistentes, entre um ter�o e tr�s quartos dos pacientes hospitalizados relatam que ainda sofrem de sintomas cognitivos tr�s a seis meses depois.
Mem�ria, aten��o e racioc�nio
Rubens de Fraga J�nior enfatiza que, para explorar essa liga��o com mais detalhes, os pesquisadores analisaram dados de 46 indiv�duos que receberam atendimento hospitalar, na enfermaria ou unidade de terapia intensiva, para COVID-19 no Hospital de Addenbrooke, parte do Cambridge University Hospitals NHS Foundation Trust - 16 pacientes foram colocados em ventila��o mec�nica durante sua perman�ncia no hospital. Todos os pacientes foram admitidos entre mar�o e julho de 2020 e foram recrutados para o NIHR COVID-19 BioResource.
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Os indiv�duos foram submetidos a testes cognitivos computadorizados detalhados, em m�dia seis meses ap�s a doen�a aguda, usando a plataforma Cognitron, que mede diferentes aspectos das faculdades mentais, como mem�ria, aten��o e racioc�nio. Escalas que medem ansiedade, depress�o e transtorno de estresse p�s-traum�tico tamb�m foram avaliadas. Seus dados foram comparados com controles pareados.
"Esta � a primeira vez que uma avalia��o e compara��o t�o rigorosas s�o realizadas em rela��o aos efeitos posteriores da forma grave da doen�a. Os sobreviventes da doen�a foram menos precisos e com tempos de resposta mais lentos do que a popula��o de controle correspondente -- e esses d�ficits ainda eram detect�veis seis meses depois. Os efeitos foram mais fortes para aqueles que necessitaram de ventila��o mec�nica", explica o m�dico.
Dificuldade de encontrar palavras
Ao comparar os pacientes com 66.008 membros do p�blico em geral, os pesquisadores estimam que a magnitude da perda cognitiva � semelhante em m�dia � observada, entre 50 e 70 anos de idade, e que isso equivale a perder 10 pontos de QI.
"Aqueles que venceram a enfermidade n�o tiveram boa pontua��o em tarefas como racioc�nio anal�gico verbal, uma descoberta que apoia o problema comumente relatado de dificuldade em encontrar palavras. Eles tamb�m mostraram velocidades de processamento mais lentas, o que se alinha com observa��es anteriores p�s-COVID de diminui��o do consumo de glicose cerebral na rede frontoparietal do c�rebro, respons�vel pela aten��o, resolu��o de problemas complexos e mem�ria de trabalho, entre outras fun��es", explica o professor.
O professor David Menon, da Divis�o de Anestesia da Universidade de Cambridge, autor s�nior do estudo, disse que "o comprometimento cognitivo � comum a uma ampla gama de dist�rbios neurol�gicos, incluindo dem�ncia e at� envelhecimento rotineiro, mas os padr�es que vimos - 'impress�o digital' da COVID-19 - era diferente de tudo isso”.
"Embora agora esteja bem estabelecido que as pessoas que se recuperaram de um caso grave de COVID-19 podem ter um amplo espectro de sintomas de sa�de mental prec�ria - depress�o, ansiedade, estresse p�s-traum�tico, baixa motiva��o, fadiga, humor deprimido e sono perturbado -, a equipe descobriu que a gravidade da doen�a aguda era melhor em prever os d�ficits cognitivos", conta o professor.
As pontua��es dos pacientes e os tempos de rea��o come�aram a melhorar com o tempo, mas os pesquisadores dizem que qualquer recupera��o nas faculdades cognitivas foi, na melhor das hip�teses, gradual e provavelmente influenciada por v�rios fatores, incluindo a gravidade da doen�a e seus impactos neurol�gicos ou psicol�gicos.
O professor Menon acrescentou: "Acompanhamos alguns pacientes at� 10 meses ap�s a infec��o aguda, e apresentam uma melhora muito lenta. Embora isso n�o tenha sido estatisticamente significativo, pelo menos est� indo na dire��o certa, mas � muito poss�vel que alguns desses indiv�duos nunca se recuperem totalmente".
D�ficits congnitivos
Rubens de Fraga J�nior afirma que existem v�rios fatores que podem causar os d�ficits cognitivos, conforme os pesquisadores. "A infec��o viral direta � poss�vel, mas � improv�vel que seja uma causa importante; em vez disso, � mais prov�vel que uma combina��o de fatores contribua, incluindo suprimento inadequado de oxig�nio ou sangue para o c�rebro, bloqueio de vasos sangu�neos grandes ou pequenos devido � coagula��o e sangramentos microsc�picos. No entanto, evid�ncias emergentes sugerem que o mecanismo mais importante pode ser o dano causado pela pr�pria resposta inflamat�ria do corpo e pelo sistema imunol�gico."
Embora este estudo tenha analisado casos hospitalizados, a equipe diz que, mesmo aqueles pacientes que n�o est�o doentes o suficiente para serem admitidos, tamb�m podem ter sinais indicadores de comprometimento leve.
O professor Adam Hampshire, do Departamento de Ci�ncias do C�rebro do Imperial College London, o primeiro autor do estudo, disse que “cerca de 40.000 pessoas passaram por terapia intensiva com COVID-19 apenas na Inglaterra e muitas outras ficaram muito doentes, mas n�o foram internadas. Isso significa que h� um grande n�mero de pessoas por a� ainda enfrentando problemas de cogni��o muitos meses depois. Precisamos ver urgentemente o que pode ser feito para ajudar essas pessoas."
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