
A constata��o � de Luiz Fernando Ferreira Pereira, pneumologista do Oncobio, do Grupo Oncocl�nicas Belo Horizonte, coordenador do Ambulat�rio de Asma Grave e de Cessa��o do Tabagismo do Hospital das Cl�nicas – UFMG e chefe do Servi�o de Pneumologia do Hospital Biocor, da Rede D’OR.
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“Os cigarros eletr�nicos n�o liberam fuma�a, e ,sim, um vapor. E embora liberem menos subst�ncias do que os cigarros tradicionais, seu vapor cont�m muitas subst�ncias com risco para a sa�de, incluindo nicotina, propilenoglicol, glicerina vegetal, saborizantes, alde�dos, metais pesados e nitrosaminas. As novas gera��es de cigarros eletr�nicos liberam maiores quantidades de nicotina, metais pesados e part�culas finas do que a quantidade liberada na fuma�a dos cigarros comuns”, afirma o pneumologista.
Trocar o cigarro tradicional pelo eletr�nico n�o � uma boa alternativa, uma vez que o fundamental � cessar o tabagismo. O SUS disponibiliza tratamento gratuito do tabagismo com boas taxas de cessa��o. Os �rg�os do nosso corpo, especialmente os pulm�es, s�o sens�veis �s dezenas de compostos do vapor dos cigarros eletr�nicos, aumentando os riscos para a sa�de e ainda podem causar novas doen�as ap�s o uso prolongado"
Luiz Fernando Ferreira Pereira, pneumologista do Oncobio, do Grupo Oncocl�nicas Belo Horizonte
Os estudos em ratos e em c�lulas humanas comprovam que os compostos do vapor reduzem a imunidade pulmonar, inflamam as mucosas, reduzem a depura��o mucociliar (limpeza das vias a�reas), lesam o DNA das c�lulas, alteram a parede dos vasos sangu�neos e aumentam o risco de c�ncer”, alerta o pneumologista.
Cigarro eletr�nico � associado a diversos tipos de c�ncer
Luiz Fernando explica ainda que estudos populacionais demonstram a associa��o do uso de cigarro eletr�nico com diversos tipos de c�ncer, especialmente o de bexiga e o de pulm�o. “Entretanto, s�o necess�rias mais pesquisas para ratificar esses resultados iniciais.”
O que � largamente comprovado � que, enfatiza o m�dico, a fuma�a do cigarro tradicional tem mais de 60 cancer�genos e causa dezenas de c�nceres, especialmente da orofaringe, vias a�reas e pulm�es. “Mais de 85% dos c�nceres de pulm�o s�o causados pelo tabagismo. A predisposi��o gen�tica, o n�mero de cigarros fumados e a dura��o do tabagismo s�o fatores primordiais para o surgimento do c�ncer de pulm�o.”
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No entanto, o especialista lembra que os c�nceres com poucos sintomas, ou sintomas iniciais inespec�ficos, como o de pulm�o, s�o geralmente diagnosticados tardiamente, e nas fases avan�adas da doen�a a resposta ao tratamento � muito baixa. “Por esses motivos, os pacientes com risco de c�ncer, especialmente os fumantes, podem se beneficiar do rastreamento da doen�a por meio de exames e antes do surgimento dos sintomas. O diagn�stico precoce aumenta acentuadamente a chance de cura, especialmente do c�ncer de pulm�o.”

Risco dobrado
Conforme Luiz Fernando, o uso dual de cigarros, ou seja, o tradicional e o eletr�nico ao mesmo tempo, aumenta os riscos de doen�as, incluindo o c�ncer. “De um modo geral, os riscos de c�ncer aumentam de acordo com a predisposi��o gen�tica, a idade, a polui��o ambiental, as exposi��es intradomiciliares e no trabalho, e os h�bitos de vida n�o saud�veis, como o exagero de bebidas alco�licas e o tabagismo. Trocar o cigarro tradicional pelo eletr�nico n�o � uma boa alternativa, uma vez que o fundamental � cessar o tabagismo. O SUS disponibiliza tratamento gratuito do tabagismo com boas taxas de cessa��o. Os �rg�os do nosso corpo, especialmente os pulm�es, s�o sens�veis �s dezenas de compostos do vapor dos cigarros eletr�nicos, aumentando os riscos para a sa�de e ainda podem causar novas doen�as ap�s o uso prolongado”.
Pot�ncia da nicotina
Luiz Fernando avisa que a nicotina � um potente causador de depend�ncia, em geral maior que a do �lcool e similar � de muitas drogas il�citas. “O prazer e o bem-estar causados pelos neurotransmissores liberados ap�s a inala��o da nicotina s�o grandes e, quando combinados com os h�bitos e condicionamentos, ajudam a manter o uso do tabaco mesmo com o fumante sabendo que corre o risco de dezenas de doen�as e de redu��o da sua expectativa de vida em at� 12 anos. Para muitos fumantes, fumar se torna imprescind�vel na vida, tanto nos momentos bons quanto nos ruins”.
Na luta contra o tabagismo, o pneumologista destaca que o Brasil � exemplo mundial por reduzir suas taxas de tabagismo. De 34%, na d�cada de 1980, para menos de 10%, em 2021. “O uso dos cigarros eletr�nicos j� se tornou uma verdadeira “epidemia” em muitos pa�ses. Em nosso meio, aproximadamente 20% dos escolares vaporizaram cigarro eletr�nico nos �ltimos 30 dias (estudo PeNSE), mesmo com a sua propaganda e venda sendo proibidas pela Anvisa. Isso se deve em parte ao apelo tecnol�gico, ao fato de ser uma novidade, � grande quantidade de nicotina liberada pelos cigarros eletr�nicos de 4ª gera��o e pelo fato de muitos jovens acreditarem, erroneamente, que est�o inalando apenas um inocente vapor.”
O especialista destaca que os jovens precisam entender que est�o inalando dezenas de subst�ncias com risco para a sa�de, incluindo asma, bronquite, tosse, c�ncer, enfisema e at� insufici�ncia respirat�ria aguda e febril, a Evali. “Essa doen�a causou milhares de interna��es e muitas mortes na Am�rica do Norte em 2019 e 2020, ap�s o consumo de vapor dos cigarros eletr�nicos contendo vitamina E e derivados de maconha.”
Para o pneumologista, a proibi��o dos cigarros eletr�nicos pela Anvisa � importante, mas n�o resolve o grave problema, uma vez que os cigarros eletr�nicos continuam sendo comercializados facilmente na internet, na porta de bares e restaurantes, e nos grandes eventos sociais frequentados pelos jovens. “A fiscaliza��o e a puni��o aos vendedores ainda s�o m�nimas e precisam ser aumentadas. Por esse motivo, � fundamental educar e orientar os jovens sobre os preju�zos causados pelos cigarros eletr�nicos.”
Fumantes de cigarro eletr�nico t�m de saber:
- O vapor cont�m muitas subst�ncias prejudiciais � sa�de
- Os cigarros eletr�nicos liberam mais nicotina no seu vapor do que os cigarros tradicionais
- Ao consumir eletr�nicos, os usu�rios t�m alto risco de se tornar dependentes da nicotina
- A nicotina aumenta o risco de depend�ncia de outras drogas
- O cigarro eletr�nico triplica os riscos de iniciarem o uso dos cigarros tradicionais
- Muitos compostos liberados no vapor, especialmente o material particulado fino, persistem nos ambientes e podem prejudicar outras pessoas
- Os cigarros eletr�nicos podem causar insufici�ncia respirat�ria grave e at� a morte
- s cigarros eletr�nicos n�o devem ser consumidos
Fonte: Luiz Fernando Ferreira Pereira, pneumologista do Oncobio, do Grupo Oncocl�nicas Belo Horizonte