senhora passando protetor solar no rosto

O protetor solar � recomendado por pesquisadores e m�dicos e deve ser usado em todos os per�odos do ano, inclusive no inverno e at� mesmo em ambientes internos

National Cancer Institute/Unsplash


O uso do protetor solar � recomendado por pesquisadores e m�dicos do mundo todo a partir de diversos estudos cient�ficos que comprovam sua efic�cia, e deve ser utilizado em todos os per�odos do ano, inclusive no inverno e at� mesmo em ambientes internos. De acordo com o m�dico oncologista Rodrigo Villarroel, coordenador do Comit� de Tumores de Pele da Sociedade Brasileira de Oncologia Cl�nica (SBOC), a recomenda��o de uso do protetor solar faz parte de um consenso cient�fico sobre fotoprote��o no Brasil publicado ainda em 2016 pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e chancelado pela pr�pria SBOC.
 
O oncologista Rodrigo Villarroel afirma que, muitas vezes, informa��es equivocadas circulam na internet e falsos especialistas costumam adotar o discurso cient�fico para justificar suas afirma��es em materiais compartilhados nas redes sociais: "Nessa fal�cia, geralmente, os supostos especialistas escolhem um �nico ou poucos artigos cient�ficos, normalmente, de pesquisas pouco abrangentes e sem tanta credibilidade, e ignoram centenas de outros artigos cient�ficos que o contradizem e que estabelecem o consenso cient�fico". 

Por isso, ele esclarece que � importante ter cuidado com as informa��es divulgadas na internet relacionadas � sa�de, e em caso de d�vidas, sempre procurar um especialista ou uma fonte cient�fica de uma institui��o certificada e confi�vel: "Todo o cuidado ainda � pouco. � preciso antes de acreditar e compartilhar determinadas informa��es, checar a autoridade de quem diz". 

Oncologista desvenda alguns mitos e verdades sobre o uso do protetor solar

1) � verdade que o uso do filtro solar bloqueia os raios UVB, respons�veis pela s�ntese da vitamina D pelo organismo, ao mesmo tempo em que permite a passagem dos raios UVC, que causam c�ncer?
"Isso � absolutamente incorreto. No espectro da radia��o eletromagn�tica, existem tr�s tipos de raios ultravioleta (UV), sendo eles o tipo C, que apesar de ser o mais nocivo, n�o chega at� n�s, pois � completamente absorvido na atmosfera; o tipo B, que representa at� no m�ximo 5% dos UV que recebemos, penetrando na nossa pele at� a camada da epiderme e estando relacionado � produ��o de vitamina D e com o c�ncer de pele; e o tipo A que representa pelo menos 95% dos UV que nos atingem, penetrando na pele mais profundamente (at� a derme) e estando relacionado com o envelhecimento da pele e com o c�ncer de pele tamb�m".
"Os filtros UV podem ser divididos em inorg�nicos (ou f�sicos), que atuam refletindo a radia��o, e org�nicos (ou qu�micos), cuja a��o � absorver a radia��o. A maioria dos protetores solares existentes combina, em suas formula��es, filtros org�nicos e inorg�nicos a fim de atingir o n�vel de efic�cia esperado, caracterizado pelo Fator de Prote��o Solar (FPS) adequado e a prote��o UVA, bem como a cobertura mais uniforme dentro das faixas UVA e UVB. Por isso, os pesquisadores e m�dicos recomendam o uso de filtros solares com prote��o de amplo espectro, ou seja, com prote��o para UVA e UVB".

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2) � verdade que os filtros solares podem impactar na absor��o de vitamina D pelo organismo e, por isso, devemos nos expor ao sol durante um tempo antes de usar filtro solar?
"Se considerarmos o fato de que o uso de fotoprotetores reduz de forma significativa a quantidade de UVB que atinge a pele, teoricamente, at� poderia haver interfer�ncia na produ��o da vitamina D. Entretanto, a dose estimada de UVB necess�ria para a produ��o de 1000 UI, isto �, a quantidade de doses conforme a Unidade Internacional, de vitamina D � muito baixa. Estudos feitos no Brasil, por exemplo, j� mostraram que a exposi��o ao ambiente externo por apenas 10 minutos di�rios, somente das m�os e face, j� � o suficiente para a produ��o de n�veis adequados de vitamina D em uma pessoa de pele mais clara (fototipo II). Portanto, o uso de fotoprotetores, da forma como � habitualmente utilizado pelos usu�rios, e que muitas vezes n�o sendo aplicado na quantidade adequada e com a frequ�ncia e regularidade recomendadas, n�o poderia ser considerado como um fator predisponente ao desenvolvimento de defici�ncia de vitamina D".
 
3) � verdade que para absorver a vitamina D o melhor hor�rio para se expor ao sol seria �s 12h?
"A exposi��o da pele neste hor�rio sem prote��o adequada tem o potencial de oferecer mais riscos do que benef�cios, principalmente se ocorrer de maneira prolongada. Como j� comentado, para a produ��o de vitamina D, exposi��es t�o curtas como de apenas cerca de 10 minutos em apenas parte do corpo j� s�o suficientes para a maior parte das pessoas, conforme indicam pesquisadores e m�dicos".
 
4) � verdade que a produ��o de catelicidina, uma das linhas de defesa do organismo, � afetada pelo uso de protetor solar?
"A catelicidina � uma subst�ncia com propriedades imunomodulat�rias, isto �, que atuam no sistema imunol�gico contra determinados microrganismos como v�rus e bact�rias, e sua fun��o parece estar relacionada com a vitamina D, como pesquisadores v�m estudando. Por meio de mecanismos bastante complexos, ela pode exercer efeitos contradit�rios, como a promo��o ou a inibi��o do crescimento de tumores. Existem evid�ncias cient�ficas mostrando que ela pode exercer um efeito tumorig�nico (formador de tumor) para c�ncer de pele, de pr�stata, de mama, de pulm�o e de p�ncreas, dependendo de diferentes receptores expressos nas c�lulas tumorais. Mas n�o existem estudos cient�ficos relacionando sua produ��o com o uso de filtro solar".
5) � verdade que o protetor solar tamb�m deve ser utilizado diariamente, mesmo durante o inverno?
"Sim. A radia��o ultravioleta tem valores maiores em latitudes geogr�ficas menores, mas outros fatores como altitude, esta��o do ano, hor�rio do dia e caracter�sticas meteorol�gicas como a presen�a de nuvens e mesmo a polui��o atmosf�rica podem influenciar a intensidade da radia��o solar. As regi�es norte e nordeste tem pouca varia��o de UV durante o ano, enquanto as regi�es sul e sudeste tem maior varia��o dos n�veis de UV entre o ver�o e o inverno. A regi�o central do Brasil, por exemplo, eventualmente recebe sua maior incid�ncia de raios UV durante as esta��es mais secas (outono e inverno), quando existem menos chuvas e uma maior quantidade de dias com c�u claro. Apesar destas varia��es, os n�veis de radia��o UV em condi��es de c�u claro s�o sempre muito altas em cada esta��o do ano em quase todo o territ�rio brasileiro, portanto, encorajar a popula��o para as precau��es necess�rias pode reduzir as consequ�ncias indesej�veis de uma exposi��o excessiva ao sol".