Adoçante

Ado�ante

Mali Maeder/Divulga��o

Anunciado como natural, zero caloria e com dul�or semelhante ao do a��car, o eritritol foi promovido, nos �ltimos anos, a ado�ante da moda. A subst�ncia, por�m, pode n�o ser t�o in�cua assim. Um estudo da Cl�nica New Cleveland, nos Estados Unidos, publicado na revista Nature Medicine, indica que o produto est� associado a um risco aumentado de dist�rbios cardiovasculares, especialmente infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Os cientistas, por�m, ressaltam que entre os 4 mil participantes, havia uma alta preval�ncia de fatores de risco e que mais pesquisas precisam confirmar se as descobertas tamb�m se aplicam a pessoas aparentemente saud�veis.

O eritritol est� presente em pequenas quantidades em frutas e legumes. "Mas quando incorporado a alimentos processados, normalmente seus n�veis s�o 1 mil vezes superiores �s quantidades naturalmente encontradas no organismo", explica Stanley Hazen, presidente do Departamento de Ci�ncias Cardiovasculares e Metab�licas da Cl�nica New Cleveland e autor correspondente do artigo. Isso � necess�rio porque a subst�ncia � menos doce que a sacarose. Em alguns artigos de confeitarias, o teor do ado�ante chega a representar 60% do peso do alimento, explica Hazen.

Segundo o pesquisador, depois da ingest�o, a subst�ncia � pouco metabolizada, e a maior parte dela � excretada na urina. "Consequentemente, o eritritol � caracterizado como um ado�ante 'zero em calorias' e 'natural', levando a uma popularidade crescente, com previs�o de a participa��o no mercado de ado�antes duplicar nos pr�ximos cinco anos", diz Hazen.

Por�m, pouco se sabe sobre os n�veis circulantes de eritritol e os riscos cardiometab�licos. Enquanto os primeiros estudos a respeito encontraram benef�cios potenciais, como a��o antioxidante em modelos animais e melhora na fun��o vascular em pessoas com diabetes, outros detectaram aumento de peso em estudantes com n�veis mais altos do ado�ante na corrente sangu�nea. Tamb�m j� se sugeriu que o eritritol tem associa��o com aparecimento de dist�rbios metab�licos.

Tr�s anos


O novo estudo foi realizado em duas etapas. Na primeira, os autores selecionaram 1.157 participantes que passaram por testes para identificar mol�culas na corrente sangu�nea e, assim, detectar a presen�a e os n�veis do eritritol. Essas pessoas foram acompanhadas por tr�s anos, e monitoradas quanto a desfechos cardiovasculares, incluindo morte. Em seguida, os dados foram confrontados aos de pesquisas semelhantes realizadas nos Estados Unidos e na Europa com, respectivamente, 2.149 e 833 indiv�duos.

Nos tr�s grupos, os resultados indicaram que pessoas com n�veis mais elevados de eritritol no sangue tinham probabilidade maior de sofrer um evento card�aco adverso grave em tr�s anos, como infarto, AVC ou morte. Todos os participantes tinham fatores de risco no in�cio, como colesterol alto, hipertens�o e �ndice de massa corporal (IMC) na faixa da obesidade.

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Em seguida, os cientistas fizeram estudos em laborat�rio com amostras de oito indiv�duos saud�veis que tomaram um l�quido contendo concentra��es da subst�ncia semelhantes � m�dia observada na corrente sangu�nea das pesquisas pr�vias. O efeito do eritritol foi avaliado tanto no sangue total quanto apenas nas plaquetas (c�lulas que se agrupam para evitar sangramento e, em excesso, contribuem para a forma��o de co�gulos).

Os resultados revelaram que o eritritol ativou mais facilmente as plaquetas, aumentando o risco da forma��o de co�gulos. Segundo Stanley Hazen, estudos com animais confirmaram que a ingest�o da subst�ncia pode ter esse efeito adverso. "As doen�as cardiovasculares aumentam com o tempo, e as doen�as card�acas s�o a principal causa de morte em todo o mundo. Precisamos garantir que os alimentos que ingerimos n�o sejam contribuintes ocultos", afirma. "� importante que mais estudos de seguran�a sejam conduzidos para examinar os efeitos a longo prazo dos ado�antes artificiais em geral, e do eritritol especificamente, sobre os riscos de ataque card�aco e derrame particularmente em pessoas com maior risco de doen�a cardiovascular", conclui.

Cautela


Professor de nutri��o e ci�ncia alimentar na Universidade de Reading, no Reino Unido, Gunther Kuhnle � cauteloso ao avaliar o estudo. Ele destaca, por exemplo, que, no teste com os indiv�duos saud�veis que tomaram um l�quido contendo eritritol, a quantidade da subst�ncia na amostra foi 10 vezes maior que a permitida em bebidas pelos �rg�os regulat�rios. "A dose �nica usada foi mais do que a maioria de n�s ingeriria durante um dia inteiro", diz. "Esse � um dos motivos pelos quais os reguladores estabelecem limites para o uso de aditivos alimentares em ado�antes: para proteger o p�blico e garantir ingest�o est� em uma faixa segura."

Kuhnle esclarece que o eritritol n�o � usado apenas em alimentos, mas em produtos como pasta de dente e alguns medicamentos, o que poderia afetar o resultado do estudo, j� que n�o � poss�vel identificar a origem da subst�ncia detectada no sangue. "Especialmente os medicamentos podem afetar os resultados observados, pois concentra��es plasm�ticas mais altas podem indicar que os participantes recebem tratamentos m�dicos diferentes. Concordo que a informa��o � interessante e �til, mas definitivamente n�o deve causar preocupa��o a ningu�m."