Duas mulheres tomando cerveja em evento

Duas mulheres tomando cerveja em evento

zunateranaskote/Freepik

Neste ano, o s�bado de Carnaval (18/2) acontece junto ao Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo. Os festejos, que geralmente deixam as pessoas mais dispostas a cometer excessos, trazem n�o s� alegria �s ruas e avenidas, como tamb�m um importante alerta, principalmente para os moradores de Belo Horizonte, cidade que recebe a terceira maior folia do Brasil. H� menos de um ano, BH liderou um triste ranking: a de capital com o maior consumo abusivo de �lcool em 2021. Na ocasi�o, um levantamento do Minist�rio da Sa�de revelou que 25,2% dos belo-horizontinos, com 18 anos ou mais, consumiram mais de quatro doses de bebidas alco�licas em 30 dias. A segunda colocada foi Vit�ria (ES), com 23,28%, seguida por Cuiab� (MT), com 23,17%.

Para chegar aos resultados, a pesquisa considerou adultos que consumiram quatro ou mais doses (mulheres) ou cinco ou mais doses (homens) de bebida alco�lica em uma �nica ocasi�o, nos �ltimos 30 dias que antecederam o estudo, divulgado em abril de 2022.

Outro dado da pesquisa do Minist�rio da Sa�de � que 36,21% dos homens que vivem em Belo Horizonte praticam o que � conhecido cientificamente como "beber em binge", ou seja, consumir mais do que cinco doses de bebida em uma mesma ocasi�o.

O termo � empregado no mundo todo para definir o "uso pesado epis�dico do �lcool". Esse � um tipo de beber mais perigoso e frequentemente associado a uma s�rie de problemas f�sicos, sociais e mentais. Isso se d� pelo fato de ocorrerem, nessas situa��es, importantes modifica��es neurofisiol�gicas (desinibi��o comportamental, diminui��o da aten��o, piora da capacidade de julgamento, diminui��o da coordena��o motora, por exemplo).

M�dico cardiologista do Hospital Semper, Rodrigo Lanna enfatiza que, al�m dos riscos cognitivos, o abuso de bebidas alco�licas pode provocar v�rias les�es nos �rg�os do corpo, que v�o desde problemas g�stricos, hep�ticos, pancre�ticos, neurol�gicos e at� cardiovasculares.

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"Em grandes quantidades e ingerido de forma cr�nica/prolongada, o �lcool tem um efeito direto no mioc�rdio, o m�sculo do cora��o. O comportamento nocivo � capaz de acarretar uma doen�a chamada cardiomiopatia alco�lica, que ocorre quando esse m�sculo enfraquece. Nessas situa��es, h� um mal funcionamento cardiovascular e uma consequente sobrecarga do cora��o, o que pode levar � progressiva fal�ncia de sua fun��o essencial de bombear o sangue por todo o organismo", explica.

Nem sempre a cardiomiopatia alco�lica se manifesta atrav�s de sintomas, explica o m�dico. Quando os sinais, geralmente, aparecem, est�o relacionados a ocorr�ncias de insufici�ncia card�aca, que incluem fadiga, falta de ar, incha�o das pernas e p�s, fraqueza, tontura ou desmaios, al�m de pulso r�pido e irregular. "� um problema que, infelizmente, pode ser irrevers�vel. Com isso, o paciente acaba tendo que conviver com uma doen�a que n�o tinha simplesmente porque fez uso abusivo do �lcool ou bebeu durante anos, sem controle", refor�a.

Ainda segundo o cardiologista, nos casos em que h� a possibilidade de tratamento para a doen�a, � importante, primeiro, parar com a bebida alco�lica e s� em seguida entrar com as medica��es prescritas por um especialista. "Mas, sem a priva��o do �lcool, � imposs�vel reverter o quadro."

Outras doen�as

Médico cardiologista do Hospital Semper, Rodrigo Lanna

M�dico cardiologista do Hospital Semper, Rodrigo Lanna enfatiza que, al�m dos riscos cognitivos, o abuso de bebidas alco�licas pode provocar v�rias les�es nos �rg�os do corpo,

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O especialista tamb�m ressalta que o uso abusivo e cr�nico do �lcool pode ser o causador, direto ou indireto, de uma s�rie de doen�as metab�licas, como obesidade, diabetes e hipertens�o. "Geralmente, o paciente que bebe de forma compulsiva tem um perfil mais negligente com a pr�pria sa�de e, por isso, acaba adquirindo essas comorbidades que, se n�o tratadas, podem levar a outros problemas, como infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Isso sem falar que o �lcool j� � comprovado pela ci�ncia como fator de risco para diversos tipos de c�ncer, ou seja, � uma subst�ncia, capaz de potencializar in�meros problemas em efeito domin�."

Haja visto todas as intercorr�ncias que o abuso de bebidas alco�licas pode causar, Rodrigo Lanna aproveita o gancho do carnaval para pedir modera��o nas comemora��es, principalmente entre o p�blico jovem. "Por mais que hoje muitos jovens n�o tenham nenhum problema de sa�de, � fundamental pensar a longo prazo. Quem tem um comportamento nocivo consigo pr�prio aos 20, 25 anos e exagera na dose, como se n�o houvesse amanh�, corre o s�rio risco de chegar aos 50 com doen�as irrevers�veis. Isso sem falar que, como muitos est�o come�ando a beber cada vez mais cedo, a tend�ncia, infelizmente, � que desenvolvam problemas cr�nicos tamb�m de forma precoce. Vale lembrar que o �lcool moderado n�o � o inimigo. O erro, que pode custar vidas, est� no excesso, na depend�ncia e no v�cio", conclui.