
O cantor Wesley Safad�o, operado recentemente de h�rnia de disco, voltou a travar a coluna. A dor, segundo o artista, foi t�o grande que foi necess�rio adiar um dos seus shows que aconteceria na semana passada, em 24 de setembro.
De acordo com ele, em uma de suas �ltimas performances havia pulado e dan�ado muito, o que pode ter gerado a dor e o retorno ao hospital. Apesar do inc�modo n�o se comparar ao que ele sentiu e viveu nos �ltimos meses, Safad�o foi ao m�dico para fazer uma manipula��o de medicamentos para bloquear a dor, e precisou se afastar do palco.
Dados do IBGE de 2019 mostram que cerca 5,5 milh�es de brasileiros com 18 anos ou mais t�m problema cr�nico de coluna e possuem grau intenso ou muito intenso de limita��es nas atividades habituais por causa disso.
J� nos Estados Unidos, s�o cerca de cinco a 20 casos a cada 1 mil adultos por ano. A idade m�dia dos acometidos varia entre 30 e 50 anos, sendo mais prevalente em homens que em mulheres. As regi�es lombar ou cervical s�o as mais afetadas, j� que est�o mais sujeitas � movimenta��o do dia a dia.
Os sintomas variam de pessoa a pessoa. Em alguns casos, a dor pode ser recorrente e at� incapacitante, como a do cantor e, em outros, a pessoa nem mesmo apresenta ind�cios.
Profissionais da �rea que lidam diretamente com a h�rnia de disco e outros problemas de coluna falam sobre os tipos de tratamento, sobre o que ocorreu com o cantor e quais as medidas que devem ser tomadas para evitar a doen�a e outros problemas da coluna. A seguir:
O que � a h�rnia de disco
O m�dico neurocirurgi�o Felipe Mendes, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, conta que, para entender como a h�rnia de disco surge, � necess�rio conhecer mais sobre a coluna. "� formada pelas v�rtebras e os discos intervertebrais - situados entre as v�rtebras. Esse disco � composto por uma parte externa mais fibrosa e mais dura, e, internamente, existe um n�cleo pulposo, que � uma subst�ncia mais mole, mais gelatinosa. Logo, quando h� alguma ruptura dessa camada que funciona como uma cerca de prote��o e parte desse n�cleo pulposo (centro mais gelatinoso) sai, isso configura a h�rnia de disco. A dor ocorre quando h� compress�o das ra�zes nervosas."Segundo o m�dico ortopedista Daniel Oliveira, cirurgi�o de coluna vertebral, as principais causas da h�rnia s�o as atividades di�rias, os v�cios posturais, traumas, m� postura ao dormir e no dia a dia, al�m dos altos n�veis de estresse. "Al�m desses fatores contribuirem para que as nossas articula��es da coluna sofram, com o tempo, os discos intervertebrais s�o afetados, sofrendo ruptura em seu anel, causando a h�rnia de disco."
Normalmente, quando o paciente apresenta um quadro de dor lombar durante algumas semanas por conta de uma h�rnia de disco, ele � encaminhado para um tratamento conservador que inclui repouso, medicamentos, fisioterapia e reabilita��o muscular. Nos raros casos em que n�o existe melhora espont�nea a partir das medidas conservadoras, eles s�o encaminhados para o tratamento cir�rgico.
Particularidades do caso

O artista possui, segundo informa��es da m�dia, o hist�rico de compress�o em dois discos intervertebrais, que foi descoberta h� quatro anos, e apresenta uma varia��o anat�mica cong�nita conhecida como v�rtebra de transi��o, presente antes mesmo do nascimento. � uma altera��o no desenvolvimento �sseo do feto que leva a ocorr�ncia de uma v�rtebra modificada ou extra.
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"O que se pode dizer � que a cirurgia pela qual ele passou, no come�o de julho, resolveu o problema da dor incapacitante, ent�o, aparentemente, ele se sentiu seguro para voltar � rotina normal de shows. Em apresenta��es mais perform�ticas, os artistas pulam, movimentam-se o tempo todo e isso pode, realmente, acabar for�ando a coluna", avalia o m�dico ortopedista e cirurgi�o.
O ponto cr�tico, segundo Daniel Oliveira, n�o � retomar a rotina, mas ele ressalta: � importante que o paciente tenha consci�ncia de que a h�rnia de disco � um problema cr�nico e que envolve uma s�rie de fatores, como o pr�prio estilo de vida, rotina alimentar, sono, atividade f�sica e at� fatores morfol�gicos do corpo de cada um.
Mesmo tendo operado h� dois meses, em situa��es mais complexas e diante de uma atividade profissional que exige muito fisicamente, como parece ser o caso de Wesley, "� muito importante que haja uma rotina rigorosa de exerc�cios de fortalecimento, com acompanhamento fisioter�pico e aten��o ao estilo de vida mesmo, para evitar a recidiva", explica o ortopedista.
Op��es de tratamento cir�rgico
Segundo Daniel Oliveira, uma das formas mais inovadoras de tratamento cir�rgico em casos de h�rnia de disco � a cirurgia endosc�pica da coluna. Com ela � poss�vel ter alta no mesmo dia, e retomar as atividades menos intensas no dia seguinte ao procedimento. "� importante que o cirurgi�o avalie as condi��es individuais para determinar se isso ser� poss�vel ou n�o no caso de cada paciente. J� as atividades f�sicas ser�o liberadas conforme sua intensidade em algumas semanas."
Felipe Mendes, que tamb�m tem especialidade nesse tipo de cirurgia, ressalta que a resposta do tratamento cir�rgico � muito satisfat�ria. "No dia seguinte o paciente j� est� se sentindo bem, e aquela dor incapacitante � aliviada. A partir disso, � feito um encaminhamento para a reabilita��o, com refor�o muscular para o mais r�pido poss�vel retomar suas atividades." Podem, contudo, ocorrer epis�dios de dores. "Nesses casos, � importante diferenciar se � uma dor parecida com a dor anterior ou uma dor mais leve, pois, �s vezes, pode ser que o organismo ainda esteja se recuperando."
Com rela��o ao p�s-operat�rio, o neurocirurgi�o explica que, com os procedimentos minimamente invasivos, h� um retorno mais r�pido �s atividades do cotidiano. "Geralmente o paciente fica no m�ximo poucas horas internado no hospital, sendo liberado no mesmo dia ou, no m�ximo, na manh� seguinte. Ao longo dos pr�ximos dias a recupera��o � tranquila, sem a necessidade de permanecer deitado e em repouso. Ele pode andar e movimentar, mas claro que nas primeiras duas semanas deve evitar esfor�os muito fortes", esclarece.

Com rela��o � cirurgia convencional, Daniel Oliveira relata que o procedimento demanda cortes e traumas teciduais maiores e o p�s-operat�rio � mais complexo. Geralmente s�o pelo menos dois meses para recupera��o, incluindo pequenas caminhadas (5 a 15 minutos) diariamente a partir do quarto dia de cirurgia. Nesse caso, tamb�m se deve, durante esse per�odo, evitar levantar objetos pesados, rela��es sexuais, ficar sentado por mais de uma hora e dirigir. O retorno ao trabalho se d� entre 45 e 90 dias.
Daniel reitera que, em ambas as t�cnicas, existe o risco de recidiva da h�rnia de disco, especialmente nas primeiras quatro semanas ap�s a cirurgia. "Recomenda-se evitar permanecer sentado por muito tempo durante essas primeiras semanas para redu��o desse risco e seguir rigorosamente as recomenda��es do m�dico que realizou a cirurgia", afirma o cirurgi�o ortopedista.
Em casos de h�rnia de disco, independente do grau do problema enfrentado, � essencial recorrer a um especialista para avaliar o caso individualmente. � ele quem vai prescrever um tratamento conservador e, se houver necessidade de cirurgia, poder� conversar sobre a melhor op��o para cada caso, e tamb�m sobre qual ser� o protocolo de recupera��o que deve ser seguido com aten��o.
"Em sa�de n�o h� receita de bolo. Cada caso � um caso. Seja uma cirurgia aberta ou uma cirurgia endosc�pica ou microscopia, o cirurgi�o avaliar� as condi��es daquele paciente individualmente, sua rotina de vida, seu estado de sa�de geral, h�bitos de vida, e vai orientar sobre qual ser� o tipo de tratamento que dever� ser realizado", conclui Daniel.