No islamismo, a circuncis�o � praticada como um ritual nos rec�m-nascidos, da mesma forma que no juda�smo
Os homens circuncidados – ou seja, que tiveram o prep�cio cortado do p�nis, deixando a glande a descoberto – s�o, em sua maioria, mu�ulmanos. No islamismo, a circuncis�o � praticada como um ritual nos rec�m-nascidos, da mesma forma que no juda�smo.
A maior parte das circuncis�es � realizada imediatamente ap�s o nascimento. Os homens n�o circuncidados podem precisar submeter-se � interven��o posteriormente por motivos de sa�de.
Aqui temos as respostas da ci�ncia a quatro perguntas sobre a circuncis�o.
1. Qual � a fun��o biol�gica do prep�cio e o que acontece quando ele � cortado?
O prep�cio � a parte da pele do p�nis que recobre a glande.
Diferentemente do restante da pele do p�nis, que est� presa ao �rg�o, o prep�cio fica solto. Em condi��es normais, o prep�cio deveria poder recuar at� descobrir totalmente a glande, tanto no estado fl�cido quanto durante a ere��o.
A superf�cie interna do prep�cio � uma mucosa lubrificada, similar ao interior da boca ou da vagina, entre as mulheres.
“Sua fun��o � cobrir o �rg�o e servir de revestimento”, segundo a urologista Ana Mar�a Autr�n, da Confedera��o Americana de Urologia.
Os especialistas tamb�m acreditam que o prep�cio pode ter alguma fun��o imunol�gica.
O homem pode prescindir do prep�cio, mas a glande � uma regi�o muito sens�vel do p�nis. Quando o prep�cio � retirado por quest�es de sa�de na inf�ncia, na adolesc�ncia ou na idade adulta, a glande, que antes estava protegida, passa a ficar em contato direto com o ar e com as roupas.
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Por isso, nas primeiras semanas, o paciente sente inc�modo causado pelo contato da glande com os tecidos. E pode tamb�m sentir dores durante as ere��es. Mas, com o passar do tempo, a pele da glande fica mais r�gida e perde um pouco da sensibilidade.

A circuncis�o � praticada h� milhares de anos
Getty ImagesA cirurgia geralmente � realizada de duas formas: a tradicional, cortando o prep�cio com bisturi, ou com um grampeador cir�rgico. Pode-se aplicar apenas anestesia local, embora, muitas vezes, o paciente seja sedado antes da interven��o em uma regi�o t�o sens�vel do corpo.
2. Quando � preciso submeter-se � circuncis�o?
Deixando de lado os motivos religiosos e concentrando-nos nas raz�es de sa�de, existem diferentes opini�es a respeito.
De um lado, encontra-se a posi��o majorit�ria nos Estados Unidos, de que � prefer�vel submeter os beb�s � circuncis�o quando eles nascem. Segundo a Academia Norte-Americana de Pediatria (AAP, na sigla em ingl�s), “os benef�cios para a sa�de da circuncis�o masculina no rec�m-nascido superam os riscos”.
Entre esses benef�cios, a organiza��o menciona a preven��o de infec��es do trato urin�rio, o c�ncer de p�nis e o cont�gio de algumas doen�as sexualmente transmiss�veis, incluindo o HIV/AIDS.
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Os homens circuncidados, o prep�cio foi cortado do p�nis, deixando a glande a descoberto
Getty Images“A circuncis�o masculina realizada durante o per�odo neonatal apresenta taxas de complica��es consideravelmente mais baixas do que quando realizadas em etapas posteriores da vida”, segundo a AAP.
Por outro lado, a organiza��o afirma que n�o existem elementos suficientes para pedir que a circuncis�o seja uma interven��o de rotina para todos os beb�s. “� uma decis�o que deve ser tomada pelos pais, sempre auxiliados por um m�dico”, explica o pediatra Ilan Shapiro, membro da AAP, � BBC News Mundo, o servi�o em espanhol da BBC.
J� a Real Associa��o M�dica Holandesa, por exemplo, adota uma posi��o oposta. Ela afirma que os beb�s n�o devem ser submetidos � circuncis�o porque “n�o existem provas convincentes de que a circuncis�o seja �til ou necess�ria em termos de preven��o ou higiene”. Por isso, ela “n�o � justific�vel, exceto por raz�es m�dicas/terap�uticas”.
“Ao contr�rio do que se costuma pensar, a circuncis�o traz o risco de complica��es m�dicas e psicol�gicas. As complica��es mais comuns s�o o sangramento, infec��es, estenose do canal (o estreitamento da uretra) e ataques de p�nico”, defende a organiza��o.
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Os principais motivos m�dicos que podem levar � circuncis�o s�o a fimose, a parafimose e a balanopostite.

A maior parte das circuncis�es � realizada imediatamente ap�s o nascimento
Getty ImagesA fimose ocorre quando o prep�cio � t�o estreito na sua extremidade que n�o permite o seu deslizamento normal at� liberar totalmente a glande. Quando detectada com pouca idade, pode ser curada com cremes para que n�o seja necess�rio realizar a cirurgia.
A parafimose ocorre quando o prep�cio desliza completamente, mas depois n�o retorna para a posi��o original.
J� a balanopostite � a inflama��o da glande, quase sempre causada por falta de higiene. Para evit�-la, desde pequenos, os meninos devem retirar o prep�cio e limpar bem a regi�o com �gua e sab�o para retirar o esmegma – uma secre��o espessa e esbranqui�ada – que � produzido abaixo do prep�cio.
Estas complica��es podem aparecer em qualquer etapa da vida, desde a inf�ncia at� a terceira idade.
3. A circuncis�o tem algum impacto na vida sexual e na sensibilidade?
Segundo Shapiro, esta � uma pergunta dif�cil de responder. Estatisticamente, s�o poucos os casos de homens que conseguem comparar sua vida sexual antes e depois da circuncis�o e, por isso, n�o existem estudos contundentes a respeito.
Enquanto o p�nis se acomoda � sua nova conforma��o ap�s a circuncis�o, o paciente sofre aumento da sensibilidade na glande, o que pode gerar inc�modos, segundo Autr�n.
Posteriormente, a pele da glande, que era protegida pelo prep�cio lubrificado, muda ao ficar em contato direto com o ar. “Ela come�a a ressecar e, quando a pele endurece, essa sensibilidade muda”, explica Shapiro.
Ele acrescenta que o prep�cio tamb�m � uma regi�o repleta de nervos que s�o perdidos quando ele � extra�do.

A circuncis�o logo ap�s o nascimento vem sendo questionada nos �ltimos anos nos Estados Unidos por defensores dos direitos das crian�as
Getty ImagesAlguns pacientes chegam ao consult�rio pedindo ao m�dico que os submeta � circuncis�o por raz�es est�ticas. Eles entendem que o seu p�nis ficar� mais bonito sem a cobertura protetora.
Tamb�m se faz este tipo de interven��o, mas � preciso eliminar alguns mitos: o p�nis n�o aumentar� de tamanho, n�o ficar� mais longo, nem ter� maior pot�ncia na hora do sexo. E a ejacula��o ser� igual � de antes.
Uma advert�ncia dos especialistas � que os pacientes n�o tenham rela��es sexuais nas quatro ou cinco semanas posteriores � interven��o cir�rgica, para evitar dores e complica��es da cicatriza��o.
4. A circuncis�o ajuda a prevenir o HIV e outras doen�as sexualmente transmiss�veis?
Um dos benef�cios promovidos pelos defensores da circuncis�o � que ela ajuda a prevenir doen�as sexualmente transmiss�veis (DST), como o HIV/AIDS.
A pr�pria ONU, no seu programa de luta contra o HIV, realiza campanhas de circuncis�o em massa em pa�ses do leste e do sul da �frica que apresentam altos n�veis de incid�ncia do v�rus.
J� foi demonstrado que a elimina��o do prep�cio reduz a taxa de cont�gio do HIV, mas apenas em homens heterossexuais e em regi�es de alta transmiss�o.

A ONU realiza circuncis�es de rotina em adultos, em pa�ses do leste e do sul da �frica, para reduzir a transmiss�o do HIV
Getty Images“A rela��o entre a circuncis�o e a transmiss�o do HIV �, no m�nimo, pouco clara, o que � ilustrado pelo fato de que os Estados Unidos apresentam alta incid�ncia de DSTs e infec��es por HIV com alto percentual de circuncis�es de rotina”, afirma a associa��o holandesa. “Na Holanda, ocorre exatamente o contr�rio: baixa incid�ncia de HIV/AIDS, combinada com um n�mero relativamente baixo de circuncis�es.”
Em homens que mant�m rela��es sexuais com outros homens e s�o ativos, a prote��o da circuncis�o contra o HIV � parcial, enquanto, entre os passivos, n�o foram observadas diferen�as.
Outras DSTs, como a gonorreia, s�filis, clam�dia, herpes, o v�rus do papiloma humano e �lceras genitais, foram estudadas pela medicina porque se acreditava que a circuncis�o evitaria seu cont�gio. Mas n�o existem evid�ncias que comprovem esta afirma��o.
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