Homem obeso
Com o passar dos anos, � natural a redistribui��o de gordura corporal e a perda de massa muscular. Contudo, em algumas pessoas, essas altera��es s�o mais acentuadas: caminhada lenta, exaust�o, fraqueza e baixos n�veis de atividade f�sica s�o caracter�sticas da s�ndrome da fragilidade, condi��o que aumenta a propens�o a quedas, reduz a qualidade de vida e pode levar � morte. Agora, um estudo publicado na revista British Medical Journal Open indica uma forte associa��o entre o excesso de peso na meia-idade e o risco aumentado do problema entre idosos.
Os estudos existentes, por�m, se concentram na obesidade instalada j� na velhice. Os pesquisadores de Oslo queriam verificar se o ac�mulo de peso a longo prazo, come�ando na meia-idade, poderia facilitar a ocorr�ncia de pr�-fragilidade e fragilidade mais tarde. Para isso, utilizaram dados de participantes de um levantamento nacional, o Estudo de Tromso, que cont�m informa��es sobre obesidade geral (IMC) e abdominal (circunfer�ncia da cintura). A ideia era investigar se as condi��es, separadamente e em conjunto, afetariam o risco futuro de debilidade f�sica.
IMC
O Estudo Tromso foi realizado em sete fases, desde 1974 a 2016, e inclui informa��es de 45 mil residentes da Noruega, com idades entre 25 e 99 anos. A pesquisa atual baseou-se nos dados coletados a partir de 1994, com 4.509 pessoas acima de 45 anos. A m�dia et�ria no in�cio do estudo foi de 51 anos, com acompanhamento ao longo de duas d�cadas. Um IMC inferior a 18,5 foi categorizado como abaixo do peso; j� o normal entre 18,5-24,9.
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Os sobrepeso e a obesidade caracterizaram-se, respectivamente, pelo �ndice entre 25-29 e acima de 30. Quanto � circunfer�ncia da cintura, as classifica��es foram: normal (94cm ou menos para homens e 80cm ou menos para mulheres); moderadamente alto (95-10 cm e 81-88cm); e alto (acima de 102cm e acima de 88cm).
Nos �ltimos anos avaliados pelo estudo - 2015 e 2016 -, 28% dos participantes eram pr�-fr�geis, 1% fr�geis e 70,5% considerados fortes. Embora, ao longo de duas d�cadas, todos tenham ganhado peso e cent�metros na cintura, as propor��es de IMC e gordura abdominal normais no in�cio do monitoramento foram mais significativas entre aqueles que, na velhice, mantiveram a for�a f�sica.
Os que eram obesos em 1994 tinham quase 2,5 vezes mais chances de serem pr�-fr�geis/fr�geis no fim do per�odo de estudo, comparado aos com �ndice de massa corporal normal. Da mesma forma, aqueles com circunfer�ncia da cintura moderadamente alta ou alta no in�cio tinham, respectivamente, 57% e duas vezes mais chances de serem pr�-fr�geis/fr�geis do que aqueles com a medida adequada.
Aqueles que come�aram com um IMC normal, mas circunfer�ncia da cintura moderadamente alta, ou que estavam acima do peso, mas sem obesidade abdominal, n�o tiveram risco significativo de pr�-fragilidade/fragilidade no fim do monitoramento. Por�m, isso aconteceu entre os obesos e com cintura moderadamente alta no come�o do acompanhamento. As probabilidades maiores de desenvolver fraqueza quando idosos foram observadas naqueles que ganharam peso e aumentaram a medida do abd�men ao longo dos 21 anos estudados.
Inflama��o
Segundo os pesquisadores, � preciso considerar que o estudo � observacional, ou seja, n�o investiga a rela��o de causa e efeito. Al�m disso, poucas pessoas abaixo do peso faziam parte da amostra. Mesmo assim, eles apontam alguns dos mecanismos que podem explicar os resultados. "Isso inclui aumento da capacidade inflamat�ria das c�lulas adiposas e sua infiltra��o nas musculares, o que provavelmente potencializa o decl�nio natural da massa e for�a dos m�sculos relacionado � idade, aumentando, assim, o risco de fragilidade", explica Shreeshti Uchai.
No artigo, os autores ressaltam que, no contexto em que a popula��o envelhece rapidamente e a epidemia de obesidade aumenta, o estudo "destaca a import�ncia de avaliar e manter rotineiramente o IMC ideal e a circunfer�ncia da cintura durante a vida adulta para reduzir o risco de fragilidade na velhice".
De acordo com o geriatra Ot�vio Castello, membro da diretoria da regional DF da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, a s�ndrome da fragilidade do idoso � um tema central desta �rea m�dica. "Tudo o que se estuda sobre ela � importante por a fragilidade ser uma das maneiras pelas quais a gente avalia um idoso em rela��o a riscos", diz. "Um idoso com a s�ndrome que entra no hospital tem uma chance muito maior de complica��o, de a interna��o dele ser mais longa e, at� mesmo, de morrer. Ent�o, al�m de ser um problema em si, a s�ndrome da fragilidade � uma lente pela qual o idoso deve ser avaliado", diz.
O especialista destaca que o estudo noruegu�s acompanhou, durante muitos anos, um n�mero expressivo de pessoas, apontando o excesso de peso e medidas na meia-idade como um dos fatores de risco para a s�ndrome da fragilidade na velhice. "� um estudo robusto e mostra que a obesidade � fator de risco para um envelhecer com decrepitude, com mais desabilidade, maior depend�ncia de cuidados. Isso deve estimular as pessoas a controlar a obesidade em todas as fases da vida", acredita.
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