exame de sangue

exame de sangue

Hush Naidoo Jade Photography/Unsplash

Uma equipe liderada por uma ginecologista dinamarquesa mostrou que um simples exame de sangue pode ajudar a entender e, eventualmente, prevenir abortos espont�neos.

Uma em cada 10 mulheres experimenta perda da gravidez, e esse n�mero � ainda maior em pa�ses onde as gesta��es ocorrem cada vez mais tarde nos anos f�rteis de uma mulher.

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Perto de Copenhague, Henriette Svarre Nielsen e sua equipe publicaram na revista cient�fica The Lancet alguns estudos que permitem estabelecer se um aborto espont�neo se deve, ou n�o, a uma anomalia cromoss�mica.

Ao contr�rio do que se aceitava at� agora, o teste pode ser feito no in�cio da gravidez, a partir da quinta semana.

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"Se ocorrer um aborto espont�neo, podemos colher uma amostra de sangue da m�e para descobrir as caracter�sticas gen�ticas do feto", disse Svarre Nielsen � AFP.

At� agora, na Dinamarca, um teste semelhante era oferecido apenas ap�s tr�s abortos espont�neos consecutivos e se a gravidez chegasse a 10 semanas de gesta��o, ou mais.

Agora, em Hvidovre, todas as mulheres que sofrem aborto espont�neo e v�o � emerg�ncia recebem o teste. Mais de 75% aceitam.

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"Isso ajuda a entender", disse uma delas, que pediu anonimato por n�o ter discutido o ocorrido com pessoas pr�ximas a ela.

Isolado e sequenciado ap�s a coleta de sangue, o DNA do embri�o, ou feto, � analisado para determinar se ele carrega uma anomalia cromoss�mica importante e se, por isso, n�o � vi�vel. A resposta � positiva em 50-60% dos casos.

Os m�dicos "ver�o se [os n�meros de] alguns cromossomos s�o mais problem�ticos do que outros. Isso permitir� que eles determinem um poss�vel risco no futuro", explicou a t�cnica de laborat�rio, Lene Werge.

Se n�o houver anomalias cromoss�micas, os m�dicos iniciam uma investiga��o minuciosa. Desequil�brios hormonais, doen�as end�crinas, problemas de coagula��o, ou estilo de vida, podem explicar a interrup��o precoce de uma gravidez.

Os m�dicos devem determinar os riscos e propor um tratamento.

Dar sentido � dor


Iniciado em 2020, o projeto COPL continua em andamento e busca criar um banco de dados �nico, reunindo diferentes patologias, gra�as ao maior n�mero de mulheres j� reunido.

"Teremos uma base de dados confi�vel para responder corretamente �s perguntas sobre aborto espont�neo, reprodu��o, mas tamb�m sa�de da mulher em geral", explicou a professora universit�ria.

M�dica h� mais de 20 anos, ela quer evoluir as pr�ticas dos profissionais de sa�de.

"Os abortos espont�neos s�o muito comuns. Eles representam 25% das gesta��es. Mas, apesar de serem t�o frequentes, por muitos anos o �tero da gestante s� foi esvaziado ap�s a perda de uma gravidez", sem se atentar para os mecanismos que a causaram, ou para o impacto na sa�de mental dos casais, lamentou.

Antes de ter dois filhos, Rikke Hemmingsen teve tr�s abortos espont�neos. Hoje ela apoia o projeto que lhe "d� esperan�a de que menos mulheres tenham que passar pelo que n�s passamos".

"D� sentido a toda dor e tristeza que cada perda de gravidez representa", enfatiza.

Muitas vezes enfrentados com discri��o, os abortos espont�neos raramente s�o mencionados em p�blico e, quando o assunto � discutido, as rea��es muitas vezes deixam a desejar.

"S� porque todo mundo diz '� normal' n�o torna menos triste para a pessoa que est� passando por isso. Mas parece nos levar a deixar o problema de lado rapidamente", disse Hemmingsen.

Esse tabu pode dificultar o acesso a tratamentos adequados.


"Temos que come�ar a falar sobre abortos espont�neos mais abertamente. Se n�o, como podemos dizer �s pessoas que h� especialistas neste pa�s que podem ajudar?", disse a jornalista de 39 anos.

Segundo Svarre Nielsen, os resultados do estudo podem ajudar a prevenir 5% dos 30 milh�es de abortos espont�neos anuais no mundo.